"Mas": conjunção adversativa que nos trai

Hoje cedo, ouvi muito sobre essa infeliz conjunção sobre esse aspecto que ela sempre nos trai muito.


Detesto quando o "mas" é usado pelos politicamente corretos para dizer que a piada é esteriótipo, é racista, é ofensiva e portanto é sem graça. Nem rir podemos mais sem pensar nos "mas" da vida. Rir de si mesmo então, é muito raro.
Algumas coisas, concordo, são  inconcientes. Escrevemos algo que não queríamos em redes sociais, em emails, em bilhetes (se é que alguém ainda usa). As coisas acabam repercutindo comentários. Claro, afinal não vivemos numa bolha. Ilusão a nossa que ninguém vai ler e ter posicionamento contrário. Dependendo do grau de seriedade do assunto, a polêmica já está colocada a partir do primeiro que discorda.
O limite entre o que se escreve, o que se diz é tênue no que diz respeito ao que o outro que ouve ou lê interpretará.
Demorou um pouco para que eu entendesse que sou responsável pelo que digo, mas não sou pelo que os outros entendem.
Acreditem, um fato ocorreu alguns meses atrás comigo, em que ao avisar um amigo que ele estava fazendo papel de idiota, agindo como um quase nazista no facebook, ele achou que pela forma erudita que procurei escrever, estava na realidade defendendo a forma de expressão dele. Escrevi A e ele entendeu B.
Alguns dias depois, a situação continuou, e se meu avisos não foram bem lidos, que dirá dos livros e autores que ele disse estar se baseando para falar bobagem na rede social. De certa forma, eu queria seu bem, sabia que se encontrasse algum especialista no que ele falava, a coisa ficaria feia para o lado dele. Como amiga, alertei.  Visto que não conseguira nada com isso, não impûs que ele se calasse. As manias da profissão de historiadora pode causar inimizades, e para ponderar, deixei que ele fizesse o que achava que devia e queria. As vezes é um pouco hipócrita da nossa parte achar que sabemos tudo e podemos falar de tudo, das pessoas e das coisas. Então percebi que meu papel também era idiota, então desisti de avisá-lo já que ele parecia não querer ouvir.
Porque estou falando isso, não é mesmo? Porque hoje ainda fiquei pensando nesse "mas" que sempre usamos, porém, que vem carregado de pré conceitos.
Afirmativa um:
"Kimi Räikkönen é um bom piloto."
Afrimativa dois:
"Kimi é campeão mundial."
Daí vem os "mas":
"mas é desmotivado"; "mas é muito frio"; "mas é muito calado"; "mas é muito grosso"; "mas é muito mesquinho"; "mas é uma ameba"; "mas é bêbado"...
Perguntam se estou feliz com a volta dele para a F1. Se parássemos apenas na volta dele para a categoria, responderia prontamente que sim. Mas (olha ela aí!) sei que isso acarretará tantos comentários, muitos engraçados sobre, mas poucos efetivamente úteis. E esses "mas" que podem surgir nos textos daqui em diante, sinceramente acabam com as boas expectativas que eu poderia criar.
O que é preciso saber é que quando é para fazer piada, é para fazer piada. E quando temos que falar sério aí a coisa muda de figura de verdade. O que eu quero dos críticos famosos por acharem-se os reis da cocada, o último biscoito do pacote é que a perspicácia esteja em delimitar uma certa ética ao usar o "mas". É enfrentar, encarar de frente que o "mas" não define, não conceitualiza as coisas.
Sarcasmo e ironia são bons aliados quando bem usados, cada um na sua especialidade. Sarcasmo quando a intenção é ofender indiretamente, e ironia pode ser um alerta subtendido.  A diferença é tênue entre as duas, mas o sarcasmo é sempre mais picante e mais provocador, enquanto que a ironia é uma simples contradição voluntária, com intuito menos áspero.
"Bom mocismo" pode ser piegas muitas vezes, porém não dói quando atribuído com o valor certo.
O que é difícil sacar nos críticos brasileiros sobre Kimi Räikkönen, por exemplo, é que sobre o Kimi podem escrever textos críticos recheados de sarcasmo, ou seja ofensivos, mas em situações semelhantes a pilotos brasileiros quase nunca são alvo de sarcasmo. Talvez uma pequena ironia, branca, mas o personagem de bom moço sempre vai ter espaço para ele.
Não existe verdade absoluta nas coisas e nas pessoas. Brincadeiras, quando propostas para o bem, para o fazer rir, apenas pela simplicidade dela, é ótimo. Digo que visito blogs de amigos que fazem brincadeiras que se enquadram naqueles "mas" que citei acima e não fico chateada, e inclusive acho graça. É só verem as pessoas que comentaram no meu post anterior. Sem intenção de ofensa pode ser possível.
Tenham a convicção que se Kimi não estiver agradando, serei a primeira a falar algo sobre. Mesmo que meus sentimentos mais afetivos estejam gritando. Podem ver, eu não gostei muito da escolha dele de voltar pela Renault, futura Lotus. Mas não é por isso que jogarei a água da bacia com a criança dentro, se é que me entendem.
E se no caso, o esportista não é admirado, e suas forças sentimentais são mais explícitas que sua ética profissional, abstenha-se de escrever bobagens. Mas se for escrever, seja responsável pelo que diz. Não somos capazes de gostar de todo mundo, nem obrigados a conseguir isto. Muito menos sabemos porque escolhemos X ou Y para torcer. Muitas vezes não tem explicação. Talvez nem precise de ter. Apenas é.
Se houver limites, e brincadeiras saudáveis por aqueles que não profissionais, e seriedade daqueles que se julgam tal, tenho certeza: Os fãs do finlandês agradecerão.
E não terá "mas" nos atormentando.

Abraços afáveis!

Comentários

Excelente Manu!!! Concordo plenamente. A jornada será longa amiga. E difícil! Também não queria que ele voltasse, mas... rsrsrs... só me resta aceitar e continuar torcendo. Sempre estive do lado de Kimi. Nunca, jamais, em nenhum momento, o abandonei. E não será agora! Kimi saiu da F1 e muitos de seus fãs simplesmente o abandonaram, ele voltou e gente que eu não via há dois anos, ressurgiu. É a vida, mas...

bjs

Ludy

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