Gênio(s)

Meu amigo Cristiano Mateus do blog (de mesmo nome: link) deu a idéia do texto de hoje. Inclusive escreveu nos comentários de meu post anterior a seguinte coisa:


Sobre os "Gênios"...
Por mais que não queiramos... sempre criamos expectativas, veja na F1... Queremos ver um Piloto que nos Cative, certo!?
Agora, o que cativa vc, Manu!?

Prometi à ele um texto o mínimo coeso sobre isso e divido aqui com todos que quiserem ler. (Já aviso que é bem provável que fique longo e paciência será boa aliada!... ¬¬')


Pois, vamos a isso, então.
Antes de tudo refleti bem sobre isso e acho que serei muito ampla na construção de meu texto. Provavelmente vou apagar e revisar tudo umas 10 vezes pelo menos, até que tudo saia satisfatório. Ao menos para mim.
Pela questão: “por mais que não queiramos sempre criamos expectativas” digo que isso é fato concreto, pelo menos para mim. Não sei bem se criar expectativas é boa coisa. Ultimamente comigo não foi bom, não rendeu bons frutos. Falo isso acerca da minha vida pessoal. As relações com as pessoas foram, quase sempre, desmoralizantes quando criei expectativas antes de observar bem, antes de analisá-las para entendê-las.
Quando mais nova era comum criar expectativas sobre os garotinhos legais da escola e etc... Sempre fui infeliz em toda suposta escolha. Não que os caras fossem sempre lotados de defeitos até as bordas. Mas um pequeno deslize era motivo para eu pensarr que era melhor eu estudar, que ganhava mais. Caras tímidos, meiguinhos, inteligentes, aparentemente responsáveis e perfeitos? Desmontavam-se, derretiam-se para as maiores criaturas desonradas e fúteis que encontravam pela frente.  Homens! Demorou a que eu entendesse que inteligência, educação, ou pelo menos seriedade fossem qualidades das garotas interessantes nas listas dos caras da minha geração. O jeito era sair gritando, falando besteira e sendo burra que nem uma porta? Eu não ia ficar feliz assim, portanto, larguei as minhas expectativas de homem perfeito no papel. Sim, porque só ali elas fazem todo e completo sentido.
Foi assim até na minha decisão do curso em que pretendia fazer na faculdade. Eu queria Engenharia Mecânica, mas desisti quando pensei na questão do tanto que sou molenga para apertar um parafuso, carregar um caixa pesada e ah!... Prestei para Matemática, passei em quarto lugar sem nem pegar num livro e freqüentar apenas umas bestas aulas de cursinho preparatório. Não sei como nem por que. Mas passei numa universidade federal. E o resultado não foi bom. Fiz três semestres e descobri o que era estudar. Sempre tive alguma facilidade na escola. Matemática não era facilidade. Definitivamente era dom. E eu depois de pegar umas disciplinas que nas “engenharias” todas soavam tão mais simples e práticas, saí antes de tomar raiva completa das exatas. Fui cursar História, algo totalmente diferente, e ali, depois de um vestibular desses decididos em última hora, eu passei para o novo curso. E vou dizer que não é tão bom assim também. Pelo menos na Universidade Federal de Uberlândia não causa nenhuma vontade, ou empolgação na questão do profissional.
Como na Matemática, criei expectativas que me frustraram. A graduação em História, apesar de fácil (embora a palavra não seja bem essa) e leve, diria que também não contemplou os anseios. Talvez o problema seja meu e não dos cursos. Mas daí acredito que seja outra questão.
Tudo envolve expectativa, qualquer que seja a circunstância.
Seguindo, então a questão do Cristiano:

Por mais que não queiramos... sempre criamos expectativas, veja na F1... Queremos ver um Piloto que nos Cative, certo!?

Na F-1 não é novidade para ninguém que acompanhei Kimi Räikkönen com dedicação de uma admiradora. Mas passei longe de defini-lo como gênio. Eu acho complicado tratar de gênio alguém do esporte. Se sentir cativado por esse ou aquele é um tanto mais fácil, na F-1 principalmente. Digo isso por que: veja Michael Schumacher. Eu sei, afirmo e assino embaixo que precisamos dar tempo ao tempo. Quatro corridas não podem resumir como balanço total de seu retorno. Mas para muitos sua figura é bem esse termo de “gênio” na qual referiu Cristiano. Não era esperado esse retorno morno, para não dizer decepcionante.
Cativar-se a alguém já é uma coisa mais fácil de render-se. Kimi foi (e sempre será – duvido que isso mude algum dia) foco de minha afeição. Discordo que o fato dele gostar de beber seja algo que me desmotive a admirá-lo. Para mim é mais algo cultural (algo oriundo - talvez comum - do país dele) do que plenamente algo de suma importância. Ele paga as contas dele e tem o direito de escolher fazer o que bem entende da forma que preferir. E ele tem personalidade. Para mim já basta. E por que ele não deveria ser 100% perfeito? Ora, porque ninguém o é.
No mais, não vou me casar com ele, dividir as 24 horas do meu dia com ele e muito menos teria a pretensão de controlá-lo, discipliná-lo ao meu jeito de viver e entender as noções de que acho necessárias. Admiro-o como profissional do esporte e de suas decisões e táticas em pista, a forma como responde os jornalistas...
Genialidade para mim está ligada a parâmetros de um conjunto de coisas que me façam sentir atraída a me afeiçoar a essa ou aquela pessoa. São coisas que geralmente não saberia  explicar. Não é fácil para mim, mas tentarei ser clara explicando com exemplos.

Agora, o que cativa vc, Manu!?

No meu curso de graduação por primeiro exemplo. Onze de dez de meus professores citam ou tem certo apego por Karl Marx. Ao mesmo tempo nos lembram sempre que é preciso ter opinião, correto? Pois eu tenho a minha. Acho Albert Einstein muito mais completo que Karl Marx. Consequentemente se me perguntassem de um gênio, não responderia que é o nosso amigo barbudo, e sim Einstein. Por motivos práticos, admiro mais suas falas e teorias que qualquer uma que Marx tenha dito/escrito.
Na literatura acho difícil encontrar um único gênio. J.R.R. Tolkien talvez por toda a mitologia e línguas que criou em seus romances seria minha resposta. Sou fã do autor desde 12 ou 13 anos. Nas crônicas, adoro Rubem Alves. Diria que ele é uma pessoa que beira ao completo. Basta que leia um de seus escritos. Ele pode falar bem de forma simples e sábia sobre Literatura, Educação, Psicologia... Vivência. Posso dizer que até onde o que li, e do que levou sua autoria, em nada discordei dele. Existem muitos que podem ser grandes escritores, e estes podem ser apenas alguns. O mesmo cabe às artes... Pintores, Escultores e porque não dramaturgos e atores. Para se dar bem nisso eu levanto a bandeira do completo, da genialidade.
E falando em “ser completo” vou para dois últimos exemplos na música. Outro caso é a arte musical. Não existe só um gênio nesse ramo. Só de compositores clássicos já teríamos bastante assunto. Mas como o texto fala de mim, deixo as minhas impressões:
Sou fã da banda de metal sinfônico finlandesa Nightwish (como já relatei várias vezes). O autor das letras, tecladista e produtor Tuomas Holopainen (e dono da banda, vamos dizer logo) me cativa. É visível que ele tem uma inteligência e tato musical, porque se envolver com uma banda que explora orquestra (como nos dois últimos álbuns), compor músicas (com inspiração literária e letras poéticas), sonoridades épicas que soam como verdadeiras sinfonias (metálicas sim, mas não menos bem elaboradas e complexas), essas criações dele, que me fazem sentir bem, emocionada ou tocada, é motivo para me render à admiração.
Tuomas lá tem seus defeitos, seus “perfeccionismos”. Mas ele sabe exatamente o que fazer no estúdio, sua alma vai toda na arte de sua música, composta cada linha, por cada sentimento vivido e traduzido de uma forma artística bela e... Hoje, raro o momento que uma música faça isso comigo. Gostar é uma coisa, sentir seu sangue correr mais rápido, vontade de pular e também se emocionar e resgatar a música como uma obra intocável custa um bocado. Tuomas é capaz disso em todas músicas de um álbum da banda.
Outro exemplo é caso antigo. Eu estava na barriga de minha mãe quando Jason Newsted substituiu o baixista de formação do Metallica, Cliff Burton. Foi lá em 1998 ou 1999 que fui saber e entender Metallica e com esse tempo eduquei meus ouvidos com as músicas da banda. A ficha só caiu quando Jason deixou a banda em 2001. Depois disso parecia que Metallica se dissolvia acada instante. Eu jurava que James e Lars eram o suporte da banda e Kirk era um complemento. Jason era apenas um mero substituto do grande amigo deles. Não vejo razão para discordar dessa premissa. O problema era pessoal e para se ver livre como pessoa, Jason preferiu cair fora. Fez o que queria com a banda paralela que foi motivo de sua briga com James do Metallica e a banda pareceu-me que esperova por Jason repensar, tanto que não procuraram imediatamente um substituto usando o produtor Bob Rock na gravação do St. Anger. Só depois de colocarem um ponto final em tudo, Rob Trujillo veio ao lugar de Jason para a turnê. E Jason foi parar onde? Com Ozzy Osbourne. Ali entendi que certas decisões na nossa vida, quando feitas para nosso próprio bem, rende frutos carnudos e apetitosos. A decisão de Jason poderia não ser a mais sábia, mas era melhor. Ele era reconhecido ainda como um bom baixista e acrescentava um bônus ao seu currículo. E me tornei sua fã, mesmo, em letras maiúsculas FÃ.  
Logo, ele gravou com Voivod ao lado dos excelentes músicos que compõe essaa banda canadense. Sim, pode ter pecado ao encarar um programa de tv (que há que diga que foi ridículo) chamado Rock Star Supernova.
Não se arrependeu de sair do Metallica. Não ficou fazendo como faz Dave Mustaine do Megadeth, cutucando sempre que pode (com razão ou não) a banda que o dispensou. Ao contrário desse, foi sábio ao decidir o que era melhor para si, e talvez percebendo que não faria a diferença que esperava que fizesse no Metallica, foi cuidar da sua vida, e se sentir bem consigo mesmo. Eu acho que aí que acho que adquiriu mais admiradores.
Ele ainda passou por um infeliz problema no braço. Em 2006, Jason se machucou tentando segurar um cabeçote de baixo que caía. O acidente resultou em lesões no bíceps direito e ombro esquerdo, e teve que passar por cirurgia imediata. Sua aparição veio em 2009 quando juntou-se ao Metallica novamente para o Rock and Roll Hall of Fame, da qual a banda foi homenageada. Agradeceu a banda e fez um belíssimo discurso, sem pompa sem ressentimentos. Tocou ao lado de Trujillo e o som dos dois baixos ficou muito, muito legal. Um grande músico todos os dois, e Jason ainda mais.
No início desse mês vi um vídeo bem recente no youtube com Jason em uma entrevista falando de sua vida de músico e sua nova inspiração de criatividade, dessa vez explorada na  pintura. Dia 6 de maio fará numa galeria em São Francisco na Califórnia, sua primeira exposição de obras. Pude ver algumas do catálogo no site oficial da galeria e me senti feliz por ver que ele não olha para trás, segue em frente e usa isso com algum benefício artístico. Que seja só para ele, mas que é feito para que toda sua intensão, criatividade e produção tenham e deixam uma marca. Um novo "gênio" para o meu panteão. E cada dia ele surpreende mais.
É bem com isso que tento finalizar meu texto e minha idéia sobre. Me cativa a possibilidade da pessoa fazer algo bom, o suficiente para marcar e ecoar quando não estiver mais aqui. Como fez Tokien, Einstein, Tuomas, Jason e tantos outros que poderia citar e... não caberia tanto.
Do filme de Ridley Scott, “O Gladiador” tento finalizar acerca de uma frase em que o personagem de Russel Crowe, Maximus diz logo no início para seu batalhão (*)

A razão e conclusão do meu texto é mais ou menos resumida nessa frase. Nesse filme também mostra a questão de decisões. O personagem General Maximus é um líder que mostra e faz a diferença não só por seus homens, mas por toda Roma. É isso que me cativa. É isso que é genialidade: é a precisão do saber, o tanto que for possível o que fazer e como fazer da melhor maneira qualquer coisas que possa deixar aquela tatuagem, marca, lembrança de emoção, motivação... cativação.
Claro:
(*) “O que fazemos em vida, ecoa na eternidade”  

  
Abraços afáveis!

Comentários

Olá Manu!!!

Ótimo texto!!!

Agora, no início vc projeta expectativas demais... diria que vc é do tipo que pensa muito rápido! Muito além do normal. Assim como eu...

Acho que muitos dos meus projetos não foram adiante porque eu pensei muito no resultado e não nas suas 'bases'!!!

Isso assusta muita gente, pois as pessoas pensam mais nos meios e não nos fins. Seria isto o tal Politicamente Correto!?

Talvez, eu e vc não sejamos isto!!!

Gosto não se discute, pelos menos eu não sou o seu psicólogo! Mas posso fazer a sua função... a de fazer vc olhar pra dentro de si!!!

Talvez a receita contra a frustração seja projetar e sim complementar!

Se gostar de alguém deixe que seja pelo seu rostinho bonito... e deixe que ele te mostre o que há por trás!

Se vai estudar, não tente prover o assunto... deixe o professor mostrar a que veio!!!

Para mim, o Gênio está ao lado do Imbecil, pois todos nós somos capaz do improvável e do imprestável!!!

Portanto, o Gênio é aquele disputa a guerra dos Geniosos,

Viva o Futebol!!!

Até...

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