Temporada 2021: Grande Prêmio da França

Depois de duas corridas um tanto empolgantes, temíamos que, assim que voltássemos aos circuitos comuns, teríamos um choque de realidade, isto é, as Mercedes voltariam a dominar.
Bem, isso estava quase certo para a França, uma vez que o circuito costumeiramente é palco de corridas enfadonhas e resultados previsíveis.

Eu não sei ainda a quem devemos agradecer. Se é ao Max Verstappen ou se é aos "roteiristas" que trabalham em prol de uma historieta bacana para contar depois, com certo requinte de exagero, na série da Netflix. 
O que isso significa? Estou dizendo que a corrida foi boa? 
De algum modo, sim, sobretudo pelos padrões de Paul Ricard.

Tudo começou com uma importante pole position de Max Verstappen. Colocar banca no sábado causaria leve temeridade nos pilotos da Mercedes. Sim, leve, principalmente em Lewis Hamilton. Tão acostumado a ser perfeito, como ele disse em entrevistas na quinta-feira, ele sabe que alguns erros acontecem, (deixou também nas entrelinhas que está tudo sob controle).
E de fato, ele ainda não escancarou cara de derrota para as câmeras. Dizem os puxa-sacos que ele está gostando demais da competição. Quero ver até quando a bolha do ego não vai estourar, inflamada. 

Por falar em pilotos da Mercedes, comento sobre Valtteri Bottas, logo em seguida.
Vocês vão se estressar comigo, mas peço que não se irritem e procurem um lado quentinho e bacana no coração de vocês. Desde sexta, Bottas vinha fazendo um excelente trabalho. De repente, no sábado, ele é superado nos minutos finais de seu companheiro de equipe, a prioridade da Merça, e quiçá, da F1. 
Na corrida, era um tanto óbvio que Bottas não poderia, sob nenhuma circunstância, ficar à frente de Lewis, mesmo se este, não tivesse condições de disputar com Max por qualquer razão que fosse.

"Bottas é ruim demais". Se fosse ~demais~, ele não estaria em chance de ultrapassar o Lewis no meio da corrida, muito antes da segunda parada de Max, e não tivesse pedido para a equipe, trocar de pneus pela segunda vez - projetando que assim pudesse conter as Red Bulls.  Pedir novamente, a mesma coisa, 3 voltas antes de Max alcançá-lo e ser ignorado. Terem colocado o rádio depois de ter sido ultrapassado, só faz com que pensemos que, depois do mal feito, feito, ele estava a colocar a culpa nos outros pela própria incapacidade. 
Por sinal, Bottas ofereceu sim, ao contrário do que disse Reginaldo Leme, certa dificuldade na ultrapassagem que foi limpa, por sinal. O Regi queria que ele jogasse o carro no holandês, fosse sujo ou que se tocassem? Fiquei por entender...

De comentário tosco ou de gente gagá a parte, Bottas estava com um ritmo de corrida bom até não ter mais possibilidade de ser combativo pela péssima ideia de um pneu duro até o fim. O seu alerta para equipe sobre nunca escutarem ele sobre o tipo de corrida ser para duas paradas dá a deixa do que é a realidade: não é que o Bottas seja ruim. É a Mercedes que está dando de ombros para ele e nós estamos indo na onda.

Mas ele não é o protagonista da história. 
Logo no começo, achei de bom grado ir buscar uma outra atividade enquanto acompanhava a corrida. Fui costurar e dava olhadelas para a tv poucas voltas depois da largada. O motivo? Max errou o traçado e Lewis, sem dificuldade, tomou a ponta, na largada. A vitória estava certa, a não ser que alguma falha acontecesse - o que eu duvidada. 
Enquanto não começassem as paradas nos boxes, não teria razões para ficar com os olhos grudados na tv, por muito mais tempo. 

Mais atrás, Lando Norris perdia posições para Fernando Alonso e Daniel Ricciardo. Lance Stroll tentava uma corrida de recuperação - saindo da última colocação do grid, tendo apenas Yuki Tsunoda largando atrás, por deixar os boxes.

Não demorou muito para que Hamilton começasse a sangria desatada: pneus ruins, ruins, ruins e ele não deixava de ditar ritmo. *revirando os olhos*
Milagre que, depois de tantos anos assim, é a primeira vez que o pessoal realmente se incomoda com ele pedindo auxílio via rádio. A maioria dos pilotos se viram, mas Lewis, incansavelmente quer que Bono seja mais que um engenheiro, parece que quer que pilote para ele. Nesses momentos, ele pede ajuda aos berros.

Pela volta 10 ou 11, Alonso perdia posições para as duas McLarens e por fim, chegou à ele, Sebastian Vettel que largara da 12º colocação e agora era 10º.
Para quem criticou Ricciardo nas últimas etapas, pode ver ele em boa performance nessa corrida. Nesse tempo das voltas na casa da primeira dezena, ele travou duelos com Charles Leclerc, tomando a sexta colocação e depois com Carlos Sainz. 

E por falar em Ferraris, Leclerc abriu os pitstops. Nem precisava ser genial para saber que na volta 15, colocar pneus duros com o intuito de ir até o fim era uma das bobagens da equipe. A não ser que mudassem depois nas voltas finais, não parecia ser uma boa ideia, naquela hora.
Faz falta ter piloto estrategista, Ferrari? 

Bottas foi o primeiro dos ponteiros a parar e tudo ocorreu bem no pitstop. Não dava mais para pensar em "errar" com o segundo piloto, com a Red Bull à frente no campeonato. Pneus duros para ele, e essa era a estratégia final. Talvez a Ferrari tivesse errado a janela de troca. Depois disso, a espera por Max e Lewis se acentuou. 

Lá pela volta 20 e alguma coisa, ambos fizeram as suas paradas. A Red Bull foi razoavelmente mais rápida e Max ficou na liderança. Na segunda dezena de voltas, começou uma briguinha de cão e gato e o desgaste de pneus comendo solto. Quando Bottas fez a melhor volta, a transmissão comentava a sua ineficiência. Quem estava desatento não deve ter entendido porque o reloginho de melhor volta estava no seu nome e os papagaios falavam em demissão.

Confesso que meio que me desliguei da tv. Olhava de vez em quando e pensava na configuração final da corrida. Hamilton, Bottas e Verstappen, ou a Mercedes deixaria Bottas sozinho para lidar com o holandês e ele tomaria a segunda colocação, que nem nas voltas iniciais? Provável.

Levantei do sofá, peguei uma cerveja 0 álcool na geladeira  - descobri que fiz uma escolha "amarga" e tentei me acostumar com o gosto. Não sou de cervejas, por isso, a impressão ruim.
Quando sentei no sofá e olhei as fichas das posições, percebi o pouco comentado: Vettel e Stroll ainda não haviam parado e estavam entre os 10 mostrando ótima resistência dos pneus. Fiquei triste ao ver Kimi Räikkönen apenas à frente da Haas.

Depois depois de um tempo, Verstappen foi chamado aos boxes. Estava na casa da volta 30. Pneus médios e ele voltou em quarto. Fiz cara de quem chupou limão, mas não era por conta do grande gole de Heineken que tomei. Pensei que o fim da corrida seria Hamilton, Verstappen e Bottas, com boas chances do Max por pouco, não conseguir vencer Lewis. 
Isso ficava ainda mais claro quando Sérgio Pérez - que vinha fazendo também bom trabalho - estava em terceiro e abriu para Max partir para cima de Bottas. 

O finlandês, nem se quisesse, ofereceria dificuldades ao Max. Segurar o rival direto do companheiro, sabendo que é carta fora do baralho para a equipe, talvez fosse um boa vingança, se não fosse pela "queimada" na carreira.
No entanto, já haviam colocado o finlandês na brasa, fazia tempo. Só de abrir o Twitter, eu via que ninguém tinha empatia com Valtteri e isso era pelos sinais que a equipe emitia sobre ele, sobretudo pelas declarações de Toto Wolff.
Ele não tinha pneus para segurar Verstappen que ganhava cerca de 2 segundos por volta, desde que passou a usar médios. Foi aí que os protestos de Bottas por uma segunda parada fizeram sentido. E foi aí que os rádios soltos na transmissão mostravam o quão cruéis eram com ele: davam notícias da chegada do Max e depois, do Pérez, como se ele tivesse pneus para segurá-los. 

Faltando 9 voltas para o fim, Bottas até ficou com o carro de lado por alguns milésimos de segundo. 
Por mim, não segurava mesmo. O senhor perfeito teria que lidar com ele, afinal, é "um grande gerenciador de pneus", deviam estar melhores que o do Bottas, apesar das reclamações com o Bono. 
Faltavam cinco voltas e a gente ficava no impasse: torcer ou não por Max?
Bottas já tinha perdido a posição para Pérez, que já virava o "wingman" favorito da galera. Pobre Valtteri, nunca ninguém foi simpático à ele. E como dizem, você é tão bom piloto quanto a sua última corrida. Assim, se alguma vez ele fez algo de bom pela Mercedes, já esqueceram. Descem o sarrafo, sem dó. 
Não seria assim com Pérez, que era só elogios. Justos, claro, mas como não seria?

Max estava próximo de Lewis e, sem erros, apesar da escapada na largada - muito possivelmente pelas rajadas de vento e não porque ele não soube pilotar. Estava remediando a falha inicial e caçando o que era dele por direito.
Não por sua incapacidade, mas duvidei que desse tempo de tomar a primeira posição. Faltava uma volta e meia e lá ia ele, muito mais rápido do que a ultrapassagem sob o "cachorro morto" do Bottas, Verstappen deu um "passão" em Lewis que me fez sorrir. 
Precisou de uma só tentativa para pagar o que foi feito no Bahrein e na Espanha. A RBR foi sagaz na estratégia, a Mercedes comeu mosca e Max encheu os nossos  olhos, e de novo.

Por isso não sei a quem agradecer: se é à pandemia, que fez a Mercedes perder um pouco do seu "mojo", se é aos roteiristas que agora sabem que a gente fica tentado em desligar a tv depois de concluir que Lewis vai vencer mais uma e a gente já viu esse filme. Se é o destino ou as amarrações para fazer a gente ficar até o fim pois os resultados tem acontecido nas voltas finais, dando emoção em 1 minuto valer por quase 2 horas de corrida.
Talvez tenhamos que agradecer ao Max que está mostrando que corridas são assim, vencidas mesmo com erros ou azares, mas com muita velocidade, com pouco blábláblá e muita vontade... Torcer para ele, não parece caminho fácil. A tendência é que te chamem de nomes feios. 
Mas que foi uma corrida bacana, NA FRANÇA, foi.


Assim que foi dada a bandeirada ao Bottas, o quarto colocado, tínhamos a sequencia dos pontuadores que valem a menção: em quinto, Norris, sempre pontuando e com boas performances nas corridas, Ricciardo que fez uma excelente etapa, em sexto. Em sétimo, a representação (boa) do país - Pierre Gasly - em oitavo, Alonso, mostrando que está ficando confortável, e em nono e décimo, as Aston Martin de Vettel e Stroll, se salvando por boa estratégia.   

A primeira da tríade de corridas seguidas, tinha a Mercedes como favorita. Deu Max e deu Red Bull, com o pódio do Pérez. 
Está cedo para dizer que o campeonato da Mercedes está à perigo?
Em Red Bull Ring, a equipe do energético se dá super bem, claro...
Minha nossa, estamos a ver a tão sonhada queda da Mercedes e finalmente, muita dificuldade do Hamilton em se provar???

Comentem o que vocês acham!
Fiquem bem e aviso: hoje tem live do Clube do Podcast. Fiquem atentos!!Será às 20hs. 

Abraços afáveis!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aquaman post

Corrente Musical de A a Z: ZZ Top

Boas festas 2021!