Balanço da temporada F1 2020 (parte VI)

Tenho feito um exercício desde o começo desse balanço: reler meus posts como se fossem escritos por outra pessoa.
As vezes, dá uma vergonha danada (principalmente se encontro erros ortográficos - sempre aos montes, e eu sei disso). Mas existem aqueles textos em que eu até acho bacana. Não é um verdadeiro primor, mas esse foi o caso da análise sobre o GP da Espanha, a sexta corrida da temporada 2020.

Um pouco longo, descarreguei as minhas frustrações com a corrida que prometeu ser excelente e foi bem próximo de um fiasco. Não era de se esperar o contrário: o circuito não é bom mesmo.
Fiz analogias com famosas sitcons; tentei desembrulhar um detalhe que fosse e que desse gosto de pensar: "ainda bem que não perdi isso!"
Não seria e não foi assim. O GP da Espanha (que por mim, desapareceria do calendário rapidinho) ofereceu o mesmo pódio, tendo prometido desde desgaste de pneus até chuva. Não teve nenhuma dessas opções. A chuva, por exemplo, chegou quando estavam recolhendo os equipamentos para irem embora.

Houveram promessas de disputa que não vieram.
Houve descontentamento com relação à suposta incapacidade de Valtteri Bottas em ameaçar o companheiro de equipe.
Sobre isso, devo dizer que não consigo dizer se ele é, de fato, um piloto mediano, ou penas que as circunstâncias apontam para esse pensamento. Poderia dizer mais coisas do que foi dito em postagens ao longo do ano passado - mas, a questão para mim segue sendo uma só: é muita, MUITA ingenuidade acreditar que ele ou qualquer outro piloto, terá vez na Mercedes com o Lewis Hamilton ocupando a outra vaga.

Ao contrário do que Toto Wolff disse recentemente - que Hamilton sabe que a equipe não gira em torno dele - não é o que parece. E como tudo o que "parece ser assim" na F1 é tratado pela imprensa especializada como "é", me decepciona, mas não surpreende que, novamente, tenham comprado a ideia de que Bottas é um zero a esquerda, sem colocar tal questão em suspenso.
E por isso mesmo, acreditar que Bottas possa fazer qualquer coisa para tirar um título de Lewis, era e é "conversa para boi dormir" - ou se preferem outra expressão - "para inglês ver".
Claro que ele "parece" que não se ajuda, mas... Eu consigo entrever que não é algo que seria diferente em qualquer outro caso, portanto, não é específico uma falha completa, dele. 
A equipe experimentou o que seria se deixassem mostrar o valor de seu segundo piloto em 2016. Para eles foi benéfico: o título permaneceu em casa. Mas eu tenho certeza que Lewis não deixa de jogar isso na cara de todos, toda vez que falham - e também, toda vez que precisa renovar contrato.
Não giram em torno dele? Então, porque é que ainda não contrataram outro piloto - mais barato, e talentoso - para a equipe, diante de um impasse na negociação (com propostas desproporcionais) com o inglês?

Houve um problema - na Ferrari - no que diz respeito ao gerenciamento da corrida do seu piloto - Charles Leclerc. Com o seu abandono, Sebastian Vettel poderia até soar como prioridade, mas acabou correndo sozinho.

Houveram declarações que no fundo, no fundo, seriam dadas como jocosas, mas na verdade, foram colocadas como ditos supremos... Por exemplo: Em notinhas, comentei que Lewis disse, logo depois do GP espanhol, que ninguém gosta de corridas em que a preocupação é com o gerenciamento de pneus.

Isso, faz parte da técnica de um piloto da atual F1. Se ele não sabe fazer isso, muito provavelmente ele não vai ter muitos resultados positivos. E em boa parte dos casos, é o piloto quem faz isso e não, fazem por ele.
Nesse quesito, não tiro a razão de que seja chato, pois o que mais querem é velocidade e disputas. Quando se tem muitas preocupações como esse para manter-se na pista, passa a ser monótono e angustiante, pois, nem todos conseguem bons resultados, mesmo sabendo gerenciar pneus. Corrida acaba sendo mesmo, o de menos. 
Nisso, os caras que tem carros mal nascidos na mão são pintados de "ruins". E então, se algum deles, sai da F1 falando "mal" da categoria, as pessoas rasgam o verbo. Realmente, não entendem o esporte que acompanham. 

Os sistemas eletrônicos dão conta de boa parte do desempenho do carro. Esse papo de "talento" na F1 atual é como uma cola aguada: molha o papel que se desfaz assim que seca. É por isso que eu digo, piloto, todos são. Apertar botõeszinhos, até os de videogame se dão relativamente bem.
Mudamos o discurso? Claro que não, né?

Voltando à fala do heptacampeão, digo que fiquei com cara de tacho. Nem era porque ele chorava por algo realmente problemático, mas sim pois, no auge do melhor resultado estava sinalizando boa virtude, e preocupação com o entretenimento. Explicasse então que, os carros de hoje são assim. Isso jogaria a luz sobre o fato dele ter se destacado tanto nessa fase da atual F1. Em tempos que ele corria com os carros da McLaren, ele não era nada mais do que um piloto mediano.

Ele sabe que queremos disputa? Então, porque ele não para com o discurso do trabalho duro feito pela equipe, e propõe uma sagaz mudança que ajude a propiciar isso? Ia ser divertido até para ele, afinal, em quem não deve, não teme. "Talento nato" é adaptável rapidinho... E bom como é, genial como nunca antes vimos, tiraria de letra!...
Só que ele sabe que o "buraco é mais embaixo", por isso, só faz por aparecer mesmo. 

E por esse costume em soar "bonzão" da boca para fora, em uma semaninha, às vésperas do GP da Bélgica, ele decepcionaria novamente: desapontando com relação ao seu "movimento de luta", viu aparecer uma oportunidade e não se fez "aparecer" devidamente. 
Ele acha que basta ajoelhar, usar camisetas de protesto e fazer textos no Instagram? Me admira que ninguém tenha feito isso antes para acabar com o racismo de vez... A solução era fácil e rápida, heim?
Mas isso é assunto para outro momento - polêmico - que houve durante o ano.

As outras notas davam conta de uma suspensão nos futuros de Vettel e de Kimi Räikkönen - não sem um disse-me-disse bobo e pouco interessante por parte da mídia local - e também sobre o adiamento do "modo festa" que atingiria precisamente as Mercedes (mas seria mais um "fogo de palha") e outros detalhes que pareciam, mas não eram tão relevantes. 

Sobre o GP da Espanha 2020:


Fechando o grid:
 
► Lance Stroll em quarto e Sergio Pérez em quinto - ambos da Racing Point. Na classificação eles ficaram invertidos: Pérez saiu do P4 e Stroll do P5.
Stroll subiu da sétima para a quinta colocação na classificação geral nessa corrida, somando totais 40 pontos, 8 a mais que Pérez.

► Carlos Sainz em sexto e Lando Norris em décimo, pontuavam pela McLaren. Na classificação ficaram, respectivamente em: sétimo e oitavo.

► Vettel ficou em sétimo, marcando mais 6 pontos, ficando com miseráveis 16 pontos.
O piloto da Ferrari (o único em 2020), Leclerc rodou na pista com o carro apagado e seus cintos estavam soltos. Acabou abandonando por problemas na unidade de potência com 38 voltas completadas das 66. Mesmo assim, estava, até o sexto GP do ano, em quarto lugar na classificação geral, com 45 pontos.

► Albon  ficou em oitavo (já mencionado no gráfico). 

► Pierre Gasly foi o representante da Alpha Tauri - em nono - largou da décima colocação.
Daniil Kvyat foi o P12 na classificação e na corrida. 

Não marcaram pontos:

► Daniel Ricciardo levou a sua Renault do 13º ao 11º lugar.
Esteban Ocon fez bem menos: 15º na classificação para o 13º na corrida.

► Kimi "brilhou" na classificação, passando para o Q2 pela primeira vez no ano, ficando em 14º. Na corrida, ele ficou com? O 14º cativo e oquê a Alfa Romeo tinha para aquele momento.
Antonio Giovinazzi foi o décimo sexto e largou do último - o vigésimo - lugar.

► Kevin Magnussen foi o 15º enquanto Romain Grosjean foi apenas o 19º - último. Os pilotos da Haas largaram do 16º e 17º, respectivamente.

► Por fim, George Russell e Nicholas Latifi da Williams largaram do P18 e P19 e terminaram a corrida nos P17 e P18. Vida nada fácil desses dois.

► Como já mencionado, Leclerc foi o único a abandonar. 

O placar da classificação, rodada 6, ficou assim:


► Começava uma reação de Pérez em relação ao companheiro. No retorno pós-covid, o mexicano já empatou em classificações com Stroll. 

► Um equilíbrio dos legais se encontrava na Haas. Pena que a equipe tinha em mente outra política que não, tentarem ser competitivos.

► Na Alfa Romeo, Kimi não fazia jus a sua experiência, mas começava a dar sinais de querer reverter a situação. 

► As superioridades de Verstappen na RBR, de Ricciardo na Renault, de Gasly na Alpha Tauri e de Russell na Williams, não surpreendia. 

Especificidades:

Piloto do dia: Sebastian Vettel da ??? - em tese, da Ferrari - mas na prática, era "Team Vettel".
Justo? Sim. O piloto foi o estrategista dos pneus no meio da corrida e com o abandono do Leclerc, teve caminho livre para fazer o que quisesse. Suas próprias escolhas deram à ele, com a carroça que tinha, a possibilidade de marcar o sétimo lugar. Melhor que nada.

► Lewis passou o número de pódios do melhor de todos os tempos: Michael Schumacher. Naquela altura, ele estava com 156 contra os 155 do alemão e, é claro, continuaria contando.
*Calendário "inchado" tem essas facilidades.*

► E por falar nisso, o Vettel também marcou um número significativo, embora, ninguém tivesse dado bola para a marca: somou 3000 pontos totais na sua carreira na F1. 


Inusitada a presença de Stroll entre os 5 primeiros? Talvez pelo nome. No fim das contas, o carro da Racing Point tinha muito do da Mercedes do ano anterior. Isso dava uma boa ideia do que é colocar um carro bom na mão de um "piloto" aleatório, atualmente: pouquíssimos não transpareceriam serem habilidosos. 

A surpresa mesmo era ver o Leclerc como representante da Ferrari, próximo das equipes de ponta. A explicação poderia ser mais próxima do fator proteção da FIA pela Ferrari do que necessariamente uma capacidade exaustiva do piloto em relação ao péssimo carro da equipe. De qualquer modo, parecia fato consumado que o seu equipamento sempre fora muito melhor que o do Sebastian Vettel - por isso a discrepância entre eles. 


Nenhuma surpresa também, no campeonato de construtores. A Mercedes abria larga vantagem sobre a Red Bull e a disputa nos últimos anos ficava a cargo da terceira força do grid. Neste 2020, não era a Ferrari, graças às picuinhas internas. A Racing Point demorou, mas não tardou a mostrar porque era apelidada de Mercedes Rosa. Dali, poderia ir bem longe. Nesse caso, o fator piloto poderia ser um divisor de águas e quem poderia colocar em risco esse posto da equipe, eram os carros laranjas - a McLaren. 

E é isso.

Próximo balanço será sobre o GP da Bélgica! Olhinhos até brilham em pensar sobre Spa... Mas, que pena que tem sido tão chata quando um GP na Rússia!

Abraços afáveis!

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