Campeonato 2012: Alonso ou Vettel?

(Fonte da foto aqui)

É com essa foto excelente, que vou tentar fazer um texto mais sensato possível.
Talvez seja bom avisar antes de seguir adiante, que o título da postagem já foi pro saco. Não vou responder, se fico com Alonso ou se fico com Vettel para ser o vencedor do ano.
Devo partir desse pressuposto, pois, ao contrário dos jornalistas por aí, não há como tomar partido por um  ou por outro sem envolver algum tipo de pensamento particular, ou opinião.
Então a missão do texto (difícil, mas espero que não seja impossível) é ponderar os prós de cada um para levar a taça de tri campeão, e também os contras, pois ninguém é perfeito.

Passo 1: Traçando perfis

Começando com os mais velhos, Fernando Alonso é um campeão mundial de F1 por duas vezes, consecutivos nos anos 2005 e 2006.
Alonso se tornou uma mania mundial, haviam fãs fervorosos por todo lado. A Renault era uma equipe toda pomposa voltada (como razão) para o novo gênio espanhol que surgia. Eles eram todos meio divertidinhos e essa coisa toda era conhecida por muitos como Alonsomania.
É engraçado pensar que em questão de poucos anos, todos se esqueceriam rapidamente de levantes empolgantes como esse. Depois de tanto tempo com enfadonhos campeonatos muitas vezes liderados por Schumacher (que tem lá todo o seu mérito, mas enjoava uma grande parte de fãs cansadinhos da mesmice. Algumas vezes, tivemos lapsos de coisa nova com Mika Hakkinen, mais tarde com Damon Hill e Jacques Villeneuve e só. Estava nas mãos de certos novatos como Kimi Räikkönen e Fernando Alonso tentar mudar  novamente a hegemonia Schumacher. Mas foi Alonso que colocou mais técnica e sangue novo na chance de fazer inclusive ecoar a frase: "Schmacher, who?" quando foi bicampeão consecutivo em 2006).
A trajetória do espanhol em 2007 marcou com início das pedras no caminho. Fazendo um excelente trabalho em sua nova equipe, a McLaren, ele obtinha o status de "primeiro piloto". Uma mentira velada. A equipe protegeria com força, o novato Lewis Hamilton que, pela presença do espanhol, agia como um verdadeira esponja, absorvendo tudo que podia, e garantindo também excelentes resultados.
Muito se falou da relação entre os dois pilotos, entre a diretoria da McLaren e Fernando. Mas tudo soava mais como uma cortina. O que acontecia de fato na McLaren, poucos de nós saberíamos (e pouco sabemos!) Alonso ainda era um piloto de grande capacidade técnica, um acertador de carros, o que era fácil de perceber, que faltava em Lewis, devido a sua pouca experiência.
Mesmo assim, resolveu-se a parada da seguinte forma: a imprensa fez o papel da detentora da verdade e dividiu mocinhos e vilões.
A situação agravou-se quando, pela equipe, anunciaram que corriam contra Fernando Alonso e não contra Kimi Räikkönen - que defendia a Ferrari. Com isso, ainda havia na McLaren o problema interno da espionagem. O projetista chefe da equipe possuía dados da Ferrari que mais tarde comprovaria que foram usados na projeção do carro MP4/22. A equipe perdeu todos os pontos de construtores, mas seus pilotos foram poupados.
Se o plano da McLaren era voltar a vencer, tendo um bicampeão do mundo, o homem a ser batido, e mais, tendo um novato gênio; ainda tinha todo o pensamento contra a rival Ferrari, para não deixar que ela se sobressaísse. Todo o plano foi exatamente tudo por água abaixo em questão de minutos. Pois de certa forma, Alonso (penso eu) não compactuou com isso e isso não afetou Kimi Räkkönen, que agiu quando pode agir, e venceu o campeonato, sendo a zebra do ano (a Ferrari mais tarde, mal agradeceria por isso).
Deixando a McLaren e retornando a Renault, Alonso teria dois anos bem tensos à frente. Conquistando poucos pódios e vitórias, o carro não era adequado para disputas maiores.
A Renault também fez o favor de arquitetar algo que até hoje não faz sentido. Em Cingapura, houve a denúncia de um fato curioso: o chefe da equipe Flavio Briatore, havia pedido para que Nelsinho Piquet, companheiro de Alonso, batesse o carro em uma área que não poderia ser retirado sem Safety Car. O incidente favoreceu Alonso, que havia parado pouco antes nos boxes e o espanhol venceu a corrida.
Porém, até hoje não entendi qual era a razão para arquitetar isso: fazer Alonso vencer uma corrida em um ano cuja disputa era entre Felipe Massa e Lewis Hamilton?... Um ano, que por sinal, era fatídico, com erros de ambos por todo lado e em todo caso, era ainda duvidoso (pelo menos para mim) todo o talento deles? E mais: um ano da qual foi a única vitória do espanhol que no fim das contas, muito pouco mudava.
Favorecia Hamilton, o tal "grande inimigo" do Alonso, mas ninguém percebia que Massa por si só já havia detonado a própria corrida. Mesmo assim, Alonso foi colocado como vilão da situação de novo, apenas pela ajudinha que no fim, mais prejudicou que ajudou.
Isso colocava o espanhol em maus lençóis e seria razão de todos os fuzuês que mais tarde envolvessem seu nome.
Em 2009 foi anunciado que ele iria para a Ferrari e esse ano, com Briatore banido depois do caso Cingapura, ele finalizava o ano em nono no campeonato. Kimi Räikkönen estava de malas prontas e Alonso era a aposta da equipe de Maranello para voltar a vencer.
Em três anos, Alonso está a caminho de disputar o seu segundo campeonato. Em 2010 - ano de estréia na equipe - Alonso perdeu para Sebastian Vettel devido um tal de Vitaly Petrov, que a bordo de uma Renault, não deixou mesmo que o espanhol avançasse para conseguir mais pontos. Vettel venceu Alonso, por quatro pontos na última corrida daquele ano.
2011 foi um ano atípico, onde o mesmo cara chamado Vettel venceu o campeonato, quatro corridas antes do fim do campeonato. Alonso foi apenas o quarto depois de uma campanha ruim da Ferrari, e uma hegemonia massiva da equipe Red Bull.
Agora, 2012 a Ferrari parece estagnada. Com pouca evolução e confiabilidade de carro, contou com Alonso para ser seu salvador durante uma boa parte das corridas e agora disputando o tri com outro bicampeão: O mesmo Vettel de dois anos atrás.

Sebastian Vettel começou sua carreira na F1 com pé nos recordes. Sua estréia foi no GP dos EUA, com 19 anos e 53 dias, substituindo Robert Kubica que havia se acidentado no GP anterior. Se tornaria assim o piloto mais jovem a correr de F1. Se não bastasse o feito, a bordo de uma BMW, Vettel chegou na oitava posição, marcando o seu primeiro um ponto. Também era o mais jovem a marcar pontos na categoria.
No mesmo ano passou a ser piloto titular da equipe Toro Rosso, substituindo Scott Speed demitido da equipe, no GP da Hungria. Seu melhor resultado nas corridas que vieram a bordo da Toro Rosso, foi um quarto lugar na China, fechando o ano com 6 pontos.
Em 2008, Vettel escreveu seu nome nos recordes novamente: vencendo o GP da Itália, o primeiro de sua carreira na F1 e o primeiro da Toro Rosso - uma média-baixa equipe - com 21 anos, três meses e oito dias.
Seu segundo ano na categoria lhe renderia um oitavo lugar no campeonato, somando 35 pontos.
Muito jovem, Vettel ganharia o apelido de "baby Schumacher" devido a nacionalidade e as "semelhanças" com o ídolo heptacampeão.
Em 2009, Vettel foi para equipe Red Bull, no lugar de David Coulthard que havia se aposentando. Seria o terceiro ano de Vettel na F1 e já havia uma evolução permanente: Vettel fecharia o ano como vice campeão, em um campeonato marcado pela hegemonia da "novata" Brawn GP, liderada pelo então campeão, Jenson Button. 
Em 2010, a disputa do campeonato até a última corrida era entre quatro nomes: Mark Webber, Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Vettel. Sebastian venceu a corrida em Abu Dhabi, a última etapa e conseguiu marcar mais pontos que Alonso, quatro a mais. 
Assim, novo recorde batido por Sebastian: o mais jovem a vencer um campeonato de F1 com 23 anos, quatro meses e 11 dias - batendo o recorde de Alonso - e também foi o primeiro piloto a vencer um campeonato sem ter liderado nenhuma vez na tabela. 
Uma pequena briga entre ele e seu companheiro Webber no GP da Turquia nesse mesmo ano, deu pano para manga sob a discussão de que Vettel era imaturo demais para a F1. Webber liderava o campeonato e a corrida, largando na frente e se mantendo em bom ritmo até a tentativa de ultrapassagem de Vettel, que rendeu em erro e a colisão entre eles. Vettel se retirou da pista gesticulando que o companheiro era  louco.  Poucas pessoas defendiam o alemão e achavam que a cena, foi de um fiasco sem tamanho que poderia ser evitado. Muitos ainda mais tarde duvidaria do talento do jovem, apontando a imaturidade e a proteção da equipe fora do padrões de talento. 
Mesmo assim Vettel venceria esse ano, e a equipe pareceria sempre fazer uma proteção sutil ao seu piloto. Com o primeiro campeonato em mãos uma proteção era justificada, mas nunca afirmada abertamente. 
O ano de 2011 foi marcada por uma hegemonia sem tamanho da Red Bull. Vettel era imbatível, e superava quase a todo momento Webber, que quase nunca não passou de um piloto mediano. Vettel venceu 11 das 19 etapas, teve 5 segundos lugares, um terceiro, um quarto e um abandono. Conquistou o bicampeonato com 4 corridas de antecipação. Passaria  então a ser conhecido por fazer poles e vencer corridas sem muito esforço, nunca precisando disputar efetivamente por posições como fim de grid por exemplo.
Em 2012, ainda na Red Bull, não teve momentos de liderança até a segunda parte das corridas, logo a pós a pausa de verão. Quatro corridas seguidas e Vettel venceu. Foi desclassificado na ante penúltima etapa e largou em último e chegou em terceiro. Encara agora, Fernando Alonso, também bicampeão de peso em busca do mesmo que Vettel deseja: o tri!

 Passo 2: Campeonatos vencidos

Os anos de 2005 e 2006 Alonso conquistou seu dois títulos mundiais pilotando uma Renault. Com esse carro disputou o primeiro título de 2005 com Kimi Räikkönen e sua McLaren e no ano de 2006 com o heptacampeão Michael Schumacher, exatamente no ano de sua primeira aposentadoria. Dois concorrentes de peso, não abateram o jovem espanhol.
Fernando já garantia em 2005 um recorde, de o mais jovem campeão mundial de F1, com 24 anos e 56 dias. Tal recorde seria batido mais tarde exatamente por Sebastian Vettel.
Seus números são:
2 títulos mundiais - 30 vitórias - 84 pódios - 22 poles positions 

Vettel venceu os campeonatos de 2010 e 2011, como Alonso, consecutivos. No primeiro disputou com o espanhol já na Ferrari, com seu companheiro de equipe Webber e com Hamilton, da McLaren. Já em 2011, liderou todo o tempo, sendo praticamente imbatível durante todo o ano. 
Vettel acumula recordes: mais novo piloto a pilotar um F1, mais novo a ganhar um campeonato, mais novo ser bicampeão. É o segundo em número de pódios, perdendo apenas para Schumacher e outros. 
Seus números são: 
2 títulos mundiais - 26 vitórias - 45 pódios - 35 poles positions 

Passo 3: Números de 2012

Com 14 etapas concluídas, Fernando Alonso liderava o campeonato com 194 pontos, 29 à frente de Vettel.   A liderança viria a ser tomada no GP da Coréia, a décima sexta etapa. 
Hoje, antes da penúltima etapa, Vettel tem 255 pontos, 10 a mais que Alonso. 

Fernando tem:  1º lugar = 3 / 2º lugar = 4 / 3º lugar = 4 / 4º lugar = 0 / 5º lugar = 3 / 6º lugar = 0 / 7º lugar = 1 / 8º lugar = 0 / 9º lugar = 1 / 10º lugar = 0 / Não completou = 2 / Não pontuou = 1
Em 18 etapas, pontuou em 16 e teve 11 pódios.

Sebastian tem: 1º lugar = 5 / 2º lugar = 2 / 3º lugar = 2 / 4º lugar = 3 / 5º lugar = 2 / 6º lugar = 1 / 7º lugar = 0 / 8º lugar = 0 / 9º lugar = 0 / 10º lugar = 0 /  Não completou = 2 / Não pontuou = 1
Em 18 etapas, pontuou em 15 e teve 9 pódios. 

Passo 4: Carros e capacidade técnica

Enquanto o carro da Red Bull é confiável e melhor (apesar de ter custado a engatar bons resultados esse ano), o da Ferrari deixa a desejar. 
Tudo até então atribuído ao desempenho da Ferrari é por conta, risco (e alguns diriam, magia) de Fernando Alonso. 
Vettel fez consideráveis melhores resultados, com um carro muito bem projetado, mas muito bem pilotado também, diga-se. 
A comparação por mais ridícula que seja, recai nos companheiros de equipe: O carro da Ferrari é realmente ruim. Massa realmente é um péssimo exemplo para se fazer a comparação com Alonso, mas é o cara que usa o carro mais próximo do que Alonso usa. Massa enfrentou crises fantasmagóricas na equipe, mas  o resultado bom nunca foi bem alcançado, até que houvesse possibilidade de mantê-lo na equipe, para o ano seguinte. Isso feito, os resultados mais ou menos, surgiram, mais como obrigação que talento.  Pontuou 12 corridas e fez um mísero pódio. Portanto, Alonso fez alguns milagrinhos esse ano, visto que realmente a Ferrari não lhe deixou o melhor dos carros.
Se a Red Bull tem o melhor carro então, Webber foi muito sem sal e sem açúcar durante o ano, tendo em mãos o melhor deles. Para se ter uma idéia, com um carro excelente, Webber teve apenas 4 pódios e pontuou 14 das 18 etapas. A diferença é pequena, quando se compara com Massa, que tem um carro inferior, segundo especulam.
Nada entendo de carros, a ponto de dizer se a Red Bull tem vantagem sobre a Ferrari unicamente por ter Adrian Newey.  Pelos meus palpites anteriores, acho que pouco podemos atribuir uma porcentagem grande e vantajosa à carros potentes.
Acho mesmo que a razão se encontra entre o cockpit e o volante. E nesse ponto, Alonso tem mais competência dado sua experiência, tem capacidade técnica, entende de carros, de estratégia. É focado, seguro e trabalha razoavelmente bem sob pressão (e precisa ter paciência visto a Ferrari como é nos últimos tempos...). É o melhor e mais completo piloto do grid. E está empenhado em ser tri.
Porém Vettel não é um bobão infantil como teimam em frisar. Ele sabe o que está fazendo, "cresceu" em dois anos sendo um centro das atenções. Arrisco a dizer que ele está exatamente no mesmo patamar psicológico que Alonso quando foi bicampeão. E arrisco mais ainda em achar que sim, ele pode estar mais sábio e trabalhando quase no mesmo sentido das qualidades do Alonso que citei acima.

Passo 5: Conclusão

Posso estar cometendo um grande erro, mas acho que os dois são exatamente os caras ideais para um fim de campeonato como esse e estou quase segura que não há - em termos de capacidade profissional  - como escolher entre um ou outro para ser tri esse ano. (Ah, se a Lotus fosse mais decente, teríamos um espetáculos a olhos vistos com Kimi Räikkönen na disputa também...!)
Não vejo nenhuma oscilação em nenhuma das partes da balança. Eu acredito (ou quero acreditar), que cada um a seu modo, estão em pé de igualdade, por mais que um carro seja melhor que outro. Ainda quero acreditar mais  que não é o motor que vencerá, e sim, o cara Sebastian Vettel ou o cara Fernando Alonso.
Apesar de óbvio, é um ou outro. E quem for vice, jamais será o perdedor.
Será uma briga boa e boto fé que será o campeonato mais legal da F1 dos anos 2000. 


Abraços afáveis!

PS: Qualquer informação que esteja errada podem me avisar. Demorei 3 dias para escrever esse texto visto que estou trabalhando em ajustes de minha monografia. Pode ter escapado alguma bizarrice, afinal minha cabeça está fervendo esses dias.
Peço ainda que deixem seus comentários sinceros, pois foi um texto custoso hehehehe... Não peço que concordem comigo, mas pelo menos, digam que não estou viajando na maionese, hehehehe...
Aos que têm tv a cabo e SporTV no conforto do lar, boa corrida. Eu não tenho por incompetência da empresa de tv a cabo da cidade. Coisa que já me estressei demais e não tem solução. Procurarei assistir por algum stream da internet já que a nossa querida Globo decidiu fazer bullying com a minoria fã de automobilismo desse país. 
Boa corrida pessoal e só retornarei na segunda comentando da corrida em Austen, afinal esse texto aqui já foi grande demais hehehehe...

Comentários

Ron Groo disse…
Torço pelo Vettel, quero ganhar vinho espanhol no fim do ano.
Mas sobre a foto... Que zumbi heim? Deu medo.
Já eu, torço para o Alonso.Mesmo ele não sendo meu piloto preferido, creio que não há como negar que ele é o melhor, o mais completo do grid.
E o que ele fez esse ano com aquele carro da Ferrari, não foi magia, foi bruxaria...
Fern Kesnault disse…
belo texto Manu...meus parabens...demais..
Daniel Machado disse…
Belo texto, gostei das fotos utilizadas também hahaha.
Go Vettel

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