Déjà vu na F1
Felipe Massa vai se aposentar. De novo.
Para quem caiu sem querer aqui na página e não sabe lhufas do que estou falando, explico: vez ou outra eu comento sobre Fórmula 1, um esporte à motor que passa muito na rede Globo, especialmente nos domingos. Há etapas de corridas, em países ao redor do mundo (sim, ao redor, pois a Terra, queridos, não é plana), com treinos livres, classificação dos melhores tempos, e por fim, corridas de umas duas horas em traçados em sua maioria, chatos e pouco desafiadores, nos domingos. Também há equipes, sabem? Como times, mas não com 11 "pinos" correndo ou defendendo à pé uma bola, mas sim apenas dois homens em cada "equipe" com um carro diferente destes de rua, usando capacete e macacões disputando estratégia e forçando o melhor dos motores de marcas famosas, como a Mercedes e tendo por trás, mecânicos, dirigentes e estrategistas comandando todo o resto. Sabe a Ferrari? Então, é uma dessas equipes, a mais "cricricri" da categoria e também uma das mais odiadas.
Os pilotos ganham muito dinheiro, (as vezes demais), para serem "treinados" a virar para a esquerda e para a direita, no tempo certo e calculado. Alguns deles são muito bons nisso, outros, só são bons porque tiveram engenheiros magníficos para ofereceram um equipamento que propiciasse sucesso. E Felipe Massa é um desses pilotos que disputa na categoria - em síntese, se me permitem - uma disputa na verdade, de o quanto vergonha consegue passar. Ele é brasileiro, e você que está aqui que nem o meme do John Travolta em Pulp Fiction, pelo menos sabe que nossos compatriotas, além de não se importarem em ser alvo de piadas para os outros, não desistem nunca. Dão murros em ponta de faca com gosto, inclusive, quando se trata de política e dever cidadão. Ah, e eles são destes que sabe que a culpa é deles nas más decisões, mas está sempre à postos de culpar o vizinho.
Ano passado, estrategicamente antes do Grande Prêmio no Brasil - quando nós recebemos a Fórmula 1 por aqui - Felipe Massa anunciou aposentadoria da categoria. Foi homenageado por mecânicos de todas as equipes, e não só a sua e foi aplaudido com gosto por funcionários e comissários, enquanto ele passeava pelo corredor dos boxes de cada marca com uma bandeira do país enrolada no corpo.
O que eu disse na época do GP do Brasil pode ser conferido na íntegra nesse link: GP do Brasil em Fotos.
Como podem reparar - meus leitores já sabem disso - eu não gosto do Felipe. Por diversas razões, mas a principal, por ser fraco profissional, mas ser, na mesma medida, arrogante o suficiente para ser achar um dos grandes. Petulante, falastrão e chato, bem chato.
No link eu falo que algumas pessoas choraram com a homenagem. Afirmei que era bonita, mas nem de longe soltei lágrimas. Eu não tinha nenhum sentimento que me fizesse agir dessa forma. Trollei com a careca do cara e segui adiante.
Eu poderia ter feito muito mais. Poderia ter escrito que ele era um perdedor, eterno vice, que escolheu parar no GP do Brasil pois seria o único lugar das quais o puxa-saco-mor faria das tripas coração para que fosse marcante (o Galvão e a emissora Globo, por meio dele). E foi marcante, para o Massa. Nesses tempos que assisto F1, homenagens para um vice como foi ao Massa, nunca vi.
Passou novembro e veio dezembro. Logo depois do Natal, surgiu a possibilidade de "retorno" de Massa, assim que o campeão do ano passado, Nico Rosberg, surpreendeu à todos, dizendo que se aposentaria: ele estava na categoria para ser campeão. Conseguindo o feito, ele iria fazer outras coisas de sua vida.
Massa foi cogitado ocupar a vaga até mesmo, de Rosberg. Seria um retorno daqueles que não foram. A vaga na Mercedes parecia ser mais voltada ao companheiro de Massa, Valtteri Bottas, e então a equipe Williams ficaria com duas vagas soltas embora o novato canadense Lance Stroll estivesse praticamente confirmado.
Antes mesmo de confirmar de verdade, eu iniciei meu processo de falar mal de Massa e atribuir palavras que denegrissem sua honra. Sem palavrões, apenas palavras pesadas como "mercenário", "covarde", "caçador de holofotes", vieram a ser registradas neste post à seguir: Drops pós Natal.
Massa foi vice campeão em 2008, contra o atual campeão do mundo, Lewis Hamilton, no segundo ano dele na McLaren. Massa na época, corria de Ferrari, e queria, a qualquer custo, mostrar-se mais eficiente que seu companheiro, Kimi Raikkonen que tinha um título na equipe no ano anterior. Calmo e tranquilo, pouco se importando para o campeonato em si, Kimi foi superado porque digamos "deixou". Massa superou o apático Kimi na época, e até hoje, brasileiros rangem dentes ao dizer que foi ele quem deu o campeonato de 2007 para o finlandês, mas se esquecem que Kimi correu as últimas corridas de 2008 em favor do brasileiro, e ele mesmo que se ferrou (sozinho) na etapa inglesa, ficando à poucos pontos de vantagem na última corrida do ano e perdendo para um Hamilton que veio a ser apenas o quinto colocado naquele dia. Por 27 segundos, antes de Timo Glock patinar na chuva em Interlagos, Massa foi campeão. Hamilton ultrapassou Timo e nesses 27 segundos comemoraram nos boxes, e logo piscar de olhos, a empolgação cessou: Hamilton, com aquele mísero quinto lugar, era o campeão.
Ano passado, até meados de dezembro, Massa inaugurava um novo rótulo e acrescia uma nota de rodapé no currículo: "Campeão por 27 segundos e aposentado por 3 meses".
Em janeiro, ele voltava ao cockpit, como piloto da mesma Williams. Sob a desculpa de que "ensinaria" o novato canadense, Lance Stroll, ele passou o ano inteiro, dando entrevistas como se estivesse na disputa real de alguma coisa e reclamando - como sempre - de alguma falha mecânica, pneus ou colegas de outras equipes que prejudicou sua volta.
A mídia achou errado, alguns críticos foram coesos e lançaram mão de palavras que magoavam: "fomos feitos de trouxas", afinal, toda a imprensa especializada falava bem de Massa depois que ele decidiu se aposentar. Apregoava-se sua boa forma e coragem, em dizer: "vou cuidar da minha vida". Virou mártir para muitos. saindo assim, de cabeça erguida, ele ensinava à muitos outros, que ficaram se humilhando por contratos em equipes pequenas e não souberam a hora de parar.
Voltando, toda aquela exaltação pela atitude e pela contribuição à categoria, caiu por terra. Ele se tornou tão ridículo quanto aqueles que se humilharam em equipes menores ou saíram ensandecidos por grandes empresas de patrocínio. Claro que ainda lê-se nos portais especializados locais machetes que dão conta dos primeiros colocados seguidos de um "ponto e vírgula" com o nome do Massa e sua colocação (pífia, mais que nos outros anos).
O resumo para quem ficou até aqui nesse ponto alto do meu texto e não conhece a F1: Massa voltou e só manchou a carreira com um sem número de corridas inúteis. Não ajudou Stroll a evoluir em nada. E além disso, meio que foi colocado para escanteio: desde o meio do ano, a disputa de sua vaga foi colocada "à venda". Um antigo piloto estava em casos de retorno, depois de alguns anos competindo de rali; Robert Kubica teve muitos acidentes sérios, um inclusive na F1, mas não tem mais tanta credibilidade de voltar. Um acidente mais grave do rali comprometeu movimentos de uma das mãos, mas ele, tem conseguido se virar. É uma questão de prática e adaptação. No caso dele, readaptação. O piloto reserva da Williams, Paul di Resta, já correu na categoria na mesma época de Kubica e não foi assim tão ruim para ter sido rebaixado à piloto de testes. Ambos, apesar das discordâncias pessoais em termos de talento (vai de cada um, o que pensar a respeito dos dois), são, sem sombra de dúvidas, melhores opções para a equipe que tenta uma renascença, depois de perder seu achado Valtteri Bottas para a Mercedes.
Que fique claro: Massa é um bolha por falar em aposentadoria bem antes do GP brasileiro, se é que vai ser isso mesmo e não decidam por uma renovação de contrato. É óbvio que esse idiota quer holofotes de novo, na sua terra, e infelizmente vai ter, porque os puxa-sacos são, como mandam o conceito, uns puxa-sacos. Mas não espere mecânicos e comissários agradecendo sua ilustre presença, pois bobos e trouxas a gente vê em grande quantidade, aqui no Brasil.
Espero, profundamente que seja a última vez que eu tenha de fazer textos sobre esse cara. Desta vez não vou medir palavras e tomar a dianteira: "tchau, não precisava nem ter voltado". E chega, né?
Abraços afáveis!
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