Balanço da temporada F1 2020 (parte V)
Quisera eu ter mais tempo para fazer as postagens de fotos comentadas à cada GP. Sempre que revisito essas postagens eu dou algumas risadas dos meus comentários.
Depois do primeiro GP em Silverstone, eu aprontei uma dessas. (Se quiserem reler, o link direto está aqui). Para mim, a melhor parte é a escolha dos gifs. E eu fico rindo sozinha...
Não é caso de pensar sobre isso agora, mas sim, o que interessa: Nesse post de fotos, eu menciono como estava o campeonato depois de 4 corridas - os 10 primeiros e o campeonato de construtores:
Era muito frustrante olhar as tabelas depois de 4 (miseráveis) corridas. Mais do mesmo, e a gente nem poderia dar-se o prazer de duvidar de algumas projeções "diferentonas", só por "faz de conta".
Engraçado que é notório que quem gosta de esporte, adora também números. Façam um teste, num grupo de pessoas: contestem a fama de um(a) esportista qualquer e aguardem alguém dizer a quantidade de títulos ou conquistas que ele(a) tem. Não é difícil prever esse cenário, não é mesmo?
No último domingo mesmo, tinha um punhado de gente achando ruim quem contesta a grandeza de Tom Brady. Mesmo ele jogando dois quartos de tempo de jogo, que nem um qualquer e se beneficiando das péssimas escolhas do time adversário, apenas ele ganha os créditos em um esporte que pressupõe ser baseado em equipes - futebol americano.
Quando se trata de F1 (que não parece, mas é um "esporte" de equipes) em que você assiste corridas sabendo basicamente 95% do resultado final, ainda tem "maluquito" e "maluquita" que vem dizer que a categoria ainda é "empolgante" - e nós, frustrados com a mesmice é que somos chatos(as).
Eu não sei, mas juro que acho muito sem graça quando eu digo que vai acontecer X coisa e eu acerto no meio desse X. Darei um exemplo: eu não gosto muito de mágicos. Os truques, de algum modo, são feitos como se fossem para entreter, mas são muito mais para enganar os espectadores. A matriz da coisa, a meu ver, é enganar e isso ofende a nossa capacidade de percepção e inteligência.
A F1 atual tem passado essa sensação: carros, tempos de voltas rápidas, pilotos atraentes... Tudo truque. De mágicos? ... Não exatamente.
A F1 atual tem passado essa sensação: carros, tempos de voltas rápidas, pilotos atraentes... Tudo truque. De mágicos? ... Não exatamente.
Se eu descobrir como é feito o truque das cartas ou o da mulher fatiada ao meio, perde a graça, não é mesmo? Então, numa analogia fajuta, adivinhar o resultado das corridas e dos campeonatos da categoria, significa que o truque perdeu o sentido.
Tenho assistido o seriado Seinfeld (muito bom, por sinal). Procurem assistir o episódio 1 da sexta temporada, se puderem. Minha referência é bem no começo, e é curta. Quando Jerry (Seinfeld) faz o monólogo de abertura sobre beisebol, eu parei para pensar no quanto era interessante. E é i engraçado justamente por ser verdade. Fiz a captura de tela do episódio para facilitar o entendimento:
A gente gasta uma energia e um tempo danados nessa de nos "entreter" com esportes. A gente se frustra porque o infeliz errou aquele gol que "até a nossa vó faria", porque deixaram empatar, porque o cara não correu para touchdown, porque não deu o passe para o jogador que estava livre, porque o maldito do juiz não deu falta naquela jogada, e porque raios estourou o pneu ou esse piloto tentou passar por dentro quando não havia mais espaço...
Ah, mas tem aquela alegria do "Ganhamos"!!! Quem, cara pálida???
Eles!!! Sempre eles!!! Não nós! A gente assistiu e acreditou que rezas, mandingas, e dedos cruzados, resolveram alguma coisa.
E os bonitos estão lá, com os bolsos cheinhos de dinheiro, festando, comemorando, mas nós, do lado de cá, temos que ter o momento de epifania: "bacana, mas e a minha vidinha?"
Gastar tempo com criatura que recebe pra fazer o que faz, seja ganhando ou perdendo é bobagem. Perder tempo defendendo quem está fazendo jogadinha pra renovar contrato para o ano seguinte é um caso grave, também.
Mas, como já diria Paul: "Let it Be"!
Por sorte, e para a alegria de vocês, deixei de bobeira e para o GP de 70 anos decidi que deveria ter um texto bacana para a ocasião aqui no blog. Convidei o Paulo Alexandre Teixeira do Continental Circus para escrever para mim e o resultado foi esplendoroso e sugiro que deem uma olhada (podem até ignorar o que escreverei hoje, depois):
De fato, a corrida com a vitória de Max Verstappen foi boa, basicamente, pois ele soube fazer o que devia no tempo que lhe foi dado. Em cinco corridas, tivemos um vitorioso que não era da Mercedes e isso era bom - em termos -, pois saía da mesmice comum de apostas.
Em termos, pois as Mercedes não tinha deixado de estar no pódio em nenhuma daquelas 5 corridas. O fato mostrava que podia cair uma bomba no meio da pista que as Mercedes - ou pelo menos uma - estariam entre os 3 primeiros. Para que isso se concretizasse, bastava que um destes fosse Lewis Hamilton, caso contrário, poderiam se dar o luxo de se atrapalharem com uma parada dupla nos boxes quando ele não estivesse presen... Ok, não digo mais nada!
O fim de semana em Silverstone deu uma amostra do erro que pode ter sido deixar Nico Hulkenberg fora da F1. Não seria a primeira, nem a última vez que isso aconteceria. Com um carro competitivo, ele pode ser um piloto muito mais do que necessário do que alguns assegurados com contratos no grid de 2020 e quiçá o de 2021.
Enquanto alguns, tem uma, duas e até três chances de estarem com carros relativamente bons nas mãos, Hulk passou por algumas equipes de meio de grid e em momentos nada favoráveis, acabando com uma fama de azarado, subestimado... Sem pódio.
Ele retornou como "quebra galho" da Racing Point para substituir o covidiano (na ocasião) Sérgio Pérez. Quiseram apressar o retorno do mexicano, mas o resultado foi positivo de novo, no segundo GP em Silverstone, ficando mais uns dias "de molho".
Nico chegou a fazer o terceiro melhor tempo, mostrando uma habilidade até superior aos pilotos oficiais da Mercedes Rosa - afinal, ele estava parado desde o final de 2019 e só havia sentado em um carro novamente no fim de semana anterior, quando fez o 13º tempo no mesmo circuito. Na corrida, não foi para a pista, mas na segunda tentativa, no GP dos 70 anos, ficou atrás do filho do dono - Lance Stroll - numa estratégia de parada um tanto "suspeita".
Dispensado em 2019, assim parece um discurso para surdos quando digo que valeria mais a pena ter mantido Hulk no grid em 2020. Parece "bobagem" também sugerir que ele tivesse uma vaga que fosse deixada solta no transcorrer da "dança das cadeiras". Apenas rumores, e alguns chefes de equipe disseram que consideraram Hulk para as vagas, seja no passado (como foi o caso mal contado da Mercedes) ou para 2021 (colocavam ele como possibilidade na Alfa Romeo e na Haas).
No fim, não teve nada acertado. E permanecia a dúvida do porque resgatar Esteban Ocon da vaga de piloto de testes para a vaga oficial na Renault, no fim de 2019, sendo que, até aquele momento, não fazia o menor sentido (e para mim, ainda não faz).
No fim, não teve nada acertado. E permanecia a dúvida do porque resgatar Esteban Ocon da vaga de piloto de testes para a vaga oficial na Renault, no fim de 2019, sendo que, até aquele momento, não fazia o menor sentido (e para mim, ainda não faz).
A equipe - que agora em 2021, se chamará Alphine (mais uma mudança para nos acostumarmos) - terá o retorno do "capcioso" Fernando Alonso... Só posso dizer que aguardo com muita expectativa por isso. *Fogo no parquinho*
Na Ferrari, ficou escancarado, no GP 5 do ano, que a prioridade da equipe era manter Sebastian Vettel o mais longe possível de Charles Leclerc. Com isso, o alemão recebia muitas críticas pelo seu desempenho, inclusive de seu chefe - que declarava sem rubor nas faces que o tetracampeão era incapaz de fazer mais do que um 12º lugar já que havia rodado na curva 1.
Sim, Vettel deve ter feito de propósito. Inclusive, nada sabia da estratégia que ele havia alertado ser a errada para a sua condição de corrida. Não tinha essa de teoria da conspiração, o cara é que é uma farsa!
Mais tarde detectaram uma fenda no carro e liberaram novos chassis para Seb, mas não sem dizerem que isso só aconteceu por "mau uso".
No fim, a menina dos olhos da Scuderia ficou sendo o quarto colocado. Era esse o plano deles para a corrida comemorativa dos 70 anos da F1 e também para todo o campeonato. F&d@-se, Vettel, não é mesmo? *Alerta: contém sarcasmo*
Vamos ao infográfico do quinto GP de 2020:
Valtteri Bottas colocou Lewis no bolso na classificação, mas isso não ficaria assim na corrida, nem se todos os anjos descessem à Terra.
No domingo, a Red Bull deu show de estratégia e mostrou a fragilidade das Mercedes. Pena que, quando se descobre os truques, a equipe arruma outros para sobrepor.
Destaque, como já mencionado: o terceiro tempo do Hulkenberg na classificação. Grande cara!
Os demais pontuadores:
► Em quarto, Leclerc. Largou da oitava colocação. Vettel foi só o 12º graças à Ferrari. Fez o 11º tempo, na classificação.
► Em quinto, já comentado na tabelinha: Alex Albon.
► Do sexto largou e no sexto lugar, chegou: esse era Lance Stroll. Seu parceiro momentâneo, Nico ficou por volta do quarto e quinto, mas uma parada nas voltas finais fez ele ser apenas o sétimo. Providencial que ficasse atrás do filho do dono? Parece que sim, porém, não é nada que interesse, pelo visto...
► Esteban Ocon veio para o oitavo lugar, depois de fazer o 11º tempo. Ah, mas olha aí o cara que eu critico... Bem, não é isso que se esperava dele? Oras... Além do mais, na classificação, o bonito atrapalhou a volta de George Russell e tomou uma punição de 3 posições a mais no grid. Saiu do 14º lugar.
Daniel "Sorriso" Ricciardo largou da quinta colocação, mas terminou o GP dos 70 anos em 14º.
► Em 9º, Lando Norris representando mais dois pontinhos para ele e a McLaren. Carlos Sainz terminou no P13.
► Daniil Kvyat da Alpha Tauri, foi o décimo. Pierre Gasly vinha logo atrás, na 11ª colocação, mas já fora da zona de pontuação.
Ainda não marcaram pontos:
► Em 12º, o coitado do Vettel, em 13º o seu substituto na Ferrari - Sainz, e em 14º, Ricciardo. Todos já comentados.
► Na sequencia, a partir do 15º: Kimi Räikkönen da Alfa Romeo, Romain Grosjean da Haas, Antonio Giovinazzi da Alfa, George Russell e Nicholas Latifi da Williams.
► Kevin Magnussen da Haas completou apenas 43 das 52 voltas, forçado a abandonar com os pneus acabados.
O tal placar da discórdia:
* O placar da Racing Point estava assim: 2 de 2 corridas - Stroll 1 x 1 Hulkenberg.
Alguma diferença gritante? Em coro: "Nããããão!"
Algo realmente relevante, que vale a pena discutir? De novo: "Nããããão!!!"
Esse placar é realmente, muito superficial e até, inútil.
Especificidades:
► Piloto do dia: Max Verstappen da Red Bull.
Não tinha como ser outro.
► Lewis Hamilton igualou o recorde de número de pódios - 155 - com Michael Schumacher.
Os calendários inchados das temporadas nos últimos 10 anos propiciou que esse recorde fosse batido rapidamente pelo inglês. Fato, e o resto é conversa.
Os calendários inchados das temporadas nos últimos 10 anos propiciou que esse recorde fosse batido rapidamente pelo inglês. Fato, e o resto é conversa.
► GP número 70, e a corrida número 100 de Daniil Kvyat na categoria.
► Na sexta-feira de treinos livres, a equipe Racing Point foi punida por copiar os dutos de freio traseiros da Mercedes. Foi multada por 400 mil euros e a perda de 15 pontos no campeonato de construtores. (Demorou um bocado para a decisão sair e bem... Parece que estava faltando fiscalização, né?)
► Ainda que Bottas tenha ficado só em terceiro depois de fazer a pole, algo havia de depósito de confiança da equipe Mercedes ao nosso amiguinho finlandês de voz bonita: logo após a corrida, na semana que antecedia o GP da Espanha (afffs...) renovaram contrato com o Bichinho de Goiaba. Antes do Blessed? "Siiiiiim!!" Sem firulas? "Claaaaaaro!"
E é isso. Próximo balanço falarei do GP da Espanha. Tenham fé!
Abraços afáveis!
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