F1: Relembrar é viver (edição #1)
Ontem, dia 22 de julho fez dois anos desde esse momento:
Desde que surgiram o debate de que Sebastian Vettel estaria entrando numa maré de crise com a direção e administração da Ferrari, esse evento aí - de 2018 - passou a ser a "justificativa" dos entendedores de plantão.
Vários portais e jornalistas da F1 aqui, lá e acolá aproveitaram-se dessa perda de controle do carro no GP da Alemanha de dois anos atrás para fecharem as suas matérias sempre que alguma notícia sobre desempenho do piloto tetra campeão era colocada em xeque.
As conclusões, especialmente para as vitórias mornas de Lewis Hamilton naquele mesmo ano, depois desse GP, eram tomadas sempre lembrando que o "erro" de Vettel custaria à ele o campeonato.
Para reforçar o discurso, se analisava sempre que o "carro da Ferrari era o melhor do grid".
Não se esqueceu do assunto. No ano seguinte, qualquer resultado positivo de Charles Leclerc, trazia o GP da Alemanha 2018 de volta ao debate. As notícias tendiam a terminar com parágrafos que relembravam esse momento bem trágico da carreira do piloto na Rossa.
Não faltou chance para que se dissesse nas análises esportivas (de forma direta ou não) que o problema da equipe era realmente, o tetra campeão e uma (suposta) imposição pela preferência na Ferrari.
Não precisa nem dizer que, quando começou o burburinho de que Sebastian não renovaria com a Ferrari em 2020, muito "sabichão" já lançou dúvidas se compensava mantê-lo na equipe italiana e quiçá, em outra equipe grande ou com chances de ter um carro competitivo.
Parecendo que queriam o bem do "pobre coitado" muitos apontavam como "aposentadoria" algo muito confortável, afinal, já sendo quatro vezes campeão, e não mais em "forma", poderia dedicar-se a outras atividades, e dar chances aos novos nomes.
No GP da Alemanha em 2018, Vettel perdeu o controle, por um começo de chuva e do nada, vimos ele na caixa de britas, nervosíssimo. Depois disso, o piloto não rendeu o suficiente para colocar pressão extra em Hamilton.
É impossível - embora ainda seja fato preponderante entre os grandes e pequenos nomes do jornalismo esportivo - postular quais eram as reais chances de Vettel ter sido pentacampeão naquele ano.
Em tempo, num ambiente que se acredita piamente que o último campeonato vencido por um piloto da Ferrari só foi possível às custas do segundo piloto da equipe, não dá para levantar um debate sério com qualquer um que seja.
Poucos dias atrás, postaram isso numa página do Twitter:
E de fato, isso deve ter passado despercebido para alguns, que por sinal, "narram" corrida pela rede social, mas não reparam em certas coisas que acontecem nas transmissões. Checar dados é coisa de jornalista caxias (e olhe lá).
O perfil oficial da F1 não deixou de notar a quebra na asa um pouco antes das 10 voltas finais da corrida:
Cabe algumas perguntas, para finalizarmos.
Isso é uma boa desculpa para aqueles que acham que o Vettel (simplesmente) não teve capacidade de segurar o campeonato à seu favor, com o melhor equipamento do grid, naquele ano?
Provavelmente não, afinal de contas, já há uma opinião formada a respeito dele e da sua passagem pela Ferrari.
Se não fosse essa situação no GP da Alemanha, será que qualquer outro, nas condições de primeiro piloto, na Ferrari, teria vencido aquele GP e "derrubado" Hamilton?
Não dá para responder isso de forma pragmática. Se for fã do Hamilton ou, pelo menos, acreditar de fato que ele é um diferencial na equipe Mercedes, diria que não, absolutamente.
As respostas opostas - sim, qualquer um seria campeão e teria batido Hamilton - poderiam vir especialmente com bônus, os exemplos: Nico Rosberg fizera, Jenson Button, mais cedo, também.
No afã de afirmar que Vettel não é bom o suficiente, haveria quem dissesse: "até eu teria vencido aquele GP e aquele campeonato".
Exagero? Acho que não.
Também não temos resposta para outra questão que assombra o fã ferrarista e mais ainda, o fã de Sebastian: Se fosse outro piloto naquele carro, com a corrida nas mãos, acabar errando na volta final... As críticas teriam sido menos duras?
Ao que tudo indica, sim. As críticas ao "outro" teria sido menos duras e o erro amenizado, principalmente se esse "outro" fosse um tipo "protegido", um tipo "simpático".
De alguma forma, a gente percebe isso com facilidade quando Charles Leclerc, comete erros. Seus resultados negativos são abafados, seja porque é ainda "jovem" ou porque ele costuma declarar-se com autocrítica par a imprensa.
Então, lembramos que ontem fez dois anos que algumas dúvidas e incoerências pairam na F1 atual, sobretudo pelo que é opinião e se torna pela mídia, fato, seguem inabaláveis. Essa é uma delas e escolhi para fazer o piegas "relembrar é viver".
Opiniões discrepantes - e para alguns insensatas, para outros nem tanto - sempre vão acontecer, pois somos constantemente levados por paixões. Se gostamos de um esportista, a gente cria um elo afetivo e admira a ponto de parecer agir, as vezes, de forma irracional na defesa do mesmo. É inevitável também que, na vontade de se fazer ouvido, se fazer popular, a gente encontre em outros, ressonância em discursos - mas só porque alguém pensa como eu isso não signifique que não estamos todos longe da realidade. (Isso nem é particularidade dos esportes, é também algo que ocorre na política, como já devem ter percebido...).
Aproveitando (acho que nunca é pouco repetir): você sempre pode ter opinião sobre talentos dos pilotos e considerar eles fracos ou não para estarem na categoria máxima da F1. O que você não pode, é querer impor a sua ideia aos outros, como verdade pura e simples. Afinal, o que se ganha com isso?
No fim de semana, deixarei um texto do meu amigo Diogo, numa participação especial aqui para vocês. Se tudo correr como o previsto (não depende de mim) logo teremos mais participações.
Abraços afáveis!
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