Novelinha da F1 - Capítulo 8: GP da França


ALL HAIL THE KING!
Estamos assistindo uma temporada histórica na F1. Basta observar os números - não é isso que todos amam, e não é isso, o padrão de qualidade/talento de um esporte ou atleta? Ter NÚMEROS? 
Então, estamos presenciando um momento histórico no automobilismo. Um momento tão monumental que, eu e alguns cometemos grave crime, reclamar de como está se desenrolando 2019. Está muito bom, gente?! Uma verdadeira delícia!


O GP da França, no último domingo, foi "gratificante". Ao final da procissão, com o SANTO REI na frente, sem suor ou incômodo, não ditou o ritmo, pois ninguém mais tinha o mesmo ritmo. Pensemos no seguinte: após a pole, era hora de pensarmos quem seria o segundo colocado no ano, pois apenas do segundo para trás que o inesperado ainda dá uns sinais de vida, e mesmo assim, muito tímidos.


Li no Twitter de uma desconhecida, que dizia: "Quero pedir que parem de reclamar que a F1 está sem emoção. Grata." Não daria para ela, mais do que minha idade. Sei que devo irritar um pessoal com as minhas reclamações, mas, como disse Vettel na semana pós Canadá (oooooh Cana dááááááá´...): "essa não é a F1 pela qual me apaixonei". Não vai ser uma novinha, provavelmente fã do Hamilton, que por um simples tuíte, vai me fazer mudar de ideia.

Uma frase, que nós que acompanhamos qualquer categoria de automobilismo já escutamos de quem diz não ver nada de especial no esporte, é a seguinte: "é um tantão de carrinho dando volta numa pista... qual a graça disso?"
Se vocês tiveram paciência, tentaram explicar qual era a graça. Eu só respondia que gostava e que me divertia. Problema da pessoa se não se atraía pela F1, por exemplo.
O GP da França, em Paul Ricard, deu munição para esse pessoal. Foi esse o resumo: um tantão de carros, dando voltas. Nada de alarmante, especial. Para piorar, aquelas faixas azuis poderia deixar muita gente vesga. 
Não julgo, são confusas mesmo e pelo visto, prejudicam mais do que imaginaríamos, como comentarei, mais adiante, algo que só veio à tona, depois do fim da corrida.

Ao fim da procissão no GP da França, até o narrador ironizava a pouca surpresa da corrida, especialmente de Lewis Hamilton. 
Os carros não quebram mais. Ninguém tem pneus rasgando sem querer. Os toques, quando acontecem, geram punições bizarras. As zebras são baixas, e assim, quando alguém as ataca, não quebram asas ou suspensões. Áreas de escape são lisas e quando o piloto as atravessa, aparece na tela, uma investigação. 
A Mercedes nunca erra estratégia. E quando raramente erra, é tão irrelevante que não reflete negativamente, a não ser para Bottas. Para Hamilton, ele sempre está de cara para o vento, com muitos segundos de vantagem do segundo colocado.  
Aos outros pilotos, não é dado nem a opção de tentar algo diferente para ganhar ou manter posições. Dependendo do que fizerem e como fizerem, recebem uma punição com um laço de fita brilhante.


Ricciardo foi um desses, ontem. A transmissão não mostrou. Os portais precisaram expor o vídeo para que todo mundo tivesse a sua, controversa, opinião. O garoto sorriso tentou manobras para ganhar posições sob Kimi e Norris, de forma que passou nas faixas azuis umas duas vezes, com as quatro rodas. Os comissários puniram o cara duas vezes, 5 segundos, 10 no total, depois da corrida. 
Existe a regra. É fato que não pode sair da pista, pois se ganha vantagens na disputa e toda aquela lenga-lenga que já estamos carecas de saber. Mas, não ter mais caixas de brita, e as zebras serem baixas, dá nisso. Eles não sacaram ainda que, colocar essas coisas faz com que, se o cara errar, ele tem a punição da corrida ou da volta rápida ali mesmo, no decorrer da corrida. Não precisa de regrinha imposta depois. Com essas escapes asfaltadas, lisas, dá ideia de que querem que os caras recorram à isso, ousem violar a regra, para eles punirem depois, como bedel de escola. Parece que estão de sadismo com os caras e conosco. 
E é bem capaz que estão mesmo.


Assim, a F1 assinou o seu decreto final. A corrida foi considerada, de forma unânime, chatíssima. Diversas pessoas deixaram de acompanhar o desenrolar antes do fim. Eu fiquei, pois tinha um narrador calmo. Se fosse o "gritalhão", eu teria feito outra coisa. 
A temporada de 2019 já dava indícios de todos os problemas que alguns de nós demoramos para admitir: as regras são subjetivas de propósito e seletivas, aplicadas de acordo com o que convém, geralmente, não afetando quem dá mais ibope. 
Parece bem claro agora que a intenção da categoria é ter "pilotos" com carros potentes (expondo as marcas ao marketing tecnológico) e que, sem esforço ou drama, garantem muita glória, holofote, recordes fáceis, aparecendo como modelos em capas de revistas e o pior, dando munição para fãs e mídia discutirem exaltando os feitos como se tivessem custado muito suor e concentração. 

Certa vez, Bernie Ecclestone disse que Vettel não tinha carisma de campeão mundial. Talvez Vettel não rendesse verdinhas como Hamilton rende. Hoje, isso parece quase transparente. Se não são verdinhas, não sei o que alimenta toda essa exposição do Hamilton e da Mercedes sem nenhuma crítica pesada ou questionamento sobre a perfeição administrativa. A equipe não sai dos trilhos à 6 anos. Até a RBR nos tempos de Vettel sofreu pendengas que quebravam o bom clima interno. A Ferrari então, nem se fala. Mas na Mercedes, tudo é arco-iris.


Pilotos "humanos",  dados à "feelings", que tentam, falham, fazem, arriscam, disputam com o que tem, são, literalmente, colocados à parte, quase sempre como cobaias para o emprego de regras discutíveis, que eles mesmos não se mexem para fazer mudar. Podem até apresentar uma papelada, mas no fim, serão os pilotos chorões, equipes derrotistas e a FIA termina com sorriso maquiavélico.

A F1 está engessada assim. Campeonatos frouxos, com campeões mais fake e "competidores" frouxos. Tudo parece como se estivessem em capas de revistas de ostentação, posando ao lado de carros luxuosos. Pilotos que respiram velocidade são poucos. Ouso deixar claro que, talvez o que a gente diz que é talentoso, pode não ser, especialmente pois, nossos padrões de entendimento para isso, é como as regras da FIA: subjetivos. Vai muito de nosso gosto pessoal e empatia.

E estar engessada leva a pensar que a solução é quebrar, de cima para baixo. Desconstruir tudo, do campeão ao mais relé piloto pagante. 
Sem a surpresa de eventos, as equipes e os pilotos ficam cada vez mais, enfraquecidos, incapacitados de enfrentar desafios com petulância saudável da competição. Torna-se desnecessário os grande prêmios e até mesmo, a temporada...

Vangloriar-se de ser campeão de uma corrida como foi na França,  no último domingo, não me parece genialidade. Em pouco mais do dobro das próximas corridas, Hamilton vai ser hexa, sendo o terceiro título seguido,  conquistado sem pestanejar, com larga vantagem de pontos. 
É bem certo que amanhã ou depois, ele comece a dizer que a falta de competitividade está matando o esporte e que ele quer que nós possamos ligar a TV e sentir emoções com eles. Acho que ele já disse isso, não é? Mas na hora de falar sobre a pole ou uma vitória, ele discursa bonitinho sobre todo o (fake) drama que ele sentiu naquela volta ou naquela curva.
E vai ter gente que vai aplaudir, escrever matérias falando o tanto que ele é justo, um campeão nato.
Estar por cima da carne seca, amigos, é bem fácil. 

Está sendo um ano duro. Vamos ver até quando a gente aguenta. 

Abraços afáveis!

PS: Já votaram na enquete do Faixa a Faixa? Não? Avance para a postagem anterior e dê seu voto! 

Comentários

Carol Reis disse…
Eu literalmente cochilei com essa corrida. E Essa punição do Ricciardo? Uma piada , a FIA tá determinada a matar a F1. Eu fico impressionada como ainda tem gente capaz de dizer que não tem nenhum problema, tem que ser muito fanboy do Hamilton p chegar a esse ponto.
Podem falar o que quiserem sobre o domínio da redbull, mas naquela época, de domínio mesmo só foram 2011 e 2013. Vettel passeou nesses anos e ali, quem disse que tava chato tinha razão. Mas 2010 e 2012 foram disputados, até o Weber ameaçou o alemão, coisa que o Bottas não é capaz de fazer com o Hamilton. O finlandês tá ali só p pegar o contra-cheque no fim do mês, não é possível. Ele seria o único capaz de salvar essa temporada, mas não tem colhões ou capacidade.
Dizem que se tá ruim é só parar de ver. Acontece que eu até pararia, só que já tenho tanto tempo acompanhando que não dá p simplesmente deixar p lá. Quem fala uma coisa dessas ou é muito jovem ou é fã de piloto e só.

Foi interessante ver a McLaren melhorar, espero que a Williams também dê a volta por cima, simpatizo muito com a Claire Williams.
diogo felipe disse…
Hamilton Mitooooooo. Não, pera... 🤪
Manu disse…
Carol: o GP francês não é atrativo. Do jeito que a F1 está, foi realmente sonolento. Mas ainda assim, achei melhor que Mônaco ou Espanha.
Sobre a RBR, eu escrevi um texto sobre o domínio que aconteceu em apenas 2 dos 4 anos em que Vettel foi campeão. Agora, vamos para o sexto, sexto ano, e em 5 deles, Hamiton foi muito superior ao segundo colocado.
Tbm gostei de saber que ainda vive a Mclaren pós Alonso. E que ainda, respira, a Williams. A vida desse pessoal é sempre sofrida.

Eeeeeh Diogo, hahahahahaha...

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