GP do Brasil: Nas nossas terras tudo parece amador

GP do Brasil não contou com minha total dedicação. Não assisti aos treinos de sexta-feira pois tive trabalhos a fazer. Mas no sábado, dediquei uma hora à um treino que começou bem, se o campeonato não já estivesse decidido.
Mas foi a primeira vez, em muitos anos em que acompanho a F1 (mais da metade da minha vida, praticamente) que tive uma "quase" possibilidade de estar lá em Interlagos de corpo e alma. Porém, como tudo na vida, as coisas não chegaram como planejado e vai ficar por uma outra oportunidade, um dia, quando estiver com bastante dinheiro e tempo disponível para ir acompanhar in loco. 
Não foi apenas a não ida à F1 que se desmantelou rapidamente. Decisões importantes e etapas cumpridas para alcançar metas de planos para meus 2017 e 2018, foram feitas à contento. Pelo menos, no que dependeu de mim, sim. Mas exatamente no instante em que dependi dos outros para concluir os planos, o buraco estava camuflado e eu caí de uma só vez no fundo do poço; tanto é que está bem difícil de sair dele.
Em 2007 eu quis, pela primeira vez, estar em Interlagos. Queria ter a chance de ter visto Kimi Räikkönen vencer o campeonato. Faz 10 anos que então, tive a única alegria grande de ver o piloto favorito conquistando um campeonato. Algumas pessoas experimentaram isso mais de uma vez, e para cada momento, uma emoção renovada. Deve ser legal isso. Eu no máximo fiquei contente em ter visto grandes temporadas de alguns dos pilotos, um deles, ainda competitivo.

Mas nem tudo é como se planeja. Principalmente quando você faz tudo por aquilo, mas um "fdp" surge e acaba com sua ideia de prosperar. Imaginem a situação: você faz um plano de pesquisa, faz uma prova difícil valendo 10 e tira 9, fica contente, se inscreve num processo seletivo e pimba! O governo faz das suas e a instituição suspende o processo seletivo. Você lá, num mísero momento andando com certa calma, cai num buraco fundo e escuro.
Sou eu, hoje. Ao contrário de 2007, em que em meados de outubro a vitória de Kimi me deu uma liçãozinha a respeito do meu futuro acadêmico (dependia só de mim reverter a minha situação), em 2017 eu agi como Vettel, sem saber: fui achando que estava na liderança e tranquila quando um Hamilton e sua Mercedes virou e disse: "Aqui não, queridinha".
Sábado e ontem, Vettel poderia ter disputado o seu campeonato, se não fosse a ascensão extraordinária do equipamento do Lewis. Teria, inclusive, se tivesse administrado melhor algumas corridas e se ninguém tivesse fomentado seus erros, ajudado a levar o campeonato na decisão até o fim, pois, Hamilton errou feio logo nos primeiros minutos do treino classificatório e bateu de uma forma que poucos dirão, mas que foi ridícula. Ele não é perfeito, apesar das defesas homéricas da transmissão, logo depois de se estatelar no muro de contensão. 
Vettel ainda tinha recursos, como teve, embora a Mercedes parece mais interessante para a F1 do que a Ferrari. Eu não. Tive de me contentar com a decisão de terceiros e agora, correr atrás do prejuízo me sacrificando por algo que não almejo para meu futuro.

Muito ao contrário de estar fazendo o campeonato interessante, Vettel disputava o vice com Bottas - que teria a Mercedes à seu favor para fazer a tríade completa: já tinham o campeonato de pilotos e de equipes garantidos - faltava o determinar também o segundo piloto no campeonato... E Bottas acabou sendo pole no sábado. Fez o que lhe cabia. Mas infelizmente, ele não tinha assim tanto apoio da equipe que, querendo ou não, ainda ficou focada na recuperação do primeiro piloto que tinha errado e possivelmente queria aparecer mais um pouco na corrida. E isso, por mais que se desminta, é real: equipes grandes não dão a mínima para os escudeiros, no caso Bottas e Kimi. Chamar de "Barrichellos finlandeses" é "zoeira never ends", mas também é maldade que só faz rir pelo exagero: "Rubim" fazia por onde à ser desprezado afinal, nunca chegou aos pés de nenhum dos dois. 

Resumir a corrida é andar em círculos: Vettel (o farsante, na visão dos "entendidos") faria uma excelente largada e teria a corrida em suas mãos. Se nada mudasse de repente, Bottas também perderia no máximo a segunda colocação e seria terceiro. Kimi talvez teria que lidar com um pouco mais de pressão, caso não saltasse também na largada, para segundo. 
O mais simples ocorreu: Vettel saltou a frente e Bottas se segurou pelo menos em segundo sendo perseguido de perto pelo compatriota Kimi, que num dado momento esperou ver no que dava. Só no final da corrida é que o "Bebum" mostraria que é mais sóbrio que muito piloto brasileiro aposentado.

O amadorismo de nossa transmissão bateu ponto. Aos gritos, a corrida focou-se na recuperação de Hamilton, largando dos boxes. Com algumas erradas de pilotos menores na largada ele veio em tal "ascensão" que foi piamente ridícula: com um equipamento daqueles, ele chegaria em quinto lugar em menos de 15 voltas, claro. Qual era a vantagem de achar maestria ao passar anulando Saubers e Toro Rossos, Renaults e Haas? Ricciardo, com um equipamento inferior, fazia a mesma coisa e ninguém esgoelava de emoção (para não dizer outros termos).
Nosso pronto amadorismo se dava também nas chamadas de informações do paddock, sempre em horários de rádio  mal traduzidos, como sempre) com falas nada úteis e relevantes. Como notável, eram assuntos triviais de pouca importância, assim como comentários podres: "Olha, Massa pode ir ao pódio". Sim, ele podia. Se Vettel, Bottas, Raikkonen, Verstappen e Hamilton batessem de bico, um para cada lado, e ele passasse ileso no meio de todos. Só assim.

No fim do esgoela, esgoela, e depois de murcharem com o fato de Hamilton ter passado anulando o Massinha também, eles voltaram à si, fomentando uma corrida (morna, na verdade) do inglês: todo mundo saiu de seu caminho e não deu nenhum trabalho à ele, parecendo que tinham recebido bandeira azul; Massa incluso. O pior foi esperar que Verstappen pudesse dar ao tetra campeão gênio uma prova, um gostinho de seu arrojo e abriu espaço também deixando ao já conhecido "bêbado" Kimi resolver a parada com o inglês. Poxa, Max! 
Apesar das torcidas, o "bêbado escudeiro" deve ter visto Hamilton pelo retrovisor, mas não se abalou, nem abriu a porta, nem sequer deu sinais de estar sob desespero, caso contrário, reclamaria no rádio.  Já o tetra parecia nervoso pela primeira vez: travou os pneus um sem número de vezes nas voltas finais ao som de "agora vai, agora vai" como se fosse uma torcida para um baixinho tentando subir em barranco alto. 
Só digo uma coisa: Vergonha para o tetra campeão perder do 'bebum', hein meu? Que vergonha! 

Acharam que o amadorismo teve fim? Nada. Com aquela balbúrdia toda de puxa-sacos do Hamilton, o Galvão perdeu a bandeirada. Perdeu também as estribeiras pois, o que era importante da corrida era o vice campeonato sendo decidido na ponta do grid e não a disputa de um terceiro lugar. Vettel venceu, regeu o hino italiano, Dória distribuiu cumprimentos e só.
Ah! Tivemos um rádio (mal educado, diga-se) de um idiota em pista chamado Massa e comentários seguidos de agradecimentos ao tal - que já foram feitos ano passado em meio à muita água e não era da chuva. Vamos torcer mesmo para que Abu Dhabi seja a última corrida do Felipe, porque tivemos hora extra dele o suficiente (e inútil, pois não acrescentou em nada no esporte). 
E com isso a gente fechava uma corrida que, assim como nosso país, foi uma bagunça danada de transmissão. Desculpa aí, Liberty...!

E vocês, o que acharam da corrida? Abraços afáveis!

Comentários

carlos disse…
Parabéns ao Kimi que deu uma chicotada em cima do Senhor Mimimi Pilantra Hamilton através da transmissão o que o senhor mimimi fez de fritada dos pneus.
Sobre o Bottas perdeu a largada mas a Mercedes deveria fazer uma estratégia legal para manter a vice-liderança mas o Vettel ganhou e merecido, errou algumas corridas porem foi para cima dando um excelente toco do Senhor Mimimi Hamilton lá no México. O grande erro do Vettel foi entrar do jogo psicológico do senhor mimimi Hamiton lá do GP do Baku.
Manu disse…
Só posso concordar contigo, Carlos. Felizmente algumas pessoas ainda vêem a situação da forma como eu e vc vimos. Outros preferem achar que (roubando o seu termo bem colocado) o Senhor Mimimi Hamilton é um grandíssimo gênio das pistas. Paciência né?

Agradeço pelo comentário! Abraço!

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