Balanço da Temporada F1 2020 (parte VIII - B)

Apesar das adversidades, eu soltei alguns bons textos no ano passado, pós corridas.
Prevendo que Monza seria ruim, consegui fazer do resultado improvável um bom texto que nem parece meu.

Leiam. Acho que é melhor do que tentar "repetir" o feito, afinal não vai ser a mesma coisa: Chapter 8: GP da Itália.
Sim, foi um fiasco para a Ferrari.
Sim, tivemos mais um exemplar da real face de alguns pilotos que muita gente lambe as... Os PÉS!! (Melhor escrever pés pois aqui é um blog de família...).
Sim, também tivemos que contar com a aplicação de regras para poder usufruir de um resultado atípico. 

Ainda que seja complicado falar que o resultado foi irrelevante, a gente gosta de imprevisibilidade. Não importa mais como o fulano ganhou corrida. O importante é que, a essas alturas, não sendo Lewis Hamilton, já está valendo.

Está lá no texto, então vamos aos dados.
Depois de olharem a coluna de classificação, peço que imaginem comigo - colocamos assim: o Bottas perde as posições na largada, o Magnussen abandona e a Mercedes chama Hamilton para os boxes. Mais tarde, sai a punição para o inglês por conta do pit lane fechado. 

Neste cenário, era bem possível que Carlos Sainz vencesse a corrida. Certo?... 
Não, né?
É isso que fez do GP, o mais interessante do que qualquer outro, no ano. 

Muita gente fez pouco caso, depois de um tempo, da vitória do Gasly. Sim, de fato, muita gente criou uma baita expectativa depois, e ele não entregou resultado semelhante ao longo da temporada, sequer voltou ao pódio. Veio fazendo bom trabalho, teve uma vitória, fechou o ano com outros bons resultados e só.
Desmereço? Não. Só não fiquei "sangrando" na torcida por saber que não adiantaria. Foi um ponto fora da curva que, apesar de ter enchido nossos olhos e o coração ter ficado quentinho, a crueldade do esporte a motor - em específico da F1 - é esse: aquele papo do "melhor" sempre vence, incomoda na mesma proporção. 
Volto a comentar sobre Pierre, no fim do texto. Agora, vamos aos demais do grid, além dessa tabelinha.

Lance Stroll acabou indo ao pódio primeiro que o "grande" Sérgio Pérez. Bacana que, até o fim do ano, parecia um parto "provar" que o mexicano era "bão dimais da conta, sô" e ter uma vaga em alguma equipe (já que parecia que a Racing Point estava fazendo 'tchau'). "Ah, além disso ele tem um investimento...", e por isso, e não por talento, ele teria sua terceira chance na categoria. Ai ai...

Deixando isso para depois. Vamos então, às colocações:

► Em quarto, já citados, Lando Norris. Em quinto, Valtteri Bottas.

► Em sexto: Daniel Ricciardo, que largou em sétimo, seguia sendo deveras melhor que Esteban Ocon - o outro francês do grid além do vencedor da corrida. Ocon saiu do P12 e terminou a corrida no P08. Além de ter atrapalhado uma galera na classificação, depois da corrida, menosprezou a vitória do compatriota Gasly. Não é à toa que não vou com a sua cara e sua pessoa...

► Em sétimo, o heptacampeão Lewis Hamilton. Não era hepta ainda, mas era só questão de tempo. Tempo também que usava para dar "showzinho" sobre injustiças em relação às suas punições, entre uma vitória, uma militância. Torci, confesso, que ele, no auge de sua carreira, fosse perdesse a licença. Ia ficar bacana na "escrita da história" e lembraria o jovem Lewis que está lá ainda, só que blindado por um carro fenomenal. Eu ainda enxergo!

► Em nono, o parceiro de Gasly, Daniil Kvyat. Ele largou da 11ª posição. A diferença dele e o companheiro, até esse GP ficou ainda mais crítica: Antes de Monza, Gasly somava 18 pontos e Kvyat, 2. Depois, Pierre somou mais 25, totalizando 37 e o russo somou mais 2, ficando com 4 pontos. Não parecia que a Alpha Tauri manteria o russo para 2021 nessas condições. 

► Sérgio Pérez fechava os pontuadores em décimo, tendo feito uma péssima corrida, já que largou da quarta colocação e viu acontecer o pódio do companheiro. Justificava-se, até ali, que o pai do Stroll dispensasse o mexicano: o somatório de Pérez era de 34 pontos, e de Stroll 57. 
Está certo que o mexicano contraiu Covid-19 e não participou de duas corridas. Excluindo os pontos dessas duas corridas, Lance somaria 47, 13 pontos a mais que Sérgio. Ainda assim, a diferença entre eles não dava base para os analistas de plantão dizerem que Pérez devia ficar na F1(a não ser aqueles que subiam a questão de Stroll ser filho do dono da equipe. É um menosprezo comum que se alça como argumento apenas quando convém...).

Os não "pontuantes"

► Em 11º, Nicholas Latifi (que largou do 20º). Seu companheiro, George Russell foi o 14º, e largou do 19º lugar. (Essas coisas, a turma pró "Georjão da Massa" ignoraram, não é mesmo?...)

► Romain Grosjean representou a Haas até o fim, terminando em 12º (largou do 16º). Kevin Magnussen largou do P15, e abandonou a corrida depois de 17 voltas, com problemas na unidade de energia.

► Kimi Räikkönen, que deu show na corrida, ficando muito próximo de Gasly depois da punição do Hamilton, não conseguiria manter-se na zona de pontuação e foi perdendo posições até estagnar-se no 13º lugar. Largou P14.
Antonio Giovinazzi entrou nos boxes junto com o Hamilton, quando o pit lane estava fechado e também sofreu a punição de 10 segundos de stop and go. Saiu do P18 na classificação, para o P16 na corrida, portanto, o último colocado. 
(Com isso também, ficava claro que o congelamento do motor Ferrari afetava a todos com resultados pífios). 

► Alexander Albon foi o décimo quinto, largou em nono. Max Verstappen não completou a corrida abandonar: largou do quinto lugar, deu 30 voltas e abandonou com problemas na unidade de energia. 

Abandonos/acidentes:

► O primeiro a abandonar foi Sebastian Vettel, com 6 voltas completadas. Largou da 17ª colocação, teve um baita problema nos freios e ficou claro que a Ferrari tinha feito um carro "bomba".

► Magnussen foi o próximo, com 17 voltas das 53.
O abandono do dinamarquês salvou a corrida da mesmice.

► Charles Leclerc errou na dose, bateu e causou outro Safety Car. Do 13º para o "nada", os especialistas de plantão desconfiavam que o carro da Ferrari era ruim mesmo.
Inusitado, pois até algumas corridas antes, parecia era que o Vettel não soubesse pilotar... *Alerta: contém sarcasmo!*

► Por fim, Max abandonou e deixou Bottas "respirando aliviado" apesar de que desconfio que o "modo festa" proibido na Mercedes, fosse só para seu caso.

E os placares de classificação? Temos também, ainda que contra a vontade.

Lewis vencendo Valtteri, Max vencendo Alex, e George vencendo Nicholas, não surpreendia.
O empate entre Norris e Sainz parecia interessante, assim como entre Räikkönen e Giovinazzi e Grosjean e Magnussen. 
Embora fosse um cenário imaginável, a vitória do Gasly sob Kvyat só não era mais risível que a do Ocon em relação ao Ricciardo. 
Por fim, pelos resultados de corrida, a gente podia desconfiar de algo errado na dupla da Racing Point. Palpites para isso, gira em torno do achismo: se gostamos do Pérez (não é o caso), colocamos a culpa no Lawrence Stroll. Se gostamos do Stroll filho (não é o caso, também), buscamos um jeitinho de rebaixar o mexicano. 

Especificidades: 

Piloto do dia: depois de ser o escolhido no GP da Bélgica, Pierre Gasly da Alpha Tauri voltou a ser considerado pelo público no site oficial da F1. 
Com razão nas duas ocasiões, Gasly ganhou o mundo em dois fins de semana.

► Com Gasly, a França voltou a representatividade na F1. Desde a vitória no Grande Prêmio de Mônaco de Olivier Panis em 1996 que isso não acontecia. Outra curiosidade: foi neste ano de 1996 que Gasly veio ao mundo. Contei isso só para deixar alguns de vocês se sentindo bem velhos e velhas. 

► Pierre também foi o primeiro piloto vencedor de uma equipe que não a Mercedes, a Ferrari ou a Red Bull Racing desde Kimi Räikkönen no Grande Prêmio da Austrália, em 2013 quando corria pela Lotus. Quem diria?
Para se ter uma ideia, esse pódio em Monza ano passado foi o primeiro sem nenhum piloto das Mercedes, Ferrari e Red Bull: o último assim foi considerado o GP da Hungria 2012. Mas lá havia um Lewis Hamilton correndo de motor Mercedes - embora fosse na McLaren - (e já conta para aqueles que esquecem que ele nunca experienciou outro marca de motor para saber o que é colocar-se à prova). O segundo e terceiro colocados era a dupla da Lotus: Kimi e Romain Grosjean.

► A Ferrari não largava entre os dez primeiros em Monza desde 1984. E os seus dois pilotos não conseguiram terminar em Monza pela primeira vez desde 1995. Não era crise, não Mattia?

► Essa também foi a última corrida de Frank Williams e Claire Williams como dirigentes da equipe Williams. Sobre isso, indico a leitura do texto do Marcos Antonio sobre a tradicional Williams aqui no nosso blog: O fim de uma era na F1: a "despedida" da Williams.

► Apesar da punição e o sétimo lugar, o título de Lewis ficou inabalável. A diferença de pontos dele para Bottas estava na casa dos 40. 

► Verstappen é quem se afastou da segunda colocação, em queda, não marcando pontos. A diferença dele para Bottas ficou em 7 pontos,e ainda que fosse pouco, era o suficiente para bater um desespero.

Sobre Monza, de fato, Gasly foi muito bem, dadas as circunstâncias e dado ao fato de que, desde 2012, um piloto de equipe média, não sobe ao pódio por força e foco dele e de sua equipe. Mas, em 2012, os carros ainda não eram híbridos. Nessa fase, iniciada em 2014, até mesmo os grandes nomes do grid, entraram em momentos de marasmo completamente indissociáveis com as suas capacidades. 

Não por coincidência, 2014 foi o ano de completo domínio das Mercedes e isso não acabou e, pelas vitórias, conquistas e desenvolvimento nas fábricas, eles não deixarão de ser hegemônicos tão cedo, a não ser que outra mudança, uma canetada básica, aconteça.

Vou ser bem troglodita: qualquer um, que não usa o carro da equipe Mercedes, e vence uma corrida, "é genial", para usar um termo ruim, mas que todo mundo gosta. Além das Mercedes, esses nomes venceram, pelo menos uma vez no ano em que só deu piloto da equipe: Daniel Ricciardo em 2014, Sebastian Vettel em 2015, Max Verstappen em 2016, Vettel, Ricciardo e Verstappen em 2017, Kimi Räikkönen em 2018 (além dos já citados), Charles Leclerc em 2019 (além dos já citados).
Destes todos, só temos Ferrari e Red Bull. Demorou 6 anos, para aparecerem outros nomes, de outras equipes: Pierre Gasly da Alpha Tauri. Mais tarde, surgiria a vitória de Sérgio Pérez, com a Racing Point. Podem ser considerados os melhores do ano, mesmo com detalhes: a Alpha Tauri é ligada à Red Bull e a Racing Point ficou com o apelido de Mercedes Rosa...
São outras equipes, ainda assim.

Argumento besta? Bom, discordo. Diante da maravilha que é o carro da Mercedes e diante da questão apontada como fator irrefutável no que diz respeito à Lewis Hamilton vencer todas por ser EXTRAORDINÁRIO, considero dar muitos pontos de vantagens para esses que conseguiram, uma, duas, e até cinco vitórias no ano em que ele bate recordes, atrás de recordes. 


E também já podemos considerar que Carlos Sainz Jr. não é essa coca-cola toda... Em Monza, a vitória era dele e parece que faltou tempero ou dormiu no ponto.

É dessas análises bobinhas que eu queria fazer. Quando tudo fica em torno de um cara só, vira esse fuzuê desenfreado de um monte de matérias defendendo a tese que o cara é muito bom e de outro mundo. Não analisa-se as circunstâncias, a não ser quando um fora do comum, vence uma corrida. Aí vem as alternativas: 
a) O ciclano errou;
b) A equipe fez uma senhora estratégia;
c) Foi beneficiado pelo Safety Car;
d)  Se a FIA não tivesse punido (injustamente) o Blessed... e etc.

Tradução livre: "Vocês ouviram isso?"

Foi o saco da paciência explodindo.

Até a próxima! Abraços afáveis!

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