Novelinha da F1 - Capítulo 15: GP de Cingapura

Temos novidades hoje na coluna completa pós corrida - um texto não meu, mas de uma convidada:  Carol Almeida.
Decidi que, depois de Monza, iria convidar quem comenta por aqui, a fazer uma coluna de cada corrida até o fim do ano. Comecei com a Carol e ela aceitou o convite me mandando o texto de ontem para hoje, que vocês poderão conferir logo abaixo.
Durante a semana, de minha parte, farei um post curto (já que escrevi demaaaaaais no post anterior) com comentários sobre essa corrida que só foi quente pela temperatura e os ânimos entre os protagonistas.
Espero que gostem e aguardem: o próximo convidado pode ser você! hehehehehe...

GP de Cingapura - por Carol Almeida 

O GP de Cingapura foi bem morno, pelo menos uns 85% de coisas interessantes dessa corrida vieram do pelotão intermediário e teve uma vitória muito merecida do Vettel, principalmente se pensarmos na baixaria que aconteceu no Canadá. Ele merecia ter uma vitória incontestável.Considerando esse GP no máximo OK de Cingapura, é até curioso que eu tenha tido duas surpresas: A primeira foi a Mercedes não ganhar, o que mostra que as atualizações da Ferrari estão começando a dar certo, ainda que tarde demais; e a segunda surpresa foi Leclerc ter começado a botar as asinhas de fora bem antes do que eu imaginei.
Digo “bem antes” porque esse típico egoísmo em relação ao colega de time é inevitável quando se trata de pilotos competitivos, o próprio Vettel era assim durante os tempos áureos da RBR, aliás. Mas eu achei de verdade que iria demorar mais algum tempo para o Leclerc se tornar uma “dramaqueen” de fato, tipo certos pilotos aí. Acho que fui ingênua.
O que aconteceu é que a Ferrari, querendo fazer uma dobradinha, mandou o Vettel parar antes nos pits, logo na volta 21. Assim, eles ficariam com as duas primeiras posições quando fosse a vez do Hamilton de ir para o pit. Na volta seguinte seria a vez do Leclerc trocar os pneus e ele sairia na pista mantendo a liderança, com o alemão em segundo. O que ninguém esperava – nem a própria Ferrari – era que Vettel estivesse mais rápido do que eles calcularam, o que resultou em Leclerc assumindo a segunda posição ao sair dos boxes ao invés da primeira. Vettel, então, administrou bem sua liderança até conquistar a vitória.
Leclerc, naturalmente, ficou decepcionado. Até aí OK, qualquer um ficaria no lugar dele. Agora querer que o Vettel devolvesse a posição a ele porque sim é até risível, ficou parecendo aquele menino emburrado que se recusa a pegar na mão da mãe porque ela não quis comprar-lhe um brinquedo. Se alguém teve culpa por sua derrota foi a Ferrari, porém, Vettel estar mais rápido do o calculado era, obviamente, imprevisível e, para a equipe, o importante mesmo era a dobradinha, o resto que se danasse. Enfim, são coisas que acontecem. Só resta engolir o choro e seguir em frente, sem fazer a “Maria do Bairro”.
Quanto ao Vettel, parece mais confortável no carro, vamos ver o que vai acontecer mais para frente, mas todos nós sabemos que esse é o tipo de situação que vai escalar até ficar insustentável. Agora nós vemos um puxãozinho leve de tapete ali, outro acolá, um olhar frio de um lado, um sorriso forçado do outro (quem viu os dois juntos ao final da classificação sabe do que falo), até que no futuro estaremos diante do momento inevitável no qual os dois se envolverão num incidente e vão jogar uma corrida fora. Quem tiver o menor fã-clube será o culpado e nós já sabemos qual dos dois é.
Sinceramente, não acho que o Vettel continua na Ferrari depois de 2020. Nem se ele ganhasse o mundial ficaria. Leclerc é jovem, tem muita lenha para queimar e nós sabemos que a Ferrari é equipe de um piloto só. Não vai dar para deixar Vettel e Leclerc debaixo do mesmo teto por muito tempo, principalmente se o alemão conseguir reagir. Após 2020, a Ferrari vai seguir o caminho da Mercedes e contratar alguém mais dócil para guardar Leclerc, evitando todo o estresse de ter que lidar com dois pilotos competitivos.
Quanto ao restante da corrida, foi um final de semana péssimo para a “Stroll Point”. O Lance ainda teve uns brilharecos aqui e ali, fez um trabalho melhor que o Pérez, sem dúvida, mas nada que salvasse o fim de semana.
Verstappen preferiu se acomodar no terceiro lugar. Provavelmente achou que era mais fácil perder o podium para Hamilton do que escalar posições, portanto escolheu se concentrar em quem vinha atrás.
Giovinazzi chegou a liderar por um tempo e terminou em 10ª, assegurando um pontinho, enquanto Kimi não terminou por causa de uma batida com o Kvyat. O italiano continua na Alfa Romeo ao que parece, mas sinceramente não o vejo ir tão longe na F1. Ele é o tipo de piloto que não se destaca de forma nenhuma, não tem o mesmo brilho do Russell, por exemplo, que se destaca mesmo numa banheira.
Outro que fez péssima corrida foi o Ricciardo. Tudo bem que é difícil se recuperar largando do fundo enquanto pilota o carro ruim da Renault. Sair da RBR foi o pior erro da carreira dele, daqueles erros em que você pensa toda vez que vai dormir, mas pelo menos ele está mais rico do que jamais estaria se estivesse na Red Bull, né? Então podemos dizer que ir para a Renault foi um agradável tiro no pé para o Ricci. Ironicamente, Hulkenberg foi o único que pontuou neste final de semana.
Falando em Hulkenberg, achei mesmo que ele tomaria o lugar do Grosjean na Haas, mas pelo visto tudo não passou de uma jogada para renovar com o Grosjean pagando menos. O alemão disse que recusou uma proposta da Williams, o que faz sentido porque deve doer na alma querer tanto um pódio e se arrastar em último no grid. Acho mesmo que esse é o último ano dele na F1 e, sinceramente, ele deveria desapegar desta categoria e ir tentar ganhar em outro lugar, como o Alonso e outros estão fazendo. Estar na F1 é desperdício de vida para alguém que está na posição dele. Quase uma década por lá já deve ter bastado para juntar uma boa grana, deveria procurar outro lugar para conseguir o tão sonhado pódio. As crianças no “Drive to Survive” me fizeram sentir um misto de dó e vergonha alheia por ele, quem assistiu sabe o que falo.
Eu tô achando que a Netflix deve ser patrocinadora secreta do Grosjean, porque só isso explica a decisão da Haas em mantê-lo para o ano que vem. E o Kevin Magnussen? Perdendo para a Williams do Kubica? Que morte horrível. Em defesa dos dois, o fato da Haas renovar a dupla de pilotos é um reconhecimentoda equipe de que o carro deles é realmente muito ruim. Ou é isso, ou os dois devem ter algum vídeo comprometedor do Haas envolvido numa orgia com drogas e travestis. 
Grosjean e Magnussen são, no máximo, inconsistentes. Vejamos essa corrida, por exemplo: O Grosjean chegou em 11ª, o Magnussen em último. E olha que o francês ainda se envolveu numa batida com o Russell. O carro da Haas é ruim, mas justifica chegar atrás da Williams de Kubica? A impressão geral que tenho até aqui é que o carro deles não é muito inferior ao da Racing Point, por exemplo, mas os pilotos fazem o carro parecer uma Williams.
Para finalizar, a equipe vencedora deste ano fez uma corrida bem discreta; e deu até para esquecer que o Hamilton estava nesta corrida, não tem nem o que dizer do Bottas, não é? Mas acredito que na Rússia eles vão ditar as cartas, apesar da evolução da Ferrari.

***

Obrigada Carol pelo texto! Achei muitos pontos perspicazes... Em outro post, que farei durante a semana, tentarei abordar alguns pontos sobre a corrida - de forma sucinta - e perceberá que estou de acordo com muita coisa que escreveu. 

Aos demais, especialmente aqueles que eu não tenho nenhuma forma de contato, deixem nos comentários algum email, ou me escreva uma mensagem pela página do blog (clicar aqui), para que eu possa fazer os futuros convites. Aos que eu tenho o contato, fiquem atentos!

Espero que tenham gostado tanto quanto gostei da experiência de compartilhar textos de um de vocês e claro, mando abraços afáveis à todos! 

Comentários

carlos disse…
Estratégia perfeita com boa vitória merecida e também respeito com Vettel até pensei que haver troca de posição com o Leclerc, o queridinho de todos, mas sábia decisão não interferir. Agora Leclerc dizer que foi uma injustiça isto que uma falta de diplomacia já está se mostrando uma Malévola.
Carol Reis disse…
Obrigada!

No turbilhão de coisas que estavam na minha cabeça até esqueci de dizer que o incidente entre o Grosjean e o Russell não foi totalmente culpa do primeiro. O inglês também tem sua parcela no ocorrido. Acho que todo mundo só fala do Grosjean pq ele já virou um personagem de certa forma, vítima dos erros passados.
Manu disse…
Verdade Carlos, essa reação do Leclerc não foi das melhores. Mas tenhamos paciência com o garoto e esperamos que ele molde seu caráter a ponto de não ser um campeão arrogante.

E Carol, mais uma vez obrigada pelo texto! O que apontou é absolutamente certo: Grosjean será sempre o errado porque já cometeu outros atos infelizes antes. Virou o saco de pancada de comentaristas/especialistas e com certeza, é assim entre os seus pares.

Abraços aos dois!
diogo felipe disse…
Ótimo texto da Carol e excelente iniciativa da Manu em convidar para escreverem no blog! 😉

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