Chapter 2 F1: GP da Estíria

Num ano atípico e na gana de quererem - a qualquer custo - voltar para as pistas e para a competição em 2020, a F1 moldou tudo seguindo os protocolos de segurança sanitária para que a temporada da Fórmula Hamilton transcorresse sem maiores danos.

Semana passada já vimos, lá na Áustria mesmo, no circuito de Spielberg, toda as questões necessárias: 2 metros de distância entre si e repórteres de máscaras. A mesma coisa para pilotos e funcionários. Todo mundo testado, alguns optando por evitar hotéis e permanecendo no paddock, além do álcool gel disponível o tempo todo e o pouco ou nenhum contato físico entre as pessoas também se via por ali. 

Já sabíamos que, dadas as circunstâncias, o Red Bull Ring receberia o circo da F1 duas vezes, e era, então, na mesma pista que aconteceria as primeiras etapas do calendário ainda por se ajustar por completo. 
Surgiu no passado uma ideia de classificação diferente - o chamado grid invertido. Quem largaria na frente no GP da semana seguinte, seria o primeiro a abandonar no domingo anterior. No caso, Max Verstpapen seria a pole, e por extensão, o vencedor - Valtteri Bottas - largaria em vigésimo, caso aplicassem a nova forma de classificação. 
Isso facilitaria "a mudança" que buscávamos para um circuito já conhecido e traria uma dose de desafio para que pudéssemos "ver no que ia dar"... Só que quando a proposta do grid invertido surgiu, no ano passado, a Mercedes foi a única equipe contra e como é necessário unanimidade, só ficamos no "e se".

Sob a justificativa de que, o melhor carro é o que deve largar na frente (e se é o melhor carro, não deveria importar  tanto se vai largar do último, já que a possibilidade de ter resultados bons, é bem grande) não houve grid invertido. Teria sido útil também, dado que caiu uma baita chuva no sábado, e cancelado o terceiro treino livre, a classificação dava indícios (e foi) de ser um retorno ao óbvio.

Ok, a pista da Red Bull de novo, num prazo curto, estava bem certo nos planos. Manter o pessoal num isolamento então, era uma medida necessária e não há dúvidas que era o melhor a ser feito (mesmo que alguns infelizes pilotos rompessem a bolha para voltarem para casa, festarem com amigos e namoradas...). 
Por isso, o mais normal seria que a organização da F1 impusesse algumas coisinhas para então, dar um aspecto "novo", de DESAFIO já que era o mesmo circuito e muito pouco ajuste poderia ser feito à contento por parte das equipes médias e pequenas. Se grid invertido estava fora da cogitação, o pessoal da FIA sacou uma outra grande ideia: mudar no nome do GP para Estíria (que rendeu um sem número de apelidos e rimas por aí afora).


Assim, inicio a pergunta: Cadê aquele pessoal que, na semana passada chamava de trouxa aqueles (eu inclusa) que diziam que a Mercedes e Lewis Hamilton venceriam a corrida?
Cadê a galera que disse que tinha pena de quem desligou a tv assim que Verstappen abandonou,  dizendo que ia ser "mais do mesmo" - e perderam a vitória do Bottas, e o pódio da (ruim) Ferrari com Charles Leclerc e o primeiro de Lando Norris?
A F1 2020 não era da Mercedes e nem do Hamilton... Ele até tomou duas punições e uma delas "que dó", muito injusta... Que a gente estava dizendo?? F1 2020 era diferente!!!!


Num prazo de 5 dias, ninguém ficou com essa. Sumiram todos os "que pena de você que acreditou que a F1 não é mais fantástica"!
Pois bem, foi isso: o retorno da rotina... Com um sabor de fel. 

Na sexta, Lewis disse que faria dança  da chuva para "NÃO" chover, indicando que não conseguiria - coitado . E eu postei nas redes - e não sou famosinha nem por isso - o meu gif favorito, só porque eu quis:


No sábado, ele fez a volta "fenomenal", "perfeita" e toda a "rasgação" de seda se deu de forma enjoativa, como... sempre.
Acostumados à isso, todo fim de semana de corrida, bufar e rolar os olhos é uma das coisas que nos resta. Outra era escolher um pobre coitado para torcer durante a corrida. 
Da minha parte o escolhido foi Verstappen. Havia apostado em dobradinha da Mercedes seguida das duas Red Bulls, com Max na frente de Albon. De qualquer modo, eu não ligava se errasse muito na aposta. 
Na noite de sábado para domingo, tive um sonho esquisito, em que eu deixava de ver a corrida para atender uma emergência. No sonho, eu fazia isso sem remorso: As Mercedes lideravam com sobras e as duas Ferraris tinham abandonado a corrida por problemas mecânicos. No caminho, eu ainda achei uma bolsa com 500 dólares dentro dela, numa correnteza.

Se meu sonho era profético, falta receber "milagrosamente" as 500 notinhas, pois ainda não tive nem sinal de que isso vai acontecer.
As Mercedes de fato, fizeram dobradinha. Hamilton foi o que sobrou. Com chuva, sem chuva, o cara tá na ponta. Com chuva, sem chuva, com problema no carro, pintura que super aquece... Tudo balela, conversa para boi dormir. Logo depois, vem o papinho de superação, que é tão real quanto nota de 3 reais.
Mas como ele mesmo disse num programa de entrevistas ano passado, questionado por um ator no sofá querendo saber se a percepção e reflexo de pilotos é diferente das outras pessoas, ele sacou um "Eu não sei, para mim é um talento que eu tenho". 
Desculpem a reação, mas é inevitável:


Bottas no entanto, precisou usar a parcimônia e a estratégia, para chegar ao segundo posto. A sua ultrapassagem sob Verstappen só não foi mais linda porque Max foi muito melhor em não vender a posição barato. Sem toques e de forma limpa, o menino segurou muito bem e foi, de toda a forma, o melhor e mais bonito lance da corrida, ainda que tenha lhe custado o P2.

Quanto a Bottas, uma equação simples: Melhor equipamento = melhores posições. 


Mas isso só aconteceu no final da corrida. No começo, na largada, houve o lance da discórdia.
E sabe o que é mais tosco de tudo? É que nem deveria ter pontos de discussão sobre o incidente da largada: independente do anglo que se assiste a batida entre Sebastian Vettel e Charles Leclerc fica claro quem era o culpado. 
Lance de corrida? 
Bom, se fosse o Vettel passando por fora daquela forma, diriam que foi "manetada" do alemão e haveria um texto para cada portal especializado e 3000 tuítes de entendedores de plantão, analisando a performance de Vettel e suplicando para a sua saída da categoria o quanto antes. 
Como foi o contrário, ou diz-se:
a) "Foi um lance de corrida, muito comum de largadas"; 
ou 
b) "Leclerc foi afoito e reconheceu o erro. Está tudo bem".  

Mattia Binotto, chefe da Ferrari, juntou um pouco de cada uma das duas alternativas e finalizou, declarando que "não existe culpados".



Não é de espantar que, depois do vexame, e dos pilotos irem para o cercadinho de jornalistas, logo apareceu na tela, os funcionários da Ferrari montando tudo para dar o fora dali. Vettel, dizem, teria feito as trouxas e partido do paddock e nem iria aparecer para dar declarações numa coletiva de imprensa.
Faz certo. O desprezo é tamanho que, já que as portas da Red Bull e da Mercedes parecem completamente fechadas ao tetra campeão, ficar fazendo "sala" para essa equipe só faria a gente tomar raiva do Sebastian. Duvido que mereça tanto ser feito de palhaço como está sendo, então, o melhor mesmo é que fale o trivial e dê o fora, na menor das oportunidades. "Os seus serviços foram dispensados..."


Hoje pela manhã, os tifosi amanheceram com um bom resquício de ódio no coração. Os jornais não pouparam críticas: Tuttosport deixou claro - "Não há carro, não há filosofia, não há pilotos. Vettel confuso nesta situação a prazo. Leclerc pensa que ainda está a fazer corridas virtuais".
E o Gazzetta dello Sport: lançou: "Pesadelo. O SF1000 não tem futuro!"


Sem novidades na corrida, o pessoal passou a reclamar da narração. Tranquila, sem gritos ou espasmos, o pessoal ainda teima em achar o narrador Cléber Machado o pior das opções e isso é um tanto lamentável. No entanto, do ponto de vista prático, isso também era sinal de que a corrida estava tão morna que estavam prestando atenção em outras coisas que não eram necessariamente relevantes. 

Toda a rotina dos resultados estavam ali, dando as caras, mas ninguém parecia se importar. Menos mal que, de algum modo, as pessoas se atentaram para as boas coisas acontecendo - com a corrida totalmente resolvida ou pelo menos, desenhada, os olhares se voltavam para as disputas de meio de grid. Os protagonistas são os carros cor de rosa Sergio Perez (e quem diria?) Lance Stroll, mais a boa volta em forma da McLaren, com a dupla Lando Norris e Carlos Sainz. Olhares atentos acompanhavam a dupla da Renault - Daniel Ricciardo e Esteba Ocon - e as tentativas de ter resultados bons, de Alexander Albon.  
Mas o melhor entre alguns destes estava por vir, no fim da corrida como se esperava: Perez atacou Albon, mas a ultrapassagem não foi perfeita e houve toque, danificando a asa dianteira. O companheiro Stroll atacava Ricciardo conseguindo a ultrapassagem. Só que não contavam com o avanço de Norris que, não só aproveitou-se da situação entre os caras, como passou para ser o quinto na classificação geral. Pérez sustentou o sexto lugar, seguido de Stroll e Ricciardo só ficando à oitava colocação. 

Os jovens - no caso Norris - causam comoção entre os fãs. "Meninos novos", dizem, estão enchendo os olhos dos "tios" e "tias" que acompanham a F1 sem prestarem muita atenção aos dados estatísticos. Já se comenta sobre a "nova de geração" de "molequinhos habilidosos" com bastante emoção, e dentre eles, apesar de não comentarmos aqui está George Russell que tem feito o possível para fazer da Williams digna de atenção. Na classificação, ele colocou a equipe no Q2, largando da 11ª posição. Na corrida, ele acabou por terminar em penúltimo, só desfavorecendo ainda mais a atual crise da equipe.   

No pódio, Hamilton, Bottas e Verstappen e a representante da Mercedes (uma engenheira, a primeira mulher negra a subir no pódio da F1...) receberam seus troféus de um carrinho. Eu ri muito, especialmente da cara do Verstappen acompanhando o primeiro carrinho. 
Em contrapartida, evitam a interação, lançam notas sobre pilotos sem máscara e/ou pilotos que voltaram para as suas casinhas, mas divulgaram que em Sochi, na Rússia, a décima corrida, poderão receber o público (ainda que reduzido)... A Rússia é o quarto país na estatística, em contágio. São, até hoje (segunda-feira) 733.699 contagiados e de mortos, são 11.439.  Vai entender, né?

Está todo mundo feliz? Então é para ficar. Semana que vem, já tem mais Formula Hamilton. Logo ali, na Hungria, pertinho e também, piscou, já é sexta-feira. 
Não vai mudar muita coisa, já vou avisando. O meio de grid é que vai voltar a ser interessante e olhe lá... 

Abraços afáveis!

PS: (Parei de dizer isso, mas é preciso retomar) - Pessoal, cuidem-se, fiquem em casa se puderem e fiquem bem! 

Comentários

Carol Reis disse…
Nossa, se fosse o Vettel fazendo aquela trapalhada a forca já estaria pronta. O barulho seria muito maior, mas como foi o Leclerc, o Binotto disse logo que não ia apontar dedos e bla bla bla. Aliás, não só ele mas todo mundo foi compreensivo. Até quando isso vai durar? Pq o Leclerc não vai consertar aquela escuderia e vão demorar p sair da lama em que estão. Logo ele vai ser o mais novo culpado pela falta de rendimento do carro, vai ser o novo judas da imprensa italiana. Pobre Sainz, destruiu a carreira, pois não basta pilotar uma Ferrari, ainda vai ser obrigado a se curvar p Leclerc.

No mais, o resto da corrida foi uma sonolência só, nem vi tudo.
Manu disse…
De fato, Carol. O escândalo teria sido bizarro se fosse "culpa" do Vettel. Na real, até agora não vi nada que fosse "culpa" do Vettel, de verdade.

É só uma questão de tempo para Leclerc também ser o novo judas e Sainz que vai chegar como promessa, vai penar para mostrar resultados favoráveis e as críticas à ele não demorarão muito, afinal, novatos e segundões sofrem mais.
É deplorável o que está acontecendo lá, mas não é novidade. É só a ponta do iceberg...

=*

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