Chapter 13: GP de Emilia Romagna

Lewis Hamilton disse, na entrevista pós classificação, que a corrida em Ímola seria chata. Isso só foi dito, muito provavelmente, por frustração em ter perdido a pole position para seu companheiro, ValtteriBottas. 

No entanto, como foi dito da rede do passarinho azul, “Lewis Sincerão” é louvável. (Mas se algum outro piloto faz o mesmo, é o “babaca” da vez...)

Lewis não estava errado. Só que ele tinha em mente que Bottas ganharia a corrida, e estava dizendo isso por saber que teria de fazer um esquema diferente para tomar a ponta e isso, é chato para ele. A largada seria uma opção: aguardar que Valtteri perdesse o timing era uma aposta – sabemos – possível. Mas Lewis é um piloto presunçoso. Desde 2007, inclusive, mas parece que só eu "sei" disso.

Outro plano seria ultrapassá-lo através de uma estratégia nos boxes. Por isso, ele refletiu: sem pontos de ultrapassagem, a corrida será automaticamente chata, ainda mais se ele não conseguisse tirar Bottas do caminho. 

Motivado, não? Justificaria se a frase saísse da boca de um Sebastian Vettel da vida – o demitido – ou qualquer um que ainda não tem contrato para o ano que vem. Mas, do heptacampeão? Ooooorra...

De fato, a corrida não foi das melhores. A largada foi boa para Max Verstappen, que desceu Hamilton para a terceira colocação. Obviamente, haveria muito para acontecer e aquela não seria a sua colocação até o fim. Houve um toque entre a Haas de Kevin Magnussen e a carroça vermelha do Vettel. O dinamarquês acabou abandonando mais tarde, talvez por conta desse toque. 

Logo, Max seguiria Bottas de perto e Hamilton não os perdia de vista. Seu plano era claríssimo: uma permanência na pista mais tempo que os demais e uma parada depois dos dois. 

Já perdia o interesse, mas conto sobre os demais, caso tenham perdido a corrida: atrás deles, Daniel Ricciardo mantinha um sólido quarto lugar. Guardem essa informação, vai ser útil no final. Depois de Ric, o novo herói, Pierre Gasly da Alpha Tauri estava em quinto e com ele, toda a hype criada em seu entorno desde o GP em Monza. 

Em sexto, estava Charles Leclerc e sua Ferrari. (Vejam bem: escrevi "Ferrari", e não "carroça vermelha". Entendam como quiser).

Antes que atingíssemos 10 voltas, Gasly doava a sua 5ª colocação para Leclerc, abandonando por problemas no carro. Uma pena, mas muita gente fez disso, um velório. Não é para tanto.

Mais do mesmo? Sim! Não sei porque dizer que o contrário. Hamilton já havia reclamado dos pneus, começou a negociar uma estratégia diferente, soando inseguro como sempre e levemente irritado. Bottas e Verstappen parariam na volta 20, contando com duas paradas e o heptacampeão iria ficar mais tempo na pista, acelerando forte para tirar vantagem de não um, mas dos dois pilotos e tomar a ponta.

Conseguiria com facilidade. Também não via, nem vejo motivos para não acreditar que fosse.

E ficou mesmo mais fácil com o abandono de Esteban Ocon. Hamilton então tinha a corrida na mão e possivelmente, garantia uma quantidade boa de pontos para a Mercedes ficar muito próxima do seu sétimo título de construtores. Era só questão de saber como terminariam as Red Bulls, e no caso, Bottas estava a postos para segurar Max.

Claro, isso não aconteceu do jeito planejado. Tudo que precisa dar errado só acontece com o carro dois da Mercedes. Havia algo no carro do Bottas que o fez errar e perder a segunda colocação para o holandês, volta 42! E não havia muito mais de espetacular na corrida até ali, a não ser quinto e sexto lugar de Vettel e de Kimi Raikkonen – que ainda não haviam parado, mas que faziam uma bela corrida, ainda assim.

Ora, se passaram 42 voltas e só isso acontecia, é corrida chata certo? Pois é.

Para os que se preocupam com a justeza do esporte (o que pelo que entendi, são pouquíssimos), doeu forte ver a parada do Sebastian Vettel. O homem pediu pneus soft, a equipe caçou os duros e ainda - nada é ruim o suficiente que não poderia piorar - demoraram 13.1 para a troca, sem nenhum aparente problema que justificasse a demora. De quinto, ele apareceu em 14º. Não. Não existe “sabotagem”?... Então existe um “se fode aí, inútil” que é o mais nojento já promulgado pela Scuderia. 

Se isso não te incomoda, sugiro um tratamento.

Nove voltas depois do ponto chave da corrida - aquele que todos se empolgam, embora não tivesse nada para se empolgar - Hamilton na frente e Bottas em terceiro. E então, fechou-se o campeonato de construtores, antecipado em 4 corridas: o pneu traseiro de Verstappen explodiu e “bye bye” Max. Dobradinha da Mercedes e quarto lugar do Ricciardo se transformou em terceiro. Lembram que eu disse que era uma informação importante lá no começo?

Só não se empolgaram todos pois, outro piloto queridinho da nova geração, o George Russell propiciou um momento de erro (bobo) e bateu, prolongando a estada do Safety Car. Depois admitiu ter sido culpado. Fora também, o último da corrida. Sua saída, deu chances ao renovado com a Alfa Romeo, Antonio Giovinazzi marcar a pontos. Kimi na frente dele, por ter ficando tempo que o Vettel na pista (e não teve uma parada sabotada - ooooops!) estava em nono!

É, tem isso sabem? A pessoa cria uma expectativa em torno dos caras e esquecem que eles são humanos. Eis o risco do endeusamento, que respinga em Gasly e Russell, e respingou negativamente em Lando Norris, após o ultimo GP, em Portugal. Neste último caso, o endeusamento seletivo é ainda pior. Há caras que fazem exatamente a mesma coisa, mas são tão amados, que passam pano direto.

A corrida caminhou para o fim, de forma arrastada. Lewis ia bem na frente, Bottas não oferecia perigo (claro!) e Ricciardo ia para o seu segundo pódio no ano, isso se segurasse Daniil Kvyat que tinha feito uma bela relargada passando Alex Albon e Charles Leclerc. O primeiro, já não tem problemas suficientes, não aguentou a pressão do resto do pelotão, deslizou na pista, quase provocou acidente feio entre ele e Carlos Sainz e caiu para último do pelotão, sedimentando os comentários negativos, em relação à seu desempenho. Quando se está derrubado, o que não falta é gente para chutar...

E foi isso. Aquilo que a gente desenhou no começo da temporada, está se concretizando faz tempo: Mercedes vencendo massivamente, Hamilton ganhando o campeonato com antecedência... Falta alguém fazer as contas, mas superficialmente ele vence em Istambul e coloca 9 dedos na taça. Teve tanta gente que duvidou, e eu fico me perguntando: em que mundo vivem?...

A corrida foi chata? Foi. Pelos mesmos motivos que o Lewis tenha projetado em seu momento de frustração? Não. 

Alguém disse que foi chata? Talvez. Com alguma análise contundente que escape das falácias repetidas como se fossem postulados? Com certeza, não. 

Há, devidamente, aplausos a quem merece? Não, também. Além de ser subjetivo, a narrativa da nova F1 é girar em torno das obviedades. Qualquer coisa que escape do que é dito pela maioria – especialmente jornalistas e comentaristas – é lido como ataque e não, apenas uma visão diferente (talvez mais próximo da realidade) de uma mesma situação.

Tudo ótimo a Ferrari atrasar a parada nos boxes de Vettel. Ele está numa má “faaaaaaaase” mesmo e está de saída. Ninguém se importa. Na verdade, fora Lewis, ninguém se importa com os outros 19.

Tudo um mar de rosas jornalista que acusam falas de piloto como infelizes pautadas em opinião? Tudo! A opinião do piloto, não vale. Ele tem que ser um bobinho diplomático todo santo momento. 

Por falar em santo, não vou falar do tal que tem estátua em Ímola. Já fizeram isso o fim de semana todo. Hoje, as beatificações correm solta. (Mesmo que seja tão falso quanto uma nota de 3 reais). 

Melhor ainda é caçar chifre em cabeça de cavalo em discussões infundadas, né? Dá ibope.

Tanto que é louvável que comentarista diga que o pedaço de carro encontrado grudado no assoalho da Mercedes de Bottas seja da Haas e ninguém corrija que era da Ferrari. Que se lance matéria com uma frase do Lewis indicando que nem sabe se estará na Mercedes em 2021, como se fosse sinal de aposentadoria.

Vocês condenam quem acredita que a Ferrari está sabotando Vettel, faz chacota e chama de burro por entender que a equipe não seria capaz disso e colocar risco no campeonato de construtores, mas sequer questiona esse papinho “drama queen” do Hamilton? Vocês acham mesmo que o cara vai dispensar a chance de ser oito vezes campeão do jeito fácil que está? Não sejam ingênuos. Observem os sinais. 

Por isso, termino aqui: saibam ler as entrelinhas, e saibam a quem ouvir/ler. Quem já vem na defensiva, ou é puxa-saco de piloto, ameniza certas coisas, faz análises rasas, não deve ser seguido como canônico. Esse ano, tudo que foi dito e deu polêmica, não virou nada depois. Quer sinal mais claro, que tem gente gabaritada emocionando demais? 

Não é em qualquer discurso que eu caio. Prefiro tirar as minhas próprias conclusões do que está sendo dito e sobre o que eu vi, antes de comprar umas falas viajadas de gente que deveria ter uma pouco mais de bom senso.

Em tempo: Parabéns a Mercedes e à fanbase pelo sétimo título "à custa de muito trabalho" e blábláblá...Viva todo mundo.

Próxima parada, Turquia, no dia 15 de novembro. Meu mantra está reduzindo: "Faltam quatro, faltam quatro, faltam...só... quatro..."

Abraços afáveis! 

PS: Ontem o texto da corrida estava pronto, mas deixei decantando. Só postei agora pois precisou ser modificado. Perdi o interesse em escrever. Acho que isso já deu para perceber. Não só tive (e tenho) obrigações acadêmicas, mas pois não se pode falar certas coisas sem sofrer ataques brutais. Ainda que não tenha acontecido, estou evitando porque sei que vai me abalar. Hoje, tirei alguns trechos e formatei o texto. Se eu conseguir formular melhor as passagens retiradas, eu publico ainda essa semana. Se não, vai para a lixeira. 

Comentários

Carol Reis disse…
Eu também noto essa postura diferente em relação ao Hamilton. O Norris, por exemplo, falou uma coisa que não tem nada demais, uma opinião qualquer e logo caíram em cima pq ele dava 0 importância a uma conquista do precioso dessa turma. Tinham ignorado o xingamento dele ao Stroll, mas dps que falou do blessed, decidiram se importar com isso também.

Eu fico sinceramente incrédula qnd vejo matérias forçando um suspense sobre a saída do Hamilton. Acho que escrevem isso só por falta de pauta, não é possível.

Sobre dois pesos e duas medidas, vale lembrar que o Albon também girou, mas ngm ligou pro coitado. Na F1 é de praxe chutar quem tá caído. Se esse Russell tiver uma fase ruim, ele vai se arrepender de ter lamentado em público, como o Albon fez e foi criticado.
Robson Santos disse…
A micro bolha em que a F1 vive, na verdade é um reflexo dos nossos tempos. As declarações desse ou daquele, a postagem desse piloto ou daquele chefe de equipe, os comentarios sobre essas mesmas situações, mostram uma face da sociedade moderna.
Muitos que nada sabem sobre nada, se tornam especialistas (como se vivenciassem ao vivo essas situações), mas nunca sairam de seus sofás.
Outros, que tem algum conhecimento sobre esse assunto, muitas vezes opinam, ate inocentemente, mas sao achincalhados pelos novos sabidões.
É um mundo triste de se viver, esse.
Se concorda com a maioria - é coxinha; quem não concorda é taxado com verbetes nada elogiosos.
Manu certa vez comentou aqui mesmo que nao estamos la, de per si, então não podemos saber o acontece, de fato.
Tudo é uma especulação: gostar, concordar, nao gostar, ter apreço, etc.
Somos vitimas de uma vitrine (a TV) e praticamente nada que nos chega é real.
Então, não há motivos para a reações descabidas que vemos nas famigeradas redes sociais.
A verdade entao é que deveriamos nos tornar isentos de opinoes, ja que isso jamais afetara aquela bolha lá.
Quanto a noticia de Hamilton se aposentar: nao conheço nenhum esportista de alto nivel que nutra o desejo de deixar o topo enquanto está lá - a famosa 'hora de parar'.
Temos um exemplo bem recente no lutador de MMA, Anderson Silva. Durante anos esteve no topo e poderia ter parado ali, mas resolveu prolongar a carreira, se machucou e foi humilhado nas suas ultimas lutas.
Vemos isso com jogadores de futebol, que durante a carreira são endeusados e muitas vezes morrem no ostracismo completo (Mané Garrincha).
Jamais vou crer que um sujeito que alcançou o topo da categoria que compete, com um dominio absurdo (demerito dos concorrentes!) vá deixar esse olimpo a troco de nada.
Isso são apenas 'ondas no lago'. Algum desavisado ouviu um trecho de conversa e resolveu 'interpretar' o que ele e Toto Wolff disseram - se pegar na integra, vai perceber que falavam da pista, do lugar e nao 100% do esporte (F1).
Ja alonguei bastante, mas volto em outra postagem.

Osculos e amplexos!
Manu disse…
Carol e Robson: mil obrigadas pelos comentários! Vcs foram cirúrgicos!!!

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