F1 2017: Verstappen x Brasil

Vou "dar asa para cobra" e falar umas bobagens que nem nossos compatriotas. Antes, vou adequar o motivo dessa postagem de opinião: a declaração de Max Verstappen sobre a atrapalhada de volta dele no Treino classificatório do GP barenita. Vejam pelo link do Grande Prêmio, o recorde da mídia brasileira, neste link

Vou destacar também a frase que deu à muito coleguinha brasileiro vontade de se encrespar e falar umas bobagens:

"Bem, ele é brasileiro então não tem muito que discutir"

Antes de analisarmos passo a passo a fala do holandês, peço que recobrem a memória de vocês. Sempre que Max disse algo de algum outro piloto, eu reforcei não uma acusação, mas um conselho bem básico: guardar a língua dentro da boca e responder em atos na pista. 
Mas, acusado pelos nossos capciosos entendedores compatriotas de xenofobia, chamar o holandês de racista e de imbecil passa a ser uma coisa interessantíssima.

Brasileiro, de A a Z, é um povo que agrada Gregos e Troianos, certo? Somos um povo feliz, sorridente, que nunca fez nenhum tipo de sacanagem com turista estrangeiro. Abrimos a porta de nossas casas e botamos eles para dentro, como excelentes anfitriões, não é mesmo?
Fizemos Olimpíadas aqui e ninguém reclamou nada sobre nós, nem mesmo revidamos os comentários maldosos dos atletas de fora, com comentários mais baixos ainda.
E neste caso, somos também um povo que, de tão puros que somos, podemos ser vítimas únicas de xenofobia. Tanto que somos puros é que aqui por exemplo, ninguém é misturado com negros, filhos de imigrantes italianos, alemães, japoneses, árabes... Somos genuinamente brasileiros que se aceitam, que se amam e se gostam. Não fazemos a menor ideia do que é pauta de programa de fofoca falando em artista que foi vítima de racismo na rede social. Isso nunca acontece!
E como brasileiros bons que somos, sabemos entender todo o tipo de discurso, inclusive uma frase como essa, motivada por um senso de injustiça: "Ele é brasileiro então não tem muito o que discutir".

"Ele é brasileiro". Paramos aí. 
E eu, que nunca fiz análise do discurso, procuro que fez a frase: Verstappen, piloto de F1. 
Sua origem pouco importa, mas vamos entrar na brincadeira (medíocre): Verstappen, piloto de F1, holandês, filho de ex piloto, que não tem títulos nem vitórias na categoria.

Primeiro então, discutimos a origem de Max. Holanda, país super desenvolvido cuja a liberdade é coisa séria: drogas são legalizadas, assim como outras coisinhas capciosas como prostituição, eutanásia, direitos com relação à homossexualidade e ao aborto. Criminalidade? Pouco, como muitos países europeus. É também um dos países com melhor qualidade de vida, fator pelo qual possui um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano da Europa e do mundo, propiciado pela forte política de assistência social e direitos considerados essenciais, como educação, saúde e segurança de qualidade, garantidos em nível máximo a seus habitantes. O país possui uma das economias capitalistas mais livres do mundo, é o 15ª entre 177 países de acordo com o Índice de Liberdade Econômica em 2014.
Eles devem ter por volta de 0,1% de analfabetos funcionais e provavelmente, 0% de analfabetos.
Continuo com isso, comparo com o Brasil, e vou fazer muita gente chorar de desgosto com a nossa situação político, social e econômica.
Xenofobia? Pode ser. Talvez ele tenha levantado uma hipótese mais amena do que a radical reação racista: "sou civilizado, não xingo muito no Twitter". 
E nesse caso, ele tá certo. 

Ainda na mesma frase do "ele é brasileiro" subtende-se a ideia que, apesar de ser jovem, ele sabe  de uma coisa muito bem - brasileiro é papudo o suficiente para falar da escola automobilística do passado: "Somos o país de Fittipaldi, Piquet e Senna - senta lá, moleque!"
Minto?
Reflitam sobre o mote de provocar o ódio que Galvão Bueno fez na transmissão domingo passado, assim que Max abandonou o carro com problemas nos freios na área de escape. Me digam que eu minto e que o "narrador" não mencionou o nome destes três pilotos para falar de "respeito"...



"Ele é brasileiro" e o adendo "não tem muito que discutir". Significa um puro e simples dado que eu sei, ele sabe e todos os pilotos sabem: somos ignorantes e sendo ignorantes batemos boca. 
Batendo boca com o Massa, Max sabia que ia perder seu tempo tendo que rebater. 
Rebatendo, ele ficaria numa posição talvez favorável, o acusador é sempre mais perspicaz quando tem a razão do lado. 
Rebatendo categoricamente e com razão, sobressairia a tônica latina na fala do Massa e ele apelaria com algum xingamento. "Vá cagare" ainda ecoa nas nossas cabeças e na do Fernando Alonso.  Infantil ao extremo, Alonso deve ter dado muita risada ao lembrar desse "destrato", mas eu não rio tanto assim. Criticamente, Massa não tem respeito nenhum pelos seus oponentes. Uma bobeirinha e ele não soube segurar a raivinha. Mimado, agiu como criança. Pior: na frente das câmeras. 
Respeito é uma coisa que só tem, se você também oferece. 

Xingando Verstappen, Max fecha o ciclo argumentativo com o campeão de poucos segundos: brasileiros são um povo ignorante, que na discussão, vão xingar. 
Minto de novo?
Verifiquem os comentários da reportagem: "tem um 'q' de xenofobia", "tentativa de homicídio, agressão, prisão" (essa seguramente foi a pior de todas...), "moleque imbecil" e "idiota como o pai".

Palmas para os envolvidos. 





Defendendo um tipo que nem é assim tão nobre nas suas falas, se condoendo por uma fala totalmente descartável, rebaixando-se à um nível absurdamente inescrupuloso. 
Justo o santo Massa, que nunca, nunquinha, falou mal do menino Verstappen, não é? Procurem ver, o que ele disse do então novato, quando ele chegou na F1 2015, e foi perguntado sobre a pouca idade do menino. Massa foi, como sempre, super cortês e motivador. #Sarcasmo

Massa rebateu a reclamação de Verstappen sobre ter sido atrapalhado pelo brasileiro da seguinte forma: link
Massa sabe que vindo aqui, Max será bem xingado pela platéia do GP de Interlagos sempre "super educada e requintada". E pensar que o holandês era aplaudido, ovacionado por muitos destes quando ele perturbou a vida dos pilotos da Ferrari na temporada passada (e também ofendeu Vettel e Kimi, insinuando que eram infantis e que não sabiam como corrida funcionava) e fizeram a maior festa na corrida do Brasil, pois ele havia "dado emoção" ao campeonato. 
Pisou no nosso calo, choramos como crianças sem chupeta. 




Praga de brasileiro é a pior das macumbas. O cara não passou 15 voltas no GP, depois de falar mal dos "Zés e Marias Povinho". Um monte de gente deu risada em casa que eu sei. 
Satisfeitos? Agora deixem para lá. 
Sei que peço isso, mas que não vou ser atendida. Os próprios narradores, à três corridas, não narram nem comentam corridas, fazem o exercício da verborragia - muitas vezes, sobre antigos e atuais companheiros de pilotos brasileiros.
Mas uma coisa peço que guardem na memória: Massa falou que quando se acusa outro piloto é para justificar o ato falho. Na próxima que ele reclamar das fechadas e atrapalhada dos colegas, coisa que ele vive fazendo, a gente vai reconhecer o ato hipócrita latente. 


I'm watching you!

E que Max Verstappen fique atento à isso também. Pena que, com essa frase, ele tenha já colocado na mesa o quão ele acha Felipe Massa, insignificante. Melhor ter se aposentado mesmo, Massinha. 

Abraços afáveis!

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