Friday!

Hoje é um daqueles dias que a gente sai em bando para fazer compras de Natal. Sairei com o pessoal de casa para fazer esse programa de índio.
Nessa época sempre foi assim: decidíamos sair de casa quando estivesse escurecendo, para poder ver as luzes da cidade. Planejávamos um lanche nada saudável em lanchonete de fast food e passeávamos pelo centro comprando aquilo que deveria ser comprado e voltando de bolsos vazios e sacolas enormes.
Eu sempre fui de bolsos vazios, então, opto por encarnar uma sacoleira do Paraguai e vou.
Nessa época de dezembro sempre chove muito por aqui. Era falarmos que íamos no centro da cidade e caia o mundo em água. Fazia tempo, uns dois verões que não chove quando saímos, mas chove quando saímos de uma loja. Mas nos dois últimos anos, desesperávamos quando as lojas começavam a fechar antes do horário de comércio de Natal. Coisa de cidade pequena e de gente que não tem vontade de trabalhar.

A grana está curta. As lembranças dos afilhados de minhas irmãs e da minha mãe forma compradas no shopping da cidade vizinha só para escolha de coisas diferentes, ou que só teriam lá. Crianças hoje são difíceis: antes um jogo qualquer e a criançada estava feliz. Hoje é tablet, playstation 3... O afilhado da minhã mãe fica no celular e nos jogos eletrônicos o dia todo. Minha mãe ficou indignada da última vez que ele esteve aqui em casa. A vó dele disse: "larga isso, meu bem, vamos conversar..." Ele nem pareceu escutar. Por um lado foi bom fingir de surdo, ou estar mesmo distraído. Quando ele entra no meu quarto, meus ursinhos e livros choram de medo. 
Gastar com os filhos dos outros assim, e dar coisas caras é selar o respeito porque deu presentes caros e não por que dão carinho. 

O bom do centro da cidade - e falo "bom" no tom irônico do significado - são as multidões. As multidões foram temas de caras como Nicolai Gogol e Edgar Allan Poe, e em suas narrativas são análises profundas das sociedades modernas, do indivíduo no particular e no privado, o sentir -se sozinho, mesmo na multidão... Mas hoje, apesar de gostar de filosofar sobre isso, eu perco fácil a paciência quando fico no meio dela. 
Reparem, quando forem fazer as compras: as pessoas não tem rumo. Aqui, as pessoas andam devagar sobre as vitrines. Se você não sair do caminho delas, toma encontrões leves porque as pessoas simplesmente parecem robôs com bateria fraca. A sinapse demora a acontecer para aqueles que a poucos metros de sua face, decidem desviar depois de longos segundos. As vezes você sai do caminho e a pessoa está lá, paradona... É como se vivêssemos em uma multidão de zumbis.
E quando param bruscamente para olhar as vitrines e largam vastas sacolas e crianças soltas na calçada? Que desespero!
E eu fico sufocada. Ah, se fico!

Façam um teste no dia das compras para mim. Uma coisa que acho engraçada e sempre acontece comigo, agora tantas vezes que já me tira do sério é quando estou sem compromisso em uma loja, muitas vezes esperando a companhia decidir-se sobre o que vai comprar: eu paro em uma prateleira e começo a olhar um DVD por exemplo. Em menos de um minuto, surge alguém, geralmente mulher, às bolsadas para me tirar do caminho só para pegar o DVD que eu tinha em mãos. 
Uma vez fiz isso na Lojas Pernambucanas na área de roupas de baixo. Peguei uns conjuntos de calcinha e sutiã meio indecentes e ri do pouco tecido (o que aquilo tamparia, afinal?) uma moça de no máximo 30, 35 anos, esbelta, me deu uma leve bolsada e pegou a mesma lingerie e ficou analisando o preço. Segui para área infantil e ela passou os dedos em tudo que eu que coloque a mão. Fiz o teste: peguei aquelas calçolas de vó enormes tamanho GG e mostrei para minha irmã na fila do caixa, acenando e curtindo com o vestuário. A moça que nunca usaria aquela calçola, grudou nas minhas costas para verificar o que era que eu havia pegado e pegou a calçola!!!! 
Por alguma razão as pessoas vão naquilo que outras também compram, não sei se por falta de opinião ou por consumismo mesmo. Se acontecer o mesmo com vocês me digam, pois pode ser uma patologia mais comum que imaginava.

Aqui a grana está curta. Aparentemente vai chover e pode ser que os planos irão por água abaixo, literalmente. Mas, como todo ano, compraremos o necessário, e passearemos, se pudermos, curtindo o caloooooor do povo descontrolado gastando até o que não tem. 

No mais, desejo, como foi o propósito do post um:


para todos ;)
Abraços afáveis!

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