Tabelas da Quarta Etapa da Temporada 2021

Chegamos à quarta etapa do calendário que prevê 23 corridas, (beirando serem 22, talvez 21 até o fim do ano) mas a questão é que a Espanha costumava ser palco de corridas bem mornas ou chatas. 
Na nossa florida e amada pista de Catalunha, realmente, pouca coisa imprevisível aconteceu. Na verdade, destacarei um par delas, mesmo sabendo que nunca foram necessariamente inesperadas.
"Same old... Same old..."


Vamos começar pelas "não surpresas".
As duplas da Williams, da Haas e da Alpha Tauri oferecem resultados possíveis, ou já conhecidos. No caso da Williams, teria sido uma grande novidade se George Russell não estivesse 4 a 0 em relação a Nicholas Latifi. 

Na Alpha Tauri, não saberíamos como comportaria Yuki Tsunoda. A lógica era dar créditos à Pierre Gasly já que ele, como piloto da equipe há duas temporadas, também havia vencido uma etapa na temporada de 2020, e criou-se uma grande expectativa na sua capacidade de gerir corridas.

A Haas era uma incógnita para alguns, mas não para aqueles que levam automobilismo a sério. Porque digo isso? A vida fora do paddock; isto é, a vida particular não traça noções de talento dos caras na pista. Caráter, um pouco menos. 
O que se deveria saber sobre Nikita Mazepin foi que ele era um dos nomes destacáveis de 2020 na Fórmula 2, tendo vencido duas "feature races" - em Silverstone e em Mugello. Nesta segunda temporada na categoria, ele terminou com 164 pontos e em quinto lugar. 
Sobre Mick Schumacher, o nome chama atenção, no entanto, esquecendo desse ponto, e fingindo que não há nenhuma referência, temos - como comparação a Nikita - a temporada 2020 na Fórmula 2, os seguinte: venceu também duas "feature races", em Monza e em Sochi, somou 215 pontos se tornando, com eles o campeão do ano. 
Por isso, se aguardava que Mick fosse melhor que Nikita. 
Entretanto, o que salta nas manchetes e Trending Topics do Twitter refere-se aos efeitos que se tem de cada um deles, ou seja, um juízo de gosto que não necessariamente estaria relacionado à verdade: para boa parte dos fãs da F1, Nikita é o "braço-duro" do ano e Mick é apenas um sobrenome famoso. 

Bom, essas coisas vem e voltam, afinal, estamos muito ainda no começo. Pode ser que esses placares se mantenham assim até o fim da temporada, com sei lá quantos GPS teremos em 2021. 

Em seguida, temos a turminha do 3 a 1 divididos em três grupos: 
a) os que a gente já imaginava;
b) os que pareciam possíveis;
c) e os que surpreendem. 

Da letra a) temos a dupla da Mercedes, da Ferrari e da Red Bull
Se desde o começo da temporada, assombrava uma ideia de "dificuldades" das Mercedes (o que veremos que não é verdade, mais adiante) em permanecerem como os mandantes da F1, não haveria possibilidades de Lewis Hamilton deixar Valtteri Bottas começar a abocanhar algumas poles como foi mais ou menos, no começo do ano passado. 
Lembrando que eu já disse várias vezes aqui: um repeteco de 2016 não vai rolar, então, nem adianta cobrar do Bottas algo que está além de seu alcance.

Sobre a Ferrari, ainda que esteja no começo, Carlos Sainz é segundo piloto até a segunda ordem. Ele foi contratado como o cara que iria trabalhar para que a equipe crescesse, sob a ótica que a equipe estaria com problemas exclusivamente com relação à Sebastian Vettel. Não. Na realidade, deixaram de querer considerar Vettel da equipe e desenvolveram uma estratégia de dispensa. 
Por mais que Sainz tenha mil e uma desculpas para justificar estar atrás de Charles Leclerc ele está ainda banhado pela premissa de que ele é um piloto frio e desenvolvedor que vai "somar" na Ferrari.
A realidade tarda, mas não falhará em dar as caras.

O caso da Red Bull não é novidade para mim. Sérgio Pérez não é, nem nunca foi esse "pilotaço" que pintaram. Mas fizeram campanha para ele, então é por isso que pode ser que surpreenda alguns que tenham se surpreendido e estão, agora, escondidos, fingindo de mortos. 

Da letra b) temos os possíveis cenários e estão inclusos a dupla da Alfa Romeo e da McLaren. No primeiro caso, não significa que Kimi Räikkönen é inferior à Antonio Giovinazzi. Olhando mais atentamente e despidos de preconceitos, eles estão próximos e harmônicos, digamos assim. 
No caso da McLaren, entendia-se que Lando Norris, por ser o piloto da casa, se destacasse (e tem sido assim, nas corridas). Porém, Daniel Ricciardo é um dos melhores pilotos do grid. Logo ele mostraria adaptabilidade. O sinal dessa afirmação, se dá nas classificações.

A letra c) é a surpresa total. O caso da Alpine, com Esteban Ocon sendo relativamente superior à Fernando Alonso, é um aspecto inesperado. Ocon é do tipo piloto mediano, a meu ver, e Alonso, não é bonzinho com companheiros de equipe. Pode ser que de fato, o espanhol chegou para ajudar a Alpine a evoluir, e Ocon estaria a mais tempo adaptado para dedicar-se ao seu desempenho particular - que nunca foi tudo isso. Era apenas um piloto qualquer com envolvimentos escusos.
A ver, se é isso mesmo.

Acabamos? Então, comparando classificação com corrida, na Espanha:


Destaques da classificação: o próprio Ocon em quinto, enquanto Alonso foi apenas décimo, e o 18º tempo do Mick, sendo o primeiro entre aqueles que ficaram na casa do 1 minuto de 19 segundos. Ele ficou à 2 milésimos de segundo do Kimi e quase 7 milésimos do companheiro de equipe, Mazepin. Não é grande coisa, mas é louvável.

Os destaques da corrida: houve uma tentativa de encher os olhos de Max Verstappen, desde a largada, para vencer a corrida e superar Hamilton, algo que tem sido a tônica do campeonato até aqui. Adoraria dizer que as investidas do holandês se consumaram em resultados positivos. No entanto, o que acontece é que o melhor carro está ainda nas mãos de Hamilton e dificilmente ele perderá o campeonato dessa forma.
Talvez uma ajuda mais expressiva de Pérez esteja deteriorando a Red Bull aos poucos, mas o ponto parece ser só esse: Max não é inferior em termos de habilidade ao Hamilton, mas o inglês conta com uma equipe forte, organizada e inteligente, e um carro confiável. 
Assim, Max pode até colocar Lewis na parede em todas as quatro corridas que já tivemos, mas infelizmente, isso é irrelevante no resultado final. 

Outro ponto destacável: é a primeira vez que Ricciardo aparece na frente de Norris em uma corrida. Desta vez, o australiano repetiu o sexto lugar de Ímola, só que lá no circuito italiano, Norris conquistou um pódio... 
A batalha entre eles está da seguinte forma: Lando está com um quarto, um terceiro, um quinto e um oitavo e Daniel com um sétimo, um sexto, um nono e um sexto. Ainda Norris se sobressai sobre o companheiro, mas tomara que Ric esteja à ponto de se adaptar plenamente e ajudar a McLaren a ser a terceira força do campeonato.

Eu sei que vocês vão cobrar que eu diga algumas palavras positivas em relação ao Ocon então aqui vai: Boa performance. São quatro corridas e três à frente do Alonso.  No Bahrein, Alonso teve um problema mecânico e Ocon ficou com um miserável 13º lugar. Na sequencia: em Ímola, Oncon foi 9º e Alonso 10º, em Portugal, 7º e 8º e na Espanha, 9º e 17º, respectivamente.
Sacode a poeira, Fernando!

Irei exaltar o Kimi Raikkonen porque sim, afinal, depois do erro em Portugal, Kimi fez uma excelente largada e uma corrida bem consistente, na Espanha, apesar de ter concluído a corrida apenas com um P12.

A Aston Martin concluiu as atualizações nos carros de seus dois pilotos e o que temos é uma constante, mas não uma significativa melhora. As posições das quais largaram, foram mantidas. Menos mal que não perderam tudo, subitamente. Ainda é aguardada uma evolução, no entanto, o que diz a boca pequena é que o carro é totalmente fracassado. 
Pena.

Detalhe que vocês provavelmente não irão encontrar por aí, no portais da vida: quarta etapa e é a primeira vez que até os pontuadores estiveram uma volta atrás do líder. 
Na etapa 1, o primeiro a estar uma volta atrás do Hamilton, foi Antonio Giovinazzi em 12º. Em Ímola, foi o 13º colocado, Kimi Räikkönen, muito mais pela punição desmedida que pela performance, ficou à uma volta de Verstappen. No terceiro GP, novamente Giovinazzi em 12º. E na Espanha?
Voltem lá na tabela... Eu aguardo vocês correrem o cursor... 


Isso mesmo: Norris era apenas o oitavo e já estava tomando volta de Lewis.
Separem-se em dois grupos: os que acham que isso se dá porque Hamilton é de outro mundo, e os que sabem que equipe e carro confiáveis estão contribuindo - mais uma vez - para isso.
Assim que acabar a pandemia, a gente marca um joguinho de futebol.

Fico a dever a quantidade de voltas que Max liderou corridas em relação ao Lewis, mas uma estatística eu tenho: eles se encontraram 5 vezes em quatro corridas, duas das disputas, aconteceram no começo e no fim do GP espanhol.


Deste modo, o campeonato começa a se desenhar na base do castelo previsível. 


Vamos primeiro às mudanças de posições: Norris perdeu a terceira colocação e Bottas retorna depois da queda de rendimento. Foi só isso que alterou entre os que marcaram pontos.
Dos que não, duas mudanças são percebidas, conforme a tabela dos miseráveis: 


Sebastian Vettel passou a ser o 16º, posição do George Russell até o GP português e Nicholas Latifi deixou de ser o último. Agora (para a alegria geral da nação ¬¬' ) quem ocupa a última posição na classificação geral é Nikita Mazepin. 

Hamilton e Verstappen deixaram Portugal com uma diferença de 8 pontos. Agora, 14 pontos separam os bonitões. 
A excitação do "temos um campeonato" já começa a dar sinais de fraqueza. Os gritalhões continuarão nessa, é claro. Não adianta esperar sensatez deles (e delas).

Com relação ao campeonato de Construtores, não houve nenhuma alteração nas posições:


A Red Bull alcançou 3 dígitos. No entanto, "o melhor carro", está à 29 pontos da Mercedes. 
A RBR está confortável só em relação à McLaren, com 47 pontos de diferença. 
Mas é bom a turma dos carros laranjas se aprumarem: a Ferrari está à espreita, à 5 pontos deles. 
Não há ainda possibilidade da Ferrari se desesperar em perder o quarto lugar. A Alpine não mostra-se como ameaça. Nem a Alpha Tauri e nem da decepção Aston Martin.

Antes de terminar a postagem, quero destacar três coisas bem irrelevantes, mas eu gosto de dar umas provocadas...
O primeiro é uma curiosidade: trata-se de um gráfico informando os pontos na licença dos pilotos do grid. 


Ano passado eu tive certeza que Hamilton tinha 8 pontos depois do GP de Monza em 2020. Dois pontos desapareceram aí, possivelmente pelo período de 12 meses. 
Sortudo que expirou, né? Se não, estava em primeiro até nisso... *risadas maléficas*

Achei também bacana que Russell tenha também 6 pontos e seja o presidente da GPDA. Irônico!

O menino favorito da transmissão da Band, Norris, tem a mesma quantidade de pontos que o que eles adoram falar mal, o Vettel. Cinco pontos é muito para um tetra campeão, mas 6 para um hepta é implicância da FIA e para dois pilotos jovens (e ingleses) é natural... *revirando os olhos*

Ver Kimi nivelado à Pérez e Stroll dói na alma *o.O drama*
 
Fernando Alonso voltou agora, mas duvido que apareça na lista com mais do que um ponto. 

Mick Schumacher, como novato poderia aparecer, mas ainda se mostra bem sabidinho. 

Ninguém comenta, mas o fato de não aparecer aí, Latifi é importante. Com um carro ruim a propensão à erros para tomar esses pontos, seria uma boa desculpa. Não é o caso.

Quem está faltando? 
Verstappen e Bottas. O mais novo Darth Vader da F1 não deu bola fora em relação ao regulamento e Bottas, parece ser o piloto ideal nesse sentido, também. Ainda que possam ter pontos anteriores que expiraram, no entanto, nesse período em que o assunto se tornou comentado, não são alvos de críticas por isso.

Achei isso tudo beeeeeeeem interessante... 

Já que estamos nessa, há também outro infográfico do trio mais frequente em pódios. 


O trio Hamilton, Bottas e Verstappen já aconteceu 15 vezes. 
É muita coisa!
E é muita coisa também se olharmos qual é o segundo trio mais cheio de pódios: Hamilton, Nico Rosberg e Vettel estiveram no pódio 14 vezes.
Mas esse nem é o ponto da qual trouxe esse dado para comentar. Eu quero que vocês procurem o nome Valtteri Bottas antes de seguirem lendo. 

Bottas aparece no primeiro trio do ranking e no quinto trio. Compara-se a todo tempo, ele com Rosberg. Acho que já está na hora de dar o braço a torcer que o finlandês pode não ser extraordinário, de outro mundo, ou qualquer termo de sua escolha, mas, na medida do possível, entrega mais do que teria entregue o antecessor. 
Em termos de vitórias, Bottas tem apenas 9 contra 23 de Rosberg. Esse é um ponto crítico, mas justificável: é sempre bom lembrar que Rosberg já era da Mercedes quando Hamilton chegou. Em termos de pódios, Bottas já superou Rosberg: são 58 já no começo do seu quinto ano de contrato com a Mercedes contra 57 de Rosberg, da equipe desde 2010. 
Novamente voltando às recordações: Nico só teve a primeira vitória na equipe no GP da China em 2012, e em 2013 teve uma vitória a mais que o recém chegado, Lewis. Já Bottas, quando chegou na Mercedes em 2017, venceu 3 GPs: Rússia, Áustria e Abu Dhabi. 
Ele mostrava perigo e isso foi logo resolvido na temporada 2018. É esse campeonato que acabou moldando o Bottas para os críticos como um cara "inferior" a Lewis. Até que ponto isso é criteriosamente um fato, eu tenho ressalvas. 

Em caso de aposentadoria de Hamilton, o mais simples para Toto Wolff e companhia seria, para 2022, subir Russell e manter Bottas. O primeiro por ser o um novos talentos que vale a pena em apostar alto. O segundo por, mesmo com 'n' adversidades, ter sido bicampeão em 2019 e 2020, conhecer a equipe, e entregar bom serviço. 
No entanto, optam por seguirem orbitando em torno do Hamilton.

Deixando as "curiosidades" de lado, e para fechar o papo sobre o campeonato 2021, após o Grande Prêmio da Espanha:
Temos um campeonato? 
Mais ou menos. Estamos bem mais próximos de uma arrancada do Hamilton nas etapas que estão por vir do que uma reviravolta com o menino Verstappen tomando a liderança. 
Voltamos também à expectativa de tentar saber como vai ficar o segundo e o terceiro lugares, e talvez até essas colocações estejam previamente definidas. Isso é bem trágico...

Retomando a tabela dos 10 primeiros: 


Entre duplas: 
► Hamilton tem exatamente o dobro dos pontos de Bottas em quatro corridas. 
► Verstappen tem mais que o dobro em relação à Pérez - são 48 pontos a mais que o mexicano. 
► Norris está à 17 pontos de Ricciardo, enquanto Leclerc tem o dobro dos pontos de Sainz - 40 do bonitinho monegasco contra 20 do espanhol.
► Não aparece na tabela, mas Ocon também tem o dobro de pontos em relação à Fernando Alonso, em  12º com 5 pontos. 
► Por fim, Gasly tem 6 pontos a mais que o novato Tsunoda e Stroll em 11º, tem 5 pontos, enquanto Vettel ainda não pontuou, assim como os demais não mencionados. 

Fazendo um balanço para a quinta etapa em Mônaco, na semana que vem, temos: 

► Hamilton para Verstappen - 14 pontos. 
Ainda dá para sonhar? Claro, não custa. Mas já aviso: pode ser perda de tempo. 
Com vitória do Max, Hamilton ainda fica na frente: 112 contra 105 pontos. Se o Hamilton chegar em terceiro, mantém a ordem: 109 contra 105. Em quarto, a mesma coisa, mas aí começa a ficar bom: 106 contra 105. Se Max fizer a volta rápida, eles empatam! É aí que dá para começar a confiar que a F1 está bacana.

► Verstappen para Bottas - 33 pontos. 
Improvável, mas se acontecer do Max não pontuar, Bottas precisaria pelo menos manter uma segunda colocação para começar a respirar fora d'água. Se isso acontecer, é possível que a Mercedes trabalhe para ele ganhar o ponto extra da volta rápida. Chegaria à 66 pontos, ficando à 14 pontos em relação ao Max. Especulação, claro. Até porque imaginar o Bottas vencendo em Mônaco é muito mais viagem. Mas, num mundo paralelo em que finlandeses da voz bonita são reis, os 25 pontos de uma vitória colocaria Bottas à 8 pontos do Max, com o holandês não marcando pontos. 

► Bottas para Norris - 6 pontos. 
Um pouco apertado. No entanto, Bottas tem muito mais chances de pódio do que Norris. 

► Norris para Leclerc - 1 ponto. 
Aqui a briga boa. Um ponto é quase nada. Para Mônaco, vantagem tende para o Leclerc, que corre em casa. 

► Leclerc para Pérez - 8 pontos. 
Mesma premissa acima: Mônaco e o quintal de casa de Charles, e pelo que eu me lembre, Pérez nunca foi muito bom no circuito de rua. (Mas me corrijam se estiver errada...)

► Pérez para Ricciardo - 8 pontos. 
Eu se fosse o Pérez, ficava esperto com o garoto sorriso nessa próxima etapa. #ficaadica

Muito falatório, certo? Pois é. 
Fato é que não temos um campeonato interessante. Só estamos tentando colocar tempero na coisa para saborear até o final. 
Olhem isso:


Pérez representa todos os iludidos. 
Mas eu já dizia: "Same old, same old..."

Peço desculpas pela demora em apresentar a tabela do GP da Espanha. Tive uma semana cheia, e a próxima vai ser ainda pior! Mas prometo que farei algo por aqui para não esquecerem de mim até Mônaco. 

Abraços afáveis e cuidem-se!

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