Dica de Leitura: Sete Pecados Capitais

Dando continuidade as novas postagens que tenho em mente, este em específico dando dicas de leituras, venho com um livro que li no mês que passou, janeiro. (Para quem não viu a primeira dica, basta clicar aqui).


Em qualquer lugar que você procurar o livro, uma simples sinopse, dirá que este é (com razão) o primeiro livro de Corey Taylor. Até aí beleza. O que erra, inclusive ao colocar já na cara - ou seja, na capa - é que trata-se de um autobiografia do vocalista que conhecemos como vocalista das bandas Slipknot e Stone Sour (ambas já se apresentaram aqui no Brasil, no Rock in Rio de 2012, e recentemente com Slipknot, no Monsters of Rock, no ano passado, em outubro, se não me falha a memória).
De fato, ele conta detalhes de sua vida. Mas está longe de ser uma autobiografia. Assim eu vejo, pelo menos. Ali, as histórias fazem um sentido quase de dissertação. Corey escreve extraordinariamente bem. Na realidade, quem tem um pouco mais de paciência e/ou curiosidade, pode se dedicar a assistir entrevistas dele via o nosso amado Youtube. Perceberão que além de um cara sempre muito bem humorado, até certo ponto "doidão", é um cara muito inteligente. Isso a gente percebe fácil nas pessoas. Eu pelo menos consigo detectar sabedoria nelas, por mais simples que elas sejam ao tratarem certos assuntos, inclusive os mais fúteis. Faço uso das minhas andanças em Youtube por entrevistas em late e talk shows por isso. 
Não só pelas letras de músicas, que algumas são bem raivosas e até engraçadas, mas quem tem o mínimo de contato com a banda, principalmente lendo as últimas composições, detecta que o cara é um escritor nato.
Usando e abusando bem da retórica, a parte mais densa do livro não são suas aventuras, dramas ou erros. Se espremer o livro, o que sairá é pura filosofia. Sim, isso, vocês não lerão em nenhuma sinopse do livro por aí. Corey debate os nossos sete pecados capitais e ao contrário do que pelo visto se pensou sobre o livro, as histórias pessoas são pretextos para falar de coisas que nós volta e meia cometemos. E ele cometeu todos. A maioria das pessoas cometem todos. 
Sua tese é provar que esses pecados são totalmente inúteis. Na visão dele, esses pecados são uma arma religiosa de moldar o ser humano. O que seria a pior coisa, em vista que levaria a pessoa a negar-se ou sentir-se culpada por algo que refletiria sua condição humana. *Como falar de Condição Humana e não pensar em filosofia?*
As partes de crítica às religiões que tem os pecados como seguimentos me deixou em pé atrás. Não desminto ele, inclusive respeito, mas não concordo totalmente. Alguns de seus escritos podem ser (como já sei que acontecerá - pelos seus fãs cabeças de vento principalmente) mal interpretados. Alguns podem tornar-se ateus e fazer como muitos criar polêmicas e desatar a falta de argumentação sobre a fé dos outros. Fé é fé. Cada um com a sua (ou sem) e que seja feliz. Penso que se a pessoa crê que pecou, eu não posso tirar isso da mente dela. Embora a justificativa de Taylor para deixar isso para trás, como um erro e não um pecado, é convincente.
Mas ele não é assim tão radical, e se pensarmos bem, ele vem não com um livro de autobiografia, mas sim um livro de vivência. Chocaria ele se eu disse que "vivências" eu aprendi em aulas de religião em uma escola de freiras? Provavelmente. Ali aprendi - como ele ressalta em grande parte de sua tese sobre a "inutilidade" dos sete pecados capitais - que nada que parece bom é pecado, a medida que você o faz sem prejudicar a si ou alguém. E principalmente quando não se excede o limite daquela ação. Exemplo: é bom comer? Sim, mas é ruim para sua saúde se você comer mais do que precisa. É bom ser vaidoso? Sim, mas é ruim se a partir disso, você fazer tanta plástica que ficaria pior que a Cher. É normal se irritar com alguém que é sacana com você no trabalho? Super, mas deixa de ser legal se você pegar o indivíduo na esquina e encher ele de pancada. Enfim... 
E então, para cada pecado, ele tem uma experiência para contar. E ele começa diretamente com uma história mais que absurda da qual ele passou para começar a dizer qual é a intenção do livro. Ao passar capítulo por capítulo dedicados cada um a um pecado, ele ilustra com sentimentos e situações vividas. Essas são apenas exemplos para que filosofe pra valer. E ele fala, muitas verdades sobre mídia e costumes americanos. E se perde em assuntos com coisas muito engraçadas, do jeito Corey de ser.

Poderia escrever mais e mais sobre o livro, mas é instantâneo que eu comente as passagens cruciais do livro, agindo como spoiler. Não quero isso, quero que vocês tenham vontade de ler. 
Há uma introdução - como disse, de algo bem bizarro. Cerca de 4 capítulos cada um dedicado a um dos dos sete pecados debatidos, uma pausa para falar da vida dele em uma cidade em Iowa, chamada Waterloo; os três últimos pecados, um capítulo de conclusão de "tese" de como proposta dos novos setes pecados. Todos eles, os novos, são simplesmente incríveis e corretos para nosso momento em sociedade. Na realidade, posso dizer que seis deles estão mais potencializados nessa era de caos que vivemos, que jamais profeta nenhum imaginaria. Não vou dizer quais são, pois ei! será novo spoiler galopante no post... E o sétimo, é a mais pura verdade - ele me convenceu plenamente. Se ele fala assim do sétimo, eu fico imaginando se ele vivesse no Brasil... rsrsrsrsrs...

Espero que gostem do livro, é interessante e não só para fã de Corey. Mas é bem provável que você vire fã depois da leitura.

Para finalizar, deixo uma música do Slipknot:


Abraços afáveis!

Comentários

Ron Groo disse…
Meu problema com biografias de gente viva (e jovem) é que elas sofrem de obsolescência programada.
Manu disse…
Não é o caso Groo, pode confiar. Corey não dá detalhes de muita coisa. Ele não conta toda infância ou toda adolescência. Ele conta situações que exemplificam os capítulos. Não acho que seja autobiografia, pois ele não fica muito nessa tecla. Mas concordo com vc. Biografia de jovens não faz sentido.

Abs!
Michelle disse…
Otimo texto, Manu! Sou suspeita para falar desse livro! Fui pensando que era autobiografia e cada pagina vi que não era! Um livro para se pensar, "filosofar" sobre todos os tipos de comportamentos e "pecados". Meu presente de Natal para mim que eu mais gostei!Parabéns pela postagem! Boa dica!
Manu disse…
É, não é beeeem autobiografia. É um biografia velada, digamos.
Sei bem que virou seu livro favorito. Devorou o bichinho em 3 dias. :D

=*

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