Tabelas da Décima Primeira Etapa da Temporada 2021

Como prometido, ao longo da semana eu deveria voltar aqui para dar os resultados do GP da Hungria.

A demora se deu por motivos extra pista e para quem está perdido que nem cachorro caído de mudança, atualizo: Sebastian Vettel teve a segunda colocação desqualificada, pois encontraram apenas 300 ml de combustível para análise no seu carro, sendo que, por regra era necessário 1 litro. Entre idas e vindas, outras situações semelhantes no passado, foram liberadas, mas a do piloto da Aston Martin foi avaliada de forma irredutível, sem panos quentes. 

A equipe declarava haver 1,74L no tanque e o carro foi recolhido para maiores averiguações. O resultado ficou em suspenso, mas era bem possível que nem a FIA nem os comissários do GP iriam voltar atrás. A Aston Martin tinha até 96 horas para entrar com um recurso, caso tivesse novas evidências que pudessem mudar a punição pela falta de combustível mínimo estabelecido por regra no carro no fim da corrida na Hungria.

No dia 9 de agosto, ou seja, na última segunda deveria sair a decisão do apelo da equipe. O pedido de direito de revisão da punição do piloto - isto é, perder o segundo lugar conquistado - foi *se preparem pois isso aqui é inédito* negado pela FIA.
A questão apresentada como evidência dão conta de que a equipe apresentou provas sobre uma falha no sistema que não detectou a tempo a falta do 1L mínimo estabelecido por regra. Ao que parece, a FIA acatou, porém não achou suficientemente relevante *meeeeeesmo???* para suspender a pena. 

Ainda tem mais: A Aston Martin seguia firme, dando realmente sinais de terem sido vítimas de uma falha de sistema que acontece muito raramente, mas acontece e iriam atrás do direito de contestar a decisão diretamente com o Tribunal da FIA, ou seja, com juízes independentes que analisariam o caso de forma "excepcional", por assim dizer.

Isso poderia levar um tempo considerável, e eu já tinha dito na página do Facebook que acreditava que podíamos colocar uma pedra no assunto, e considerar que Vettel realmente estava desclassificado do GP da Hungria de 2021. Ainda que fosse lastimável que uma regra técnica caísse nas costas do piloto e não da equipe, ela não é uma regra nova, e a FIA não é do tipo "tudo bem, nesse caso, vamos aliviar" ou capazes de reconhecer que são inconsistentes. 

Acho (só acho mesmo) que diante disso, a Aston Martin aceitou a desclassificação e perdendo os 18 pontos conquistados. Isso pareceu claro quando revelaram na quinta-feira, dia 12, o comunicado que dizia o seguinte, em tradução livre: 

"Tendo considerado nossa posição e observado o veredicto dos comissários da FIA de que havia novas evidências claras de uma falha no sistema de combustível, retiramos nosso recurso com base em que acreditamos que isso supera os benefícios de ser ouvido."

Depois de um grande corrida, o segundo lugar de Vettel fazia com que ele mantivesse o décimo lugar na classificação geral. No entanto, como descobriremos em outro post, ele caiu para décimo segundo, com a desclassificação.
Assim já damos conta de um dos assuntos da corrida da Hungria. Vettel fez uma corridaça, mas acabou punido por uma regra básica que ocorreu por falha em sistema e não burlaram de propósito para ganhar vantagem.

Fica no ar o desentendimento com as regras morais veladas da FIA em relação à manifestações sócio-políticas. Sebastian fez campanha a favor da comunidade LGBTQIA+ usando uma máscara e uma camiseta da bandeira do movimento no ato do hino. Ele estava fazendo isso, não por querer aparecer, mas por estar num território em que promulgou uma lei que vincula homossexualismo a pedofilia e um referendo de mesma natureza do primeiro ministro húngaro, Viktor Orban. Sem textão nas redes sociais Vettel, simplesmente chamou atenção para o quão retrógrado um país pautar leis assim que tolhem a liberdade das pessoas em serem quem elas são e foi chamado atenção pelos comissários logo que a corrida terminou.

Isso posto, vamos às tabelas de resultados do GP da Hungria 2021, começando pelo placar de classificação:


Último GP antes da segunda parte da temporada tivemos pouca ou nenhuma surpresa em relação às demais classificações até então:

Lewis Hamilton foi melhor que Valtteri Bottas na
Mercedes, e não poderia ser diferente. Fecharam a primeira parte 8 a 3 e a tendência é piorar... Para o Bottas, claro. 
Max Verstappen é melhor que Sergio Pérez e isso, nem é só na Red Bull. São simbólicos 10 x 1 bem elucidativos sobre os dois.
Lando Norris foi, mais uma classificação, superior a Daniel Ricciardo, assim como Charles Leclerc também foi muito melhor que Carlos Sainz - que acabou rodando no Q2 e largando apenas em 15º. 8 a 3 para as duplas da McLaren e da Ferrari
Na Aston Martin, deu Vettel no Q3 e Lance Stroll começa a perder significativamente para o tetracampeão. Talvez tenha que cortar dobrado para recuperar o que vinha fazendo no começo do ano, pois fecha o placar com 4 a 7 em favor do Seb nessa primeira metade da temporada.
Na Alpine, a dupla passou para o Q3, mas Esteban Ocon ficou à frente de Fernando Alonso, com P8 e P9, respectivamente. Alonso fecha o placar pós Hungria na frente: 5 a 6. 
Gasly e Russell simplesmente anularam, mais uma vez, seus companheiros Tsunoda e Latifi nas classificações, em suas respectivas equipes - Alpha Tauri e Williams. Todas as 11 corridas saíram na frente.
Kimi Räikkönen via Antonio Giovinazzi se afastar dele no placar, mas na Hungria se classificou a 19 milésimos de segundo em relação ao italiano com vastas madeixas. Ambos sofrem um bocado considerável com a Alfa Romeo esse ano, todavia Gio segue bem melhor em classificações: 8 contra 3.
Um * foi colocado no placar da Haas. Os 2 GPs em que Nikita Mazepin foi melhor que Mick Schumacher se deram pois Mick não participou da etapa classificatória por conta da regra do 107%. Em Mônaco e neste último, a Hungria, ele acabou batendo nos terceiros treinos livres e o carro não foi ajustado a tempo para a disputa do Q1. 
Como no placar de corridas (que comecei a fazer bem depois do começo da temporada) eu excluo pontuação daqueles companheiros que não terminaram as corridas, na classificação deveria fazer exatamente o mesmo. Assim, o placar da dupla é um redondo 9 a 0 para Schumacher, de 11 classificações. 

Seguimos os tempos de classificação e o "race result": 


A corrida na Hungria conteve pontos bacanas e nem foi pela vitória inédita de um piloto de meio e fim de grid.
Logo que os carros ficaram espalhados, houve a famigerada bandeira vermelha. E enquanto a organização acontecia, houve tempo para passar fita no carro do Max e mandá-lo para pista tentar alguma coisa. Já dava para imaginar que a gente estava diante de um carro que não é o melhor do grid pois Max não ia fazer nenhum milagre com meio Red Bull.

Depois da volta de apresentação, todos os pilotos restantes, exceto Lewis, foram para os boxes trocarem de pneus. Hamilton ficou sozinho e protagonizou a largada mais inusitada que já vi: ele e o vento úmido. 

E quem saiu na frente dos boxes, acabou vencendo a corrida "maluca" do ano.  
Está certo, Ocon foi ótimo em ter sido um dos primeiros, ter se mantido na ponta depois da parada do Hamilton, ter segurado Vettel que o pressionou durante toda a corrida, mas, não é para ficar dizendo que foi aqueeeeeeeeeeeeeeeeeeela corrida.
Continuo achando ele um tanto fraco? Sim. Ao mesmo tempo, foi bacana ver ele alegrinho lá, comemorando e sorrindo e "eeeeh, viva todo mundo". É legal essas coisas. Mesmo que a gente "não simpatize" com o vencedor. 
No entanto, vamos ser pragmáticos que mais legal que ver piloto inédito, é piloto salvando a categoria, a corrida e sendo magnânimo. Que aula que o companheiro de equipe do Ocon deu de pilotagem, esportividade e competição, amigos e amigas!

Sim, vou rasgar seda para o Alonso. O cara fez algo que eu sempre achei indispensável para a F1, mas nunca havia visto alguém fazer. E não, não foi (só) ter segurando Hamilton por 8 longas voltas e ter dado uma aula de defesa de posição para o choramingante heptacampeão. 
Os pilotos querem vencer, alçar-se ao pódio, marcar pontos, custe o que custar. São (ainda que não admitem) egoístas. E Alonso sempre foi tachado assim - um cara que é difícil de trabalhar junto, que se acha o dono de equipe. 
Pois ele segurou Lewis, por 8 voltas, atrasando o cara, e se sacrificando em detrimento da vitória de seu companheiro e por extensão, o pódio de Vettel e Sainz. No limite o tempo todo, ele ajudava, até errar e Lewis passar, também o Max, que custava a ter um décimo lugar, marcando 1 ponto com o meio carro. Com aquelas 8 voltas, Alonso salvava o campeonato de mais uma vitória fácil de um piloto que já tem mais de 100 delas.

Há quantos anos, assistimos raras corridas que Lewis saiu de posições lá atrás e passou pelos adversários que não ofereciam o mínimo de dificuldade para ele? E um tempinho que ele perdeu atrás de um infeliz que ousou tentar, não houveram reclamações de seu rádio?
Não obstante, ele reclamou das manobras de Fernando para se defender, acusando de infringir regras. Claro que não tinha o mínimo da razão. Se não fosse o erro do espanhol numa freada, era possível que Hamilton não tivesse chegado à Sainz e só teria um pódio no tapetão, dada a desqualificação de Vettel.

Depois da Hungria, Alonso fez declarações óbvias dizendo que o problema que Max precisaria lidar é não ser inglês. Se incluiu como vítima de um discurso "vilanista" da mídia inglesa a respeito de pilotos de outras nacionalidades na categoria, dentre outros assuntos.
Um monte de gente se doeu com isso, e não souberam admitir que o Alonso pode ter uma personalidade difícil ou defeitos, mas ele nunca falou coisas erradas à esmo. É um cara muito inteligente para cometer falas despropositadas. Essa declaração, apesar de soar recalcada, não podia ser alvo de críticas como se fosse uma inverdade.

A mídia inglesa não é nem um pingo isenta. Nunca foi, nunca será. Nenhuma é, na verdade. 
O lance é que ela molda outras mídias, como a brasileira, sobretudo no que diz respeito a análise de desempenho de pilotos. Agora que somos um país sem representante na F1, aparece "do nada", temos apelidos carinhosos e muita torcida para George Russell e Lando Norris, mas não temos gritos entusiasmados de narradores e comentaristas sobre Mazepins ou Raikkonens. 
Estou sem dúvidas comparando maçãs com laranjas, mas o ponto nem é esse. Não estou dizendo que que Nikita ou Kimi são melhores que Lando e George. A questão é que, holandeses, alemães, finlandeses e russos não terão torcida óbvia. No máximo, franceses (e italianos, talvez) podem gerar alguns elogios e um grupo de seguidores, mas só quando não atingirem seus protegidinhos ingleses.
"We race as one" é uma campanha falsa, dizem por aí. 
Mas quando um espanhol fala a real, é um infeliz arrogante que se acha o centro das atenções?
Fácil falar dos outros, não é?

Já que falamos de pilotos ingleses, George, finalmente marcou seus primeiros pontos de Williams e veio às lágrimas numa das entrevistas pós corrida. Ele também deu um showzinho de altruísmo que fez com que muita gente babasse colorido. Num dos rádios da corrida, ele disse para equipe que se fosse o caso de sacrificar a corrida para salvar a de "Nicky" (em referência ao Latifi), podiam. 
Tudo bem que, futuramente ele pode estar no assento 2 da Mercedes e tal, mas falar essas coisas assim, naturalmente, mostra uma atitude salutar pouco vista no grid.
Não cabe a zuação, mas é fato que ele chegou em nono e o Latifi em oitavo (transformados em oitavo e sétimo respectivamente, depois da desclassificação do Vettel). Os primeiros pontos do canadense na carreira, na categoria, foi mais que o companheiro de Williams... É a vida, gente! 

A dupla da Alpha Tauri também fizeram uma corrida bem feitinha. Chegaram logo atrás de Alonso, e terminaram, com a desclassificação do Vettel (vou repetir isso 80 vezes!! Haja saco...) no P5 e P6. Gasly até completou a volta rápida, marcando o ponto extra! 
E por falar nisso, aqui vai as listas completas de todas as voltas rápidas:




Verstappen tem 4 voltas rápidas (Espanha, Baku - sem ponto, por não ter completado a corrida pelo estouro do pneu - França e Áustria), Hamilton tem 3 (Ímola, Mônaco e Estíria). Bottas tem duas - Barein e Portugal - e Pérez tem uma, em Silverstone (não computado o ponto por estar fora da zona de pontuação). 

Para finalizar esse post e deixar para comentar outros assuntos, precisamos falar de Kimi e de Sainz. Depois de bater na trave para chegar a zona de pontuação, no Barein, em Mônaco, na Estíria, e quase ficar no P11 de novo, se não fosse (de novo!!!) a desqualificação do Vettel, Kimi marcou mais um ponto, totalizando 2, até agora.
Eram para ser 4, mas com a punição em Ímola, desde Baku Kimi estava com apenas um pontinho. É uma miséria, mas é o que tem para hoje.

Carlos Sainz tem feito corridas muito boas, mas pouca gente tem dado o devido crédito. Eis a prova de quem "vomita" entusiasmo para uns e se esquece de outros que estão sendo estupendos e ninguém se importa. Sainz tomou uma rajada de vento no Q2 no sábado, que fez ele bater e largar da 15ª colocação. Chegar em quarto (ou em terceiro, como ficou com o DSQ do Sebastian Vettel o.O) foi um feito grandiosíssimo. Com seus pontos, a Ferrari passou a McLaren no campeonato de construtores. 
Falaremos sobre isso, mais detidamente, ao longo do mês. 

Decepção total para Daniel Ricciardo que ficou pela terceira vez fora da zona de pontuação nessas 11 corridas. As outras duas foram Mônaco e Estíria. Não a toa, ele ficou "tristão" quando saiu do carro. Foi a primeira vez que a McLaren saiu zerada de um GP com o abandono de Norris - o único piloto a marcar pontos em todas as corridas, até chegar Hungria.

Ah, e o piloto do dia? Bem, mas beeeeeeeeeeeeeeeem merecido, pelos motivos que já considerei acima:


Se esqueci de algo, comentem. Se quiserem palpitar alguma coisa, comentem. Se quiserem falar só "oi", comentem também!
Volto quando tiver um tempo e um texto legal sobre o campeonato nessa primeira parte da temporada.

Abraços afáveis e espero que todos estejam com saúde e se cuidando!

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