F1 2019: Summer Break Part I

Logo que se deu a bandeirada no dia 4 de agosto, abrindo então o Summer Break da F1, os assuntos  mais frágeis - digamos assim - brotaram tão rápido que havia algo abordado já na coletiva de imprensa dos três que subiram ao pódio no GP da Hungria.
Ali, naquela bancadinha, depois de já terem falado aos montes para a turma do cercadinho de repórteres, surgiram provocações que, é claro, dividiu opiniões. 

Fernando Alonso (ex piloto da categoria, mas não se sabe até quando) elogiou a batalha travada entre Max Verstappen e Lewis Hamilton nas últimas voltas do GP húngaro. 
Aproveitando a deixa, jornalistas contaram aos pilotos que protagonizaram o feito e incitaram opiniões sobre um possível retorno à categoria por parte do espanhol. Sumariamente ignorado o terceiro colocado que, obviamente, não fez parte da disputa, Sebastian Vettel poderia ter sido deixado de lado, mas sem demoras, tentaram "enfiá-lo" a qualquer custo numa resposta totalmente desnecessária. 
"Jornalista-Nero", sempre acha legal e quer por fogo no parquinho. 

Até aqui, o que escrevi são fatos. Daqui adiante, o texto lança luz ao que apenas foram percepções de como a conversa entre os três e os membros da coletiva foi "interpretada" em seguida.

Uma passada de olho rápida nas redes sociais indicou os "feelings" com esse recorte da coletiva: Alguns (talvez fãs do espanhol) intensificaram uma possível "dor de cotovelo" nos (poucos, vale destacar) comentários de Vettel a respeito de Alonso pessoa e profissional. Outros, focaram exclusivamente no que foi dito pelo alemão (aparentemente incomodado) sobre a possibilidade de retorno de Fernando à categoria. Estes, já sacaram uma arma e atiraram: "Vettel mostrou que houve mesmo contato do Alonso pela sua vaga na Ferrari".
Como essas pessoas percebem essas coisas em simples frases ditas, é um mistério para mim.

Assistir ao vídeo dos comentários de Verstappen, Hamilton e Vettel isoladamente, ajudaria muito mais do que simplesmente ler uma reportagem sobre o acontecido. Tanto que cada portal especializado tratou o momento com algum adjetivo. Um deles - o que uso de fio condutor para o texto de hoje - escolheu o termo "hilário" para avaliar os diálogos. (Ver aqui o diálogo descrito pela página Motorsport).
Não seria esse termo que eu usaria. Achei cômico apenas um dos momentos dos diálogos, quando Max refletiu sobre uma paternidade prematura, e foi só isso. Nem assim, ri de gargalhar, e olha que eu sou uma pessoa "besta" no dia-a-dia.

O recorte 1 que faço é a forma como o texto já se apresenta sugestivo. 
Parece - para quem não assistiu à coletiva - que Lewis responde empolgado ao elogio do ex rival. Na verdade, ele não esboça nenhuma reação de excitação e usa de uma já manjada artimanha para devolver o elogio à Alonso. 
Ano passado, na véspera ou logo após o aniversário de Kimi Räikkönen, houve uma coletiva em que Lewis mencionou que antes de estrear na McLaren, ele jogava com o carro do Kimi nas corridas simuladas. Na coletiva pés GP da Hungria, o inglês voltou com o mesmo padrão de resposta, mudando apenas a personagem e a situação, mencionando ter ficado maravilhado com as corridas na Renault de Alonso, antes dele mesmo ter entrado na categoria.

Seu jeito de "agradecer" e devolver elogios parece saudável para quem não tem malícias. Mas nas duas situações, ele levantou os caras e derrubou na mesma sentença: deixou-os como verdadeiros velhos caquéticos e ele, jovenzinho "pimpão" (idade é um tópico que vai se desenvolver ainda mais com os outros da coletiva) que passa todo o tempo dele, pensando em corridas, até mesmo nos momentos de recreação. 
Além disso, ele se acha tão "última bolacha/biscoito do pacote" que claramente divide a F1 em duas partes: "antes de mim e depois de mim". Ah, cara...!

Ninguém se importou? Não.
Então, poderiam se importar com a ideia dele questionar a idade de Alonso e dizer que não sabia o "quão velho" ele estaria? Poderiam. Até porque, Alonso é só 4 anos mais velho que Lewis. Idade, na F1, não deveria ser parâmetro para aposentar-se ou dar-se como acabado. Além disso, se esse assunto viesse de Verstappen, não seria tão esquisito, dado que a diferença de idade entre eles é significativa: Max é 17 anos mais jovem que Fernando. 

No entanto, o "bicho pega" mesmo é quando Hamilton continua a falar, sem saber a idade, reiterando sobre o possível retorno do Alonso para a categoria  *abram bem os olhos para lerem abaixo * da seguinte forma:

"Não faz muita diferença para mim, porque estou aqui para lutar com quem quer que seja"

Será que cataram a ferradura? Porque depois desse coice, passou voando uma pelos jornalistas...

Vestappen foi mais meiguinho, por incrível que pareça. Lamentou não ter tido a oportunidade de competir com o espanhol e demostrou empolgação num possível retorno de Alonso, para claro, implicitamente, poder combater com ele.

Hamilton interrompeu para jogar Alonso - como se fosse uma batata quente - para ser companheiro de Verstappen. Parecendo aquele papo de 5ª série de meninos arteiros, como se dissessem: "Gostou? Leva para casa!"
Max - não bobo - devolveu dizendo que Hamilton tinha experiência nisso e tentou desviar o assunto.

É verdade que Vettel poderia ter ficado quieto, mas não se conteve em fazer piada: para ele, Alonso poderia ser pai de Verstappen. O menino, acabou caindo muito na armadilha de Vettel, fazendo as contas e chegando a conclusão que dava para ser pai aos 17. Sagaz, Vettel mandou aquela piadinha universal que faz muito homem por aí ficar pensativo: 
-"Falando por experiência própria?";
- "Eu não sei. Não que eu saiba", terminou Verstappen.

Querendo sentar de novo na janelinha, Hamilton quis que os holofotes se voltassem para ele e questionou a idade de Max. Brincando, mas não ainda em tom de arrancar alguns risos (a não ser dos puxa sacos de plantão), ele ironizou o fato de ser o mais velho nessas coletivas. 
Que obsessão com idade, hein rapaz? 

Mais uma vez brincalhão, Vettel amarrou a ideia de que, se ele e Lewis começarem a ser batidos por pilotos que nasceram nos anos 2000, seria hora de parar. Vettel pode até ter sido inteligente no comentário, só não contava que Max poderia ser melhor, remendando que "não era assim tão jovem".
Nesta frase, Vestappen deu os primeiros indícios de ser o melhor debatedor do tópico de todos eles, apesar das piadinhas de Vettel. Só com essa simples frase, ele deixou entrelinhas está em uma boa fase, a ponto de ser o responsável por acabar com o tempo deles inclusive. 

Dito isso, Max deu razão ao que já foi comentado pelo Rosberg e refutado por grande parte dos entendedores de F1. Verstappen está sendo mais piloto que Vettel - um tanto resignado - e está, sem sombras de dúvidas, muito melhor que Hamilton que só se destaca por ter o melhor carro e a melhor gerência de equipe do grid. 

O segundo recorte da conversa vem logo em seguida, quando o jornalista percebendo que havia tomado outro caminho, recolocou Alonso na roda e levou à Vettel a pergunta que o fez estar em maus lençóis para alguns comentadores, se não, todos que acompanharam o desenrolar.
Ele disse que não ligava para o retorno do Alonso e mencionou que talvez o espanhol não gostasse muito dele. Do nada, ele cortou esse raciocínio - talvez por perceber que tinha cometido um erro -  e continuou dizendo que havia respeito entre eles e que talvez Fernando estivesse entediado por ter escrito o tal elogio. 

É fato que ele perdeu totalmente a razão na fala. Que Alonso não parecia gostar dele, isso sempre me pareceu visível, pelo menos do jeito que a mídia encenou com eles enquanto eram rivais, com Vettel na Red Bull e Alonso na Ferrari na ocasião. Algo que precisamos também analisar é que, apesar disso, ele não ofende Alonso sobre sua suposta idade, nem mesmo indica que "se voltar, vou chutar a sua bunda", como Hamilton indicou com a "frase de coice" que destaquei no meio do texto.

O que Vettel quis fazer e fez mesmo foi criticar o elogio do Alonso. Elogiar a disputa de Verstappen e Hamilton? Uma que aconteceu por outros fatores, mais dada a estratégias do que disputa e gerência de corrida?... Oi?!?
E se Vettel pensou como eu, não foi a melhor disputa do ano. Já vimos outras boas batalhas, uma delas, sim com Max, mas contra Leclerc na Áustria. Essa foi de longe - pelo menos para mim - muito mais empolgante. Vettel, ainda chateado por não ter "ganhado" um elogio gratuito, depreciou o comentário do espanhol, muito mais por não estar incluso no evento, e por já ter dado de ombros para tal questão. 
Talvez percebendo o tom de crítica, Verstappen se consagrou dono do debate afirmando que talvez Alonso devesse voltar como gestor de redes sociais e afirmou que Alonso sempre tinha sido legal com ele e que, se o espanhol procurava outras formas de correr, era legal, pois é um piloto bom e competitivo.

Tentando embarcar de novo no bote da alegria - e claro - deixar para Vettel a fama de rancoroso, Hamilton decidiu elogiar Alonso e dizesse que se houvesse vaga boa ele deveria voltar sim, já que precisamos dos "melhores pilotos nos melhores carros"... 
Como responder à isso, se o cara acabou de colocar uma pedra no peito de todos aqueles que estão com carros ruins por falta de vagas nas equipes de carros bons? E mais, tem uma vaga boa do lado dele, já que Bottas não está tão combativo assim...
Para isso, tínhamos Verstappen, que devolveu o Alonso "batata quente" que o inglês havia designado no começo da conversa, para ele. Retomando aquela premissa "gostou, leva para você", Hamilton usou Bottas como muleta, se dizendo satisfeito com o finlandês e atacou o companheiro de Verstappen, Gasly, como se fosse um completo inútil e já não sofresse pressão o suficiente dentro da Red Bull.

Vestappen, por mais que as pessoas não gostem, foi ao menos, correto, dizendo que "não quis dizer isso", e no fim, Vettel é que levou a pior, completando que "não tinha certeza" que não quisesse mencionar tal situação.

A saber agora que Pierre Gasly estava mesmo com a corda no pescoço na equipe, que Verstappen sabia disso e declarou o quão sem graça ficou diante a menção sem tato do Hamilton. E pior, à saber: o carro da Red Bull não é o melhor, e a Mercedes seria o lugar ideal para um piloto como Alonso, se espremermos e passarmos na peneira tudo comentado sobre o tema.

Hamilton deveria ser o grande vilão nesse balaio de gatos, mas foi na verdade Vettel que se queimou toda vez que abriu a boca. 
Hamilton não foi cordial com Alonso como as reportagens sobre a conversa indicaram. Ele, além de ter ficado obsessivo com a idade de Fernando - nada a ver com a questão posta pelos jornalistas - acha ainda que se bateu uma vez, baterá sempre. Divertido, não? Pode ser, mas ainda assim, nada respeitoso. Vettel pode ter soado rancoroso, mas não disse que bateu Alonso duas vezes, em forma de indireta. 

É um tanto chata essa mania destrutiva que as pessoas tem de insistir que Alonso é um "demônio" como companheiro de equipe. Será que é mesmo ou é só pilha da mídia? 
Claro que ele deve ser um cara rigoroso e talvez bem teimoso, mas daí o "crápula" que todos pintam me parece muito remoto de ser real. Até porque, ali, ninguém que é santo sobrevive muito tempo. 
E Hamilton finalizando o assunto trazendo a tona a situação do Gasly, acabou sendo o seu terceiro ato deselegante do dia, depois de vender o Alonso como presente de grego para o Verstappen. 

Já que Vettel frisou algo que não foi a mídia que fez, mas sempre pareceu propício - que Alonso não parecia gostar de Vettel - eu esperei que o espanhol desse alguma declaração sobre isso, inclusive, tirando parte dessa minha dúvida, negando tal fato. 
Por sorte, demorou, mas não tardou que alguma notícia saísse e indicasse a resposta resoluta do espanhol para essa declaração suspeitosa: 
"Me sinto mal que ele pense assim. Ouvi isso, mas definitivamente não é verdade, me sinto mal que ele se sinta assim", apontou. "Sempre nos respeitamos e tivemos um relacionamento agradável. Talvez é por causa da imprensa, a situação, mas repito que é o oposto". (Fonte: Grande Prêmio)

Com essa resposta - e fiz bem em esperar um pouco para concluir o texto - dá até para redimir Vettel por ter sido um tanto "bocudo" na conversa que deu tanto pano para manga. Embora tenha demorado, Alonso não agiu no "quem cala, consente".  
E o mais importante: Ficou claro, pelo menos para mim, que as aparências das relações da F1 são tão reais quanto sangue prateado e mágico de unicórnios alados. Você até consegue imaginar, desenhar e fazer uma história usando isso. Porém, amiguinhos e amiguinhas, não é palpável. 

Vai ter parte dois desse "Summer Break"? Vai! Por enquanto já escrevi muita abobrinha para um dia só (rsrsrsrs...). Mas voltarei, e em breve!

Abraços afáveis!

Comentários

Carol Reis disse…
Eu sempre tive a impressão de que o Alonso nunca teve muita consideração pelo Vettel, principalmente como piloto, mas como não via mais ngm comentando isso, aí fiquei só achando que era impressão mesmo. Mas vendo o Vettel dizer isso, talvez eu tivesse um fundo de razão. Agora com a resposta do Alonso, eu repensei isso e suspeito que o Alonso, para o Vettel, é aquele tipo de pessoa que a gente acha que não vai com a nossa cara, quando na verdade essa pessoa tá cagando e andando para a gente. Eu continuo achando que o espanhol tem 0 consideração pelo Vettel como piloto, mas também acho que pessoalmente ele não tem nada contra o alemão. Enfim, só especulações minhas, eu não conheço essas pessoas.

Eu duvido muito que o Alonso seja esse demônio que todos falam, a mídia adora exagerar. Pelo que eu vejo, acho que ele deve ser daqueles indivíduos que chegam a ser chatos de tão exigentes e deve ser cabeça-dura também, como vc diz. Se ele fosse essa pessoa tóxica, Ron Dennis não teria aceitado-o de volta e ele teria sido mandado embora da Ferrari, o que não foi o caso. Ele saiu porque quis.

E Hamilton, por sua vez, todo no papinho que o media trainer ensinou e quando a autenticidade aparece um pouquinho, dá até para sentir o cheiro de sua arrogância. Zero surpresa né. Eu não lembro de outros campeões do mundo zombarem assim publicamente de um colega. Bom, só o Piquet, mas quando ele fazia pelo menos era engraçado. Saudade de quando ele ficava pianinho pq não tava sempre na frente.

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