Temporada 2021: Grande Prêmio de Portimão

Criamos uma super expectativa com o GP em Portimão. Mas se enganou quem foi com sede de competição para a terceira etapa da temporada.

Não foi uma corrida ruim, mas também não foi boa.
Foi a primeira que teve um bom número de voltas enfadonhas. Ficou pareado com Barein neste sentido. Não teve pontos surpreendentes como em Ímola. Nem teve polêmicas como em ambas, embora o papinho do "track limits" ainda tenha dado pano para manga gerando alguma frescura ou injustiça (depende de como você enxerga isso).
Não foi uma corrida ruim, repito. Isso ainda está para acontecer, inclusive é uma possibilidade no próximo fim de semana, muito por conta do péssimo circuito espanhol não oferecer nenhum tipo de desafio.

Não sendo especificamente chata, a corrida em Portimão foi previsível em alguns pontos e morna em outros.
Tivemos duas corridas assim. A primeira e essa, davam a dica de que, alguma coisa mudou, mas não era exatamente o que esperávamos (ou torcíamos) para que fosse. 

Lembrando que Barein, boa parte gastou rojão considerando-a ótima, ela foi só realmente adequada por representar a quebra de jejum de corridas. Além disso, dava a deixa de algo que havia mudado e que já era uma enorme vantagem em vista dos outros anos: a pouca diferença de tempo entre um carro e outro, sobretudo os ponteiros.
Mas isso é assunto para o post das tabelas. Aqui precisaríamos falar das nossas impressões do GP. 

Infelizmente, nem tudo são flores. Se sonhávamos com competição e um terceiro elemento vencendo a terceira corrida, isso já ficou para trás já no sábado de classificação. E talvez ainda não retorne como possibilidade. 

Valtteri Bottas arrumou a casa. Fez o melhor tempo e garantiu a pole para ajudar na auto estima. Sabíamos que era remota a sua vitória no domingo. Já disse em outras circunstâncias, mas reforço: não por incapacidade, mas por falta de brechas. A não ser que Lewis Hamilton não esteja na pista, não há holofote para Bottas. 

Com a sua "função" clara, restava só saber quando a troca de posições aconteceria: se era na hora da largada ou nos boxes. Para mim estava claro que ela aconteceria quando Lewis quisesse e quando ele se desesperasse com a pressão de Max Verstappen, apenas o terceiro colocado no grid. Para parecer que havia dificuldades, ele talvez não ultrapassaria logo na largada.

E foi dessa forma mesmo. Depois do erro de Kimi Räikkönen, gerando um Safety Car, Max deu 110% de si e tomou a segunda posição, numa manobra lindíssima, provavelmente a melhor do dia. 
Pena que a DRS é um lance que só funciona com a Mercedes 44. Com Bottas muito próximo e em primeiro, Verstappen não pode se defender adequadamente do avanço de Lewis. 
Correndo para deixar a tv no mudo, evitei um momento de gritaria e jargão patético ecoasse pela sala. 
Já fiquei com o controle nas mãos, pois quando Lewis quisesse, ele passaria Bottas e o mesmo não ofereceria dificuldades.

Não houve ordem no rádio. Mas quando Lewis chegou, Bottas abriu.
Se sabe que Bottas faria isso, pois todo mundo viu seu contrato e agem como se ele tivesse obrigação de agir assim.
No entanto, pergunto com sinceridade: quando um campeão mundial como Fernando Alonso ou Sebastian Vettel pediam ordens de equipe, sempre houveram protestos, como se esses fossem uns covardes que não sabem lutar pela posição na pista. Mas no caso do Lewis Hamilton, ele nunca foi considerado com termos sequer semelhantes. Por quê? 

Hamilton faz isso com Bottas desde que o finlandês chegou. E não me venham com aquela corrida em que ele devolveu a posição... Na ocasião, a Mercedes podia se dar ao luxo de parecerem democráticos. Não haviam ameaças. Agora, eles não querem arriscar que Max se aproveite de briga doméstica. Agem rápido, pois estão com a conquista do campeonato um pouco mais apertada. 

E como tem sido bom ver Max correr!!! Não sou fã, provavelmente nunca cheguei perto disso, mas Verstappen tem dado motivos para assistirmos corridas até o fim. Se estiver próximo de uma corrida propriamente ruim, contamos com ele para garantir alguma atração.

Eu sei que fiz duras críticas ao Sérgio Pérez no post passado. Mas é hora de admitir que ele fez uma boa corrida. Ainda que tenha permanecido na posição de largada, e não se superado, foi feito o melhor no momento. O que não pode é perder 10 posições como aconteceu em Ímola...
Este ano decidi que vou elogiar quando deve e criticar quando merece. Não só para o caso do Pérez, mas qualquer um deles. Eu gostando, ou não.

É preciso dar um grande aplauso para Lando Norris, também. Em três corridas, Lando esteve no top 5. E em três corridas, a McLaren foi a equipe mais confiável por conta de seu trabalho.
Daniel Ricciardo é que precisa se reencontrar e rápido, ou consideraremos mesmo que a sua mudança de equipe foi uma péssima ideia. 

A Ferrari é que tem estado apagadinha e em Portimão, mais que nunca. Charles Leclerc e Carlos Sainz até que protagonizam alguma cena ou outra, mas não vejo ainda motivos para Mattia Binotto preconizar o quão bom é ter uma dupla "combativa". Continua sendo apenas uma fala (mal colocada, diga-se) para atingir Sebastian Vettel.  

E por falar nele, Sebastian até que fez uma boa corrida! Ainda não pontuou, mas ficou algumas voltas entre os 10 e pode sentir muito melhor o carro, que vem sendo decepcionante. Lembrando também que no sábado, ele passou para o Q3 e foi bem empolgante para seus fãs - que não deixam de apoiá-lo, nunca. 
Já Lance Stroll contou com alguns ajustes que visivelmente não funcionaram, pelo menos, não de imediato. 
E por isso - e só agora - alguns especialistas começaram a identificar que os problemas da Aston Martin existem e são bem ruins. Antes eles consideravam só o Vettel como um piloto que estava acabado como problema da equipe.
Sim, podem revirar os olhos... 

Surpreendentemente, Esteban Ocon está me fazendo ficar caladinha à seu respeito, mas também não muito. Foi mais uma etapa em que ficou na frente de Fernando Alonso (uma posição, apenas) e nesse caso, foi tudo muito bom para a Alpine, que conseguiu pontuar com ambos. 

Fechando os 10 primeiros, o francês mais querido, Pierre Gasly garantiu mais um pontinho para si e para a Alpha Tauri. Yuki Tsunoda parece ter empolgado o pessoal apenas na estreia, mas ainda é cedo para fazermos conjecturas sobre o "piloto pocket".

Dos que não pontuaram, destaque para a evolução de Vettel e também para Antonio Giovinazzi colocando uma Alfa Romeo no 12º lugar. Ainda que muita gente não concorde que o italiano seja bom, ele faz um trabalho discreto, mas razoável.
Mick Schumacher merece menção. Ele fez uma boa manobra sob Nicholas Latifi e que lhe garantiu um 17º lugar. Ok, eu sei, que foi sob o Latifi, que não é lá essas coisas, mas era um motor Mercedes contra uma Haas de motor Ferrari...
Ainda que a transmissão tenha menosprezado o feito sabe-se lá porque, Mick tem talento e só (só?!?) venceu a Fórmula 2 no ano passado. Existe algo mais que sobrenome e Mick acabou como melhor entre os 3 caras que ficaram à duas voltas do líder. Em comparação, está desbancando o companheiro Nikita Mazepin. 
O dinheiro não é tudo, né, flor?

Decepção do dia? Kimi Räikkönen ter errado logo na largada sem ter o gostinho da corrida. Vai ficar para a próxima ainda marcar uns pontinhos, já que a porcaria da FIA não aceitou o protesto da Alfa Romeo e devolveu os pontos tomados em Ímola. 
Não se exaltem, o que aconteceu com Kimi, acontece, ainda que raramente. Além disso, ele foi o Kimi de sempre, admitiu e pediu desculpas depois. Não ficou choramingando nem culpando terceiros. Não precisam começar a gritar pela aposentadoria dele, por favor. 

Longe de ser o ideal, temos um campeonato. O jogo não mudou tanto assim: a Mercedes segue sendo a equipe com o melhor carro do grid. Assim como nos outros anos, Lewis não está fazendo espetáculo. Segue sendo um piloto esperto. Quem é o dono do palco, quem dá esse show, chama-se Max Verstappen. 

Como já lembrei vocês, o próximo GP acontece na Espanha.
Não vamos sofrer por antecipação! #ficaadica

Voltarei com o post das tabelas, provavelmente, na quarta-feira. Comentem os pontos que agradaram (e os que não agradaram) de vocês, sobre a corrida em Portugal! 

Na sexta, irei fazer o post de pontinhos e de notinhas ácidas ;)

Ainda hoje, às 20hs, estarei na live do Clube da Velocidade. Segue o link para vocês acompanharem conosco:  Ep. 15: Ontem, hoje e sempre (?)

Abraços afáveis e cuidem-se!

Comentários

Mário Paz disse…
E o octa Lewis segue surpreendendo a favorita Red Bull e aproveitando-se dos erros de Max Verstappen vence mais seguindo firme numa improvável liderança do campeonato...Ops, alternative reality detected ...Numa toada que variou entre as costumeiras odes às virtudes Hamiltonianas e "críticas" aos erros de track limited Verstappianos, a mídia e torcedores seguem firmes e cegados na construção narrativa de campeonato sensacional e competitivo, o ano em que o rei mostra a sua majestade vencendo "no braço" os gigantes da Red Bull.
Como eu já falei anteriormente, o blog da Manu é um dos últimos espaços do livre pensar no mundo da F1, me permitam os "conselhos da verdade" alguns questionamentos...quem errou, com direito a zerão esfregado na cara, foi Sir Hamilton em Ímola naquele bisonho episódio onde ele não sabia se ia pra frente ou pra traz, terminando por percorrer a maior kilometragem em marcha ré que eu vi um F1 efetuar...teve também aquele momento "cabrito" em cima da zebra arrancando pedaços da asa dianteira...mas o Max toda hora excedendo os limites da pista, gerando voltas deletadas e devoluções de posição...mas não ocorreu a ninguém o insight mais óbvio da era moderna ? Max está frequentemente excedendo os limites da pista porque está tentando compensar a INFERIORIDADE de seu carro perante os dominantes Mercedes ! Qual a última vez que um Red Bull liderou um campeonato ? Meados de 2013, com Sebastian Vettel ! Os touros não lideraram nem os campeonatos de apostas na pré temporada, o que mostra que essa ideia de superioridade enganou somente os ingênuos, porque os malandros que botam dinheiro na coisa não se deixam levar por historias bonitas de superação hehehe
A verdade é que a imprensa especializada emula o mesmo comportamento de ouros setores jornalísticos, bem lembrada pela Manu em alguma de suas colunas, que é a "opinião travestida de informação", mais importante do que a informação em si é a sua capacidade de render manchetes, histórias bonitas e impactantes, ou mesmo sensacionalistas...Lewis, como um marketeiro de mão cheia, um sinalizador de virtudes em tempo integral, é muito mais palatável do que o grosseiro Max, que frequentemente xinga os adversários e toca o foda-se a opinião da imprensa...Alonso também não faz media com ninguém, como por exemplo na não entrevista com a Mariana Becker, o que rendeu constrangedores comentários da equipe de transmissão da Band, no melhor estilo "vai ficar sem merenda no recreio porque respondeu mal educado pra madre Mariana" kkkkkk
Já me alonguei demais, mas resumindo é isso, o campeonato de bom mocismo não é um produto que me interessa, na minha modesta opinião pilotos de F1 são excelentes pilotando, suas opiniões sobre questões sociais não me importam, não os tenho como heróis ou exemplos a serem seguidos, e essa tentativa de mistificação em torno de Lewis me incomoda muito, além da consequente vilanização de outros pilotos, como Max, Kimi, Alonso, Vettel...se tem herói tem que ter vilão né...
Manu disse…
Obrigada, mais uma vez, pelo comentário, Mário!
Fico feliz que se sinta a vontade de vir dizer algumas coisas aqui nesses espaço.

Mais uma vez, concordo com vc em todos os pontos. Essa história de Red Bull superior tem que acabar, ou vai ser duro aguentar mais um sem número de comentaristas nessa falácia por outras (talvez 19) corridas. Haja paciência...

A dicotomia que constroem, além de ser fora da realidade, é um tanto ofensiva sob o ponto de vista intelectual. Acham que somos bobos, e não conseguimos perceber que não é assim?

Abraços!

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