Retrospectiva 2017

2017 não foi um ano bom. Acho que desde que comecei a fazer a retrospectiva devo repetir isso a cada ano que passa. E então, decidi antes de abrir nova postagem, mas antes de concluir essa frase, fui verificar o que escrevi para 2016.
Santa inocência, meu ano de 2016 foi trivial e relativamente feliz, perto da segunda metade de 2017 - especialmente em relação à minha vida pessoal. 
Aqui no blog as coisas caminharam tranquilas e instigantes. Fiz 138 postagens com mistos interativos e divertidos, nenhum foi penoso, polêmico. Alguns até trouxeram leitores novos e alguns contatos inesperados.

* Janeiro:

Comemorei em 2017, 9 anos deste espaço. A comemoração veio com poucas mudanças no layout da página, mas a abertura de um perfil no Facebook foi a sacada mais nova para o I Love It Loud. Lá, tenho 36 seguidores e estou convicta de ser um bom número. Não busco muitos acessos. Essas coisas demandam muita dedicação e responsabilidade. O que sempre procurei e persisto é poder exercitar a escrita de coisas que gosto de comentar, sempre com bom humor e evitando ao máximo ser chata com qualquer tema - seja ele útil ou fútil.
Normalmente neste mês de janeiro não é possível fazer postagens de F1 a não ser comentários sobre apresentações de novos carros e pilotos, ou mesmo, as notícias da eterna "silly season". Pelo segundo ano seguido, arrisquei palpitar sobre os playoffs da NFL. Pode ser que faça o mesmo em 2018...
Durante o mês, não fiquei lerda com relação aos meus estudos: eu tinha até o meio do ano para concluir (com louvor e sem muitos atrasos) a minha dissertação de Mestrado em História pela Universidade Federal de Uberlândia (que fique claro, para os "novatos", que não sou desta cidade).

* Fevereiro:

Num mês de poucas postagens, dediquei pitacos sobre o Oscar e no começo dele, o resultado (chato) do Super Bowl 51 - e que não foi uma boa ideia.
Nesse período retomei com mais força aos meus escritos que passaram a ficar problemáticos. Em meio à autores muito densos, tentei suprir espaços com autores mais leves e que já conhecia e isso desagradou meu orientador. Angustiada com o prazo, queria ter razão de cumprir toda a minha etapa sem amarras para prestar um doutorado. Com isso, não consegui peneirar o essencial e estava cansada de argumentar coisas bem complexas para concluir a escrita, enquanto meu orientador tinha outros afazeres e não estendia a mão quando eu me desesperava. A questão foi enfática até meados de março: ele me orientou bem no começo, percebeu que eu me virava sozinha e no meio do caminho, os buracos do argumento dissertativo como um todo, saltaram. Ele teve que tentar forçar mais leituras e eu, já sobrecarregada, não consegui e procurei sua ajuda. Nesse instante - por sobrecarga também ou perda de interesse por meu trabalho, não ser dizer - ele não auxiliou e eu corri sozinha atrás de coisas que ele não concordava.

* Março:

O mês de minha qualificação de Mestrado refletiu aqui. Poucas postagens e apenas algumas trivialidades do começo da temporada de F1, outros posts diversos menores e a conclusão foi de 8 textos publicados. No fim daquele mês fiz uma qualificação e retornei ao embate: email ao orientador, algumas lágrimas ou acessos de raiva seguida de reescrita do texto, buscando o melhor jeito - embora eu já estivesse em nível de cegueira para os problemas da dissertação. Para o mês seguinte e a situação que já era ruim atenuou um pouco mais...

*Abril:

Os textos do mês da mentira e do índio só foram supridos com a F1. Como eu estava em fase de ajustes do texto depois de ter qualificado com louvor, precisei decidir sozinha o que permanecia no argumento e o que eu acatava ou não de sugestão da banca. Sem - novamente - auxílio do "atarefado" orientador, senti que na verdade ele tinha perdido a total confiança e interesse em meu trabalho, quando passamos por uma crise de relacionamento em janeiro-fevereiro (que, vejam bem, teve as primeiras farpas em outubro do ano anterior).
Desta vez, meio sem saber com o que eu poderia ter feito e arrependida de ter sido teimosa - não por orgulho, mas por achar, na minha vã filosofia, que dissertações são para serem feitas pelos alunos e não por professores - tentei ser amistosa durante todo o percurso de conclusão da escrita.
Ainda com incompatibilidade de aceitação sobre minhas escolhas - que tinha sido deixadas em aberto após a qualificação e depois que foram feitas por mim,  foram julgadas como escolhas ruins e irrelevantes - seguimos numa ideia de que tudo estava "bem", embora não fosse verdade. Foi no mês seguinte que mais uma rixa veio e colocou em xeque a minha impossibilidade de ser dona de meu próprio trabalho acadêmico e uma sombra de fracasso que me desmotivou.

* Maio:

Com o texto pronto e esperando a correção ortográfica - que disseram ser tão necessário que me senti muito burra como se não soubesse fazer uma redação simples - aqui no blog iniciei a tag da Corrente Musical de A a Z para falar de músicas e bandas além do tópico da F1. Não que a temporada nessa altura estivesse ruim. Muito pelo contrario. Mas assim como a vida pessoal que teria uma drástica reviravolta, a F1 também teria, e não seria para melhor.
Neste mês, os embates sobre ortografia da minha dissertação foram fortes. Três pessoas envolvidas, duas corretoras/leitoras que não viam grandes defeitos no meu texto e corrigiam o que viam de mais grave. O orientador exigia uma correção "pente fino" pois não estava nada bom cada vez que recebia o texto de volta. Sem tempo, ele protelou a defesa da dissertação assumindo a correção, insistindo que ele não deveria fazê-lo. Enquanto isso, meu (pouco) dinheiro ia sendo gasto com "charlatãs" da correção, como ele dizia.

* Junho:

O mês de calmaria, talvez o único do ano em que liguei o modo Kimi Räikkönen, não liguei para mais nada, ergui a cabeça e segui adiante nos dias que estavam por vir. Segui comentando sobre F1, abri postagens sobre meus 30 anos - fiz uma festa tipo chá da tarde. Ganhei vinhos, pelúcias, roupas, jóias e abraços. Me disseram que depois dos 30, ia ser só alegria. Achei mesmo. Pareceu um mês interessante.
Defendi minha dissertação dia 24, reatei a boa convivência com meu orientador que tinha agora a minha pessoa no pé dele de novo para arrumar o projeto de doutorado. Fizemos as negociações, prestaria uma nova prova de espanhol que tinha sido reprovada (não por incompetência, mas por sadismo do instituto de línguas que sempre reprova um terço dos concorrentes para repetirem a prova - que é paga - na data seguinte). O edital do processo para o doutorado saiu e não havia tempo de fazer uma nova prova. Meu coração apertou e eu duvidei que os 30 anos fosse os melhores anos... A impossibilidade de fazer o doutorado no ano de 2018 e voltar as aulas em março, me fez questionar essa má fase. 

* Julho:

As coisas iam bem: a F1 estava boa, relativamente competitiva, e tinham ido para as férias em moldes agradáveis. As postagens da Corrente estavam sendo divertidas e eu, queria continuar com elas. 
O mês fez com que estudasse para montar um projeto. Com um sopro de esperança, o programa da pós soltou um adendo dizendo que prorrogavam a entrega do certificado de línguas em algumas semanas, o que me daria a chance de repetir a prova em agosto...
Viajei para Ribeirão Preto e São Paulo, e fiquei uma semana fora de casa. Fiz muito na grande cidade, conheci lugares culturais interessantes, visitei parentes, jantei com amigas e só fui no Starbucks uma vez, rsrsrsrsrsrs... (Evolução, meu bem!) Voltei para minha cidade de avião e agradeci aos deuses a viagem de 50 minutos que demoraria 8h30min se fosse de ônibus. 

* Agosto:

2017 foi assim: me deu muita coisa, mas só até agosto. Acho que por algum pecado cometido, ganhei um belo de um castigo pior que ajoelhar no milho. Estou nos grãos até hoje, no momento em que escrevo esse texto. Tudo que foi dado, foi retirado com gosto.
Dediquei o blog à mais postagens musicais, escrevi bons textos aqui (esse é meu favorito), e a F1 retornou, como se num presságio de que 2017 tardava, mas não errava, em ficar escuro como o fundo do poço. A temporada do esporte à motor passou a dar sinais de que no fim, não teria tanta emoção e nem muito mais competições como na primeira metade. Alguém, numa farsa de recuperação talentosa, venceria o campeonato por antecipação e voltaríamos aos moldes dos nojentinhos anos anteriores. 
Na vida pessoal, tirei nota 9 em 10 pontos na prova de espanhol e me inscrevi no processo seletivo do doutorado. Uma farsa de esperança, se eu soubesse...

* Setembro:

Houve uma época aqui em Araguari que bandas de metal extremo podiam se apresentar num festival chamado Setembro Negro. Já fui à estes festivais, eram bons tempos, com bandas de death, doom e black metal. Mas não com guitarras nervosas e baterias de bumbos duplos, corpse painting e vocais guturais, o meu "setembro negro" foi mesmo marcado por rasteiras atrás de rasteiras.
Consegui aulas em uma escola pública como professora substituta. A turma tinha estado nas mãos de uma pessoa (se é que era professora) não formada em História depois que a titular do cargo entrou de licença. Os alunos não sabiam nada de nada e achei que as poucas centenas que receberia pelo cargo, ia ser um desafio e não um stress absurdo. Ledo engano.
Após ter minha inscrição deferida para o processo da pós, ter entregue minha dissertação feita e completa em todos os seguimentos que exigiam a cópia física e digital, a CAPES soltou a nota de avaliação quadrienal da pós dos cursos das universidades do país... E a nota da Universidade Federal de Uberlândia, doutorado em História foi 2, o que acarretava o descredenciamento e fechamento do curso para os anos seguintes.
Com isso, o processo foi suspenso por resguardo jurídico e eu teria de aguardar até 20 de dezembro para o veredicto final da CAPES. 

* Outubro:

Em outubro, o mês que mais postei (talvez como meio de descarregar minhas frustrações), fiz uma tag especial para Haloween e continuei com a F1, já perdendo as esperanças totalmente na etapa japonesa da temporada. Uma pena. As corridas poderiam ser bem mais legais se não houvessem os jeitinhos para a hegemonia de equipe rica. A falta que senti de emoções e entretenimento lá, foi suprida com jogos da NFL, agora sem a sofrência de 3 jogos por semana, e sim, 5 jogos (com direitos à escolhas e reprises) por semana - optei por tv por assinatura e passei a não perder nada a não ser que quisesse. 
No pessoal experimentei o grande inferno das escolas públicas: não, não é o descaso de alunos. Não, também não é a violência e o desrespeito da qual eles possam te tratar. É a administração da escola. Cumprir coisas pois o Governo quer,  ser comandado/mandado por pessoas frustradas, não valia meu pouco salário. Estive mais em reunião do que em sala de aula. Fui obrigada a fazer coisas que não quis - como dar conteúdos sob uma visão, pois "não queriam passar imagens erradas da História..." - (leia-se "mentir descaradamente para seus alunos"). Vi meu nome ser trocado diversas vezes, pela professora anterior e sabendo do passado dela, de como ela era uma aluna relapsa e pouco inteligente na graduação, me fez sofrer intelectualmente falando. Fiz trabalhos para eles, às pressas, até o mês seguinte e não tive um mísero reconhecimento. Mas na hora que errei e peitei a direção, tomei bronca como se fosse um dos alunos malcriados. 
Respirei fundo. Deus ia me garantir melhorias.

* Novembro:

A sorte de passar de agosto é que o ano corre e você se assusta quando chega novembro/dezembro. Depois da frustrante F1 tardar a cansar minha beleza (ainda que inexistente, vale a menção do dito popular metafórico), a NFL tinha dado pontapés bem dados com o meu Broncos e ruído à olhos vistos - o que no começo a troca de QBs foi de forma injusta, depois merecida: o time - como um todo - estava displicente, as derrotas eram boas formas de castigo.
Retornei a fazer poucas postagens, como se estivesse escrevendo dissertações de novo. Mas a questão era que a escola tomava meu tempo livre de forma absurda. E eu só tinha uma turma. Mas novamente a administração sugava de mim como se eu fosse duas. Problemas surgiram e fui cobrada como se eu tivesse bola de cristal para saber o que as outras professoras antes de mim fizeram de errado e cabia a mim rever tudo e sozinha.
Uma tristeza abateu: o excesso de gente negativa em volta de mim - professores reclamões - definiu  porque meus amigos que viraram professores mudaram tanto. É que nem gordinhos que fazem redução/cirurgia de estômago. Parece que tiraram deles a gordura e alegria vai para o descarte, junto (claro, que há exceções, mas botem reparo: Faustão ficou mau humorado, aquele Leandro Hassum não é mais tão engraçado). 
A F1 terminou e o mais do mesmo reacendeu. Me afundei em músicas, livros e NFL quando não estava na escola.

* Dezembro:

Por conta do fim de ano: provas, recuperações, conselhos de classe, diários online que não funcionam e horários para cumprir na escola, as postagens foram raridade por aqui neste último mês. A F1 já havia acabado e não tive tempo de escrever algo que realmente fosse apreciável sobre NFL. Optei por seguir com as postagens do Corrente, que embora tardassem a aparecer, era por falta de participações para concluir a banda escolhida e fazer o post. 
E esperei por esse mês, mais que pelos outros. Dia 20 sairia a decisão da CAPES. E dia 20 o resumo do meu ano, com as respostas negativas para afirmações que me fizeram ao longo do ano: 
"O Mestrado vai te abrir mais portas." 
"Os 30 anos são os melhores da nossa vida, depois disso é só alegria." 
"Deus tem melhores planos para você, pode não parecer, mas ele tem um plano incrível..."
O Mestrado não me abriu portas. Dar aulas em escola pública nesse país não te faz ganhar o equivalente pelo tanto que você se esforçou em graduação e pós. Pior: um zé ou zefa das couves que curtiu o tempo de faculdade inteirinho e dá a mínima para a educação ganha o cargo e você fica chupando dedo com seus diplomas mofando com o suor do seu sovaco. Feio? Sim, mas real.
Os 30 anos não são os melhores anos da sua vida se você ainda vive com seus pais, que não gostam do seu emprego e depende do dinheiro deles, pois seu emprego é muito trabalho para pouco reconhecimento e não dá para ter estabilidade nenhuma. Não é o melhor dos anos quando você é a mais nova da casa e todo mundo "quer te ajudar". Não é quando o mundo diz que nessa idade você já deveria ter uma conta gordinha de FGTS, um carro (pode ser até velho) ou uma casa (nem que seja de aluguel). 
Deus pode ter um plano para mim, mas antes disso ele deixou o outro, o lá de baixo, aquele vermelho, chifrudo e que vive num lugar mais quente que o centro do vulcão, no comando.
Essa semana, depois do Natal tive o rompante de esperança em ter como fazer um outro curso de graduação na federal, sendo portadora de diploma. No edital, nenhum curso com vagas ociosas me apetece, não consigo me ver fazendo e me entristeci. Algumas horas depois pensei em fazer cursos na particular da cidade, via Prouni. Me lembrei que tendo estudado em escola particular, não tenho direito à bolsas e não tenho grana para pagar cursos - que querendo ou não, são bem caros.

E assim, a gente termina 2017. Espero que nos próximos 3 dias que restam não tenham mais outros tombos pois as costas e os joelhos já reclamam muito e com razão. 
Mas como a gente não pode perder o humor e nem mesmo mostrar derrota - pois os outros irão te julgar sem piedade se você baixar a guarda e desistir, sempre com frases motivacionais que as vezes são mentiras deslavadas, mas que compramos porque somos desesperados por natureza - mando um recado stalonístico ao novo ano:


Sábado retorno para falar só de coisa boa. Abraços afáveis!

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