Balanço da Temporada de F1 2020 (parte XI)

Depois do GP da Rússia, eu soltei "os cachorros" sobre polêmicas, sobretudo relacionadas à militância de Lewis Hamilton e fãs de outros pilotos.
Não foi o meu melhor texto, inclusive, são notas longas das quais tentei usar teorias e compreender os dois lados de quem se incomoda com política no esporte ou se incomoda com a nova onda da "lacração" em todo canto. 

Isso aconteceu graças também aos comentários da imprensa especializada e o teor das transmissões da categoria em 2020. Muita gente caiu na mesmice de analisar as manifestações de Hamilton e o seu discurso - pautado em uma bagagem de experiência - como chave heurística de todo um pensamento sobre diversidade, sem contradições, nem passível de críticas.
Conheço muita gente de movimentos contra discriminação, e boa parte deles, estudam muito para fazerem parte de projetos e até ONGs. Falácia e frases feitas, não refletem em luta. Pelo contrário. 
No caso do piloto, discordar da forma como estava sendo feitas as suas manifestações, fazia de você, um criminoso.

Não é de hoje que as pessoas pedem por "execuções em praça pública". Mas eu lamento que tenhamos chegado ao século XXI e repitamos erros tão retrógrados como a cultura do cancelamento e a ofensa gratuita, sem saber com quem estamos, de fato, lidando.
Chamar alguém de racista na nova "terra de ninguém" chamada internet é algo gravíssimo. Racista é aquele que muda de lugar no ônibus quando um negro senta ao seu lado. Racista é aquele que deseja a morte da pessoa de cor ou não se compadece com diversos deles morrendo injustamente por serem, negros. 

Não parece ser o caso de alguns pilotos que não ajoelham com o Lewis durante a pré corrida. Seria, se um deles se negasse a usar a camiseta e assim que tocasse o hino se retirasse do ambiente ou entrassem dentro do carro, dando de ombros para isso. Se declarassem abertamente que não gostam de Lewis e sequer dirigissem a palavra a ele.
Mas como são figuras públicas exige-se a postura - simbólica e evasiva - de ajoelharem. E exige-se apoio - incondicional - até de quem não se conhece... 

De todo modo, o que a gente sabe sobre ele e sobre o que acontece em relação ao tema, não é a totalidade. Portanto, seria razoável que não emitíssemos opinião. Hamilton tem todo direito de se manifestar contra os abusos das autoridades norte americanas com a comunidade afrodescendente. O único pormenor é usar isso como arma só por conveniência. Ele ganhar respeito por estar levando o assunto para ser discutido, mas peca ao frear quando se cobra por sacrifícios.

A conferir as cenas dos próximos capítulos em 2021. Não queremos saber sobre uma autoridade sem nome que não deixou que ele usasse um capacete em homenagem à Colin Kaepernick (militante de responsa). Queremos saber se vai continuar correndo na Rússia, na Arábia Saudita - que vai entrar no calendário, e até mesmo, a China (que ainda precisa de confirmação) sem dar um pio sobre como estes países tratam as questões das quais ele cobra a F1 como um todo que mude...

Tradução: "É difícil não é?"

Eu tenho uma sugestão: não quer provocar a discórdia, o dinheiro que recebe pode ser usado em campanhas. Ele tem esse espaço. Basta começar a construir a sua carreira de filantropo para quando ele decidir sair da F1 já ter o que fazer. Dá para conciliar as duas coisas no momento: F1 quando for dia de F1, e a militância nos outros dias. 

Aqui estão as notas de antes do GP da Alemanha, se quiserem reler. É perceptível pelo tom da postagem que estava difícil o diálogo e o bom senso da galera, passava longe.

A última corrida na Alemanha, no entanto, ocorreria conforme os melhores sonhos de Lewis. Numa equipe alemã tradicional, ele iria bater o recorde de vitórias de Michael Schumacher. 
Sem esse alemão, Hamilton jamais teria uma legião de seguidores a estenderem um tapete vermelho com pétalas de rosas por onde passa.
Sem o motor da empresa, ele não teria chegado à F1 numa equipe grande logo no ano de estréia e sem ele, também não teria vencido 7 títulos. 

Eu não entreguei um bom texto sobre o GP que fizesse jus ao circuito. A verdade é que, parecia roteiro de ficção clichê e por isso, não consegui me empolgar. Leiam aqui, especialmente os pontos bacanas que destaquei. 
Eis o infográfico da 11ª etapa, a seguir:


Valtteri Bottas pagou caro por ter roubado a pole position de Lewis: na corrida, o seu carro falhou, e deixou ele, na mão. Nem arruda salvaria, uma vez que Hamilton precisava estar no alto do pódio, na casa de Schumacher, para fazer valer o recorde que falaremos adiante.  
A falta de Bottas no pódio legitimou o mais uma chance de um piloto que não pertencesse à tríade Mercedes, Red Bull ou - a apagada - Ferrari. Este era, o garoto sorriso, Daniel Ricciardo com a Renault.
As informações sobre Esteban Ocon nesse infográfico deixava claro que, perder Ric custaria muito à equipe. Por sorte, eles já tinham Fernando Alonso para substituí-lo m 2021.

Os demais pontuadores:

► Em quarto, Sérgio Perez. Posição do grid: 9. Seu companheiro, Lance Stroll foi substituído às pressas no sábado, faltando poucas horas para a classificação, por ninguém menos que Nico Hulkenberg. Foi informado na ocasião que Lance amanheceu com enjoo e tal, mas alguns dias depois de ter melhorado, a informação era que ele havia testado positivo para Covid-19.
Pérez subiu quatro posições no campeonato, ficando em quinto na classificação geral, somando 68 pontos (e reforçando a ideia da competitividade acontecer apenas do quarto lugar em diante...)
Hulk largou da última colocação e fez um fantástico P8.

► Carlos Sainz Jr. foi o quinto. Sua posição do grid: 10º. Lando Norris largou em melhor posição - em oitavo - mas abandonou a corrida com problemas no carro.

► Sexto, Pierre Gasly saiu da 12º colocação. Seu companheiro - Daniil Kvyat saiu da 13ª colocação e terminou a corrida em último - 15º.

► Charles Leclerc classificou-se em quarto no sábado. No domingo, foi sétimo. Sebastian Vettel, em casa, largou no P11 e no P11 chegou. Um desastre. 

► Hulkenberg foi o P8, conforme já comentado. Em nono, estava o Romain Grosjean, tendo largado do 16º lugar. Seu parceirinho - o rival de Hulk no passado - Kevin Magnussen largou da posição 15 e terminou a corrida na posição 13.

► Antonio Giovinazzi fechou os pontuadores, em décimo, depois de ter se classificado em 14º. Kimi Räikkönen largou da penúltima colocação e foi apenas o 12º (muito próximo, de novo, de Vettel). 

Não pontuaram:

► Em 11º, Vettel. Em 12º, Räikkönen. Em 13º, Magnussen e em 15º, Kvyat (todos já comentados).
Falta Nicholas Latifi, em 14º. O canadense largou da 18ª posição.

Abandonos/ acidentes:

► O primeiro foi George Russell. O britânico foi atingido por Räikkönen e foi obrigado a abandonar a corrida por um furo no pneu. Ele completou apenas 14 voltas das 60 previstas e Kimi recebeu 10 segundos de punição. (Se fosse um Lewis, seria 5 apenas e uma choradeira danada...)

► Na volta 19, Bottas se retirava com problemas no motor.

► Já Ocon, abandonou com problemas hidráulicos, na volta 22.

► Alex Albon se envolveu numa disputa direta com Kvyat, roda a roda, logo no começo da corrida, na volta 5. Com a quebra da asa dianteira do russo, ele foi obrigado a trocar rapidamente. Na volta 24 por aí, a punição de Albon saiu: 5 segundos - muito mais branda do que fora para Kimi, e também, muito mais "problemática". (A seletividade da FIA era incrível #sóquenão toda corrida). 
Ao pagar a punição, o tailandês acabou recolhendo o carro no boxes quando a RBR detectou problemas no radiador.

► Norris relatou problemas de recuperação de energia no rádio e, revoltado, acabou abandonando com 44 voltas completadas. Ficou num canto do circuito sentado e visivelmente frustrado.

O placar da classificação etapa 11:


Stroll e Pérez não foi computado pois Stroll não participou da classificação, assim como Pérez perdeu os dois GPs em Silverstone.
De surpresa, Hulk acabou perdendo tanto para Stroll quando para Pérez, uma vez cada, no somatório de 3 corridas. Na segunda corrida que substituiu Pérez, ele superou o Stroll na quinta etapa da temporada.  Nesta, na Alemanha, ele perdeu na classificação: 1 a 0 para o Pérez. A falha deve ser justificada pelo chamado a poucas horas antes da classificação. Mas já que insistem: Hulk 1 x 2 Stroll/Pérez.

Equilíbrio existia na McLaren. Na Haas e na Alfa Romeo, podem considerar chacota, mas a alternância dos companheiros seria a ideal em todas as outras.
É por isso que existe uma "tara" por esses placares: quando vemos um 11 a 0, um 10 a , 9 a 2 ou até mesmo um 8 a 3, coçam a língua para falarem que "fulano é melhor que beltrano".
Não necessariamente, viram? Mas vai tentar explicar para os doentes da planilha?!?

Especificidades:

Piloto do dia: Nico Hulkenberg da Racing Point. Justo, justíssimo.

► Kimi Räikkonen superou Rubens Barrichello em número de largadas na F1: chegou às 323 sem dar a mínima para isso (risos). 

► Daniel Ricciardo fez a Renault voltar ao pódio. Desde 2011, com Nick Heidfeld, no GP da Malásia que isso não acontecia. O jejum também foi quebrado pelo australiano: desde Mônaco de 2018 que ele não festava com o #shoey no pódio (embora ele tenha se esquecido de fazer isso...)
Com esse pódio, Ric subiu duas colocações no geral, ocupando o quarto lugar no campeonato, com 78 pontos totais.

► Lewis Hamilton igualou o recorde de Michael Schumacher: 91 vitórias. Beneficiado pelo calendário inchado, recebeu, não só a vaga na equipe do maior e melhor de todos os tempos, como também, no fim da corrida, a réplica do capacete de 2012 - ano em que constou o sétimo titulo mundial - das mãos de seu filho, Mick. A emoção era essa: a saudade de Schumi e a sua cria entrando em breve para a nova geração de pilotos da F1. (Detalhe: começando de baixo, para crescer profissionalmente). 

Nos despedimos da Alemanha. Em tese, não haveria mais GP por lá, nem em Nürburgring nem e Hockenheimring. 

E nos despedimos aqui também. Até o próximo post! Abraços afáveis!

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