Balanço da Temporada 2020 Fórmula 1 (parte I)
Eu prometi então, vou cumprir. Além disso, fiz uma enquete no Twitter e no Facebook. Ainda que um votante tenha escolhido a opção de não fazer o balanço da temporada, venceu a maioria.
Cá estou, no dia 1 de janeiro fazendo análises da temporada 2020 da Fórmula Mercedes, digo Fórmula 1 começando com a parte I.
Das 17 etapas que aconteceram nesse ano, aos atropelos de fins de semana, sem chance de fazer a galera que trabalha na categoria poder respirar e sem a gente ter um pouco mais de tempo para decantar as ideias. Tudo isso com direito a bolha e protocolo de segurança, houveram mais situações negativas do que positivas. Mas as tais positivas, se forem levadas à sério, podem ser alternativas benéficas para 2021 - o que, desculpem todos, acho improvável.
Começamos com o primeiro GP na Áustria.
Minha postagem sobre a confirmação da temporada previa o que seria a tônica - a militância e os discursos sobre direitos civis, para além do esporte (que de toda forma, teria o mesmo resultado comum). No texto, eu pontuei um pouco de como toda essa situação deveria transcorrer sem maiores problemas e até indiquei o que poderia ser feito sem que soasse como algo apenas promocional. Relendo o texto, percebi que sentar e pensar sobre certos tópicos não custou nada em fazer e de fato, tudo soou muito mais marketing que campanha. Link: F1 vai acontecer em 2020... Finalmente (?)
Sobre a primeira corrida na Áustria, duas coisas saltaram aos olhos: uma, eu realmente precisava reduzir o tamanho das minhas postagens e duas que confirmar certas premissas me deixa muito nariz empinado (risos).
Um sinal de que eu já estava achando que a mídia brasileira estava muito pior que em outros momentos (anteriores), sobretudo no que diz respeito em fazer análises e matérias relacionadas, esteve lá, naquele texto. Conjecturas fortes, com duas ou até três razões possíveis não foi feita em nenhuma situação da temporada por parte da mídia especializada. Tudo parecia muito simples para a maioria deles e delas. Ninguém foi razoável e, isso foi possível perceber ao longo dos meses e se confirmou, totalmente, com o fim da temporada, e ainda agora, com a offseason acontecendo. Não existe análise bacana no Brasil sobre F1; tudo é trivialmente falso, raso (e muitas vezes, as duas coisas juntas). Preocupante, mas não surpreendente. Basta olharmos as matérias feitas sobre outros assuntos e percebemos o quão patético está o nível jornalístico por aqui.
Não tenho a pretensão de dizer que aqui, vocês encontram o melhor conteúdo sobre o assunto. Mas podem acreditar que eu passo longe do que soa como "factual" para os que deveriam ter esse compromisso. Gosto de dar chance para aquilo que ninguém disse. E espeço para vocês palpitarem o que quiserem nos comentários, também.
No texto sobre o GP de abertura deixei claro que não engoli fácil a história que montaram para justificar a dispensa de Sebastian Vettel da Ferrari, ainda que achasse primordial que ele se livrasse da equipe o quanto antes. Também quis saber porque achar supimpa a "ascensão" da Racing Point. Mais tarde, talvez eu entenderia (e agora, quero saber se esse "oba-oba" permanecerá com a mudança para Aston Martin...).
Quis, de alguma forma, mostrar que a minha opinião sobre competência é bem diferente da maioria. Competência é dada pela formação, enquanto obrigação é dada pelo sistema.
No caso da F1, a Mercedes era colocada por muitos como a mais competente e por isso, "odiada". Eu entendia que, pelo sistema, a equipe era (e é) basicamente obrigada a entregar resultados incríveis. Em 2014 tiveram um carro vencedor, que foi fruto de 4 anos de muito trabalho até chegarem àquele ponto favorável e competitivo. Competência? Está bem.
Depois deste ano, os ajustes para manter-se no topo era menor em relação às outras equipes. Passou a ser obrigação.
Em contrapartida, o caso das demais equipes que sequer se aproximam da Mercedes (desde 2014) não deixa mesmo, nenhum outro adjetivo senão o rótulo de incompetentes.
Eu sei, é confuso. Mas não sou fã de colocações simplistas.
No texto também, escrevi que "Vettel teria um ano difícil".
E teve. Aponto inclusive, todas as questões que fariam Charles Leclerc ser retratado na imprensa como um "milagreiro" com um carro muito ruim, enquanto Vettel teria todo o seu legado questionado e mostraria muitos sinais de fraqueza.
E foi exatamente assim que o quadro foi pintado na imprensa - antes mesmo de acontecer. Percebem o quão problemático isso parece?
O primeiro GP levantou questões morais. Lewis Hamilton foi colocado em punições que, ao ver de muitos, eram injustas. As pessoas se esquecem (ou não conheceram) o Lewis do início de carreira. A memória volátil de alguns causa efeitos danosos para os novos fãs da categoria, aqueles que se interessaram pelo esporte graças à Netflix ou por alguma thread de Twitter.
No mais, se esquecem que todos eles, erram ou erraram pra caramba. Mas porque não exaltar?
Além disso, havia o aspecto das campanhas "we race as one" e "end racism" que entraram na pauta para não saírem mais. E gerou controvérsias. No primeiro caso, não tão no começo. Mas o segundo... Tacharam os pilotos que não ajoelharam no hino, de "racistas" e até de "nazistas", mesmo sem saber o que tais termos implicam. A coisa ficou ainda mais desmedida ao longo da temporada.
Lá no texto, não ficou claro, mas já tinha em mente que isso seria um problema grave e que Lewis teria de ter consciência do que estava fazendo, e muita firmeza, ou colocaria muita gente em maus lençóis, de graça.
Pena que bom senso não é o campo mais forte da atualidade. Vimos uma polarização bem ruim acontecer e sem sentido para o esporte que tanto gostamos. No entanto, era sintomático que isso acontecesse em 2020.
Na postagem, claro, falei da corrida em si, dei alguns "insights" do que estava por vir, reclamei um pouco do despreparo que parecia ser com os caras voltando às pistas sem muitos testes. A quantidade de DNF deixou isso parecer ser um grande problema para as próximas etapas.
As quebras diminuíram ao longo da temporada, mas ainda acho que, com o pouco tempo para desenvolver carros, o trabalho exaustivo em blocos de três fins de semana seguidos, algumas situações teriam sido bem diferentes em condições normais, isto é, sem pandemia.
Diferentes, porém iguais, ou seja, a hegemonia da Mercedes teria sido mais gritante.
O saldo da abertura da temporada foi agridoce: enquanto o resultado final, mostrava uma F1 aparentemente mais competitiva, firme nas regras e tudo o mais, logo, tudo voltou ao corriqueiro, na mesma pista e uma semana depois.
Apelidei as postagens de corrida de "Chapter", capítulo em português, pois estava convicta de que seria como as divisões de um livro. Preciso deixar claro que fiz isso sem pensar muito, mas acabou sendo providencial, afinal nem sempre o "introito" entrega a história. As vezes, o capítulo de introdução só te fisga para continuar devorando as demais páginas, e nem sempre, condiz com o conteúdo delas.
Leiam (se quiserem) no link Chapter 1 F1: GP da Áustria para captarem alguma coisa que passou despercebido. Verão que eu não sei ser objetiva nem à base de ameaças (risos).
Aqui, tentarei ser direta. Para cada GP então, apresentarei um infográfico com as primeiras colocações do grid e da corrida, mais as informações adicionais dos companheiros daqueles melhores classificados. Basta clicar nas imagens abaixo para lerem melhor.
Outros que marcaram pontos:
► Sérgio Pérez, saiu do grid na sexta colocação, e terminou também no P6, marcando 8 pontos. O piloto da Racing Point Mercedes foi punido com 5 segundos acrescidos do tempo final por ter excedido a velocidade no pit lane. Seu companheiro, Lance Stroll foi o terceiro piloto a abandonar a corrida; largou em nono e completou 20 das 71 voltas.
► Pierre Gasly da Alpha Tauri foi o sétimo colocado, tendo largado da 12ª colocação. Marcou 6 pontos enquanto seu companheiro Daniil Kvyat largou em 13º e foi o último a retirar-se (pneus) com 69 voltas completadas, e no P12.
► Da Renault veio o oitavo colocado da primeira corrida: Esteban Ocon largou do P14 e marcou os primeiros 4 pontos da equipe. Daniel Ricciardo foi o segundo DNF da corrida. Com problemas no motor, ele completou 17 voltas das 71. Largou em décimo.
► Por fim, Antonio Giovinazzi da Alfa Romeo-Ferrari marcou os 2 pontinhos iniciais da equipe, ficando em nono tendo largado do fundão do grid - ele saiu da 18ª colocação.
Enquanto isso, Kimi Räikkönen, que largou da posição 19, foi o penúltimo a abandonar a corrida (pneus) com 53 voltas completadas.
► No gráfico, já informamos o décimo colocado (Vettel).
Tivemos ainda:
► Nicholas Latifi, estreante da Williams, em 11º, tendo largado em último.
► Alexander Albon (que largou da quarta colocação) teve um problema elétrico e ficou em 13º na classificação geral, por ter completado, ao menos 67 das 71 voltas finais. Daniil Kvyat também teve essa vantagem, ficando em 12º com as 69 voltas já mencionadas.
Abandonos:
► O primeiro foi Verstappen, que estava em segundo, teve uma pane elétrica e abandonou na volta 11.
► Mais tarde, Ricciardo e Stroll, que já comentamos.
► Logo, Kevin Magnussen da Haas-Ferrari abandonou na volta 24 numa colisão com Ocon, provocando inclusive, a entrada do carro de segurança. Kevin largou da 16ª colocação.
Mais adiante, seu companheiro Romain Grosjean abandonou por falhas no motor com 49 voltas completadas. Junto com ele, George Russell, da Williams, abandonava pelo mesmo motivo. O franco-suíço largou da 15ª e o inglês da 17ª colocação do grid.
E o Kimi, logo em seguida dos dois, completando apenas 53 voltas.
Para quem gosta (eu acho totalmente subjetivo e não diz nada para mim), fiz uma tabela com os placares de classificação por dupla. E, ficaram assim, depois da primeira etapa:
Especificidades:
► Piloto do dia: Alexander Albon da Red Bull.
Apesar de não ter completado a corrida, o toque com o Hamilton sensibilizou a galera. As vezes, é isso "significa" mais do que celebrações no pódio.
► Hamilton tomou duas punições em duas situações diferentes em um só fim de semana. A primeira veio da classificação - perdeu três posições no grid por não diminuir a velocidade no Q3 em um trecho da pista que estava com bandeira amarela por conta de um incidente com Bottas.
Depois, ele teve outra na corrida: foi punido com cinco segundos em seu tempo final por causar uma colisão com Albon na volta 64.
Já era a segunda vez que ele se atracava com o piloto da Red Bull. A primeira foi no GP do Brasil, em 2019 quando sentimos nostalgia ao lembrar como é Lewis defendendo posições de quem "não tem medo" de atacá-lo... Bons tempos!
Enfim... Com essas, Hamilton tomou pontos na superlicença. Mais tarde, perigaria ficar uma corrida fora pela quantidade de infrações cometidas. (... Mas, foi só sustinho, para variar!)
► Lando Norris foi o terceiro mais jovem piloto à subir no pódio, com 20 anos e 235 dias. Com aquele terceiro lugar, ele marcou direto 15 pontinhos para a McLaren. Ele também marcou a sua primeira volta rápida na categoria. (Seria a primeira de muitas?)
► Bottas voltou, pelo segundo ano seguido a começar liderando o campeonato, dando ares de estar mentalmente empenhado nisso. Desta vez, liderou a corrida de ponta a ponta, fazendo barba, cabelo e bigode (isto é, pole + largada + vitória).
O tempo mostrou que é uma pena que ele possa ser extraordinário, mas as circunstâncias não permitem (nem permitirão) que ele demonstre isso - como veremos nas próximas postagens, sobre as outras corridas. (Adianto que, por mais que pareça, essa situação toda pode não ser totalmente culpa do finlandês de voz bonita...).
► O fato da Ferrari estar no pódio não indicou nada além de uma pitada de sorte e um trabalho totalmente voltado ao carro 16. Seria assim toda corrida que estivesse no calendário atípico. Não havia espaço para pensarem, depois de todo o 2019, que gastariam tempo ajustando tudo para que o segundo piloto tivesse chances de fazer boas corridas. Uma só questão estaria em jogo e era a confortabilidade do Leclerc e dentro das limitações, ele seria não seria prioridade: ele seria a ÚNICA prioridade.
Assim, o carro número 5 experimentou apenas o que seria a tônica de toda a temporada: classificações ruins e um carro "inguiável", para sustentar a decisão feita antes da temporada começar - a sua dispensa.
Os ditos dos dirigentes era que o carro seria moldado para o jeito do Vettel, portanto, a munição estava dada: A expressão "que faaaaaaase do Vettel" com uma boa dose de falsa piedade e risinhos bafados de chacota dos comentaristas irritaria até os surdos.
Logo que o GP da Áustria terminou, uma notícia ficou para ser confirmada e foi. Fiz uma nota sobre isso quando decidi retomar os meus post de fotos com gifs engraçadinhos.
A "questã" era o retorno do Fernando Alonso, na Renault, em 2021. Relendo a postagem, nem parecia eu escrevendo - devia estar inspirada naquele dia (mas não muito, rsrsrs...). Para quem quiser dar uma olhada, basta clicar aqui.
Sigo pensando a mesma coisa sobre o retorno de Fernando Alonso. Vai ser bom ter ele de volta. No meu mundo da fantasia, até pensei em algumas coisas bacanas que poderiam acontecer e eu ficaria bem interessada na próxima temporada. Sua presença estaria inclusa nessa expectativa.
Mas vai ser uma decepção danada... Não o seu retorno, mas o que previa como sendo ideal para 2021. Quem sabe não conto o que é nas próximas postagens e vocês, não estarão mais de saco cheio dos meus textos gigantes?
Acreditando não ser uma "falastrona abobalhada", fico por aqui, prometendo a próxima parte para logo.
Abraços afáveis e que venha um bom 2021 para todos nós!!!!
Comentários
Eu gostei da volta do Alonso, mas eu tenho a impressão de que a arrogância dele vai me fazer mudar um pouco de ideia.