Temporada 2021: Grande Prêmio da Bélgica

Sabem quando você bola um plano sobre uma determinada situação e quando você vai executar, dá tudo errado?
Uma amigo ou amiga sua pergunta: "E aí, como é que foi lá?"
E você responde: "Moiô"?

Então. Esse foi o GP da Bélgica.
O plano era que tivesse corrida. Mas quase não teve nem classificação.
E deu tudo errado. Tudo mesmo. Por conta da chuva. E entrou água no bom senso de todo mundo também. Ninguém falou coisa com coisa. Todos (ou quase) nessa história, estão errados. 

Esteve errado Michael Masi e sua turma, por fazerem a coisa a esmo, forçosamente a acontecer. Desde sexta se tinha notícia que choveria. Na verdade, esse mês parece que choveu muito na região de Spa. 
Havia ainda um agravante: subiu a questão da pista ser perigosa em decorrência de uma série de eventos automobilísticos que deram em acidentes, inclusive o da W Series nesse fim de semana de retorno da F1.
O cara falou que era seguro e pronto. Mas a gente sabe que não é. 

Riscos são passíveis de ocorrer sempre no automobilismo. Mesmo que tenha melhorado muito com o passar dos anos. Em Spa, e em 2019, houve até acidente fatal, na F2, levando a morte Anthoine Hubert e deixando Juan Manuel Correa com fraturas nas pernas e uma lesão leve na coluna.
Em 2014, ocorreu outro acidente,com chuva e em outra pista. Nem estavam em situação de corrida quando Jules Bianchi bateu num trator que removia o carro de Adrian Sutil. Naquele dia, em outubro, no Japão, havia um carinha lá na frente, em primeiro, pedindo logo que o Safety Car saísse para voltarem a correr.
Ninguém lembra dessas coisas. Só lembram do passado dos caras quando convém fazer bancadinha do cancelamento. 

No geral, não importa. Fato é que ninguém quer assistir à pancadas que comprometam a vida das pessoas. Se querem, por favor, procurem ver outra coisa, pois no esporte, não é isso que a gente quer ver, (embora saibamos que pode acontecer). Se é caso de pista como Spa e está chovendo muito, é não para corridas e fim de papo.
Quem pede chuva nas corridas, realmente não sabe o que está dizendo. Chuva para "embolar" as coisas, podem acarretar consequências que não queremos e que saem do controle deles. Há outros meios de fazer a coisa ficar competitiva sem intromissão da natureza.

Nessas circunstâncias mais delicadas, sob um clima desfavorável, no sábado, com chuva mais intensificada caindo, abriram para o Q3 sem a vistoria das condições de pista. Lando Norris bateu forte. Sebastian Vettel deu de pai quando deixam crianças no parquinho sem supervisão e elas caem e machucam. Ele avisou. Passou perto do Lando, checou se ele estava bem e depois do fim da classificação foi cobrar satisfação do diretor Masi.
Talvez ele seja o único certo nessa história toda. Sim, Sebastian Vettel. Quiçá também George Russell. Mas vou chegar lá.

O Q3 aconteceu assim que a chuva deu uma parada, Verstappen foi pole (merecidamente), Russell deu show como o segundo colocado e Hamilton fechou o top 3. 
Babaquices rolaram que nem correnteza nas redes sociais. Hipoteticamente, Max não poderia comemorar, porque Lando estava fazendo raio x no hospital. Uma pole que ninguém garantia que fosse dele, já jogavam hate no holandês gratuitamente.

"Ah, mas ele mesmo falou disso em Silverstone..." Oras, então repetimos o erro? Vamos fazer ele provar o veneno? 
Não justifica, até porque não foi ele quem bateu em Norris. E ele nem comemorou a pole a ponto de soar desrespeitoso. Que parassem de "mimimi", afinal, havia quase 9 minutos no relógio ainda. Nada. NADA garantiria que Norris continuasse com a pole. Nem mesmo sua habilidade como piloto. Em situação de chuva, acidentes são certeza. Dando nomes aos bois: quem devia ser criticado por atitudes quaisquer era a direção de prova, não os caras em pista e dentro dos carros.

Pensam que parou a chuva de água e a chuva de contradição?
Não. Depois da classificação, Max e George comentaram que as mudanças em Spa, por segurança poderiam ser favoráveis, ao passo que Lewis achava que tiraria o "especial" da pista.
Criticaram Lewis por isso, considerando o que houve na pista de acidentes, em agosto ou mesmo, minutos antes, com o Norris?
... Já sabem, né? Claro que não.

Com muita água caindo do céu, mandaram os carros para a pista e iam sair atrás do Safety Car, no domingo. Não sem algum atraso. Nessa "ida", Pérez deu uma errada e bateu. Ia ficar de fora da corrida. Se fosse o Bottas, tinha avalanche de comentários contra o cara, como se ele fosse o piloto mais obtuso da face da Terra. Se fosse o Hamilton tinham dado bandeira vermelha e os carros voltariam para o pit lane e todo mundo ia dizer que era má sorte e as condições da pista eram impossíveis, numa lamúria danada. 

Pois bem. Depois de um tempo, saíram com o Safety Car. Uma fila indiana, meio torta e muito spray. Não tinha condições favoráveis de visibilidade. Verstappen, que tinha contato apenas com o SC, ou seja, menos spray, ia dizer, com certeza, que para ele dava para correr. A situação para quem estava em décimo era bem diferente.
E ele disse, que por ele, dava, mesmo que a direção de prova desse bandeira vermelha. Ele saiu dando birra do carro? Não. Deu a opinião e pronto. 
Mais uma avalanche de críticas para o Max. Eu só fiz cara de julgamento. O pessoal realmente era cabeça de vento.

Bandeira vermelha. Carros no pit lane. Comentários chatos na transmissão. Pilotos com cabelos bagunçados, e outros com cara de sono. Alguns até dormiram. Outros, foram comer. Não julgo, faria o mesmo. 
Uma demora de quase 3 horas. Tudo para dar palco para os erros de ordem "opinatória":

- Queriam corrida, mas a chuva não tinha parado.
- Queriam segurança, mas não aceitavam os carros atrás do Safety Car.
- Queriam ficar vendo a transmissão, mas a tv tinha que falar de futebol.
- Queriam corrida adiada, mas a F1 nunca passou corridas para a segunda-feira como a Indy ou a Nascar. (E na segunda, iria chover também).
- Queriam que arrumassem uma solução, mas não tinham sugestão descente.

A única coisa que concordei era que a galera devia parar de discutir o que deveria ser feito e pedir pra queimarem o livro de regras, que tem adendos de 20 milhões de punições, mas não tem um parágrafo que diz: "chuva não, violão!"

Carro de corrida e chuva não combina. Aí disseram que iam correr 3 voltas atrás do SC e dar metade dos pontos. Ou iam fazer uma hora de corrida.
Ninguém parecia concordar. E no caso, era dar ponto de graça. Isso beneficiaria a premissa de que, não importa competição, importa o show.
Mas e o público que pagou para ver corrida e não estava vendo corrida?
O público estava ciente do clima. E ficaram lá. Gastaram 800 euros sabendo disso? Talvez não quando compraram, mas quando estava chovendo foram conscientes disso. 
Revolta a gente? Sim, demais. 

Pergunto: Como é que controla meteorologia? 

A F1 paga serviço de meteorologia para saber disso, mas ela não poderia dizer simplesmente "tchau" para Bélgica. E a logística, e a publicidade? Querem que os caras, do anda, virem bons samaritanos em considerar todo o prejuízo e arcarem com todas as consequências? Ficaram malucos? Claro que não!

Vem o pateta lá e faz postagem no Instagram pedindo que "devolvam o dinheiro dos torcedores". Opa! Sim, seria uma coisa a se dizer. Mas o que ele queria que fosse feito para que isso não fosse colocado à mesa?
Passar a F1 para segunda?
Os torcedores iam trabalhar e iam pedir para o chefe uma folga? Além disso, segunda tinha previsão de chuva. E a logística de ficar ali, todo mundo, mais um dia, trabalhando? Na terça já teria que correr para Holanda.
Ele, bonitão, pode ir embora logo depois da corrida e chegar no país na quinta. O resto do pessoal, como mecânicos, iam ter que ir para o próximo GP, sem descanso e ainda enfrentando aeroporto.
Fácil dizer, caso fosse essa a solução sugerida por ele (e eu sei que não foi). A Angela Cullen - a preparadora física dele - ontem: a) correu à pé, na chuva, b) carregou casaco, c) carregou bolsa, d) segurou capacete, e deve ter até ajudado a ir no banheiro, enquanto ele, sequer andava à pé dos boxes até o carro: ia de patinete (sempre estacionado, com mil coisa na mão, pela prestativa Angela). 

Acharam o quê, que só tem um prejudicado nessa historieta toda? Só o público, ou só os mecânicos do Pérez que consertaram o carro, conseguiram tempo hábil para liberarem o piloto para a corrida que nem teve?? Ou os jornalistas que nem a Mari Becker que a Glenda disse na transmissão ter dó dela por trabalhar na chuva? (Gari por acaso, tem escolha né? E ganha o mesmo tanto.)
Percebem a loucura que é pensar nas contradições que implicam uma mísera chuva que não é uma torneira da qual, fecha o registro e tá tudo certo?
Isso é só um pedaço da brincadeira.

Bacana fazer o Sr. ou a Sra. Consciente. O lance era que não tinha condição de corrida e não era por algo no controle de todo mundo.  Foram 3 minutos e 27 segundos de carros na pista para dar metade da pontuação aos 10 primeiros do grid. Patético? Sim. Mas foi o que tinha.

Cancelar a prova dava vantagem para um e prejudicaria outro e ia dar ainda mais confusão. No entanto, deveria ser o certo a fazer, mesmo nessas condições. Teriam o prejuízo, jogaria o que foi feito, na sexta e no sábado no lixo. Queimariam o dinheiro? Duvido. E ainda legitimariam a falsa preocupação com os torcedores? Duvide-o-dó. 
Claro, não finjam que quem fala em nome dos torcedores, pede cancelamento por isso. É subterfúgio. Cancelando Bélgica é uma corrida a menos para a Red Bull e uma a mais para a Mercedes permanecer à frente dos tourinos. Dito de outra forma: Hamilton continuaria a 8 pontos de vantagem num circuito que, em tese, Max tiraria diferença. 
Pode até ser que Lewis ficou com pena da galera, mas no fundo, ele dá voz porque é o Sr. Palestrinha.

Eu disse que o Vettel era o único correto nessa, mas só por querer a segurança de todos. Para ele, não tem desculpa aparente. Um cara que perdeu 18 pontos corrida passada, não ligaria em perder 5. E além do mais, ele já tinha feito comentário sobre "money talks" e a relação com a TV, sem precisar de Instagram e antes mesmo de ter condições de pontuar de forma bem tosca. Por isso, está na cara que tanto fazia, desde que todo mundo estivesse seguro.

George Russel comemorou demais o pódio. Nem teve corrida, e comemorou o quê?
Oras, pontos, garantidos pelo esforço no sábado. Sem chuva ele estaria ali? Provavelmente não, mas tem se esforçado em todas as corridas. É um prêmio de consolação e não vou cortar o barato. Deixa o cara!
Percebem o lance de se preocupar com os outros é só subterfúgio? Nessas horas, Hamilton não pensa duas vezes em dizer que deve cancelar. Que se lasque o cara que, em outras circunstâncias, não teria troféu.
Agora imaginem se fosse o Max falando: "tem que cancelar essa porcaria!"... Em menos de 3 minutos e 27 segundos, o tempo que durou a "fake race", teria um sem número de xingadores do holandês no Twitter - "O cara não tem coração. Olha lá o Russell, feliz e o Verstappen pede pra cancelar?" 
Chamar ele de "babaca" seria o termo mais fofinho usado.

O ponto é: os chefões são os que estão sentados nas pilhas de grana. E os pilotos, como "funcionários" podem até falarem cobras e lagartos e criticarem. Mas estão, como diria, de mãos atadas. Se cruzam os braços, tem que pensar bem, porque eles também tem patrocinadores, contratos e blábblá... É complexo e não tinha/tem solução fácil. 

Assim, como um parto sem neném, como um pote de sorvete sem sorvete, como uma receita de bolo que deu errado, como um show de banda em que se toca uma música e saem do palco, esse foi o GP da Bélgica. Dá para reclamar? Dá um monte. Mas o resultado final - aguado - é o que teve. 

Kimi achou uma cadeira na Red Bull e ficou por lá mesmo.
Faltou desistir, e pegar um coca-cola e um picolé, que nem Malásia 2009. 

Mais sobre esse GP, hoje, na live do Clube da Velocidade, às 20hs. 

Abraços afáveis e me digam aí, o que acharam das decisões de ontem.

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