Sobre Räikkönen e a Lotus

Antes de começar, já aviso que o texto pode ser longo e chato. Quem ainda topar a ler, fique a vontade. Mas não digam que não avisei!

Todos que acompanham F1 como eu, devem ter lido algo sobre a suposta ida de Lewis Hamilton para a equipe Lotus, uma vez que o inglês parece não estar flores com a sua equipe-mãe. 
Ano passado, se dissessem isso, eu faria uma cara de paisagem bem interessante. Talvez até faria algum comentário aqui no blog, talvez até arrumaria uma piada para fazer.
Mas a situação pra mim não tem a menor graça. E não é porque o jogo das cadeiras não seja divertido e cruel ao mesmo tempo. É legal quando um piloto passa a ter uma chance numa equipe grande ou melhor, mas é péssimo quando o outro fica a ver navios. As medidas de mudanças tem um lado contra e a favor, como tudo na vida. Quando um escolhe bem, um outro se ferra.

Essa postura do Hamilton, caso seja verdadeira, seria como uma pilha. Tem lado negativo e tem lado positivo.
Hipoteticamente, no ano passado Lewis sofreu de bipolaridade momentânea. (O termo, desculpem, mas não existe, e se existe, não sei. Foi criado agora só para não ter motivos de me acusarem de pegar no pé do Hamilton gratuitamente). Essa bipolaridade teve consequências "desconhecidas" da maioria das pessoas que acompanham F1. Jogar carro em companheiros e forçar ultrapassagens custosas "nunca" foram do feitio do inglês. De "uma hora para outra" ele começou a agir assim, e viu seu companheiro de equipe, Jenson Button, avançar em pontos e ser considerado o melhor piloto inglês daquele ano, protagonizando inclusive, grandes corridas, como foi no Canadá, ano passado.
Pelo que muitos falaram (e eu não posso afirmar porque não vi nenhum contrato) a McLaren só tinha Jenson Button como piloto porque Hamilton havia permitido. Se ele tem esse poder, creio que tem poder para não admitir que o companheiro se sobressaia. Uma coisa leva a outra, tipo: "Ele vem, mas nada de aparecer mais do que eu."
Se isso não é verdade, então pressuponho também que o contrato do Jenson nada tem a ver com Lewis.
Em brigas, quase sempre protagonizadas com Felipe Massa, Hamilton acabou o ano de 2011 em quinto lugar no campeonato geral. Nada bom para ele. Enquanto isso Button terminava o campeonato em segundo, vice com louvor em um ano que só deu Sebastian Vettel. 


A inconstância de humor não assumida por Hamilton, deixou ele com um jeitão meio de filho rebelde na puberdade. A equipe-mãe deixou correr.
Esse ano, Button começou vencendo mas nem de longe se parece com aquele piloto do ano passado. 
As justificativas, é que a McLaren não é o melhor carro desse ano. Na verdade tem uma série de probleminhas que não leva muita glória a nenhum dos dois.
Hamilton, deveras mais enérgico que Button, mais polido, talvez estivesse interessado em correr em algum lugar que precise de seu talento para evoluir. A tese é que essa seria a Lotus, antiga Renault que deu a Alonso em 2005 e 2006 respaldo para vencer as duas temporadas.
Além disso, uma outra situação que afasta Hamilton da McLaren (e que eu particularmente acho ridícula) é que o inglês quer os troféus que conquistou. A McLaren tem uma galeria própria para esses troféus, que é já tradição em deixar em exposição. Egos a parte, Hamilton quer expor sozinho, como se ele fosse o único responsável por consegui-los.


Então, ponto positivo seria que Hamilton na Lotus seria um espetáculo a ser visto. Dúvidas pairariam no ar: será que ele seria o constante gênio que pregam? Será que faria basicamente o que Fernando Alonso faz com o mediano carro da Ferrari esse ano? Será que teria sido um feliz opção?
O ponto negativo é que, como falei no início do texto, alguém se ferra com essa contratação.
E aí amigos, é que infelizmente, esse ano, a notícia não é nada agradável pra mim.


Se Kimi Räikkönen não estivesse de volta esse ano, justamente na Lotus, muito provavelmente só estaria com pena do futuro incerto do fulano que estaria lá perdendo chances de ter mais um ano nessa equipe.
Mas ele fez um contrato e retornou à F1, com promessas de botar um pouco de fogo na categoria.
Promessas essa que para uns foi cumprida, para outros ele é o mesmo Kimi travadão de sempre, sem sal, sem açúcar.
Não achei, desde o começo que era uma boa escolha. Por mais gostasse de Kimi como piloto, mais tinha certeza que as cobranças seriam massacrantes. 
Mas porque acho que será Kimi o convidado a se retirar e não Grosjean?
Eis que peço que leiam a reportagem do Livio Oricchio que a Ludmila do Octeto Racing Team publicou e leiam o comentário dela, e saberão que é exatamente o que penso:


Uma troca de Hamilton por Räikkönen (Fonte: Octeto Racing Team)


Um único problema é que eu talvez não queira Kimi de volta a McLaren, como a Ludy ainda sonha. Eu na realidade não queria Kimi de volta na F1, por mais que fosse ruim não acompanhar do jeito que mais gosto o novo investimento de carreira dele, que foi a fase rally: assitindo às etapas e comentando todos os resultados.
Não duvido da capacidade de Kimi em fazer as coisas, mas seu suposto "marasmo" em encarar essas pedras no caminho deixaria qualquer geminiana que adora que as coisas sejam justas ficar vermelha de raiva. E cá está meu motivo egoísta. Eu só não queria ter que ler mais uma vez, notícias de descarte e justificativas podres.
Entendo que pela primeira vez concordo com Oricchio, depois de tantas bobagens que já disse. Só não concordo com o último parágrafo de volta do Räikkönen à McLaren. Acho que é uma possibilidade muito remota. Existe, mas é remota. E talvez todo esse discurso tenha sido em vão se essa troca se consolidar. Mas acho que mais problemas ainda viriam, porque é normal quando se trata de F1, principalmente nos últimos tempos.
E vou mais além. Se tal descarte por parte da Lotus for mesmo feito, nenhuma justificativa será plausível. Ao contrário do que possam pensar, não detesto Grosjean, e acho que nem devo. Se querem ficar com ele, acho normal até, uma vez que respeitam, admiram e gostam dele. Eles tem todo direito.
O que não entra na minha cabeça é porque usar alguém assim? Negócios, vcs diriam. E concordo.
Mas chamo a atenção também para a parte fora de lógica de todo esse "business": se todo o investimento era para Romain, se todas as fichas estavam sendo apostadas nele, e Kimi era apenas uma rampa de sustentação para o franco-suiço, e mais tarde uma alavanca para a ascensão do mesmo... Porque trazer um campeão mundial mais ameno, mais calmo e "apático" à pressões, para depois dispensar e substituir por um outro que é arrojado, genioso e exigente?
Não é a mesma situação que fãs de Kimi encontraram com a saída dele da Ferrari em 2009. Ali estariam substituindo um cara por nada mais, nada menos que Fernando Alonso, o melhor piloto do grid. Para a Ferrari era vantajoso, e o único "prejudicado" era Räikkönen. (Fãs do Massa, dirão que para ele não foi vantajoso. Mas eu falo abertamente que Massa talvez tenha se safado dessa por causa daquele acidente e porque a família Ferrari sempre curtiu um espírito latino, que jamais Kimi teria. Por mais que eu duvide, eles colocaram o acidente e o convívio na balança talvez, e por isso Massa ficou).
E aí que me encontro, pensando, coisa que parece que o pessoal da Lotus não tem feito. 
Porque trazer um campeão mundial como Hamilton para reforçar seu ambiente de disputa, se possivelmente Grosjean terá poucas chances de mostrar o que eles, da equipe, encontraram nele, com um companheiro desses?
Acho que há dois injustiçados nessa jogada estranha: Kimi e Romain. Um sai, descartado mais uma vez, como um tapa buraco. O outro pode ser rapidamente ofuscado, ou pode gerar uma crise grande, rapidamente, entre Lotus e Hamilton.


Toda essa história não passa de uma especulação, afinal duvido muitíssimo que Hamilton deixe a McLaren mãe. Mesmo que ele seja um cara que busca liberdade, e todos sabem que os dirigentes da McLaren manda e desmanda, seria uma boa para ele respirar novos ares. O problema é que se a Lotus tem um preferido, Grosjean. Está óbvio. Se a mudança ocorrer será que compensaria em termos de relações?


Abraços afáveis!


PS: O blogger não está aceitando que a acrescente coisas ao corpo do texto, por isso as partes grifadas. Não há nada de especial nestas partes, portanto peço novamente, que ignorem.

Comentários

Manu, curti muito ler seu texto. De verdade. Acrescentou coisas que valem a pena a gente refletir sobre, já que somos fãs do Iceman.

Mas só uma coisinha que gostaria de esclarecer. Como você, também não queria Kimi de volta à F1, e muitas vezes já conversamos sobre isto...rsrsrs... Assunto que destaquei inúmeras vezes no Octeto. Por isto, quando eu disse que gostaria de vê-lo na McLaren, é que já que ele está lá, seria a única equipe onde eu realmente ficaria feliz em vê-lo, porque o resto, eu realmente, só aceito porque não tem jeito! rsrsrs

bjs

Ludy
Manu disse…
Entendo Ludy e sei disso.
Mas, é bom vc destacar, essa parte que esqueci de comentar, para que quem for ler saiba que pensamos igual. ^^

Bjs!

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