GP da Austrália: Algo novo, algo vermelho

As noivas tem algumas ideias meio estranhas: usar algo novo, algo emprestado e algo azul, no dia do casamento. Para falar a verdade, eu mesma sei dessas coisas, por filmes e séries americanas. Vai ver, noivas brasileiras nem se prestam à essas simpatias. 
O casamento da F1 com a temporada 2017 prometia coisas novas, mas não emprestadas. A brincadeira com "usar algo azul" também esteve fora de cogitação: o azul dos carros da Red Bull e da Toro Rosso talvez seriam opção se não fossem um azul quase lilás ou bem escuro. O único carro azul que poderia entrar nessa menção era os carros da Sauber.


Sabendo que a coisa azul não tinha grandes possibilidades de acontecer, nem valeria o esforço, se não fosse a troca do azul por prata, vermelho, preto, ou amarelo, branco, laranja e até rosa. 
Contemplando 2/3 da minha expectativa, pedi por um retorno aos pódios da Ferrari. Fui contemplada não só um pódio, como uma vitória. Para o casamento na Austrália, ou abertura da temporada, a escolha acabou sendo, o algo vermelho,

Vettel fez um bom trabalho descente. Mas escancarou algo que pode ser a tônicas das próximas disputas. Um salto de posições dependerá de três importantes fatores que talvez, nem todos tem: primeiro, a confiabilidade - tanto do carro, quanto da pilotagem. As quebras foram muitas: Grosjean, Palmer, Ericsson, Ricciardo, Stroll, Magnussen e por fim, Alonso. Pode-se dizer que, apenas dois deles, não tem histórico que quebras e sim, pois os carros acusam mais problemas, que a qualidade dos pilotos. As quebras, deixaram com que muitos que, por ventura, não tinham a confiabilidade da "manobra", com possibilidades de chegar a zona de pontuação: eis o caso de Ocon, o décimo colocado. 

#PiadaInfame
Coitados de Hulkenberg, Giovinazzi e Vandoorne que não tiveram essa possibilidade.
Ainda nas possibilidades de boa pilotagem, uma boa estratégia é o fator número dois: Esperar o máximo da possibilidade de tirar rendimento do carro enquanto outros tentam paradas mais cedo, mantendo-se na pista mais tempo e poupando pneus. Isso garantiria uma chance de voltar na frente do oponente. Essa foi a chave para Vettel. 
O terceiro ponto é o que é mote do "esporte" já faz bastante tempo, mas nem sempre é eficiente: ficar bem próximo do adversário e se não tentar ultrapassagem, ao menos, forçar o erro e/ou esperar que ele tenha uma quebra, um deslize, uma rodada. 

O primeiro e o segundo momentos foram esboçados logo na largada. Um pouco de fumaça de freadas, mas nenhum toque que tirasse alguém da pista - pelo menos nas primeiras curvas - e um bom tanto de aperto. Todos estavam num nível bem igual e além disso o responsável pelo bolo todo a gente sabe quem foi, mas nunca terá alguém "sabido" que admitirá. Hamilton fez largada lenta, propositalmente espalhada, para jogar os demais no buraco dos leões. Mal sabe ele, que dessa vez, ele precisará de mais do que isso na estratégia: logo sobrará para ele, o aperto todo. Isso pode ser uma boa ideia, só quando ele sai ileso. Quando ele levar os prejuízos dos toques:


Por falar em "mimimi", pouca coisa mudou, perceberam? A fila indiana se deu, as ultrapassagens diminuíram e quando aconteciam com facilidade, o dianteiro encostava fora da pista com problemas mecânicos. Essa foi a toada até as paradas. Lewis Hamilton mostrou uma inabilidade logo de cara: depois de não se distanciar de Vettel, viu-se atrás de Verstappen, sem conseguir sequer botar um medinho no garoto que, aparentemente, soou bem consciente de seus atos em pista. Não deixando de forma alguma, Hamilton, o tricampeão supremo e gênio passar, o holandês propiciou a cena mais emocionante da corrida após a volta de 17: uma imagem de soco na mesa e um rosto vermelho de Toto Wolff.


Morrendo de dó, logo vimos que seis voltas depois, Vettel veio na frente de Max e Lewis, quase perdendo posição, mas segurando firme. Isso se lhe deu a vitória. 
Infelizmente, nem tudo seriam flores, mas umas folhas novas brotavam: mesmo que Vettel estivesse na frente, Hamilton retornava à segunda posição, mas não sem alguma dificuldade. Bottas que fez o trivial, fez o que lhe coube: quando o inglês retomou a segunda colocação com a parada de Verstappen, ele manteve ritmo e uma proximidade ideal. 
Com o "mimimi" ligado, Hamilton decidiu reclamar no rádio da potência do motor e dos pneus. A potência do motor sempre é questionada pelo inglês toda vez que ele não está mais de cara para o vento. E pneus, parece piada manjada, mas desde 2007, seu ano de estréia ele nunca *NUNCA* soube lidar com eles. 


Com uma transmissão recheada de muito blábláblá como trio global, indicamos que teve de tudo: falando pelos cotovelos, teve elogio - suspeito - da toada do Kimi, pelo Galvão. Esse, que fingiu que não se emocionou com a despedida do Massa, fingiu também que não foi um retorno cara-de-pau, e passou as primeiras 23 voltas falando do Massa até quando na imagem passava um carro da Haas. Quando deu pausa, falava do pobre Stroll, como todo pachequista, criticando o dinheiro do cara e "inventando" - sim, inventando - uma falta de talento para legitimar a boa corrida/ retorno implícito do brasileiro. 
Se engana se você acha que ele falou pouco. Eu quase achei que o Reginaldo tinha mesmo se aposentado, pois afinal de contas, ele custou a abrir a boca. E sobrou muito veneno do Galvão: comentários jocosos sobre Alan Jones e Fernando Alonso, se fizeram presentes - o primeiro que teria vencido "por sorte" nas palavras dele, o segundo por ter "temperamento" difícil de se lidar e de se trabalhar. A primeira ladainha era para defender Nelson Piquet. A segunda, para dar voz aos que detestam Alonso, e acham ele, mau caráter sem, obviamente, conhecê-lo. Sorte do Galvão que ninguém se presta ao que ele diz. Se não, ouviríamos muito sobre os processos que ele enfrentaria, em especial, sobre comentários do tipo que ele fez ao campeão, Jones.
E sim, ele falou do Senna e ele nunca se cansará. Mas eu:


Mas, sejamos sinceros: antes Galvão e suas abobrinhas manjadas que a inexperiência - para não dizer burrice - do José Roberto. Seus gritos dão muito mais nos nervos. O Galvão nem gritar mais consegue. 

A corrida em si se deu à um tom bem morno. Longe do que esperei, com um pouco mais de emoção. Disse acima que 2/3 da corrida me agradou: a Ferrari voltou a vencer e Hamilton teve trabalho. Dentro dessas positividades, Bottas tentou e ficou próximo à Hamilton. Não passou, nem sequer tentou. Bem sabemos que ele não pode fazer isso, se não o imaturo companheiro desmorona a Mercedes. Mas fez o que pode: ficou perto. Numa dessas ele consegue ficar à frente com um abandono ou batida do inglês. 
Os dois finlandeses ficaram fazendo o trivial. Bottas se aproximou e pressionou Hamilton, assim como Kimi, se juntou à Bottas, não tentando passar o compatriota, mas tentando se desvincilhar da pressão de Verstappen. 
Só a partir do quinto colocado é que teve distanciamentos. Massa, em sexto, estava bem longe do doidinho Max. Atrás dele, Perez é quem fez uma corrida bem arrojada e importante, com leituras boas de ultrapassagem. Talvez o único que ganhou posições por meio delas. Sainz e Kvyat permaneceram com a oitava e nova posições, agindo de forma semelhante à Bottas e Raikkonen.

O que faltou ter 1/3 para dar 100% de aceitação da corrida é simples, mas não posso ser injusta. O 1/3 ruim se deu a normalidade da corrida. Nada realmente que surpreendesse de forma arrebatadora. Além disso, esperava - e penso que poderia ter dado certo - se Kimi não tivesse que lidar com pneus e Verstappen, tentar pegar a terceira colocação de Bottas. Desmotiva, e muito, que as Mercedes continuem dominando, ainda que menos do que as outras vezes. 
Mudanças foram todas externas - os carros, mostraram que fazem mais, do mesmo. Com o fim da corrida o saldo ainda positivo é que não teve punições (graças!), mas do lado negativo não teve também boas imagens que contemplassem toda a corrida. Dava para ficar perdido, ainda mais que a nossa transmissão local só disponibiliza as informações em apenas duas possibilidades: as irrelevantes e as inapropriadas.


As coisas externas foram, ao fim da corrida ter por exemplo, um pessoal podendo entrar na pista com os carros ainda em movimento. O perigo disso é só um maluco ser atropelado, mas vá lá. Esse é apenas o ápice das considerações que fazem parte do imaginário sim, sem sombra de dúvida.
Um painel também foi feito, com os três carros vencedores. Vettel chegou, estacionou o carro e assunou o painel. Ainda não sei o que o dito cujo tem como utilidade. (Se souberem, me escrevam!)
No lugar de um corredor constrangedor com grid girls batendo palmas para os pilotos, agora eles evitam transparecer o suor de duas horas e passam também por um grupo de fãs. Vettel até assinou um boné de algum fã que estava na grade de contenção. Essa tentativa de aproximação me aprece forçada agora, deixando os caras meio sem graças. Inclusive pode acabar dando errado com os panacas brasileiros, famosos pelos seus xingamentos em coro nas arquibancadas de Interlagos. Esse contato parece desfavorável com os menos educados. 

Mas eis que o casamento se deu e agora, temos 18 etapas adiante. Vamos ver o que essa "vida a dois" nos reservará.

Abraços afáveis!

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