Novelinha da F1 - Capítulo 12: GP da Hungria

Talvez a minha coluna de hoje seja um tanto esquisita. As razões são nobres: consegui dois textos depois do GP da Alemanha, um sobre a corrida e um sobre o que estaria por vir. Vocês já leram bastante semana passada, perdi a "criatividade". Além disso, vocês viram a corrida, sabem o que aconteceu.
A outra razão é que, não quero ser a dona "reclamona" da vez.

Sobre as duas primeiras razões, é fato que ler mais um pouco sobre a corrida e constatar se eu acertei algumas previsões no texto anterior à esse, não há mal algum. Até porque avisei que voltaríamos ao normal na Hungria e voltamos, já que o que está no topo da tabela, permaneceu inabalável, exaltado como nunca.

A segunda razão é que, se escrevi muito na semana passada, podem estar cansados da minha ladainha. 
Acompanharam a corrida e pelo que andei sondando, não dá para enfiar aqui no texto, um sentimento que me acometeu e me levaria a ser a "reclamona" da última razão.
Mas já adianto, não senti a empolgação que vocês sentiram com a corrida de ontem.

Até porque, no texto anterior levantei a possibilidade de Hamilton partir para o recesso com 250 pontos no bolso. E isso estava muito propício mesmo com a pole inédita de Max Verstappen e só o P3 para Lewis.

É notório que houve uma luta para conseguir a primeira colocação. Não sou também idiota a ponto de não admitir que houve disputa que, no caso, chegou a empolgar especialmente quando Max impôs uma força para além do equipamento para manter o P1, no meio da corrida.
Mas devo admitir que, vencer corridas por meios de estratégias não está dentro daquelas que gosto mais. Acontecem, com os meus favoritos? As vezes. Mas... Sigo impassível com a minha opinião à respeito de Lewis. E é aí que devo parar, pois todos irão me odiar por qualquer comentário que faça à esse respeito.

Volto então, ao texto que publiquei antes deste. Lá levantei o comparativo com 2018, que estava chato, mas que havia uma melhoria, já que indicava um maior equilíbrio, embora, transformado em completo embuste. Não são apenas 3 ou 4 corridas que pode fazer a gente achar que a F1 está perfeita.

Há quem goste muito de números. Cheguei a ver um comentário no Twitter, ontem, de um desconhecido em um perfil conhecido, que dizia que a corrida da Hungria mostrou talentos notórios, dado o resultado. O exemplo que o distinto ser buscou foi o seguinte: "confirmamos o talento de Max e Lewis, dadas as posições de seus respectivos companheiros de equipe"...
Houve até perfis estrangeiros que se rebelaram com a ultrapassagem de Vettel sob Leclerc alegando que a Ferrari protegia o alemão. 
Numa corrida discreta, a Ferrari errou no pitstop de Vettel e mesmo assim, as pessoas entendem que há um protecionismo. Daí para achar talentos em uma corrida marcada pela estratégia que além de arriscada, refletia na tabela, exatamente o "manter da mesmice" que tanto nos incomoda é só uma questão de "timing".

Explico. Projetei que Hamilton chegaria à 250 pontos, certo? Acertei de forma tão cravada, que eu deveria começar a comprar bilhetes de loteria, para ganhar umas notinhas. 
O P2 não mudava muito em relação à sua temporada. Estava fazendo voltas rápidas, portanto, um ponto a mais, e ele fecharia a primeira metade do ano com 244 pontos. 
A questão era o segundo colocado. Naquele finalzinho de corrida, juntou duas coisas: o interminável rádio coach trabalhando com Lewis, destacando a sua insegurança e clara falta de noção administrativa de corridas, para alcançar a vitória e encher ainda mais o balão do ego; além da Mercedes precisar resolver a questão do segundo carro.

Bottas não é um piloto medíocre. Fez uma escolha ruim e é, até que se prove o contrário, como todos os outros companheiros que Hamilton já teve, ocasionalmente retratada como "fraco". Há uma teoria que eu não posso provar: talvez ele seja o melhor companheiro que Lewis já teve. Por isso, diversas coisas impróprias acontecem e anulam seus feitos positivos conquistados anteriormente. Por ser um cara com um nome pouco conhecido, ninguém se importa em procurar ver o seu lado com um pouco mais de empatia. 

Na largada Bottas foi pressionado, tanto por Lewis quanto por Leclerc. Uma avaria nas asas móveis,  parada longa no pitsotp e todo um trabalho para remar de volta tronou-se realidade. Diante disso, Bottas estava por si naquela corrida. Ninguém em sã consciência, conseguiria gerir a corrida dele e de Hamilton, de forma que não prejudicasse um mais que outro. No ponto de segundo, Hamilton monopolizou a atenção da equipe dali adiante.

O trabalho que feito nas últimas voltas pela equipe era efetivamente para o ego do Hamilton ser alimentado e para tirar o incômodo da Red Bull no sapato da turma do Toto Wolff. A estratégia não faria efeito sistemático nos pontos de Hamilton: seria 244 e não 250, uma diferença de 6 pontos que, só de observar o segundo colocado, já podemos constatar que não ameaçaria o inglês. A estratégia seria eficiente e muito provavelmente necessária que desse certo para Lewis ficar feliz, e para a equipe como um todo, já que Bottas poderia marcar 2 pontos, na hora da decisão arriscada. Naquelas configurações pré estratégia, Bottas ficaria com 186 no campeonato, enquanto Verstappen, com a vitória, marcaria 187. Era perigoso demais ir para as férias tendo a Red Bull tão "perto" assim. 

"Perto" é até ridículo de escrever, por isso, uso as aspas. A ideia da Mercedes era sutilmente óbvia: não ligavam para o Bottas. Pensavam ser melhor o companheiro de Lewis à mais 50 pontos dele, que um piloto de outra equipe que não poderiam controlar. 
Assim, Bottas teve rapidamente a atenção da equipe, apenas como um escudo, uma isca. É para isso que servem os segundos pilotos das equipes grandes, e na Mercedes, essa prioridade não parece afetar os torcedores (claro!) nem mesmo, nós, que acompanhamos a F1. Agora se acontece na Ferrari, mesmo de forma totalmente inusitada, falta voz para tanto grito. 

Comparar companheiros de equipe sempre foi estratégia argumentativa inclusive para nós, que gosta de lançar uns textos ou debater nas redes sociais com amigos. Assim como política, quase nunca chegamos à um consenso. As vezes, se uma das partes não é razoável, se trava brigas feias. 
O desconhecido que acha que Hamilton e Verstappen aparentaram mais talento pois Bottas e Gasly fizeram corridas ruins tem um monte de seguidores. 
Posso duvidar dessa premissa, hoje, mas certamente, já usei para construir alguma opinião. Então, nas meias verdades, de acordo com a cabeça de cada um, busco me abster sobre isso, já que juízo de gosto, fala alto e não requer entendimento racional para se estabelecer.

As configurações dos 5 ponteiros, comparados no meu texto anterior, para mostrar que, diante as boas corridas, os pontos ainda eram só próximos do segundo colocado para baixo. 
Pior é, depois de uma nova corrida, agradável a quase 90% dos fãs, a tabela não mudou: 

Hamilton - saltou de 225 para 250 pontos;
Bottas - de 184 para 188 pontos;
Verstappen - de 162 para 181 pontos;
Vettel - de 141 para 156 pontos;
Leclerc - de 120 - 132 pontos.

Poxa, achava que estar certa, era uma sensação boa...

A estratégia acabou deixando Hungria, tão morna quanto qualquer outra corrida. Não, não pior que o GP da França. Aquela sim, foi a pior de todas. Mas desde este GP, tivemos competição que insisto em dizer que é pouco significativo. Existem pontos importantes e que nos enche os olhos, mais que ano passado? Sim. Mas parece um tipo de miragem: vemos um mar laranja da torcida apaixonada do Verstappen, uma disputa aqui e ali que parece ótima e bem feita. Destaques, novos/velhos pilotos fazendo a gente admitir que só não larga de assistir a categoria por conta deles. Sim, claro que há. Sou "reclamona", mas sou justa, acima de tudo. A questão é o que vai para o que ficou marcado na história. Os números finais que serão usados para pedidos de aposentadoria e dúvidas sobre talentos. Não acontece isso?

A F1 vai para as férias deixando o líder do campeonato à 62 pontos do segundo colocado. Ano passado, Hamilton deixou Vettel sonhar, distante apenas 24 pontos. 
Infelizmente, não consigo acompanhar vocês nessa empolgação de só algumas corridas boas. Acho essa diferença, muita coisa para que eu me sinta feliz e contemplada com o esporte que mais gosto de acompanhar. 

Abraços afáveis!

PS: Estou estudando umas ideias para os próximos textos aqui no blog. Assim que tiver tudo pronto, conto para vocês!
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Comentários

diogo felipe disse…
Manu, vc disse que bottas talvez seja o melhor entre os companheiros de equipe de Lewis. Nao é nem será melhor do que Rosberg, Rosberg bateu o Lewis ! Para um GP da Hungria está carrera não foi morna, foi ótima, com essa ressalva . 😉
Manu disse…
Diogo, vc me deu o que pensar, criatura hahahahaha... Vou fazer um post sobre isso rsrsrsrs...
Carol Reis disse…
Olha, eu não havia pensado nisso antes. Não acho o Bottas tão bom quanto você, mas acho que ele é um escudeiro melhor do que o Massa, por exemplo. Ele é algo entre o Massa e o Rubinho. Só não é um Rubinho finlandês, pq o brasileiro era mais constante nos resultados.

Eu tava contando com a vitória do Hamilton, como todo mundo e ela de fato aconteceu, mas podia ter sido muito pior.

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