GP de Abu Dhabi e fim da temporada 2014

Chato.
Inútil.
Um tanto desagradável.
Seguramente óbvio.

Não, não falo do programa Esquenta. Falo do GP de Abu Dhabi mesmo.
O circuito é desses que só existe por beleza e grana. Tanto é que os xeiques desfilam com suas túnicas brancas por lá. O GP não tem utilidade prática  nenhuma para o esporte. Esse ano, atribuíram a pista o dobro de pontos, na esperança de que candidatos a título se engalfinhassem e disputassem mais à risca por pontos. No fim é aquela coisa muito falsa que em nada motiva a gente como espectador, como sempre.
Como disse no começo do ano - assim que percebi que a Mercedes era a mais "completa", soube que Hamilton venceria o GP de pontuação duplicada, caso não fizesse absolutamente nada de muito relevante durante toda a temporada. Tudo por uma única explicação: ele foi contratado na pompa de ser o campeão da equipe. De ego inflado desde seus tempos de McLaren, ele tem o caráter que o todos apontam como o problema crucial de Fernando Alonso. (Se brincar é ainda pior, afinal Alonso é chato, mas chato a ponto de não ser polêmico com a vida pessoal). Não por menos, Lewis recebe bem mais que o Nico Rosberg naquela equipe. Quando se investe em um cara desses, você buscaria "o" retorno e nada inferior à vitória seria suficiente.
No meio do ano, surgiram os impasses: por mais que Rosberg merecesse mais, ele cometeu o erro de assinar com a equipe por muito tempo. Eu esperava, afinal, chegar em 14º nessa última corrida foi muito bizarro para quem pouco enfrentou problemas nas 19 etapas do ano.
Profissional, foi vítima de um jogo muito infantil, mas ainda assim normal, de acusações pessoais por parte do companheiro, bem como um jogo psicológico desenfreado e ilógico.
Aí que Rosberg perdeu a briga.
Eu tenho uma hipótese na cabeça, maior que apenas a grana dos acionistas: a disputa da mídia. A Mercedes era a equipe hegemônica. Diferentemente da Red Bull que descaradamente protegia Vettel em relação a Webber, apenas largou os dois se virarem na disputa. Mesmo com Webber reclamando muito sobre a proteção, nadou nadou, morreu na praia e até desistiu. No fim, era porque havia um talento notável em Vettel que era maior que a capacidade do Webber de falar muito. Nada contra o australiano, mas suas péssimas largadas eram sempre injustificadas para dar a ele melhores méritos que à Vettel. 
Então, por quatro anos quem vencia a mídia, provavelmente foi a alemã. A mídia inglesa curte uma picuinha. Vide 2007 que muito da má fama do Alonso foi promovida para proteger o inglês "fenômeno" e novato. Quando um alemão mais formidável com as palavras surgiu (Rosberg), não tardou em ser o fraco na luta do blábláblá no microfone (tanto é que acusou o próprio nem de ser alemão). A mídia inglesa sobrepôs e com as ajudas da equipe, o resultado de ontem era óbvio: Hamilton venceria, e ainda seria campeão do ano. 
O resultando estampou quando Rosberg, pela primeira vez, largou mal e Hamilton, que sempre joga carros nos outros, disparou fácil em linha reta, como se soubesse que o companheiro faria o serviço sujo de segurar a Williams. 

Almocei uma bela lasanha ontem. Apesar de ter entregado os pontos já na largada (e saber que pai, mãe, tia vó, periquito e periguete do Hamilton estavam presentes, e até um membro da família real!!!!) eu quase perdi o apetite por conta da duas coisas: com os problemas mecânicos, Rosberg se desesperou e pelo visto houve momentos em que a equipe deu de ombros e não respondeu suas súplicas no rádio. Repulsivo, para dizer o mínimo.
O segundo momento foi a exaltação do Massa por parte da transmissão. Bottas largou mal e fez uma excelente corrida de recuperação, e ninguém deu o devido mérito. A Williams só é a Williams agora, na visão daquele trio panaca, só por conta do Massa. Posso xingar o quanto for, nunca será o suficiente para as atitudes deles.

Considerei, com as voltas finais do GP, a abandonar de vez a categoria. Não basta ela ser chata, mas a mídia especializada justifica ações de uma forma tão nociva à nossa sanidade que é de matar. É como se, por exemplo, os comentários puxa-saquistas de caras como Galvão e Reginaldo fossem naturais por amizades e amor ao país pela representação de caras como o Massa. Mas não são naturais, pois além de ridículos, são uma afronta a nossa inteligência. A gente sabe que não há talento, que há fatores muito mais amplos que meramente pedras no caminho ou equipes que forçam a submissão (como Galvão disse, afinal Massa merece depois do "sofrimento" que foram os anos na Ferrari...).
Mas há imbecis para seguirem o que é dito pela rasa mídia especializada. E só continuo achando uma afronta à minha capacidade de discernir as coisas que lá acontecem quando ouço as inverdades desse pessoal.
Por isso, cogitei e ainda cogito largar a categoria. Mas o vício acaba não me permitindo tanto. Quem sabe, ano que vem eu opto pela letargia?

Ao Lewis, espero que esse campeonato não faça com que seu ego vire um balão inflável da Macy's... (o que tende a acontecer). Ao Nico, ele é o campeão do mundo de 2014, na minha opinião, porque as corridas vencidas por ele foram as menos bobas da temporada. Ainda assim, mereceu mais. E depois que vi sua declaração pós corrida, achei que todos deviam ver o vídeo: profissional até na hora da derrota, sereno e sem nenhuma sombra de inveja do companheiro (que deve existir, mas não foi transparecida). Saber perder é uma dádiva. Palmas para ele, de verdade.

Ano que vem provavelmente as coisas vão piorar, mas vamos ver no que vai dar. Ao longo da semana, falarei das impressões do fim da temporada mais amplamente, afinal, muito sobre 2014 ficou fora dos comentários.

Abraços afáveis!

Comentários

Ron Groo disse…
Estava chateado com esta corrida horrível de ruim... Mas ia Odell Beckhan Jr fez aquele catch e eu esqueci tudo... heheheh
Manu disse…
Não posso concordar menos, Groo. A NFL tem sido uma benção com as "decepções" da F1...

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