O bizarro e o Aniversário...

Imaginem a situação: Vocês estão andando no térreo de um condomínio. Um prédio de 20 andares... Quando você menos espera cai um corpo sobre você. Uma pessoa. Você é levado ao hospital com um enorme corte na cabeça. Aquela pessoa que caiu sobre você, está morta.
Imaginem-se no lugar dessa pessoa. Décimo sexto andar. O único andar cuja janela não tem tela de proteção. Pensamentos estranhos estampam sua mente e você decide que o mundo não o terá mais como ser vivo. Você se joga de lá, e atinge o chão já inconsciente.
A primeira situação parece cena de filme de suspense. O segundo, de drama.
Parece mesmo. O bizarro é que não estou planejando um “history board” de um filme.
Isso aconteceu na minha cidade hoje.
Um garoto, filho de um juiz, se jogou do décimo sexto andar do prédio que morava. Não tenho certeza de sua idade, mas ele era no mínimo 3 anos mais velho que eu. Uns 25, 26 anos. Ele suicidou-se e feriu um superintendente (de água e esgoto da superintendência daqui da cidade) que passava próximo ao prédio.
Soube disso quando entrei no ônibus de volta para casa e minha amiga me contou.
- Sabe o (fulano)?
- Sim, conheço...
- Ele se jogou do prédio em que morava. Hoje pela manhã...
O_O
- Como vc soube?
- Meu namorado me ligou. O amigo dele é parente do cara... ele estava arrasado...
Em casa minha mãe tbm deu a notícia, quando cheguei em casa.
Eu estudei na mesma escola que ele. Uma escola de freiras conceituada e antiga na cidade, quase tão antiga quanto a própria. Eram 2 escolas no início de Araguari – MG: Regina Passis ou colégio dos padres, onde os meninos faziam seus estudos e o Colégio das Irmãs – Sagrado Coração de Jesus, um internato feminino que tinha também Normal Superior.
Até a quarta série estudei num colégio tbm católico, mas onde passei meus piores momentos de escola.
Mudei-me na quinta série para o Sagrado (uma bela escola, enorme com uma linda capela, com um belo jardim, gruta, o palco... Ocupa um quarteirão inteiro. Era e é uma bela escola, definitivamente!) e o tal suicida fazia oitava série. Ele poderia passar fielmente como uma pessoa normal, se não fosse pelos seus atos.
Andava sozinho, sem nenhum amigo, raramente eu o via conversar com alguém. Não poderia ser admitido como suspeito visto que eu tbm era assim naquela escola nova e enorme. Eu era muito ostrinha, e como mal conhecia as pessoas, mal me socializava.
Era absolutamente inteligente. Era fácil perceber isso. Mas a primeira impressão que tive dele não poderia ter sido mais bizarra. Perto do Barzinho dos Lanches havia um enorme corredor onde muitos se agrupavam para correrem para o pátio logo dado o sinal do recreio. Era uma bagunça, criançada corria louca e muitos faziam fila no barzinho para pegar seus lanches.
Meu primeiro dia de aula, pequena e magrela, olhando assustada para aquele corredor cheio de gente e o tal menino caminhava rumo à multidão com o braço direito estendido dizendo: “Heil Hitler!”...
Eu mal podia saber que aquilo era bem estranho. Mas foi apenas essa vez que vi ele fazer isso. Depois de muito tempo soube de suas confusões. Alguma vez ele tacou uma cadeira numa professora, já na faculdade. A mulher implicou com o jeito dele e despertou sua fúria. Custaram a convencê-lo de permanecer na faculdade. A professora não podia ouvir seu nome.
Logo a minha irmã deu aulas a uma garota que ganhou o coração dele. A menina morria de medo e confessou a minha “hermana” que ele dizia coisas muito esquisitas. Ele muito branquelo e ela uma bela morena. Certa vez ele disse a tal menina que queria que ela fosse sua escrava Isaura. Encheu ela de presentes. Mas no fim a garota tinha namorado. E ele ficou só.
Na escola onde fiz cursinho ele gostava de ir à sala dos professores a tarde e tocar violino para eles. Dizia que amava a escola e boas pessoas merecem música clássica como homenagem.
Num destes dias, naquela escola, eu fui à sala dos professores e dei de cara com ele. Fui surpreendida por seu olhar de análise durante muitos minutos. Foi desconfortável. Muito desconfortável. Apesar de todos dizerem que ele era esquisito eu achava que aquilo renderia uma conseqüência péssima se chegasse ao ouvido dele. Por mais estranho que a pessoa seja ela não merece ouvir um “oi, esquisito!”. Isso devia afetá-lo de alguma maneira.
Minha amiga de cursinho o conhecia. Ela tem sobrenome alemão. E quando estive na sala, ela se aproximou para falar com ele. Percebi pela conversa dos dois que ele não era estranho assim, uma pessoa normal, apenas com uma fascinação meio exagerada pela Alemanha. Preenchi alguns papéis, mais tranqüila, até perceber que ele falava com ela, porém olhava diretamente para mim. O que ele pensava, nem sei. Quando terminei chamei minha amiga e gesticulei um “tchau” retribuído com um aceno positivo.
Depois disso o vi umas duas ou três vezes na rua. Ele andava e conversava sozinho. Em alemão.
Hoje ele decidiu não falar. Não sei muito de sua vida, mas as notícias rondam e ao que parece ele tomava antidepressivos. Deixou o pai, que tinha só ele no mundo. A mãe pouca gente tem conhecimento, uns afirmam nunca terem visto. Viviam os dois em um apartamento bem chique da cidade.
Ele tinha saúde, inteligência e dinheiro.
E não foi o bastante.
Uma situação comum nos dias de hoje. Porém, ainda me é chocante. Ainda mais numa cidade de 114 mil habitantes.


Sem comentários extras devo fazer o que é preciso:
Hoje é aniversário da Ludy do Blog Octeto Racing Team!!!!

Ludy, feliz aniversário!!!!!
Tudo de mais belo e empolgante para vc hoje e sempre!
Felicidades!
Sinta-se abraçada amiga!^^

A todos uma bela quinta feira!^^

Comentários

Amigaaaaaa....amei o seu cartão personalizado!!!!! Muito obrigada por tudo!!! Mesmo!!!!! Te adoro!!!!

bjs, Ludy

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