F1 2018: Abu Dhabi, coroando o morno ano

{Demorou, mas...} 

Antes mesmo da coletiva de imprensa, a gente tinha uns desenhos esboçados de como seria o fim de semana em Abu Dhabi: algumas entrevistas, algumas alfinetadas, umas três ou quatro despedidas, uma delas definitiva... 

Mas no meio da classificação, eu "encarnei o Nostradamus". Algo não muito difícil, vocês mesmos devem ter sentido a presença do "vidente" - se é que era vidente mesmo. Ia ser o GP mais porcaria do ano, fechando quase tudo que aconteceu na temporada: situações desagradáveis, muita bobagem, ações desnecessárias e um resultado morno, para não dizer chato. 

Estão sentados né? Então, aviso que vai ter lamúria e se estiverem de pé, é melhor deitar pois pode dar sono a minha ladainha...

Primeiramente, precisamos urgente de uma transmissão menos amadora e desrespeitosa com o fã brasileiro da categoria. Não basta as mesmices ou os comentários totalmente descartáveis: não há nada de bom que a Globo ofereça para nós com o que ela fez ano a ano com a F1 na programação. Corridas de meio de temporada são eclipsadas por jogos de futebol já faz um tempo, e agora, não há nem sequer a desculpa de falta de ibope ou preferência pelos 22 bananas ricos correndo atrás de uma bola,  sob o pretexto de que "vale vaga em algum campeonato ou é decisão de algum deles. Agora temos de engolir, muitas vezes, cortes de momentos importantes, tais como foi o pódio ontem. 
O fã do esporte pode até saber que certas trivialidades da categoria, tais como a festa com champanhe ou entrevista pós corrida, seja apenas algo que venha de bônus dado e evento; e o que vale mesmo é a corrida. Porém, esse bônus, quando nos falta, é incômodo. 
Ficamos a ver um programa da grade, comentando campeonato de futebol que - em tese - já estava garantido em sua decisão.  Não apresentava novidades. Também não custava um pouco mais de deleite para que víssemos o festejo dos três do pódio, e um acréscimo de despedida de um piloto que sim, fez história na categoria. 

Eu sei que disse que a F1 não teria atrativos pois não valia nada. Mas vamos ficar até março sem corridas. Por mais que ainda reclame das macaquices do Hamilton no pódio, perdemos os zerinhos que ele e Vettel fizeram junto à Alonso, os dizeres de ambos em respeito ao espanhol - que sai da F1 depois de muitos anos sem protagonismo na categoria. Perdemos Vettel e Verstappen sorridentes apesar de tudo e Hamilton, tirando a camisa e tomando banho de champanhe na sua pele tatuada. (Ficou meio erótica essa última sentença, mas não era essa a intenção, juro. É que talvez, essa cena jamais foi vista, ainda mais protagonizada por uma pessoa com a pele tão pintada...).
Não tivemos esse direito. De bônus, tivemos apenas uma transmissão sumariamente irritante, até mesmo para quem não dá a mínima para Alonsos, Raikkonens, e afins. Houve um sem número de histórias mal contadas, coisas que não foram bem do jeito que eles disseram, pataquadas que pregam como verdades puras, que agente que acompanha a F1, está cansado de saber.  
Talvez, e o otimismo é uma dádiva que poucos possuem, aquela de que o Alonso é uma pessoa difícil foi dita pela última vez. Infelizmente eu não possuo esse talento. Temo em ser contraditória e escrever aqui, que toda a vez que falarem em Alonso, pela menor faísca que surgir de oportunidade, é certo que retomarão esse "ponto de vista" que pode, no fundo, ser uma baita historieta aumentada. Ainda temos dois anos de outra grande chatice:  dois anos para caso haja oportunidades, acusarão Raikkonen de ter vencido 2007 apenas porque Massa lhe deu passagem na última corrida do ano. Ai de nos se dissermos que isso, deveria ser vergonhoso de ficar repetindo, e não é para o Raikkonen que essa vergonha é guardada no apêndice da história. Massa não teve, minimamente, culhões para dizer: "não vou deixar passar não, que se vire!"... Mas é aquela coisa: cada um puxa a brasa para sua sardinha. 

Se eu não gosto do Hamilton, se alguém não vê a mínima graça no Vettel, se é comum um fã do Raikkonen curtir a sua falta de expressão mais que sua pilotagem, ou se alguém vai abandonar a F1 por que não terá mais Alonso, tudo isso, entre outras possibilidades, ainda que levante a bandeira de algumas delas ser bem das incoerentes, é bobagem querer mudar a mente por simples convencimento. A gente é, na maioria das vezes, movidos por emoções - e são, muito incontroláveis e um tantão contraditórias.
O que não se deve admitir é que a emoção governe o jornalismo. Eu sei que é muito difícil ser isento, ainda mais do que gira em torno de uma atividade humana. Mas as particularidades do que os transmissores da Globo, na F1 (não posso dizer sobre os outros esportes, mas pelo pouco que sei, não têm tratamentos diferentes), não é verdade suprema. É a verdade particular. É o achismo deles. A impressão que dá é uma grande falácia, um tirar proveito para dar legitimidade à coisas que são largamente fracas e incapazes de se sustentarem por si mesmas. 

Essa é a minha opção de debater o que foi Abu Dhabi. Foi o que saltou aos olhos. Uma necessidade de afirmar coisas irrelevantes, passados já superados. A corrida acontecia e ninguém se movia para narrá-la. A gota d'água veio com o corte do pódio. Mais que a mesmice do resultado, mais importante que a despedida de um piloto importante, mais do que o protegido do narrador, mais do que fazer balanços criteriosos sobre as últimas ações dos protagonistas da categoria, parecemos ali espectadores pedintes de esmolas numa festa de caridade, onde se arrecadou o que precisava dos "patrocinadores", mas a festa ficou só para aqueles que doaram o dinheiro para fugir do imposto de renda. 

Poxa, sacanagem, não? 

Abraços afáveis!

PS: Demorei a postar o comentário da corrida e acabei não fazendo o que queria que era fazer um balanço do ano, comentar por piloto, passo a passo, a sua projeção (caso permaneça na categoria), para 2019 e fechar o assunto. Farei isso, até o fim da semana, se assim as atividades permitirem - a semana voltou a ficar cheia. 

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