F1 2019: Triunvirato

Na terça feira, eu compartilhei uma publicação do Twitter (essa aqui) na página desse blog no Facebook. Nela, temos 5 situações muito semelhantes às que ocasionaram a punição de Sebastian Vettel no último GP, só que, em todas elas, não houve nenhuma ação punitiva e os que protagonizaram as defesas de posição ou vantagens para manter-se à frente, foram pilotos da Mercedes. Três dos cinco casos são protagonizados por Hamilton. Um deles, eu deixei no texto de segunda-feira para que vocês pudessem dar uma olhadinha e tirarem suas conclusões.

Eu não comparei as situações, com receio de registrar alguma bobagem. Nem vou comparar com as outras quatro, com o "incidente" de corrida da GP do Canadá.
Um pouco de raciocínio lógico pode ser pragmático. Me parece bem claro, mas pode não ser o caso seu, leitor: Após o erro, o que passou na cabeça de Vettel foi controlar o carro patinante e não dar com a cara no muro. Saber como agiria Lewis, não era sua prioridade. Assim sendo, parece-me óbvio que, para não perder tudo, Vettel controlou o carro e depois de prender a respiração deve ter se atentado para o fato de Hamilton estar muito próximo. Hamilton, que perseguia o colega, poderia ter passado por dentro da curva, mas não o fez. Por reflexo? Talvez. Não tem como saber o que se passa na cabeça deles enquanto competem por posições. Podemos apenas, imaginar possibilidades ainda que não viáveis.

A razão de ter publicado o tuíte é referir que, nos últimos 3 anos, a Mercedes tem sim, escapado ilesa de regras que existem e não são analisadas duramente quando infringidas, como foi com  Vettel no último domingo, ou Verstappen no anterior. 
A questão que vem alargando mais e mais na F1 é a punição seletiva.  Não adianta contra-atacar isso. Sempre disse: ou libera geral, ou corta o barato de todos. E desde que a Liberty ganhou espaço, as punições bestas diminuíram do que já foi em alguns anos. No entanto, quando se abriu o livro de regras, só foram em momentos estrategicamente oportunos para tolher competições, e assim, as circunstâncias nas quais foram aplicadas, não tornaram-se mais justas ou igualitárias.

Hoje, me deparei com duas outras coisas. Primeiro, uma postagem da F1 oficial: 

Está constante e é tudo é meticulosamente bem desenhado: "Lewis concede presentes à fã doente", "Lewis é cordial com rivais", "Lewis se emociona com fim de semana monstruoso", "Lewis ofereceu carona ao Vettel".
Logo em seguida dessa postagem da F1, um dos comentários menciona que, se Lewis fizesse a cena que Sebastian fez, no último domingo seria chamado de vários nomes péssimos. Vocês podem ler, se quiserem (confira aqui). Engraçado que agora é com Sebastian que a rixa está acirrada. Mas o Lewis é do tipo que incomoda todo mundo com quem competiu: notoriamente Alonso, seu companheiro (e até "amigo") Rosberg, pelo tempo que dividiram equipes. Já criou briguinhas com Massa, lá em 2008, 2009. Com Button na McLaren, e umas farpas digna de briga de escola. Criou casinho até Adrian Sutil, amigão dele, e de repente, parecia que nem se conheciam. Recentemente, até com Raikkonen (e a esposa do finlandês ainda debochou nas redes sociais). 
Mas Lewis é demais! O post da F1 exalta com palmas, um Lewis totalmente "diferente" daquele do começo. De uma hora para outra, é um maduro campeão mundial. 

A mídia até pode ter sido crítica com Lewis lá no início, ainda que tenha sido bem amena, a meu ver. Era bem óbvio que, se fizessem críticas duras, teriam que arcar com um problema que deixa, qualquer um de nós em situação de vulnerabilidade: a questão étnica-racial. É vulnerável pois, hoje em dia, qualquer coisa que você disser nesse âmbito corre o risco de ser rotulado de racista, preconceituoso. Andamos em ovos todos os dias, sobre diversos assuntos.

Critico veementemente toda e qualquer atitude do Lewis. Quando são boas, elas me soam falsas. Quando são ruins, eu alerto para o quão imaturo ele é. 
Vivemos tempos mesquinhos, complicadíssimos. Para qualquer assunto, o recorte argumentativo está já sendo salvo e ele dará voz à apenas uns e não todos. Não se enganem: se algum pensador for explicar o que diabos está acontecendo com a mentalidade do povo, não vai ser necessariamente condizente com a sua concepção. Qual foi o "click" que fez todo mundo ficar meio maluco e egoísta vai depender do que expõe argumentos.
Por isso, falar de etnias, crenças, sexualidade e etc. é, em pleno século XXI, espinhoso. Diante de acusações, as pessoas até se defendem: "Que isso!? Tenho até amigos assim..." E isso deixou, à muito tempo de ser um "saber" que as salve.Dependendo do tom, só piora.
Mesmo assim, afirmo: se critico Lewis, critico em virtude de sua personalidade não ser do tipo com que simpatizo. Simplesmente, não vejo talento, vejo muita sorte. Não vejo atitudes nobres, vejo soberba. Não vejo genialidade, vejo trivialidade.
A minha antipatia é com a personalidade iluminada pelos holofotes da mídia.

Quero concluir, por isso menciono a segunda coisa que li hoje e motivou meu texto: a declaração de Vettel sobre o ocorrido, domingo (confira aqui). Se era visível que Vettel não tinha mais "tesão" em correr na F1, isso ficou claro com as declarações, que só transbordaram com a gota d'água que foi a punição no Canadá.
Já estamos numa quarta-feira, e ele ainda choraminga sobre isso? 
Eu acho que ele está certo, em ao menos, falar de seus sentimentos rancorosos. Não que vá surtir efeito. Só está piorando a sua fama de chorão. Mas, creio eu que ao menos ele está sendo sincero com ele mesmo e com quem quer que tenha restado de admiradores de seu potencial profissional. Na atual realidade que vivemos, quem irá defender um cara branco de olhos azuis? A beira do precipício para termos como "chorão", "mimado", "chato para caramba" é logo ali. Não há barreiras que impeça a mídia de descer a crítica nele. Também não parece haver algo ou alguém que o isente disso.
Vocês sabem, quem defende, gosta do cara. E são poucos. E isso acontece também caso viesse a ser outro personagem. Imaginem qualquer outro, ali, no lugar do Vettel. Vamos pegar o Leclerc. Estariam todos aplaudindo as mesmas atitudes, sem torcer o nariz. Minto? Claro, que não. É bem capaz que, se fosse ele, a FIA poderia até reconsiderar a punição. Creio até que os esforços da Ferrari seria diferentes para reverter. Mas é tudo "e se?" que não chega a conclusão palpável.

Lendo essas declarações de Vettel, eu tentei esquecer todos os "haters" que poderiam usar essa notícia compartilhando com legendas depreciativas, desejando sua retirada, demissão e aposentadoria da categoria. Tentei analisar friamente e foi algo que resultou em tristeza. É duro ver como a F1 é cruel, até com quem tenha o "triunvirato": talento, personalidade e fibra. Aos poucos, a "nova" F1 vai moldando novos Lewis Hamilton: caras dados à holofotes, marra e estilo. Como celebridades de internet, tem um monte de seguidores, fanáticos que os endeusam. Quem é de outra geração, arqueia as sobrancelhas toda vez que aparecem. Falta algo neles que não atrai os "old school".
Somos, talvez, revoltados com o acontecido com Vettel, porque somos pouco maduros para largar de sofrer por esporte, ou porque somos de outra época. 
Sou da mesma idade do Sebastian, e se ele diz que se apaixonou por uma F1 que não é mais essa que está aí, posso também dizer que não há o mesmo "feeling" que em outras ocasiões me fazia sair da sala do cursinho, às escondidas, sentar no sofá da sala dos professores na escola, para bisbilhotar o treino classificatório em meados do ano 2000.

Talvez seja hora/sinal para que Vettel repense se esse é um ambiente que lhe dê suporte para ser ele mesmo. Talvez isso seja importante para outros pilotos que estão, já há algum tempo, dando murros em ponta de faca com a nova fase da categoria. 
Sair o deixará com estigma de covarde? Sem dúvidas. Mas qual é a vantagem? Jogar a toalha e se dar o direito de não ser mais fantoche de mesquinhos, ou honrar o que conquistou até aqui, fazendo do seu fim de carreira, uma guerrilha?

Comentários abertos!
Amanhã fecharei a escolha do Faixa a Faixa. Já votaram? Ainda dá tempo! Postagem virá no sábado, beleza? 

Abraços sempre afáveis!

Comentários

Carol Reis disse…
Eu já andei notando isso há algum tempo, esse protecionismo da imagem do Hamilton, e não acho que tenha a ver necessariamente com a cor de sua pele (ainda, mas o futuro está se encaminhando para isso). Ele tem sorte de estar numa equipe que está bem a frente das demais, mas isso não o impede de reclamar e de se fazer de vítima ao menor sinal de ameaça. Mas como isso não existe nessa F1 atual, aí ele pode continuar no personagem, fingindo que tem fairplay e serenidade.

O Hamilton, desde que demitiu o pai, tem investido agressivamente na imagem de celebridade, principalmente nos EUA, e acredito que a F1 apenas pegou carona nisso, porque viu que de alguma forma é um marketing eficiente, considerando que os EUA é um mercado que eles querem conquistar. Até agora, a equipe de PR do Hamilton tem construído e vendido o bom mocismo do seu cliente muito bem e com a ajuda da Liberty, mas eu não caio nesse marketing.

Já o Vettel, ao contrário do Hamilton, não é afeito a essas coisas, ele não é celebridade e nem tá preocupado em vender imagem alguma, aí mistura isso com uma fase difícil, uma Ferrari capenga e pronto, já temos a receita para o linchamento midiático. Todo mundo adora esculachar quem tá por baixo, até com o Hamilton isso já aconteceu. Enquanto um passeia com as celebridades e é tema comum em outros meios não relacionados a F1, o outro só dá as caras quando tem GP.

Se o Hamilton não queria ganhar daquela forma, porque não abriu 5s para o Vettel ganhar então? Muito cinismo. Se tivesse alguma personalidade que não fosse a fabricada pelo PR, ele teria simplesmente pegado o microfone e dito: "Regras são regras, minha vitória foi merecida", mas aí viu que ia ficar mal na fita com uma parte considerável da torcida e decidiu fazer teatro para se resguardar.

As coisas estão tão "ruins" p/ a mercedes que o Toto lamentou este difícil final de semana. Tadinho, vou acender uma vela: https://www.formula1.com/en/latest/article.wolff-canada-the-most-difficult-weekend-i-can-remember.BMhCZ9OMu8n2QTse7rauB.html

Aqui o Helmut Marko apontando o claro favorecimento da Mercedes em outro aspecto, só não ver quem não quer: https://www.grandepremio.com.br/f1/noticias/consultor-da-red-bull-destaca-mudanca-drastica-dos-pneus-e-insinua-favorecimento-a-mercedes-na-formula-1

Já que a FIA quer matar a F1 de vez com essas regras, que pelo menos haja consistência nas decisões, mas é pedir demais pelo visto.

Será que os americanos vão querer trocar a NASCAR por isso? Sei não hein
Carol Reis disse…
Outra coisa sobre o Vettel:

Na Espanha, ele teve que ceder o lugar para o Leclerc, todo mundo riu e apoiou. Pelo visto só é errado quando favorece o Vettel. Engraçado como essas pessoas se dizem incomodadas com jogos de equipe, mas não conseguem disfarçar a torcida. Eu gosto do menino Leclerc e tenho ódio de como a Ferrari sabota esse rapaz, mas não sou hipócrita.

Eu já li muitas opiniões duras sobre o Vettel, mas nenhuma delas supera o Antonio Lobato, comentarista espanhol de F1. O cara saiu do campo das "opiniões duras sobre o Vettel" e descambou para o haterismo sem noção, chegando até a inventar que o alemão impediu Leclerc de comemorar o pódio. Esse sujeito deve ser parente do Felipe Massa, só isso justifica passar uma vida inteira chorando por coisas que aconteceram há quase uma década atrás. Eu também ficaria satisfeita com uma vitória do Alonso, merecia demais ter ganhado com aquele carro ruim, mas já passou, supera. Nem o Alonso deve pensar nisso.
diogo felipe disse…
Manu, respeito tua opinião sobre a personalidade do Hamilton, mas discordo quando vc diz q ele não tem talento e sim sorte. Ele tem talento sim e muita sorte. Pra mimem igual proporção. 😉

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