Notas ácidas da F1 (3)

Muita coisa ficou sem ser comentado desde a última corrida. Vamos tentar dar conta de alguns pontos hoje, em forma de notinhas (já que os afazeres acadêmicos retornaram com tudo, e agora, tempo é precioso). 

Nota 1

O segundo GP em Silverstone marcaria os 70 anos da Fórmula 1. Não havia novidade, nem mesmo festa - muito por conta das circunstâncias que todos nós estamos passando. Algumas notícias e matérias especiais foram feitas, mas nada que enchesse os olhos. 

Para a corrida em si, aquele meme da "expectativa e realidade" estava quase pronto para ser usado; a expectativa era que os pneus se deteriorassem de novo como foi no último encontro dos carros com a pista. A realidade é que ninguém mais ia ser besta de deixar isso acontecer, não pelo menos, da forma como fora.

O que houve foi uma bela e estupenda corrida de Max Verstappen (com a sua capacidade de pilotar bem de acordo com os planos da equipe) e da Red Bull (por ter formalizado uma estratégia que o colocasse à frente das Mercedes). 

Não tem acidez aqui. Apenas, constatação.

Nota 2

Logo depois do evento de 70 anos da F1, chegou aos portais a notícia de que a Globo bateu recorde de audiência durante a transmissão da corrida. 

Ainda que fosse um evento comemorativo, a emissora sequer se deu o trabalho de transmitir o pódio. Digamos que isso é perfumaria. Talvez o importante mesmo fosse uma transmissão de qualidade com um critério menos amador e mais focado nos eventos da corrida - trazendo dados e informações precisas, deixando de lado o achismo sobre talentos e capacidades, e também deixando de lado o descontentamento com o já premeditado resultado.

De acordo com o bom senso, temos o que interessa: a corrida. Se desgostamos da transmissão, temos outros recursos: rádios, canais internacionais... Eu estou tranquila com o que está sendo oferecido aos domingos pelo canal. Vocês que são chatos...

Ano passado, meus pais fizeram uma reforma em casa e todo dia, logo cedo, eu ouvia os pedreiros animados sobre algum assunto. Na segunda-feira a pauta era esportes, futebol para ser mais exata. Na segunda depois do GP da Áustria eles comentaram - animadamente - sobre a vitória do Max Verstappen.  Entre os quatro cara, era unânime: eles tinham amado a corrida e adoraram o que o holandês tinha feito nela.

Não voltaram a falar mais de corrida, a não ser quando teve uma em Interlagos. E quem venceu aqui, nas nossas terras?

Pouco mais de um ano depois, essa história de audiência só me faz pensar que não é só eu que me desinteresso pela Fórmula 1 com o Lewis ganhando a corrida de ponta a ponta...

Nota 3

Sim, eu errei. Para mim, seria três semanas de vitórias e/ou dobradinhas da Mercedes. 

Mas não me diga que está um mar de rosas porque não está. Ainda bem que o Max venceu a quinta corrida do ano, no entanto, as Mercedes não faltaram dos pódios em nenhuma das cinco. Mesmo dando tudo errado, chegam com até três pneus...

Três pneus que, se me dissessem que foi feito de propósito dar uma estourada, não duvidaria. Mas isso, sou eu.

Segundo a Pirelli, a duração máxima dos compostos duros era de 34 voltas. Naquele domingo do dia 2 de agosto, alguns pilotos deram 39 voltas com eles e Hamilton, Sainz e Bottas, pagaram por esse risco. Estavam sendo usados além da vida útil estipulada pela empresa. E as equipes comeram moscas.

Ah, vale lembrar que o Hamilton da era McLaren nunca foi piloto que sabia poupar pneus. Mas logo, isso é irrelevante quando se ganha uma corrida sem um deles inteiro... O povo "ovula" mesmo, e sem vergonha!

Nota 4

Tivemos, pela segunda sessão seguida, a presença de Nico Hulkenberg substituindo Sergio Pérez no segundo GP em Silverstone. 

Mesmo que a Racing Point tivesse com vontade de adiantar a vinda de Pérez, ele testou positivo de novo e Hulk chegou a fazer o terceiro melhor tempo na classificação. Esse fato encheu a comunidade da F1 de esperanças em ver - finalmente - Hulk no pódio. Mas não deu. E inclusive, suspeitamente, rolou uma parada na corrida que soava desnecessária e que deu margem para que muitos pensassem que a equipe teria detectado um alto desgaste de pneus para deixar Lance Stroll na frente do substituto. 

Não duvido que fosse o privilégio do filho do dono, algo prioritário. A tentativa de trazer Pérez rapidamente também não parecia legal em relação à Hulk - que quebrava o galho para eles - quando não tinha 7 dias desde que o exame do mexicano tinha dado positivo. 

No GP anterior, por Hulk nem ter conseguido largar por um problema de parafuso solto, também não parecia nada razoável... Teoria da conspiração? Talvez. Mas certamente, sem comprovação.

Nota 5

Havia quem se incomodasse com esse fato mesmo a equipe rosa alertando que talvez Hulk nem sequer ficasse na zona de pontuação e fosse necessário parar. Ficou sim, estranho já que muitos afirmam que Stroll recebe proteção e é prioridade na equipe. Mas pouca gente sacou as suas armas quando algo mais grave aconteceu na equipe Ferrari - e dessa vez, descaradamente. Ficou afirmado pelo resultado do GP a necessidade máxima manter Leclerc à frente de Vettel e mais ainda, deixar a pista mais livre para o monegasco (que terminou a corrida em quarto).

Vettel protestou pelo rádio e chamou a atenção da equipe pela estratégia - que ela havia alertado mais cedo que não poderia ser feito. O que o chefe Mattia Binotto fez? Declarou tudo que um chefe não deveria fazer. Atribuiu ao Vettel uma incapacidade de não ter conseguido mais do que um 12º lugar e ainda disse que ele tinha perdido a corrida na curva 1, quando rodou. Colocou o pé firme e disse que sim, que fizeram o certo, e que Vettel é que não está se achando com o carro. 

Vettel perdeu o controle e rodou, na curva 1, logo após a largada. Foi uma rodada daquela forma que todo mundo faz piada, mas ninguém pontua que o carro (dele) é "inguiável". 

Fosse um piloto medíocre, talvez até justificaria essa reação de rebater a reclamação dessa forma, e tratar como secundário.

Não. Estou mentindo... NINGUÉM merece uma humilhação dessas. E ninguém sofreu uma situação semelhante lá. Pelo menos, não na cara de todo mundo desse jeito. E até que se prove o contrário, casos como Rubens Barrichello, Felipe Massa, foram mágoas e problemas que ao todo, a gente não sabe exatamente o que ocorreu às portas fechadas. Insisto, feriu, mas não chegou a ser tão grave. 

Além disso, a Ferrari há muito vive de fama e história. Só que ela finge de surda e esquece que história não sustenta títulos. E é só por isso que destes pilotos todos que passaram por ela, depois do Michael Schumacher, sofreram descarte dentro da equipe. No máximo, nutrem um pouco de respeito pelo Kimi Räikkönen que (tendo vencido 5 CORRIDAS em 2007) venceu o mundial. (E não, o Massa não ajudou nisso. Kimi venceu com o braço e a técnica dele 4 corridas. A última era jogo de equipe. Simples.)

O que acontece com Vettel e a Ferrari, desde o ano passado - chegando a esse ponto de uma temporada atípica em 2020 - beira o escárnio com o tetra campeão. Vettel estava em pontos de igualdade com Leclerc ano passado. Não existe essa dele estar 0.6/0.8 segundos atrás do companheiro, agora e não ser um tipo de sabotagem.

É como Jenson Button disse: ele não perdeu o seu talento, subitamente.

E se você que gosta de esporte, acha que isso tudo que Binotto faz em nome da equipe com Vettel seja aceitável, você precisa urgentemente de rever os seus conceitos. 

Nota 6

Desde o Notas Ácidas edição 2, pairava a ideia de que o GP na Espanha corria algum risco de não acontecer, devido o aumento de casos por Covid-19 no país. Agora, já sabemos que não tem choro nem vela: o GP espanhol é realidade, numa pista que eu - particularmente - não faço questão nenhuma que ainda permaneça no calendário.

Nele, marcam o retorno de Sérgio Pérez, curado da Covid-19 e alta temperatura do verão europeu. Já se cogitam que a corrida pode "ferver" com relação ao desgaste dos pneus. 

Mas como é isso que se espera, pode ser que não dê em nada.  

Outra novidades pra nós é que finalmente colocaram um narrador de categoria para narrar treinos livres e classificação no SporTv. Agora, a galera aprendeu que narrador trás detalhes, estatísticas e media uma conversa com o comentarista, sem a apataquada da fofoquinha, apelidinho e juízo de gosto.

Foi um deleite os TLs dessa sexta feira com Everaldo Marques e Luciano Burti. Que a dupla fique fixa nas nossas sextas e sábados!!

Nota 7

Primeiro protestaram contra o duto de freio da Racing Point. E deu certo, agora a equipe roda perdeu pontos e periga ser punida mais uma vez, adiante. A medida (ainda) não respingou na Mercedes, embora cogita-se que ela seja igualmente culpada...

(Quero comentar mas... Acho que vou deixar quieto e pautar outro assunto.) Hulkenberg voltou por duas semanas e revelou que duas equipes o procurou para conversarem. Mais tarde a gente soube que se tratava da Haas e da Alfa Romeo. Ter o piloto de volta é muito bacana, mas desafortunadamente, seria no lugar de alguém que talvez mereça um cockpit por mais algum tempo, e muito mais que alguns pilotos medianos pagan...

(É, assunto espinhoso de novo... Próóximo!)

Nota 8 

Bottas renovou com a Mercedes. Quando li a notícia da renovação, fiquei com cara de tacho. Para mim, ele já tinha assinado quando tantos "insiders" davam as portas da Mercedes fechada para a vinda de Vettel.

Enfim, essa não foi a única notícia envolvendo a Mercedes e contratos nessas semanas. Nessa última semana, disseram que Hulkenberg (sim, ele mesmo) era a segunda opção para a Mercedes, caso não assinassem com Lewis Hamilton. Estou maluca ou houve notícias que disseram que Nick Heidfeld era a opção da Mercedes e não Hamilton? Eles queriam quantos pilotos, afinal?

Mas voltando ao Hulk como opção de equipe grande: ele já foi considerado pela Ferrari em 2014, mas eles acabaram contratando o Kimi. Hulk correu de Williams, Sauber, Force India, e Renault no último ano. Detalhe: sem ser pagante. Agora está sendo assediado pela Haas e Alfa Romeo e foi opção acertada para a Racing Point no quebra-galho.

Ano passado eu falei que Pérez, Stroll e Latifi tinham cockpits, mas o Hulk era carta fora do baralho. Resultado: fui criticada. Mas isso faz a gente pensar demais sobre capacidades e discursos sobre "eu faço, eu fiz"...

(E por falar em discursos...) Após a renovação do companheiro, Hamilton citou a pandemia e o aumento massivo do desemprego para argumentar que "não tem clima" para negociar renovação com a equipe. 

Hamilton ganha 40 milhões de libras. Aceitar uma redução de salário pela manutenção de empregos na Mercedes é uma opção não só sadia como sensata, já que ele se diz incomodado com a crise pandêmica. 

Mas, como de usual, ele prefere levantar a questão em coletiva de imprensa, pagar de virtuoso e a gente é que tem que digitar elogios com os dedos dos pés pois as mãos estão ocupadas batendo palmas... #sarcasmo

Nota 9

Benevolente Binotto liberou: a Ferrari anunciou novos chassis para Vettel. Depois de acusarem ele do pior, detectaram uma fenda no carro, mas não deixaram de acusá-lo de mau uso: "fortes pancadas na zebra" deveria ser a causa. *Filhos de uma pleura...

Mesmo assim, afirmam que a pequena fenda, não traria problemas de desempenho para Vettel... Como não, seus tontos? Quem anda naquele carro, tapados? Dá o carro com fenda e parafuso solto, tremendo que nem vara verde pro Leclerc então!!! Aí vão assumir que o problema é com vocês? Ah, vá...

Nota 10

Ontem, a FIA informou as equipes da Fórmula 1 que pretende divulgar uma nova diretiva técnica antes do GP da Bélgica. Essa medida vai proibir os carros de ter modos diferentes no motor para a classificação e a corrida. Ou seja, acabou o "modo festa" que alguns chamam por aí. Para algumas equipes isso é irrelevante, pois elas nem tem o "modo festa"...

Para a Mercedes, não vai mudar nadinha... Vivemos uma hegemonia da equipe que não tem data para acabar. A da Ferrari acabou e foi só 5 anos, a da Red Bull foi mais curta e diria, indolor.

Disseram no Twitter e só pude concordar: soluções tecnológicas decidem campeões por anos. Alguns já sinalizam vencedores antes da segunda metade do campeonato começar!

Num mundo das maravilhas seria bom ver as inovações tecnológicas de mãos dadas com a qualidade dos pilotos. Mas isso não é o que acontece: é um tempo de coleta de dados, de simuladores, e muita inovação tecnológica que a gente sequer entende 1/3 delas e sequer explicam também. 

Tanto não explicam que ficam nessa tal "competência" que vocês não cansam de replicar toda hora que alguém menospreza um feito da Mercedes. Há 6 anos ganham, há 6 anos investem muito mais pesado no desenvolvimento do carro. 

Essa competência não deixa a gente discutir qualidade e talento de pilotos. Porque tudo fica pautado no achismo e no juizo de gosto. É criticado quem diz que adoraria ver Hamilton no carro da Ferrari, mas sabendo que ele é o segundo piloto lá, sofrendo com a falta de velocidade na reta e com o desequilíbrio. É fácil ter discurso de superação num carro perfeito, no alto do pódio. É mais fácil ainda identificar suposta qualidade técnica em que quem "guia" carros bons e são segundos e companheiros dele.

Eu voto pela "competência" do piloto, e vocês? E então, está certa a FIA. Pena que não vai mudar muita coisa, a priori.

Fico por aqui, pois já escrevi muito. Peço desculpas, mas projetei que o texto tivesse gifs como faço, de praxe. Mas estou sem tempo hábil para fazer isso antes da classificação (vida de doutoranda, é punk). Tanto que nem fiz o post de fotos comentadas essa semana...! Prometo que irei me organizar e não deixarei vocês em modo Fernando Collor - Não deixarei vocês sozinhos, pois preciso de vocês (quem é do começo dos anos 90 vai pegar a referência, rsrsrs...)

Abraços afáveis!!


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