Temporada 2021: Grande Prêmio do Catar

Creio que pouco antes do GP nos EUA, eu lancei uma projeção mal pensada. Na verdade, me precipitei nos termos, mas o resultado igual.
Escrevi que nas 6 corridas finais, mesmo que cada um - Lewis Hamilton e Max Verstappen - vencessem três corridas cada, o que parecia ser equilíbrio na verdade era ilusão. A bola da vez estava para o Hamilton, mesmo que tivesse menos vitórias, menos vantagem, menos poles, menos pódios e muito menos voltas na liderança. 

A vaca tinha deitado, como diriam os populares. Ia ter o mesmo resultado de anos anteriores e nós, estávamos nos enganando com a perspectiva de "novidades". E foi comum que achassem que eu estava exagerando ou simplesmente, implicando.

Bom, a coisa esteve posta assim:
Em Baku, a Mercedes, com asas mais "flexíveis", ligou o sinal de alerta da rival, a Red Bull, que insistia ter algo irregular com elas. A FIA assoviava, em disfarce, fingindo checar a legalidade do dispositivo. 
No mesmo fim de semana, a Red Bull tinha um dos pilotos, abandonando a corrida, por conta de um estouro de pneu.

Em Silverstone, os pneus mais resistentes foram implementados. E isso acabou ajudando a Mercedes em desempenho e a se sentir mais confortável. 
Já a Red Bull tomou o segundo tombo e o segundo fora de corrida, não por erro de Verstappen.

Em Monza, uma sanção absurda aconteceu. 
Prioridades postas, não se discutiu (devidamente) os critérios. Mas isso ia mudar. Uma cortina de fumaça ia ser necessária. Só precisava aguardar a oportunidade com aquelas tais afirmações que a gente não conseguiria contestar.

Minha projeção foi mal pensada porque confirmei tudo estar equilibrado. Me esqueci totalmente contar com os pontos extras da Sprint no Brasil. Isso daria o argumento final de que Hamilton tinha pelo menos uma mão na taça. Também errei, pois apostei que Austin e México poderiam ter vitórias do Lewis, fáceis. 

O argumento enfraqueceu com a vitória do Max nesses dois circuitos. Mas eu pensava: mesmo que Interlagos fosse um circuito mais propício para o holandês, a Mercedes estava muito "calma" apesar dos blábláblás de seus dirigentes. 

Mordidos, o Brasil poderia ser palco de um digno filme da superação. 
E foi, com toda cara de ter sido roteirizado, com direito a tudo que soasse oportunista: punição e escalada do piloto favorito de todos, para ficar "bonito na foto". Sem nenhuma dificuldade e muito entusiasmo dos interpretações, tivemos um graaaaaaande evento.
Eu, daqui, estava com a plaquinha escrito: "eu já sabia". Não ter me surpreendido, não me emocionou.

Esqueci que no Brasil tudo de fictício ia parecer real e denotar toda a temporada.
Depois dela, parece mesmo que o Hamilton tirou coelhos da cartola, combateu com maestria e foi, em suma, impecável. Isso diz, nas entrelinhas, que é o merecedor incontestável do oitavo títilo. 
Nada providencial, nada que veio, ao longo da temporada, sendo testado pelo demitido Valtteri Bottas, para ser executado exatamente quando a Red Bull já não tivesse muitas cartas na manga, parece ponto favorável. 
É material humano e muita inteligência. Os caras da Red Bull que se explodam, todos.

Para ajudar completar, as regras apareceram ou para dramatizar a narrativa ou para afastar o vilão de ser bem sucedido.
O GP brasileiro demorou a terminar. Uma manobra dura, mas sem toque, virou novela e motivos muito grandes para montar as dicotomias. A Mercedes quis resgatar o direito de tirar uns pontos do Max e diminuir a diferença de 14 pontos que tinha, até ali, para Lewis. 

GPDA se reuniu, pois a FIA não estava tendo critérios de aplicação e punição. Agora detectaram isso?

Sim, só agora. E quando envolve "falhas" por parte de Max Verstappen. Até tocar no carro do adversário, virou motivo de reprimenda. Como se nunca tivesse acontecido antes, isso deu munição para os detratores.

O que deveria ser uma colocação a pratos limpos e determinação de hierarquias, virou politicagem. Michael Masi protela decisões óbvias, deixando em suspenso a suposta não proteção daqueles que mandam na categoria. Ele também está com um saco de batata quentes na mão e tudo fica nas costas dele. 

Tradução: regras são regras. Não cumpriu, punições ocorrem. Cumpriu? Segue o jogo. Elas não estão claras? Reescreva até que fiquem claras. Simplifique até que aprendam, sem ficarem, nos adendos e exceções. 
No caso, sempre dependeu de quem está envolvido na situação.  
E, vez ou outra, aparecem em momentos muito providenciais. A aplicação seletiva, sempre houve. Porque só agora incomoda? 

Bem, eu tenho uma teoria: Lembram que eu dizia que quando Verstappen vence as corridas, alguns bons figurões não gastavam o cartucho de elogios, atribuindo até mesmo ao desempenho do carro, mas quando Lewis é o vitorioso, o entusiasmo fica em proporções exorbitantes?
Talvez ajude a entender o que está acontecendo.

E foi assim que chegamos ao Catar. Com chances de uma corrida chata, com a Red Bull sofrendo com problemas na DRS, a Mercedes não tinha nem mais o assunto de troca de motor para preocupar. Lewis Hamilton voou em Interlagos. Em uma semana, não mudariam setup. Quem tinha que se virar era a Red Bull.

Lewis Hamilton encaixou uma volta rápida previsível na classificação de sábado. Ela também mostrou que o circuito, novo para a categoria, soava pouco atrativo em termos competitivos.
Verstappen ignorou a bandeira amarela no fim do Q3, na qual Pierre Gasly tinha um pneu furado.
O certo seria bandeira vermelha. Parece até que estavam indecisos com a bandeira amarela, que sumiu, um tempinho...

Ah, claro. Abriram investigação. Max seria punido. Não largaria em segundo mais. 
No entanto, deixaram a decisão - óbvia, diga-se - para ser dada poucos minutos antes da largada. 
Você não leu errado. Nem eu li, quando soube da notícia. Mas ficou claro, que não estão querendo ser justos. Era melhor deixar para a última hora, para atrapalhar as estratégias e ajudar que a justiça se fizesse.
O que é a pressão, não é mesmo? 

Para não parecer que estava priorizando a Mercedes, puniram Bottas, com 3 posições, enquanto Verstappen, ficou com menos 5. Em sexto, Bottas "seguraria" melhor Max, que ia largar em sétimo. 
De nada adiantava crer que Gasly atacaria Lewis e fosse bem sucedido. 

Mas é, o seguinte, Verstappen é bom. Detestam ele. Mas ele é bom. 
Em poucas voltas, ele já era o segundo. Não houve "rasgação de seda". Mas, imaginem se fosse Hamilton?
Convicta que interpretação de texto correta, não é para todo mundo, não me importo se me chamarem de Verstapete ou Hamiltete. Se incomodo os dois lados, em alguma coisa que escrevi, então, estou no caminho certo.

Restava saber, quem ficaria em terceiro na prova de ontem.
Parecia que tivesse uma opção "nova": Fernando Alonso. Sim, ele mesmo. Depois de 7 anos (é isso produção?) de jejum. Torci para que desse certo.

Largada aconteceu, Gasly não conseguiu lutar com Hamilton, que tomou distância. Bottas teve um "low power" incrível e ficou em décimo primeiro. Em poucas voltas, Verstappen era segundo.

Depois das paradas, houve um furo no pneu do Bottas que estava em recuperação de posições. No momento do estouro, ele era o terceiro, se a fome da hora do almoço não confundiu minhas ideias. Não vi muito da troca dos pneus. O sinal da TV caiu por conta de uma chuva.
Mais tarde, acabou tendo que recolher o carro.

Um pouco depois, George Russell enfrentava o mesmo, mas como estava próximo dos boxes, conseguiu resolver o problema e voltar para a pista. Só conseguiu ficar à frente de Nikita Mazepin.

Nicholas Latifi não teve a "mesma sorte": com o pneu furado pouco depois do companheiro de equipe, não conseguiu chegar ao pitlane. Deixou o carro numa área de escape e provocou o segundo safety car virtual. 

Resolvido o impasse, a Red Bull foi ousada: tinha uma diferença boa para pararem Max novamente e manter a volta rápida. O lance era se acontecesse um problema no pitstop.
Apesar da torcida para que desse errado, eles conseguiram. 

Depois do Brasil, a diferença entre Verstappen e Lewis era de 14 pontos. 
Com o holandês em segundo, e com a volta rápida do Hamilton, as contas caiam para 6 pontos distanciando um do outro. Com a bandeirada, fecharam com 8 pontos de um para outro. Verstappen mantém a liderança, mas a bola está com Hamilton. 
Aquela minha projeção de antes de Austin só foi mal colocada. O resultado, é o mesmo. 

Os cenários para o GP na Arábia Saudita, outro circuito novo, é mais certeiro para me ajudar na prova de que posso ter errado o caminho, mas o destino é um só. O circuito está com as obras atrasadas, mas vai acontecer. Por isso, roubei o cálculo a seguir, de um perfil estrangeiro, do Twitter, para de uma vez por todas, mostrar que não precisa mais sofrer. Descobri o final da saga antes dos atores encenarem.
Para vencer o campeonato em Jeddah, Max terá quatro combinações:

1) Vencer, resgatar o ponto extra da volta rápida, enquanto o Hamilton só poderá ser o P6;
2) Vencer e sem conseguir o ponto extra, o Hamilton só pode conquistar o sétimo lugar;
3) Se for apenas o segundo, mas garantindo o ponto extra, Lewis só pode marcar um ponto, isto é, terminar a corrida em 10°;
4) Ou ainda, caso Verstappen seja o P2, mas sem o ponto da volta rápida, o Hamilton não pode nem sonhar em pontuar. 

Improvável, certo? Não aconteceu isso nenhuma vez no campeonato. 
O pior resultado do Lewis, foi Monza (e Baku). E o pior do Verstappen, foi Monza e Baku.
Nada adiantou ter 9 vitórias contra 7 do Lewis.
Nada adiantou ter 9 poles, 15 pódios. Muito menos ficar 620 voltas na liderança, contra 171 (rsrsrs...). Nem estar em vantagem por 8 pontos. Nunca abriu uma distância grande para o inglês. 

Então, o que queriam, vai acontecer: a última corrida, em Abu Dhabi, será a decisiva. E é bem possível que eles cheguem lá, empatados. 
Fantástico esse esporte, não?

Podem respirar aliviados. Vai ser "emocionante" mesmo, mas o oitavo título está no papo. O bem sempre vence.

Já adiantando, para não fazê-lo quando for modinha: Parabéns ao Lewis, por mais essa. Sou muito grata por estar presenciando esse momento tão fantástico da categoria. Tanta gente que nunca deu a mínima para a F1, agora, por causa dele, assistem e eu não me sinto mais sozinha. Que alegria é poder ver tudo isso!

A gente se vê hoje (se tudo der certo) na costumeira live do Clube da Velocidade, às 20hs. 

Abraços afáveis e espero que todos estejam bem.

Comentários

Mário Paz disse…
E uma sombra sinistra paira sob nossas cabeças, o famigerado oitavo título de LH se avizinha, uma zica infernal que nos faz engolir com farofa uma sucessão de "conquistas", obtidas com muito sangue e suor (pausa para rir...). Confesso não ser muito fácil lidar com isso, a sensação de "isso não tá justo" me vem a mente, acentuada pela presença quase idílica de um Fernando Alonso no pódio, um piloto magistral relegado à sombra do Rei, maltratado pela dona Sorte, um piloto que tem números muitíssimos aquém de seu imenso talento...
O que dizer de Max nessa luta inglória contra essa "força da natureza" chamada Mercedes ? Tem feito das tripas coração, se equilibrando nessa desigual divisão de forças, carregando a arisca Red Bull nas costas, um carro nervoso, gastador de pneus, propenso a falhas estruturais e sem velocidade de reta, um carro que o outrora "acertador" Checo Perez vem apanhando sistematicamente, assim como os ex companheiros Albon e Gasly
E eis que LH, cometendo erros de baciada ao longo do ano, tomando couro no roda a roda, apelando para todo tipo de joguinhos mentais (idiotas) e liderando um número muito menor de voltas, surge impávido colosso para botar a mão na taça...a propósito, foi só eu que achou a tal vitória "maior do mundo" em Interlagos, com "25" ultrapassagens, totalmente fail...com um passeio humilhante sobre os demais carros, naquela interminável zona de aceleração que Interlagos proporciona, mais o maldito DRS, a bem da verdade Lewis só teve trabalho com Max e Perez...aliás essa prova foi um bom resumo da temporada, Max, com um carro inferiorizado, se coloca a frente de Lewis, luta aguerridamente para se manter, mas acaba capitulando diante de uma força poderosa, a "Imperial Mercedes" ( já tô prestes a crer na ilegalidade desse carro, não é possível...e essa Red Bull que sempre termina as corridas em frangalhos, parece que já vai pifar...)
Pra terminar, uma mensagem de esperança kkkkk (risos meio sem graça)...Lewis costuma "se distrair" quando as coisas saem como ele gosta, tô com palpite que esse tal motor "apimentado" vai dar guru, LH não tem a regularidade como virtude e costuma ficar nervosinho...quem sabe né Manu ?
Michelle disse…
Vamos aguardar Mário, tomara que esteja certo.
Mas tudo corrobora para que Verstappen seja derrotado... Nem que seja à base de "regras" aplicadas depois do término da corrida.
Eis o tal esporte que tanto gostamos e o quanto isso nos consome mentalmente.

Abs!
Mário Paz disse…
Pois então...a versão "oficial" da FIA, que resultou na punição de Max, não para em pé, LH sabia que haveria devolução de posição, tanto que abdicou da ultrapassagem naquele ponto para não proporcionar DRS ao Red Bull...ato contínuo, se atrapalhou com a redução de velocidade e acertou a traseira do Max...quem deveria ser punido ?!?!?

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