GP da Malásia: um começo e um fim
Sejamos pragmáticos: O GP da Malásia não vale o esforço de se perder o sono.
Sabendo a situação da largada, levantar de madrugada parecia um martírio, a não ser que você fosse um destes tipos de pessoa: um viciado em corridas, um torcedor de Lewis Hamilton, ou um hater de Vettel.
Eu sou do primeiro grupo. Tem lá suas vantagens fazer parte dele: somos chatos algumas das vezes, mas somos menos chatos que os outros dois. Ah, se somos!
As vezes a gente tem opiniões sagazes sobre os desdobramentos das corridas. As vezes, falamos besteiras tão grandes quando os fãs adoradores de piloto - aqueles mesmo que não entendem lhufas de esporte a motor, e na realidade, só acham que o seu piloto favorito sabe das coisas. E quando ele falha miseravelmente, é culpa do pneu, do fulano que atrapalhou, do carro que é uma porcaria, ou da equipe que errou na estratégia.
São raras as vezes, por exemplo, em que cada uma dessas justificativas, se aplicam nos casos. Até porque os que mais usam destes argumentos defensivos, tem companheiros fazendo boas corridas o que demonstra a real intenção da "desculpa esfarrapada" dos mesmos, que pouca gente terá coragem e propriedade poderosa em desmentir.
Pela segunda corrida seguida, Kimi Räikkönen não completou sequer uma volta. Dessa vez, ele pediu ao Verstappen: "Não quero ser tocado", logo depois do Treino Classificatório. Kimi estava sorrindo e com este semblante, cutucou de forma muito amistosa, o holandês aniversariante, que completava 20 anos e fazia eu, você e muita galerinha aí, se sentir bem idoso.
O toque, de fato, não veio. O que veio, foi uma falha no motor e um abandono sem nem mesmo ter o gosto de uma disputa na largada. A Manu fã, diria que talvez, a família dele estivesse por perto, e isso, agrava muito sua concentração. A Manu que gosta de corridas, diz que isso é coisa que acontece e bola pra frente.
Mas gente inteligente toda vida lançou a ideia - e eu espero que tenha sido por brincadeira - que parecia como se tivessem trocado o motor de Räikkönen com o de Vettel.
Ora, que interessante! Pensem no tanto de gente que a Ferrari teve de comprar. Não, não os comissários, e sim, as pessoas que não pestanejariam em denunciar, como um alguém da Mercedes, que veria a movimentação, suspeitaria e poderia dizer que estavam tramando contra eles para a mídia, por exemplo.
Abandonando então a língua do "p", fato é que, se a Ferrari de Vettel teve problemas de potência no motor no sábado, é normal que o companheiro, tenha o mesmo problema alguns dias, ou até mesmo 24hs depois. Isso prova que, apesar de Vettel ser preterido, eles não tem equipamentos tão diferentes. Além disso, mesmo que tenham feito, era remoto que conseguissem o melhor resultado: vencer e fazer cair a diferença entre ele e Hamilton, ou torcer para uma falha do inglês que lhe custasse pontos ou a corrida.
Por falar em equipamentos diferentes, está mais na cara que nariz que Bottas está com pacote aerodinâmico diferente de Lewis. Aí sim eu passo a falar a língua do "p" para acompanhar a maioria que gosta disso: engraçado como a transmissão da corrida - pelo menos da SporTV - apontou para o fato de que Bottas não teve mais o mesmo rendimento na segunda parte da temporada, conforme teve na primeira...
Vejam bem, Lewis também não era hegemônico na primeira metade da temporada, e até soou benevolente com a sua concessão de posição ao companheiro que o ameaçava antes das férias. De repente, Bottas escolheu um pacote aerodinâmico que só está fazendo dele, no máximo, um terceiro colocado.
Mas não. Só a Ferrari é passível de "arrumações" internas contra tudo e todos para fazer o mimizento, Vettel, penta.
As vantagens desta corrida são singelas e até mesmo, estúpidas: a largada, relativamente normal. Hamilton achou que ia fazer um passeio, mas não contava com a astúcia de Verstappen que - de novo - avançou em cima de alguém que necessariamente estava disputando campeonato, mas pela primeira vez, conseguiu deixar a pessoa para trás. Noutras vezes, ele só tentou, ou acabou tirando o piloto da zona de pontuação e da corrida.
O passão de Verstappen sobre Lewis foi o ponto alto e máximo da corrida como começo. Fazendo o uso do meme de internet: "Max, seu lindo, nunca critiquei", só me coloca novamente, naquele fase do meu grupo de viciados em corrida, que fala umas besteiras as vezes.
Sim, já o critiquei, quando disse que ele deveria ser menos bocudo e mostrar mais resultado em pista, que falariam por si. Não me lembro de xingá-lo, mesmo quando ele fez bobagem. Neste ano, nada do que ele fez, poderia ser passível de condenação e crucificação de minha parte. Sigo firme na decisão. Nada contra, acho ele meio topetudo, mas fazendo por onde na pista, meu: só continue!
Hamilton na verdade, não tomou um passão na visão muitos. A maioria diz que Hamilton foi consciente em não querer disputar com o garoto, e perder muito pontos que podem ser cruciais, já que Verstappen não tem meio termo: é "win or wall". Essa "inteligência" de Hamilton dá a Vettel um ar de mediocridade. Pelo simples fato dele levar as coisas à ferro e fogo, ele é odiado por um sem número, desprezado por um bom tanto, e criticado por uma maioria.
Mas como na vida, as pessoas não são coerentes nem com situações particulares, que as afetam diretamente, pedir coerência nestes casos, é como gritar com surdos.
Ricicardo sempre foi destes pilotos que a gente gosta, mas falta audácia dele. Foi um bobão, pois, não avançou próximo de Hamilton em nenhum momento. Se tivesse petulância, teria sim feito da corrida com o saldo mais incrível. Vettel foi fazendo seu trabalho, mas ainda assim, amargou um quarto lugar. Aproximar-se não era o suficiente, ele precisava superar Hamilton, mas as possibilidades eram remotas.
Se o começo foi eletrizante e no meio da corrida, um incidente aqui e ali, um rádio do Alonso acolá, o fim de corrida morna teve um agravante: algo incomum: Vettel e Stroll se tocaram logo com a banderada. O estrago foi computado no carro de Vettel. Nervoso, ele falou umas coisas no rádio, pegou o volante e pediu carona à Werhlein.
Fato é que o novato da Williams estava distraído e abriu demais seu passeio e acertou Vettel, que estava no canto da pista e pegando umas borrachas no caminho.
E é assim que a corrida da Malásia se resume: aquela em que ganhou quem não disputava o campeonato, e aquela que teve batida após o fim.
No contexto geral, Hamilton segue em grande vantagem sob Vettel: 34 pontos. Merecedor ou não, o nome do inglês já está no troféu que receberá no FIA Gala. Até lá, a gente fica lendo e ouvindo declarações sobre o carro ter alguns problemas "graves"...
Abraços afáveis!
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