Balanço da Temporada da F1 2020 (parte XV)

- "Vou lavar o cabelo", disse minha irmã. "Mas, ainda quero ver pelo menos a largada. Onde é?"

- "No Bahrein", respondi. "Acho que você pode ir depois da largada. Não costuma acontecer nada lá. De qualquer modo, o campeonato já tá decidido...", acrescentei com um mau humor matinal. 

Depois da classificação, a corrida estava novamente, desenhada para que Lewis Hamilton a vencesse mais uma. Além do mais, Bahrein é um dos GPs que sempre escrevo o nome do país sede, errado e quase nunca gosto.
No caso, a minha ideia de postagem foi minada nos segundos iniciais da largada. 

Na postagem que fiz, eu não contei o diálogo, mas contei à vocês que joguei fora um rascunho que fiz à mão, sobre a vitória de Lewis Hamilton, fazendo elogios grandiosos (porém, bem cínicos). Projetei uma coisa, e acabou que outro acontecimento, passou a ser mais importante. 

Resolvi abandonar a ideia inicial, e passei a pensar em um texto sobre sentimentos, reações e emoções mais do que falar da corrida em si. Foi um tanto pessoal, para alguns até piegas. Mas foi algo que eu precisava externar e acho que, apesar de não ser tão boa com as palavras, consegui (minimamente) atingir o objetivo. Para (re)ler a postagem, basta clicar a seguir: Chapter 15: GP do Bahrein. 

Não procurei por aprovação nesta postagem. Na verdade, não procuro por isso. Se alguém concorda com o que penso, beleza. Se não, paciência. Não vou impor. Não quero e nem devo.
Mas o acidente do Romain Grosjean colocou luz em um dos pontos que mais incomoda hoje em dia: certos caras são fantásticos e outros, são os grandes retardados. Porque dizer essas coisas? O que se ganha com isso?

De todo modo, lá na postagem, eu não comentei sobre a corrida então parece uma boa oportunidade para fazer aqui, um resumo do que rolou.

Depois do acidente de Grosjean, demorou um bocado até que consertassem o guar drail e pudessem retomar a corrida. 

A direção de prova determinou o grid de largada um tanto mudado em relação à classificação. As equipes decidiram, durante a pausa, fazer a troca de pneus e a FIA permitiu. Assim, até a sexta colocação, tínhamos: Lewis ainda na frente, seguido de Max Verstappen, Sérgio Pérez, Valtteri Bottas, Alexander Albon e Daniel Ricciardo. 

Na segunda largada, mais um problema que precisou do Safety Car novamente: Daniil Kvyat tocou em Lance Stroll que acabou capotando e forçado a abandonar. 

Bottas, teve o pneu furado e teve que parar para trocar. Isso comprometeria o seu desempenho total na corrida.

Sebastian Vettel voltou a ter problemas com Charles Leclerc. Eles haviam disputado acirradamente na primeira largada e Vettel ficou realmente furioso dizendo que o monegasco não havia deixado espaço. 
Na segunda largada, eles quase bateram, na curva 1. O "maníaco da curva 1" Charles não queria saber, era isso que queria e Vettel poderia esbravejar o quanto fosse. Na Ferrari, davam de ombros: era isso, também, que queriam. 

A terceira largada não teve nenhum outro susto. 

Lewis tomou a dianteira e Leclerc perdeu todo o esforço inicial, perdendo posições nas voltas seguintes. 

Na classificação, o desenho do campeonato estava traçado e por isso, a expectativa para domingo era baixa. Na corrida, ainda que tivéssemos dois carros da Red Bull no pódio, a novidade só estava com Alex Albon - aquele que, para Hamilton, era "insuficiente" para a equipe. Ironicamente, ele tinha conseguido o pódio após a falha do motor de Sérgio Pérez. À essa altura, poucos, ou ninguém imaginava que Albon fosse rebaixado para dar lugar, justamente, ao mexicano, em 2021. 

Pontuadores:

► Lando Norris, foi o nono na classificação, colocou a McLaren em quarto e seu companheiro, Carlos Sainz Jr., ficou em quinto. Carlos fez o 15º tempo no sábado.

► Do oitavo, para o sexto: Pierre Gasly da Alpha Tauri.

► Da Renault, Daniel Ricciardo - que foi o sexto na classificação - terminou a corrida em sétimo. Seu companheiro, Esteban Ocon, largou do P7 e chegou no P9.

► Como informado no gráfico, Bottas foi apenas o oitavo.
Isso deu à ele uma situação pouco confortável em relação ao segundo lugar no campeonato: Com o oitavo, somava 201 pontos. Max, em segundo na corrida, somava 189 pontos. A diferença era de 12 pontos e haviam ainda mais 2 corridas para terminarem a temporada...

► O último pontuador, foi Charles Leclerc. Toda aquela confusão com Vettel, para 1 ponto?!? Melhor que nada e os dirigentes da Ferrari comemoravam.  

Não pontuaram:

► O crucificado Kvyat, criticado pela sua direção perigosa, punido e tudo mais, foi o 11º. 

Foi o décimo no grid. 

► Em 12º, George Russell. Na classificação, fez o décimo quarto tempo. Seu companheiro da Williams, Nicholas Latifi, largou do vigésimo e foi o 14º na corrida estranhíssima.

► Sebastian Vettel se contentou com mais um 13º lugar na temporada. Era a terceira vez, no ano. Ele tinha sido o décimo primeiro na classificação e poderia até alçar uns pontinhos se não fossem as atrapalhadas de seu companheiro de equipe. 

► Kimi Räikkönen e Antonio Giovinazzi foram P17 e P16 respectivamente. Na corrida, 15º e 16º foi o que puderam conseguir com a Alfa Romeo. 

► Kevin Magnussen (muito abalado pelo acidente do seu companheiro) não rendeu nada na corrida: chegou em último*, em 17º. No grid, partiu da 18ª colocação. 

* Sérgio Pérez foi classificado por ter completado 90% da corrida. Seu motor falhou faltando 4 voltas para o fim. Ele estava em terceiro na corrida e foi o 5º no grid de largada.

Abandonos/Acidentes:

► Romain Grosjean, na largada, como já sabemos. Ele estava na 18ª colocação.

► Lance Stroll foi o 13º no grid, foi tocado pelo Kvyat na largada após a bandeira vermelha e capotou. Retirou-se da corrida tendo dado apenas duas voltas. 

► Pérez, com o motor estourado, deixou a Racing Point zerada. Eles poderiam ter saído de Bahrein com pelo menos, 15 pontos a mais. Com isso, perderam a posição de construtores para a McLaren.
Por conta do abandono de Pérez, a corrida precisou terminar com Safety Car na pista. 

Placar da classificação teve poucas mudanças:

Faltando duas corridas para o fim, ainda surpreendia pouco algumas comparações. Dadas as circunstâncias, o 11 a 4 entre Hamilton e Bottas era louvável para o finlandês. O mesmo se aplicava à Vettel, na Ferrari. Dispensado da equipe, fazer 4 classificações melhor que Leclerc era mérito apenas seu. 

Dava muita vontade de perguntar aos defensores de Ocon porque ele perdia tão feio para Ricciardo... A desculpa de que Ric era a prioridade da Renault não cabia: o garoto sorriso estava de saída e cumpria o seu último ano na equipe francesa. Assim a lógica era pensar que não havia necessidade de priorizar o australiano. No entanto ele era muito superior, e também nas corridas, como veremos adiante.

Especificidades:

► Piloto do dia: Romain Grosjean da Haas. 

Essa escolha, não significa nada, mas é bacana para quem é considerado pelo público. 

Teve gente que protestou por isso. "O cara não fez nada na corrida". Teve gente achando que, o fato dele ter se salvado do acidente, não era para tanto. "Foi mais uma 'grosjeada' dele". 

Talvez não devesse... Deixa pra lá.

► Infelizmente (na ocasião, ainda não estava confirmado) essa foi a última corrida de Romain Grosjean na categoria. Para se recuperar dos ferimentos, ele não pode voltar ao carro em tempo hábil e fazer a sua despedida da F1. 

► Essa foi a quinta corrida na história a ser encerrada com o carro de segurança. E foi o segundo ano seguido que o GP do Bahrein terminou com o carro de segurança.

► A Red Bull colocou os seus dois pilotos no pódio pela primeira vez desde o Grande Prêmio do Japão de 2017. Neste GP, Max Verstappen foi o segundo e Daniel Ricciardo foi o terceiro. O primeiro, claro, foi o Lewis. 

Bahrein é bacana, né? A F1 tá ótima! Três anos atrás e o mesmo resultado... Nossa, legal demais! #sóquenão

► Sobre as pontuações, já comentei sobre a situação do Bottas:  Apenas 12 pontos distanciava ele de Max. Se na corrida seguinte, Verstappen vencesse, Bottas precisava ser, pelo menos, terceiro.  Um quarto lugar ao finlandês colocava ele com 213 pontos contra 214 de Max. 

Era preocupante.

► Ricciardo subiu duas posições na classificação geral, ficando com 102 pontos totais, e em quarto. Por isso, e pela falha no motor, Pérez caiu uma posição, ficando em quinto, com 100 pontos. 

Leclerc caiu de quinto para sexto, ficando com 98 pontos.

► Em relação aos construtores, a McLaren assumiu o posto de terceira melhor equipe no ano com 171 pontos.
A Racing Point caiu para quarto, ficando com 154 pontos. 

A Renault ainda era a quinta, com 144. Destes, 102 pontos foram garantidos pelo Ricciardo.

No fim de semana seguinte, o pessoal permaneceria em Bahrein para outra corrida. Desta vez, o traçado seria o anel externo da pista original. Pelo menos ia ser "diferente". 

E foi. Mas logo vão lembrar porquê.

Abraços afáveis e até o próximo post!

PS: Tá acabando!!!!