Faixa a Faixa: Meliora

Mais outra postagem do Faixa a Faixa, desta vez programada em um intervalo de 15 dias. É necessário manter a palavra mesmo com as atividades batendo à porta novamente. Desta vez, estamos com a segunda escolha da última enquete. Led Zeppelin acabou empatando com Ghost com três votos cada um. Para quem não viu o post do Led Zeppelin III, basta clicar aqui
Hoje, vamos de Ghost e este é sem Patrick Swayze (rsrsrsrsrs...)


♫ Nome do álbum: Meliora

Este é o terceiro álbum da banda Ghost. Se tivesse feito essa postagem, por exemplo, há uns três anos atrás ela seria um tanto diferente. Eu diria que algumas coisas que poderia manter para esse texto: banda de origem sueca, que começou suas atividades musicais em 2008, e possuem membros anônimos que atendem por nomes inventados: os instrumentistas são os Nameless Ghouls, com símbolos que os diferenciam(Fire, Water, Air, Earth e Éter), e o vocalista, Papa Emeritus I (do primeiro disco e turnê), o II (do segundo disco e turnê) e, o III, do Meliora (e a turnê subsequente) da qual trataríamos um pouco mais, aqui.

Cada Ghoul usava máscaras iguais à essas:

No começo do Ghost

Do disco Meliora em diante

Já os Papas, eram em tese, pessoas diferentes. De diferentes personalidades, sempre foram figuras anti papais, satânicas mesmo. O I, foi aposentado dando lugar ao II e ao terceiro disco, o III: todos com jeitos e trajes que compunham seu arquétipo. Isso tudo, fazia (e ainda faz) parte de uma narrativa interessantíssima sob o ponto de vista do entretenimento, sobretudo quando se aposta muito na atmosfera do Horror Show, como pano de fundo para a banda em diálogo com seus fãs, não se limitando apenas à composição musical, mas também um apelo imagético.
Até aí, ainda podemos fazer o uso das informações sem estar atropelando as definições atuais.

Especulações sobre a identidade de todos eles sempre foram feitas, algumas vezes até foi divulgado serem integrantes de bandas suecas já extintas. Nada confirmado até que a brincadeira acabou perdendo seu sentido graças à uma briga de egos que acabou na Justiça.
Em meados de março de 2017, Martin Persner, revelou em um vídeo que era o guitarrista do Ghost, atendendo pelo "símbolo/nome" de Éter ou Ômega.
No mesmo mês, fãs perceberam que alguns músicos haviam sido realocados. Eles perceberam pelos seus tipos físicos e trejeitos no palco que não eram mais os mesmos membros. No mês seguinte, mais quatro membros revelaram suas identidades (Simon Söderberg, Henrik Palm, Mauro Rubino e Martin Hjertstedt). Veio à tona um processo judicial que os "revelados" moveram contra o mentor da banda, que acabou precisando sair do anonimato. Então conhecemos Tobias Forge, o homem por trás dos 3 Papas que encarnou nas apresentações, o que formulou o conceito da banda e convidou amigos para fazerem parte do projeto. A apunhalada nas costas veio ao notarem que eram bem sucedidos e conhecidos na Europa, mas não tinham uma participação financeira considerável (para eles). Tobias veio à público a dizer que a banda era seu projeto solo e que os demais eram convidados que recebiam por apresentação ao vivo.
O que pareceu era que, quem tem toda a criatividade em jogo, e sustenta sua posição, é sempre o vilão da coisa. A figura mercenária. Os demais, são vistos como coitadinhos escravizados. E então, entre fãs e admiradores, a coisa rachou em duas. Os malucos que detestam a banda por qualquer coisa, só intensificaram suas críticas.

Teria sido mais fácil, que eu escrevesse antes de que toda as informações identitárias tivessem vindo à tona. Agora, há um sem número de músicos que passaram a dividir palco com Forge. De qualquer forma, Tobias agora mantém sua imagem longe de holofotes o quanto pode, ganhou na justiça, provando que o projeto era seu e que ele coordena "o poleiro". Mas essa história ainda vai longe já que os "revelados" não se deram por vencidos.

► Arte, capa e encarte:

Meliora, vem do latim, "Melhor" e faz jus ao nome. Foi lançado no dia 21 de agosto de 2015.
A capa, aparece o Papa, num grande altar em estilo gótico. 



Além do visual capa, disco e contra capa,  o encarte contem desenhos para cada uma das 10 faixas, riquíssimas em detalhes:








Encarte preciosíssimo que vale a pena ter. Afinal de contas, as fotos ficaram meio ruins. 
A arte de toda a capa é produção da Sleeve Art Work.

► Membros da banda, composições, participações especiais e convidados:

Bem, quanto a vocalista, a coisa é simples: Tobias Forge, encarna o Emeritus III, no ápice de seu vocal, na minha opinião. E o "queridão" é guitarrista, parecendo pelas informações que ele divulgou que foi mero acidente ser o vocal... Pelos que me consta, os músicos convidados podem e não podem ter participado da "feitura" do disco. Em tese sim, e disseram não ter sido remunerados do jeito que queriam ou o que pensavam ser justo.
 Tobias, que é o Ghoul Writer - ou seja, o "Ghoul" escritor das letras, que seria um personagem diferente do Papa. Ele é o detentor de todas as 10 canções do disco.
Logo depois da disputa judicial foi informado as parceiras de cada canção, com a devida menção e nomes: Forge assina sozinho a faixa "Devil Church". Com Martin Persner: "Spirit" e "Majesty". Ambos, mais Klas Åhlund: "From the Pinnacle to the Pit", "He Is", "Absolution" e "Mummy Dust" - que conta também com mais um compositor além dos 3: Gustaf Lindström."Cirice" e "Spöksonat" são de Forge, Åhlund, assim como "Deus in Absentia" que acrescentaria o compositor Johan Ingvar Lindström.
(Ah esses nomes suecos!!! Verdadeiras maravilhas com esses tremas!!!)

Convidados? Bem... Eram os músicos, mas eles acharam ou eram de fato, integrantes... 

► Produção e gravadora:

As gravações ocorreram em Eastwest Studios em Hollywood, The Village Studios em Los Angeles e  na RMV Studios em Estocomo. As gravadoras responsáveis são: Republic e Loma Vista Records.
A produção é de Klas Åhlund, os engenheiros são Greg Gordon e Adam Kasper e a mixagem foi feita por Andy Wallace.

► Música favorita do álbum e a segunda melhor:

Tentando escapar de uma resposta clichê, minha escolha vai para "Deus In Absentia" e a segunda melhor é "He Is". Mas verão que eu gosto bastante do disco pelo que escrevo logo a seguir, sobre cada faixa.

► Faixa a Faixa: 

♫ Spirit

Spirit começa com uma introdução macabra com cara de filmes do Drácula em preto e branco. Logo a canção tem a entrada mais pesada e melódica com os vocais. 
  
♫ From the Pinnacle to the Pit  

É nessa aqui que para quem tinha ouvido algumas canções dos discos anteriores do Ghost como eu, achou que Papa Emeritus III era o mesmo cara, mas estava muito, mas muito mais evoluído em termos de interpretação. Fora que eu acho o refrão uma delícia. E tem uma preponderância do baixo nela que acho fenomenal.

♫ Cirice


Música de clipe, o mais legal deles, inclusive, e que tem o apreço de Forge como música favorita.
Eu acho ela completa. Apesar de não ter escolhido como a favorita ela é perfeita: ela tem todos os
elementos que fazem do Ghost uma banda espetacular: peso na medida certa, lirismo (se é que posso
chamar assim), atmosfera macabra, uma bela voz, um trabalho majestoso com os elementos das cordas
e da percussão, e um piano para amaciar os ouvidos mais apurados. A letra, é poesia rsrsrsrs...!

♫ Spöksonat

Tradução do sueco, "Ghost Soneto" é uma canção de interstício de faixa, totalmente instrumental com 54 segundos. Ela nos prepara para "He Is", um verdadeiro hino de igreja, só que em louvor àquele lá de baixo...
  
♫ He Is

Depois de conhecer a banda eu acabei ouvindo o "Meliora" inteiro quando estava no seu primeiro ano de lançamento e divulgação, em meados de 2015. E que maravilha foi ouvir "He Is". Ela tem melodia muito semelhante à uma requintada música gospel. Mas me apaixonei pelo vocal e pouco me importei com a letra ser meio que uma heresia hehehe...
Convenhamos, é bobagem nos atrelarmos a isso. E, obviamente, esse fator não tira o mérito da banda, mesmo que seja em satirizar a religião católica. Vejo muita gente de dentro da Igreja que é capaz de ações muito piores que o pessoal que critica a instituição. Então, não me sinto ofendida nem pela sátira, nem mesmo pela faceta de não serem, de fato, satanistas como alguns "true metalheads" apregoam por aí. Infantilidade, simplesmente.
  
♫ Mummy Dust

Se a pedida é algo mais pesado logo depois de uma quase balada, "Mummy Dust" dá conta demais do

recado. A aposta por cantar mais rouco de Tobias casa perfeitamente com a ideia da figura de uma
múmia e mesmo com esse tema, ela acaba nos agraciando até com solo de teclado um tanto frenético,
mas nada relacionado à ritmos egípcios, fugindo do clichê.

♫ Majesty  

Essa faixa tem uma introdução de guitarra que lembra uma banda dos anos 70, fortemente. O trabalho

das guitarras aqui são uma verdadeira delícia, predomina um estilo cavalgado de tocar que eu gosto
muito, até uma virada de melodia para o refrão. Para quem gosta de guitarras, essa música é tudo de
bom. Poderia ser fácil, uma das minhas favoritas.

♫ Devil's Church

Começando com um órgão, Devil's Church caminha pelo estilo quase gospel de novo. Trás um coral

ao fundo, e funciona como abertura para Absolution.
♫ Absolution

A complicação da minha postagem: Sou louca com essa música. Gosto muito e poderia estar na lista de favoritas. Não consigo, por exemplo, ficar sem cantar junto, o refrão. Isso, ao vivo... Amigos... Deve ser espetacular! Porém, eu tenho o bom senso e não canto com ninguém perto. Estragar a música pra quê?

♫ Deus in Absentia 

A minha escolha de favorita é divina, com o perdão do trocadilho, rsrsrs... "The word is on fire and you are here to stay and burn with me" é uma frase do refrão, quase romântica, só que não, hehehehe... Essa música tem uma predominância de teclado grande, e uma letra poderosa, coral quase gregoriano e tudo que tem direito. Por isso: divina. Não consigo nem descrever mais que isso.

► Porque gosta de uma música do álbum:

Eu não tenho uma música que não goste. Sinceramente. 

► Uma história do disco, uma questão pessoal ou uma curiosidade:

Não há nada de especial e grandioso. Comecei a curtir a banda depois que vi a apresentação deles no Rock In Rio em 2013. Logo, tomei contato com "Meliora" por inteiro e adquiri o disco, maravilhoso, ano passado, de presente de aniversário para mim mesma. Este ano, comprei "Opus Eponymous" e um dia, atualizo a discografia com "Infestissuman" e "Popestar" - ambos só importados e fora de catálogo nacional. Graças à Livraria Saraiva, estou desde agosto a esperar pelo meu "Prequelle"- o mais recente disco - que muda toda hora de data de envio por causa de uma distribuidora que não desempaca o meu CD...
A banda me cativou pois sai do óbvio: por ter essa temática meio satanista, máscaras e todo um visual macabro, pensei ser um grupo com vocal rasgado ou gutural, muita guitarra estridente e bumbos duplos na bateria. Na verdade é uma mistura, não muito bem delimitada. Há músicas com o pé no doom metal (especialmente pelas letras), muitas acompanha o heavy metal tradicional, possui vocal e algumas músicas melodias características do rock dos anos 70, e flerta com o rock alternativo fortemente.
Então para galera bitolada do Metal, pode ser uma pedida que traga algumas reviradas de olhos e muitos narizes torcidos. Mas falo sem medo de ser feliz: é uma das bandas mais criativas dos últimos anos, sem soar com nenhuma outra em específico. Tobias Forge faz um trabalho incrível, em tempos de tanta mesmice cultural, abrangendo tantos estilos musicais que simplesmente é impossível não babar colorido para ele.

► 5 sugestões para a próxima postagem:

Decidi manter os 3 da última enquete, e acrescentar mais dois discos. Essa postagem virá depois do GP de Abu Dhabi, já aviso. O GP é dia 25, e deve ter algumas postagens sobre ele e o fim da temporada. Então, na semana do dia 26, os dias que se seguirão trazem a última chance de votarem no disco que aparecerá aqui no Faixa a Faixa. 



Abraços afáveis! 

PS: Publiquei o texto sem uma revisão densa para evitar de acrescentar mais coisas. Comentem alguma falha e arrumarei assim que chegar: Estarei viajando, por isso uma singela pressa. Quando voltar, respondo também os comentários. Bom feriado à todos, e inclusive os que terão feriado prolongado.

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