Tag Cinematográfica: Desafio dos 30 filmes (# 19)

Desafio dos 30 filmes - Dia 19: Um filme que te deprime

Botem reparo: filme deprimente vai ser confundido com filme triste, que te faz chorar. Aí já foi respondido aqui. Mas isso não é verdade. A premissa de um filme de drama não consiste em tocar tão fortemente a ponto de desabar em choro. Ele pode te deixar para baixo, por exemplo, escancarando uma verdade das quais torna o filme próximo à uma realidade cruel da condição humana ou da sociedade. Um belo de um exemplo é "Trainspotting", tanto o original de 1996, quanto o "T2" de 2017. Dirigido (ambos) por Danny Boyle conta uma história sob o ponto de vista de Renton, um jovem de Edimburgo, Escócia. Ele vive uma vida despreocupada, regada à vício em drogas (heroína), tem um relacionamento e se diverte com quatro amigos, também viciados: Sicky Boy, um desenhista de HQ obcecado por Sean Connery; Tommy, um atleta; Spud, um 'mosca-morta' e Begbie, um violento psicopata. O filme toca fortemente a vivência do jovem desregrado britânico de forma impactante que não tem como você ficar de bom humor depois. O segundo filme é ainda mais deprimente: os atores retornam aos seus papéis para contar o futuro daqueles caras - Renton (Ewan McGregor) retorna à cidade natal depois de vinte anos. Hoje, ele é um homem novo, com um emprego fixo e totalmente livre das drogas. Os amigos não tiveram a mesma sorte: Sick Boy (Jonny Lee Miller) comanda um comércio fracassado, Spud (Ewen Bremner) continua dependente de heroína e chega a uma tentativa de suicídio pouco antes de Renton reencontrá-lo e Begbie (Robert Carlyle) está cumprindo pena por um dos seus atos de crime e violência. Aos poucos, Renton revela que sua realidade não é tão positiva quanto ele mostrava, e volta a praticar os crimes de quando era jovem. 
Ele tentou fugir daquilo tudo, mas não adiantou. O foco geral do filme (pelo menos para mim) é que a vida feliz e sem problemas (muitos deles que a gente mesmo cria) não existe. 

O que não existe também é a completa impunidade de seus atos. O plantio é obrigatório, mas a colheita, não. Semelhante à "Transpotting" no que diz respeito ao o que acontece uma vez, tende a se repetir e se for algo ruim, isso acaba consumindo as pessoas, é "A Outra História Americana" de 1998, dirigido por Tony Kaye. Derek (Edward Norton) busca vazão para suas agruras tornando-se líder de uma gangue racista, neonazista. A violência o leva ao assassinato hediondo de dois jovens negros que tentavam roubar seu carro. Derek  é condenado pelo crime e três anos mais tarde, ele sai da prisão, reformado e tendo sofrido violências e repressões semelhantes que cometia, na pela, na prisão. Ele se vê forçado à se arrepender dos seus antigos atos desmedidos de jovem rebelde (porém, sem causa) por conta se seu irmão que o idolatra. Sua atitude primeira é convencer o garoto Danny (Edward Furlong), que está prestes a assumir a liderança do grupo, a não trilhar o mesmo caminho, enquanto ele confronta os seus próprios preconceitos. O final (prometo não dar spoilers) é altamente deprimente. Principalmente se pensarmos que a violência independe de grupos específicos, raça ou religião... 

Os dois "Trainspotting" eu assisti recentemente. Assistiria novamente, apesar de não ser nenhum tipo de narrativa fofinha da qual a gente pode fazer um lanche e assistir junto à família. Mas "A Outra História Americana" é muito forte. É o tipo de filme que te dá um nó na garganta, não por vontade de chorar ou achar que gritar de agonia vá resolver. O conteúdo é um choque de realidade tão doloroso, que dói na alma, tamanha é a crueza da narrativa. O que é pior: ele é um filme perfeitamente possível...



É um excelente filme e é muito difícil de assistir mais de uma vez, embora eu já tenha assistido algumas. Mas deixa a gente altamente deprimido. Essa é a minha escolha do "Filme que me deprime", sem pestanejar. É muito totalmente complexo lidar com o contexto dele. By the way: Norton está na sua melhor forma - um atorzão que chamou atenção desde "Duas Faces de Um Crime" de dois anos antes, e depois, ganhou excelente status com "Clube da Luta", de 1999, outro longa de choque de realidade, por trechos também beeeeeem indigestos para a nossa mente. No Oscar de 1999, Edward Norton foi indicado ao Oscar pelo "American History X". perdeu para Roberto Benini com seu "A Vida é Bela" (e brasileiro choraminga até hoje por causa do "Central do Brasil", afff... ).

E vocês? Qual longa os deprime? Comentem e acompanhem a tag:


Comentários

diogo felipe disse…
Filme deprimente é Para Sempre Alice. AFF.. é pra se sentir com vontade de se matar ao final.. hehehe

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