GP da Hungria: Dê uma paradinha aí, sim?

O GP da Hungria não soou favorável depois  da classificação. Mais do mesmo, mesmo quando era provável que tivéssemos uma pole de Raikkonen. No fim do fim do Q3, a Mercedes colocou não só um, como seus dois carros no P1 e P2. Escandaloso, Toto Wolff chegou a sapatear nos boxes, em solavancos bizarros na cadeira, quando Hamilton - e não Bottas -, fez o último e melhor tempo. Derrotado, Vettel ficou só com o quarto lugar do grid, mesmo tendo dominado os treinos livres. Em entrevistas, ele dá bandeira de resignado. Isso, meu amigo, não é postura combativa, mas se for um jogo, para deixar os rivais acreditarem nisso, já funcionou. No momento, não funciona, pois eles estão à dar de ombros, afinal, estão e estarão por cima da carne seca.
Tanto que estavam tranquilos que chegou a aparecer uma notícia dos dramaturgos do ano: estaria liberado a disputa entre os pilotos da equipe prateada. 
Houve quem tivesse acreditado. Eu não, e nem por um segundo.
E o segundo que só confirmou as minhas expectativas com essa corrida, se deu no instante 1 da largada. Quem tem o mínimo de bom senso (o que é custoso hoje em dia, em termos de opinião sobre as coisas) sabe que aquela largada do Bottas foi uma largada de escudeiro. 

Vale a piada de que escudeiro bom, ou era brasileiro, ou é finlandês. Mas um destes finlandeses de hoje, pelo menos, não deu na cara e quase prejudicou o companheiro em um par de curvas naquela largada. Kimi pode ter tentado, talvez abrir espaço, buscar o erro de Bottas para que Vettel pudesse tomar as duas posições e estar, no plano ceto de vencer a corrida. Mas, não podemos confirmar. Fato é que ele mesmo, parecia querer tomar posições para si. 
Já a "cordeirisse" do Bottas deixou claro o jogo de equipe. 
Por mais sujo que pareça, eu prefiro os jogos da Ferrari. Pelo menos quando acontece é escancarado. É humilhante para o Kimi, que é campeão mundial e tudo o mais. Mas ele conhece a equipe em que está, já esteve lá outras vezes, com outros companheiros. Se está de novo nesse espaço, tem que dançar conforme a banda toca. Se vai dançar desengonçado, ou só mexer os bracinhos, não importa. 
Agora essa papo piegas da Mercedes que não existe jogo de equipe, desde Rosberg, é sumariamente irritante e desmoralizante. 
Há quem sinta falta do Rosberg por ali, quando o Bottas age de má fé. Rosberg pareceu resiliente, muitas vezes, mas ele não nos deu a chance de vê-lo ser humilhado depois de um título. Quem poderá dizer que não teria sido pior que Kimi na Ferrari, hoje? 
Não "conheço" Rosberg a ponto de tentar imaginar sua reação caso estivesse ainda disputando. Mas não acho que seria tão diferente dos anos em que foi "superado". Sim, superado entre aspas, pois sem o controle do Hamilton e dele com a equipe, ele fica apático. Foi Rosberg aprender a se virar sozinho e abrir vantagem, que depois, nem a equipe conseguiu resolver o impasse. Mas foi quase. A ideia de que um tem mais títulos do que o outro sempre vai contar. E talvez Rosberg tenha pulado fora do barco por conta disso. Mas tudo isso é palpite.
Kimi, em todo o momento que foi escudeiro, deixou claro que isso teria consequências. Em nenhum momento ele foi vitimista ou palerma, tanto quanto os comparativos dos já conhecidos segundões brasileiros. A piada vale, mas só como piada.

A corrida tomou moldes calmos logo depois de algumas insatisfações: toques bobos na largada, abandono de  Leclerc, Verstappen (com direito à muito palavão - com razão - no rádio)...
Os chatos de plantão, não aparecem quando as corridas estavam (ainda que forçadamente) boas. Mas basta uma corrida morna, que eles começam a criticar. 
Eu critico corrida que tem Hamilton dominando a fila. Essas são chatas para mim. E como eu sabia que ontem, toda conta, previsão e tentativa iam dar em nada, cheguei a reclamar do ritmo da corrida.

Enquanto as Mercedes propiciavam para que a F1 se torne indesejada, a Ferrari bagunçava o coreto: Kimi ficou sem tomar isotônico. Um corrida de temperatura alta, e o cara não tinha isotônico. Enquanto o pessoal xingava a equipe, eu pensava que, concentrada, essa seria a primeira coisa que eu verificaria no carro. Sua mente, no caso, estava noutra coisa: a família. Se você levar criança para seu local de trabalho, seu serviço do dia, renderia?
Não sei vocês, mas eu já tive aula na faculdade, com a mãe da criança, levando a dita cuja para a sala. A concentração de todos era próxima a zero. Já perdi mais de 40 minutos de uma aula de estágio, num debate dela com a professora, sobre o tipo de desenho animado que uma criança de menos de 3 anos, pode assistir. Naquele dia, ninguém disse nada sobre "verdade histórica" ou "interpretação de fontes",  assuntos do programa da disciplina.

Está certo que isso é opinião, mas algo unânime é que a equipe de Maranello conseguiu dar uma aula de "como não fazer pitstops". Kimi parou cedo demais. Parou em ocasiões imprecisas. Não tinha como arrumar o lance do isotônico, mas tiveram tempo para demorar a troca de um dos pneus. Vettel permaneceu mais tempo na pista. Andava bem, com um ritmo excelente. A transmissão projetava emoção no fim da corrida: Vettel tomaria a posição de Bottas e ainda teria tempo, no final, de atacar Hamilton.
Eu achava que, no máximo ele tomaria a posição de Bottas, que infernizaria ele até o fim da corrida para evitar que ele atacasse Hamilton. Cheguei a pensar até que ele voltaria muito perto do Bottas, teria mais potência para ultrapassá-lo, mas não faria pois a pista é travada e o escudeiro, teria ordens de manter a qualquer custo a posição. 

Com essa última possibilidade em mente, imaginei a falta de paciência do antigo Vettel surgindo e *puff* ocorrendo um incidente e o cara não só sofrendo críticas, mas também um número exorbitante em punição. 
Houve, de fato, um "tipo isso", faltando umas 7 voltas para o final. Antes disso, Vettel vinha em primeiro, fazendo o que lhe cabia e foi para os boxes, na volta 40. A parada foi tão amadora e "chinfrim" que não pude ter outra reação se não essa:


Inacreditável. 
A equipe tinha o carro mais regulado para a pista seca. Tinha mais possibilidades combativas que a Mercedes. Tem a melhor dupla de pilotos. E faz caquinha com os pitstops dos dois. Vejam o gif do Jim Carrey de novo, só para eu seguir com o assunto. 


Assim, e então, Vettel tinha no rádio, um aviso super amistoso e que colocaria qualquer um empolgadíssimo: Você precisa passar Bottas na pista. Se fosse eu, diria que ele s deveriam ter feito um pitstop para me poupar dessa, cazzo!
Ele não disse e perseguiu. Era mais rápido. O Bottas, de vez enquanto, dava umas afastadas. Segurou, com maestria, mesmo com pneus gastos. O traçado favorecia que Vettel ficasse estagnado atrás dele, mesmo com mais velocidade. Até Kimi chegou próximo à Vettel e a pressão aumentou para o finlandês da Mercedes. 
Eis que faltando 7 voltas, a aproximação era iminente. Na volta 65, Vettel atacou Bottas por fora. Veio por dentro e aos custos, passou. Abriu bem a curva, para garantir que não tomasse um x. Bottas, no desespero, ao ver que até Kimi poderia o ultrapassar, fez uma virada torta e bateu a asa dianteira no pneu de Vettel, já mais de meio carro à frente. Por sorte - e finalmente ela sorriu para o Vettel e para a Ferrari - não houve danos para o alemão, e ainda Kimi tomou a terceira colocação.
Bottas perdeu o tempero. Depois que saiu dos boxes, disputou posição com Ricciardo e jogou ele para fora da pista. Abriu-se investigação para os dois casos. Ricciardo (que fez uma corrida custosa, largando do fundão) retomou a quarta colocação e depois da corrida, Bottas ainda levou alguns segundos, que não fizeram diferença.  

Bottas havia feito o serviço bem feito, apesar do erro desesperado. Está certo que jogo de equipe estava firme e forte até a volta 64, mas a intenção da Mercedes era Hamilton no topo. Se tivesse dobradinha, era lucro. O plano A da equipe era Hamilton se afastar ainda mais do Vettel e isso foi propiciado, graças ao Bottas e aos erros da Ferrari.
E eu questiono: houve rádio do Hamilton em algum momento, pedindo ajuda, ou questionando alguma decisão da equipe? Não. Porque com ele na frente, ele não precisa de ninguém mais. 

O último pódio da primeira metade do campeonato foi fofinho, com Robin, o filho de Kimi, protagonizando as cenas de carinho pelo pai. Se na classificação ele apareceu com um picolé na mão correndo para cumprimentar o pai, dessa vez ele foi levar uma garrafinha de água. Logo depois, brincou no pódio, com uma naturalidade maior que o pai, que sempre foi sisudo, mas agora está bem manteiga derretida. 
É claro que babaram colorido. Criança divertida tem essa dádiva de encantar à todos e ali, Robin chegou a tomar os holofotes do Hamilton. Deve ter tido alguns bonitões fãs do inglês que se sentiram incomodados com isso. Para eles:


Estamos de férias da F1, 3 semanas livres. Parece ruim, mas nem tanto. Vou concordar com Ricciardo que disse que precisa dessa pausa. Nesse tempo, a Ferrari tem que tomar vergonha na cara e trabalhar como nunca antes. Hamilton já está à frente, como planejado, com 213 pontos. 24 pontos separam ele de Vettel. O trabalho para retomar os pontos precisa ser intenso. Ouso dizer que vão morrer na praia. Voltaremos em Spa, felizes por ter a F1 tde novo, mas já alerto para estarem cientes que agora, as disputas se pautam novamente em quem será o segundo colocado. 

A gente pedia por corridas mais empolgantes e até ganhamos. Mas com a aproximação do resultado final, deu no mesmo.

Abraços afáveis!

Comentários

Manu disse…
"Verdade verdura" tudo que disse Eduardo. A Ferrari, a gente conhece, parece que esquece que tem sempre alguém a espreita. Já faz uns anos que é uma equipe que não tem boa visão sobre as coisas, não lança um pulo do gato e no caso, quem se ferra, são os seus contratados. Aquela sagacidade em termos de estratégia e noção de corrida ficou nas eras Schumacher. Um pequeno e restrito resquício caiu no colo do Kimi em 2007. Tenho para mim que a FIA estavam realmente chateadinha com a McLaren e acabou dando certo que aceitassem o "azarão" naquele ano. Depois disso, a McLaren ruiu aos poucos, a Ferrari foi miando (porque confiou seu trabalho à um piloto mediano) e a Red Bull aproveitou bem o espaço.

As pessoas acham muito ruim que a gente diga que o Hamilton só vence com o melhor carro. Na verdade concordo com o erro: ele só vence com melhor carro mas esquecemos de acrescentar "com o motor Mercedes". Por isso, acho que Vettel deveria vencer, para que ninguém diga que ele também só vencia quando o carro da Red Bull prestava. Esquecem que ele veio de uma BMW Sauber, depois uma Toro Rosso e depois é que teve um motor melhor, na Red Bull, e mesmo assim, no primeiro ano dele na equipe, ele só foi começar a perturbar o Jenson Button depois que Rubens Barrichello perdeu o jeito de fazer corridas com a Brawn GP. Ele não começou fenomenalmente numa equipe grande e não seguiu de forma monstruosa, numa equipe que tudo faz por ele.

Eu quero acreditar que Vettel pode até vencer esse ano se ele focar, parar de ser derrotista e cometer erros infantis. Quero que a Ferrari trabalhe duro para que nada besta aconteça, mas... Será que, como Ecclestone uma vez disse, eles realmente ainda não achem que Vettel seja "carismático" (leia-se rentável) o suficiente?
Há horas que crio minhocas na cabeça a pensar que nos tempos histéricos que vivemos, Hamilton combina mais...

Mas não tenha dúvidas. Se Vettel vencer, dirão que foi armação, que ele só ganha com o melhor carro, e que ele é "falso que dói"... Se fosse só ele, estava bom.

Abs!!

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