Não, não tem a menor graça

Nesse momento de bananas e selfies está fácil ser chato. Vou ser sincera: implicar com alguma coisa hoje é brincadeira de fim de semana, entretenimento, empolgação momentânea pelo simples prazer de encher o saco e torrar a paciência. Para mim, sim, caros leitores, fazer selfie com banana e ao mesmo tempo participar de hashtags sobre primatas é um oportunismo babaca. É muito confortável sacar seu smartphone, vestir uma roupa legal (e quem sabe até passar uma maquiagem), pegar na fruteira uma banana e "ah #somostodosmacacos". Sim, certamente os torcedores que fizeram a bobagem de arremessar bananas em Daniel Alves estão nesse momento com uma grande dor na consciência, revendo conceitos e se martirizando só pela repercussão que tal "evento" causou nas redes sociais entre celebridades, pseudo celebridades e anônimos modinha. Eu penso que se a cena tivesse parado no momento em que ele comeu a bendita fruta, talvez alguns minutos de reflexão estavam garantidos por parte dos mal feitores. Mas depois da repercussão medíocre que surgiu logo após, eu duvido. Estão, como devem estar mesmo - pois são convictos que ações de racismo toca na ferida e chama a atenção - rindo muito porque de certa forma, repercutiu mais que planejavam.
As duas ações medíocres - o ato de humilhação racista em pleno século XXI e a infeliz colocação de muitos na causa por promoção -  que eu acredito sinceramente que nada tem a ver com o devido propósito dessas bananas em campo, ou qualquer ação que humilhe um outro ser humano pelo sua cor, pela sua orientação sexual, pelo gênero, pelo porte físico ou qualquer coisa que seja diferente de você, proporcione. 
Tudo é uma moda que simplesmente é seguida por todos como uma grande campanha e na realidade, só usam tudo isso como acessório: na prática ninguém deixa de criticar o travesti que está fazendo compras na loja que você entrou, o pobre que gritou na sua orelha na fila do banco, o negro que está sentado no banco da praça, o hippie que está oferecendo seus artesanatos, o gordinho que está na sorveteria e até a loira bonita que está cheia de papelzinho na cabeça, sentada no cabeleireiro.
São muitos movimentos: as feministas e seus discursos de sociedade patriarcal e opressora, quer fazer de você uma militante a qualquer custo, o esquerdista que tem discursos de conspiração, os homossexuais que querem direitos civis... É moda ser engajado, e ser "cricri" com as coisas. Daí vão lá, tiram fotos e "uêba sou engajado". O grande lance desse pessoal é que eles não escancaram a verdade dos fatos: que é preciso se respeitar todos sem engavetar um por um em gavetas de grupos, como se isso fosse a grande solução dos problemas. Virou modinha falar de preconceito e se dizer despido disso, de feminismo em metrô e afins: O método está sendo eficaz ao distrair todo mundo com fotos e tuítes revoltados do que realmente importa, ou seja, a decência e respeito pelo outro. Onde é que você viu alguém ensinando isso, afinal?

Espero sinceramente que nunca mais volte a falar disso, porque na real, para mim é o mesmo que escrever e esperar das pessoas alguns aplausos pela minha atitude do que não fazer nada para que eu nunca cometa nenhuma atitude descortês com outra pessoa por preconceito. Essas pessoas não fazem ideia do que é julgar alguém pelas aparências e depois ter a consciência pesada por isso. Porque se realmente se importassem, não precisariam de hashtag nenhuma...

Abraços afáveis!

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