Chapter 4: GP da Grã Bretanha

Vivemos grandes emoções na F1. Ontem foi particularmente, arrebatador. E nem era aniversário do Roberto Carlos, mas enquanto assistíamos ao pódio, cantarolamos, emocionados: 

♫ "Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo..." ♫

Chorei, amigos. "Chorei sorrindo", que nem a letra da canção do rei. Uma emoção tão grande, fiquei tão entusiasmada com aquela corrida perfeita, que fiquei atônita, pensando: Como vou transmitir a emoção que faça jus a essa "corridaça" no texto de amanhã, no blog?

Ainda estou reticente, amigos, pois o coraçãozinho ainda está acelerado por conta do GP da Inglaterra. 

Irritei um pessoal escrevendo GP da Inglaterra
Pois peço desculpas. É GP da Grã Bretanha, sim é verdade. E em Silverstone, que apesar de ser na Inglaterra, não é esse o nome do evento. 
Entendo como isso incomoda o pessoal. Eu também me incomodo com algumas coisas, mas parece que é chover no molhado reclamar delas. Então vamos exaltar o que é para ser exaltado.

Bom mesmo mesmo é um narrador falar "treino classificatório" e se enrolar para falar os nomes dos pilotos, emendando um assunto no outro, no afã de passar todas as informações necessárias... É divido, poder dar "asa" para pauta útil como se fosse o programa do Leão Lobo, para descontrair e oferecer transmissões que não sejam engessadas. E os apelidos aos pilotos, geralmente no diminutivo? Cara, isso é fan-tás-ti-co!
Chato e desconfortável é narrador perdido que, diante de uma procissão de carros, nenhuma mudança na ordem, mais dois Safety Cars e uma demora insistente em remover carros, fica procurando outros assuntos para gastar tempo durante a transmissão. Isso sim é que é uma afronta a nossa inteligência... Ô! Nossa, como incomoda!!!

Sim, o primeiro GP em Silverstone foi formidável, menos para alguns poucos (e talvez, irrelevantes?) pilotos. 
Recém-chegado-de-volta, Nico Hulkenberg - confirmado como substituto de Sergio Pérez na Racing Point - vestiu o rosa que tanto acharam que ele era "avesso". Fez o 13º tempo na classificação, mas vinha fazendo um bom trabalho, mesmo depois de tantos meses parado e, claro, com a forma física relativamente ok (ele não estava gordo nem nada), a pressão, sobretudo no pescoço, poderia ser uma desculpa boa para dizer que estava entregando resultados ruins. Cheio de dores, ele não reclamou disso.
Não foi o caso. Apesar de não ter passado para o Q3, Stroll não foi muito melhor admitiu que errou e ficou próximo a linha de corte, mas conseguiu seguir par ao Q3. 
A obrigação em ser melhor que o "recém chegado", era algo inegavelmente necessário. Por fim, largaria da sexta colocação.

Na corrida, eu pensei que Hulk poderia estudar uma forma de trocar o nome: Algo como "Nico NoLuck Hulkenberg" encaixa bem. Seu carro foi levado ao grid, encontraram algum problema e ele largaria dos boxes e de nada adiantou todas as dores musculares e o sacrifício para tender o chamado às pressas. Logo, ele estava sem macacão, com fones de ouvidos enquanto todos se preparavam para a volta de apresentação. Ele nem sequer iria correr e perdeu a chance de calar umas bocas dos detratores. 
Nico "Not Tudo Bom Today" ficou assistindo a corrida dos boxes. A justificativa da Mercedes Rosa foi um parafuso da embreagem como a causa da falha no carro. É de lascar!

Outro que não passou do Q2 e levantou uma discussão infundada sobre seu desempenho é Alexander Albon. Em 12º na classificação, ele - juntamente com Kevin Magnussen - protagonizariam o primeiro grande lance dessa corrida maravilhosa: um toque na segunda volta. 

Na largada, Vatteri Bottas foi para cima de Lewis Hamilton, titubeou e deixou o heptacampeão abrir distância. Charles Leclerc chegou a ultrapassar Max Verstappen, mas o piloto da Red Bull deu o troco. Carlos Sainz passou Stroll e Lando Norris e se posicionou em quinto, já arquitetando uma aproximação em Leclerc. 
Quem também havia largado bem foi o piloto da Renault Daniel Ricciardo, que ocupou a sexta colocação, ficando à frente de Norris e Stroll. Seu companheiro, Esteban Ocon e Sebastian Vettel completavam os 10, do giro inicial. 
E então, na segunda volta, Albon veio por dentro da curva que era para Magnussen, tocou no dinamarquês da Haas que escapou, abandonando a prova, e ocasionando o primeiro Safety Car.

Nesse período, apenas Albon decidiu colocar pneus novos: escolheu os pneus duros. Enquanto isso, comentários sobre se o toque seria ou não sua culpa, borboletavam as cabeças dos telespectadores. Como disse também, se especulava muito mais sobre o desempenho do tailandês. Sem chegar à uma conclusão exata sobre (claro!), a gente aguardava a relargada.
 
O carro de segurança só deixaria a pista na volta 7, depois de limpar tudo e retirar o carro de Magnussen com a calma danada. 
Paciência também foi para colocar o incidente sob investigação e mais tempo ainda demorou para dar um resultado. Falamos disso, mais adiante.
A questão é que, dada a relargada, a procissão de carros se seguiu em perfeita harmonia até a 13º volta, das 52 previstas. E então, veio um pequeno susto: Daniil Kvyat errou, saiu da pista e bateu forte no guardrail - a ponto de detonar boa parte de sua Alpha Tauri. Foi aí que todos (exceto Albon) carros optaram por fazerem as suas trocas de pneus, já que o segundo Safety Car já estava na pista. Aos poucos, as escolhas eram feitas: pneus duros e Romain Grosjean optou pelos médios. 
Kvyat, frustrado, foi outro que teve a sua corrida acabada prematuramente. Ele também descontou sua frustração no câmera que não respeitou sua introspecção. Uma empurradinha e já sabem, não é? Choveu críticas pela atitude. 

Com a mesma paciência de uma senhorinha de 80 anos, o SC permaneceu até a volta 19 na pista; e foi  quando os comissários também acordaram para a vida e deram o resultado da investigação sobre Albon e Magnussen. A punição de cinco segundos acrescidos no tempo final de Albon é uma daquelas maravilhas que corrida sim e corrida não, dão o ar da graça. 

E tomamos um chá de corrida boa. Não houve nada de destaque, até a 37ª volta, quando Grosjean foi para os boxes e colocou pneus duros, voltando em último, atrás de Albon.  
Mais à frente, Pierre Gasly, da Alpha Tauri, ultrapassou Vettel pelo décimo lugar. Ocon seguiu em nono. À essa altura, Hamilton, Bottas, Verstappen, Leclerc, Sainz, Stroll, Ricciardo e Norris, estavam à frente de Ocon.
Dez voltas depois, uma mudança extraordinária! Ocon ultrapassou Stroll e ficou em oitavo. O piloto da Racing Point ainda foi ultrapassado por Gasly, caindo para décimo, ficando à frente de Vettel que lutava para manter um adequado 11º. Mais atrás, Räikkönen teve uma quebra da asa. A Alfa Romeo ofereceu à sua dupla de pilotos, um abacaxi para descascar com as mãos. 

A corrida - que já estava boa - ficou excelente na volta 50. O pneu dianteiro esquerdo de Bottas estourou e o finlandês teve grande prejuízo, já que ia oferecer a tão inusitada dobradinha da Mercedes em Silverstone. Se arrastou aos boxes para fazer a troca dos pneus que, havia uma dúvida se duraria tanto mais de 34 voltas. Mas estávamos tão embebidos com uma corrida eletrizante que não pensamos que surgiria qualquer problema que afetasse as Mercedes. 
Voltando à pista, Bottas ficou fora da zona de pontuação. Na correria, Verstappen, foi para os boxes tentar, buscando novos compostos para conseguir a volta rápida. Voltou à pista tempo suficiente para manter o P2. Mas ao mesmo tempo, Hamilton também teve um dos pneus furado. E faltando meio traçado para a linha de chegada. 
Foi só choro, gritos e emoção. Ele não ficou uma volta inteira nesse estado, mas no maior estilo Relâmpago McQueen ele foi campeão da corrida - em casa - com só três rodas.
Quem precisa de filme romântico se tem F1 para lavar as nossas vias lacrimais dessa forma?

Havia ainda mais surpresas, ainda que muito pequenas perto da monstruosidade que foi Hamilton vencer com 3 rodas e uma das mãos amarradas nas costas. Ah, desculpa, as duas mãos estavam no volante. É a emoção falando alto demais...
Assim que Lewis recebeu a bandeirada, Verstappen passou. Se fosse uma volta inteira, ou se não tivesse parado, Max teria sido campeão. Ou não. Christian Horner afirma que era bem provável que o holandês tivesse problemas semelhantes com os pneus. Fica a dúvida. 
Atrás deles, vinha a Ferrari de Leclerc. O monegasco tirou leite de pedra e foi presenteado com um pódio. Quem disse que a Ferrari está ruim?  Eis um dos absurdos ditos nessa temporada. A Ferrari precisa apenas de um piloto. E por sorte, ela tem
Carlos Sainz também teve um dos pneus, murcho... Isso deixou um dos carros laranja, fora da zona de pontuação - o espanhol terminou em 13º.
O pesadelo da Mercedes se concretizou, com Vettel segurando Bottas, que ficou em 11º, também sem marcar pontos. Sebastian, que não fez nada a corrida toda, teve a sorte de marcar um ponto. Tanto faz como tanto fez. A Ferrari já tinha o pódio. 

Na chegada, fomos agraciados pelas declarações entusiasmadas de Hamilton. Contagiante e assim como ele, que estava com o coração na boca, rezando para chegar ao fim da corrida, em primeiro, nós estávamos com o coração acelerado também. E então, plenos, felizes... 
O que é a F1, amigos? É muita emoção!

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Estou oscilando entre sarcasmo e assunto sério, mas tenho um propósito para isso. 

É justo que a gente se perca na idolatria. 
Inclusive acho justo que você aí, leitor e leitora, faça pouco caso dos feitos Ayrton Senna porque cansou do discurso que em sua época se "vencia no braço" ou que "hoje os carros são um computador".
Também acho justo que se faça pouco caso do feito do Hamilton, afinal, Senna fez muito mais em Interlagos 1991. E não é só ele que conseguiu fazer milagres. Outros marcara feitos extraordinários: deste terminar corridas sem marcha, até empurrar o carro sozinho e literalmente, desmaiar. 
Essas coisas acontecem. São improváveis, mas acontecem.
E causam impacto na vida das pessoas. Tem como evitar? 
Por mais que tentamos arrumar outra resposta, ela não existe. É não, mesmo. 

Teve gente que ficou rouca de tanto gritar. Pagou mico entre os familiares. Outros, estavam sozinhos e deram graças à Deus, por ninguém ter visto o escândalo que fizeram. Eu, infelizmente, não tive essa sorte. Eu esqueci que estava na hora do almoço e ninguém em casa era obrigado a escutar os meus berros. Ainda assim, foi rápido. Percebi logo que eu estava sendo medíocre.

Todos se empolgaram (muito ou moderadamente) com a situação. 
Depois do estado de entusiasmo, a adrenalina baixou. É plenamente normal que tenha se achado o bonzão e a boazuda por ter "presenciado" um momento histórico, que vai ficar marcado na sua memória para sempre. Para a geração, é muito bom, inclusive. 
Mas dá para julgar quem se sentiu idiota, quem torceu contra o Hamilton? Quem está de saco cheio do cara ter tudo perfeitão, fácil? Não. 
Cada um com as suas razões. Não vejo porquê não deixar quem quiser ficar revoltado e quem quiser ficar feliz com o resultado da corrida de ontem. 
Se foi sorte, se foi talento, se foi vontade divina, se foi roteiro de Hollywood... Que que é que muda? Tá escrito, pronto... Como diz a atendente de repartição pública: PRÓXIMO!
A diferença entre o pachequismo que tão irrita o pessoal, está ali, muito próximo para quem ainda está tendo orgasmos múltiplos pois o heptacampeão venceu uma corrida com três rodas inteiras. Teria sido notável se fosse, sei lá, umas duas voltas assim. Mas claro, ele não poderia fazer isso, sem antes passar nos boxes. 

Esse era o propósito do texto cheio de passagens sarcásticas. Cabe direitos de se sentir super feliz com a corrida de ontem e cabe também se achar um bobo que gritou por nada, já que, até com três rodas inteiras, o resultado é o mesmo dos últimos 6 anos. Ou seja, está monótono e qualquer coisinha, faz pinçar os lados bons das coisas nem que seja só para "desopilar o fígado".
É assim que os "de saco cheio" permanecem assistindo corridas que, nos 90% delas, são mornas. 

Eu volto. 
Abraços afáveis!

Comentários

diogo felipe disse…
Está Carrera foi arranjada pela Netflix pra ter um episódio antológico na próxima temporada.se vcs soubessem o que ocorreu, ficariam enojados. Hehehe
Manu disse…
Hahahahahahahahaha... Eu ri. E muito!

(O episódio vai ser o mais "louco", certamente!)
Carol Reis disse…
O Kimi diz que se aposentaria se a F1 parasse de ser divertida e é muito fácil achar isso quando se pilota essa carroça da alfa romeo.

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