F1 2019: ... E não é que perguntaram sobre Baku 2017?

Se você aí não leu meu texto anterior tenho más notícias. Divaguei na quinta-feira sobre um assunto e acabei me enrolando um pouco na exposição. A outra má notícia é que, se esse texto mencionado foi longo, esse aqui pode ser também. Mas vou aliviar o lado de vocês leitores: vou tentar ser direta.

No texto anterior eu quis retomar uma discussão sobre a validade dos títulos de Sebastian Vettel. Usei alguns outros pilotos para tentar conduzir uma lógica. Em meio ao texto mencionei um caso: o GP da Malásia 2013. Ali a relação entre Vettel e Webber soltaram mais algumas faíscas e esta situação depois tinha sido revelada como uma vingança fruto de farpas antigas.

Como escrevi, divaguei um pouco e em meio ao texto, caminhei para a conclusão citando outro evento: GP do Azerbaidjão 2017. Arrisquei deixar claro que, se alguém lembrasse da corrida em Baku há dois anos, eu teria uma resposta preparada.
O meu fornecedor de pauta, Diogo tratou de não me fazer esquecer disso, rsrsrsrs...


Então, vamos lá!
Havia relido a minha postagem de Baku 2017 nesta semana para o texto publicado na quinta-feira. Para variar, é um texto grande. Mesmo assim, apesar de um monte de erros ortográficos e de concordância (o que é vergonhoso) o texto se assemelhou em conteúdo ao que fomentou o comentário acima.
Relembrando o caso de Baku: Vettel atingiu Hamilton na traseira após uma freada do inglês mais lento por estar acompanhando um Safety Car. Raivoso, Vettel botou o carro de lado e deu uma jogadinha lateral em Hamilton, gesticulando nervoso. 
Uma barbeiragem. De ambos. Depois de uma curva, Hamilton deu uma paradinha e Vettel achou que ele se preparava para o alinhamento. Acertou a traseira dele por conta de uma reação afoita provocada por uma manobra indevida de Hamilton. 
O problema foi Vettel se exaltar, colocar o carro de lado e, como se desse um tapinha de aviso, jogou o carro sob o inglês.
Uma cena lastimável que acabou ligando o botão da crítica nos internautas e os comissários já vieram com seus apitos de advertência e punição.

No texto em 2017 mencionei essa dicotomia da F1: o cara bom e o cara mau que persegue toda temporada que acompanhamos. Nem é preciso dizer quem foi o cara mau ali: Sebastian Vettel. Considerado mimado, estava enfrentando duras críticas até de ex pilotos da categoria. 
Desde de possivelmente 2014, ele estava experimentando novos rótulos, grande parte deles depreciativos. 
Ou seja, não está sendo novidade para ele. Chegamos ao ápice dessas críticas, afinal, desde então, ele só conquista algumas poles e vitórias, mas perdeu pelo menos 3 campeonatos. Agora, ele está derrubado, atormentado e conta sempre com alguém já experiente nesse tipo de ataque, para lhe passar a rasteira quando nem ao menos ele arrumou forças para se reerguer.
O golpe final? Tem nome, e endereço: a própria FIA no GP do Canadá, este ano.
A resposta para Baku de 2017 é essa: não foi erro Vettel bater depois do erro de Hamilton. O erro dele foi reagir de forma puramente humana: se está errado, ele apela. 
Ou, apelava. Depois de Monza ele mesmo erra, e se desculpa com quem prejudica.

Sebastian tem uma carreira repleta de vitórias e feitos. Enfrenta o pior momento da carreira. Alguns dizem ser este o último momento, já que ele não dá sinais de melhora e parece entregar os pontos. 
Mas o que conquistou lhe pertence, é seu mérito. Nada anula os feitos, pois sua história está consolidada. 

Em 2014, ele experimentou o começo dessa reação negativa com ele. Tornou-se - de forma muito injusta - "o tetra campeão que só conquistou os títulos porque tinha o melhor carro".
E então ele assinou com a Ferrari e pode voltar às glórias de vencer corridas, ser figura fundamental numa equipe. Mas não o suficiente para mais gente considerá-lo forte ou deixar de questionar seu talento.

Como vi no perfil do Twitter chamado "Contos da Fórmula 1", todo piloto de F1 é julgado pelo seu último resultado. E não há melhor colocação se não essa, pois se encaixa tanto para as críticas, quanto para os elogios. 
Observem comigo: Poucos de nós agora ousaria criticar Charles Leclerc seja pelo mínimo errinho que possa ter cometido. Estamos apaixonados, quase na mesma medida que os italianos/ferraristas. A gente se deixa levar por isso, claro, pois nos caracteriza como fãs de automobilismo. Alguns de nós ponderamos essa emoção para não sermos injustos, mas nem todos - como disse no texto anterior - consegue ver os dois lados e buscar o equilíbrio das suas opiniões. 

Na mesma medida, com a fase dominante de Hamilton, pouca gente ousa destacar que ele também já cometeu erros, que teve uma espécie de hiato na carreira logo após o seu primeiro título. E, olha só que inusitado!!! Demonstrou fraqueza em 2016. É dominante hoje graças a "acordada" que teve logo depois de perder para Nico Rosberg, um piloto médio como muitos outros. Nico acabou contribuindo para que Hamilton apareça para todos como "forte mentalmente", inclusive para diminuir os companheiros numa briga interna. Jenson Button havia deixado a dica: para desestabilizar Hamilton os companheiro deviam mostrar firmeza na disputa com ele, dentro da equipe. 

Quando ele entrou no campeonato de 2016, entrou confortável, se achando poderoso a ponto de fazer o mínimo e ainda estar no topo. Quase conseguiu, mas perdeu. Isso o deixou "mordido". Assim como tantos outros - inclusive o "arrogante" Fernando Alonso - ele se acha melhor que todo o resto. Não a toa, hoje, mediante qualquer crítica do ex companheiro de Mercedes em seu canal, Lewis devolve comentários contrariados e até mesmo com um certo rancor.
Além dessa pequena contribuição de Rosberg - de fazê-lo forte mentalmente - a Mercedes cuida para que o companheiro de Lewis na equipe não possa ser alguém com segurança de si, para evitar que ele novamente, perca a compostura. Sim, com o mínimo de adversidade que encontra ao buscar conquistar vitórias, ele "solta os cachorros". 

Um exemplo recente é a própria reação dele, ao se ver "preso" atrás de Leclerc em Monza, domingo passado. Sobrou para a FIA, para a torcida italiana (reclamando de ser sempre vaiado no circuito) e cessaram os "elogios" que ele direcionava à Charles. Não vejo a hora do hexacampeão experimentar as críticas negativas depois de ler coisas como essas abaixo:


No GP de 2017, no circuito de Baku ele também declarou coisas bem medíocres para quem é "forte mentalmente". Terminou a corrida em quinto e Vettel, punido, acabou ficando em quarto. Diante disso, o inglês, inclusive, colocou uma proposta de briga de "homem" com Vettel. As declarações eram até risíveis, como dá para conferir em uma matérias da época que selecionei:


Como bem mencionado na ocasião, Vettel disse que F1 era para lugar para adultos. E Hamilton, na mínima oportunidade que tem, não teima em ser infantil, então, não se dava e não se dá o respeito, como podemos ver como tratou o embate com Leclerc no último domingo. 

Temos 6 e meia dúzia, aqui. Se Hamilton age assim e ninguém se importa, é porque todo piloto de F1 é julgado conforme seu último resultado. Para ele basta dizer depois, com a cabecinha "fria", que seria fantástico ter outras disputas semelhantes, que está tudo bem. No meio da semana os julgamentos viraram. Percebeu-se que Hamilton segue dominante no campeonato. Agora alguns arriscam questionar a "dureza" de Charles para as disputas e claro, condenar Vettel. 
O último resultado define o piloto? Completamente! Meus cumprimentos ao autor da página! Não há colocação mais precisa que poderia encontrar. 

No começo do ano, Leclerc era uma promessa ainda sem essência. A todo momento um ou outro forçava uma ideia de que o monegasco estava "batendo sem dó" no companheiro tetra campeão. As corridas incompletas e ainda a sua falta de vitórias, fazia a gente gesticular negativamente para quem jogava essa "informação". 
Demos o benefício da dúvida. Estar na Ferrari, jovem como é, é muita pressão. Tivemos paciência. E fizemos bem. Depois das férias, ele já dado como um novo Senna, graças as falas desmedidas dos Sr. Galvão Bueno. Já tem gente reproduzindo a ideia, não é?

Eu sempre soube que não tardava para que a Ferrari escolhesse o garoto para ser o seu foco. (Tive meus motivos. Acreditava que o fato de honrarem o pré contrato que tinham com ele era sinal de que não queriam mais perder tempo. A questão é, podem ter os melhores pilotos do mundo e mesmo assim tem errado feio com a "casa desarrumada"... ¬¬' ).
Então, já esperava que qualquer erro do Vettel fosse a gota d'água. Eu já tinha visto esse filme, com Räikkönen. E olha que o cara havia vencido o último título da equipe, e mesmo assim foi trocado por Fernando Alonso depois de um ano dado como "inconsistente" e "desmotivado" para os ferraristas. Em 2018, na segunda passagem pela Scuderia, Kimi estava até bem. Mesmo assim, tinha uma grande turma que suplicava por sua aposentadoria. Agora na Alfa Romeo ele é um "pilotão da p*&¨%". Vai entender...?
Vettel vem de duas corridas para esquecer. Spa foi o aviso sobre a sua função daqui adiante na equipe. Deu certo. Em Monza eles convidaram Vettel para festejar. "Sentaram na mesa" com ele. Mas é bem certo que ele era apenas aquela pessoa que a gente chama para comer na nossa casa só por educação. Depois do erro, ele cavou a sua cova entre os tifosi. Foi como o convidado indesejado tivesse bebido muito no jantar e dado vexame.  
A equipe vai, até o final de 2020 exaltar o valor do alemão por questão de aparências. Ele tem tudo para se reerguer, a questão é saber se existe espaço para isso, se cabe ele na atual F1 e na atual Ferrari. E pelo que eu experimentei da equipe, creio que, se ele quiser ser o grande Vettel novamente, talvez não seja mais entre os italianos.

Agora se ele vencer em Cingapura, dirão que o forte Vettel voltou. E aí, amigos e amigas, voltamos aos julgamentos - para o bem e para o mau - novamente. 
Segue-se o ciclo vicioso...!

Fico por aqui pessoal. Espero não ter sido muito chata voltando ao o assunto em menos de 24hs e agradeço ao Diogo pelo comentário anterior! Já deixo para vocês comentarem o que quiserem abaixo ;)
Desejo à todos um fim de semana formidável! Bom descanso!
Abraços afáveis!!!

Comentários

diogo felipe disse…
Ótimo texto Manu! 😉 Tbm acho q o papel do Vettel será o de 1B do Leclerc. Depois , o futuro a Deus pertence. Abraços afáveis e mais calorosos que a temperatura araguariense. 😁
Manu disse…
Obrigadão Diogo! (E calor aqui é o que não está faltando... o.O)
carlos disse…
Foi um jogo psicológico e estratégico do Hamilton que o Vettel não deveria entrar mas entrou. A manobra que Hamilton lá no GP do Baku fez o monte, ainda ilegal, nunca foi punido. Aproveitou uma oportunidade de vingança, quando o Vettel ou Verstappen não entranham da treta da ultima corrida do campeonato de 2016 ( o Grande prêmio de Abu Dai), e fez a arapuca e o Vettel entrou.

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