Volta Rápida e Piloto do Dia (1)

No último post comentei os resultados da corrida no Azerbaijão e fiquei pensando... Existem duas coisas que ainda não comentei por achar triviais, bobinhas mesmo. Me voltei à essas duas tabelinhas -  que também contam como estatística - e pensei em a incluir nos próximos textos, caso seja oportuno comentar sobre.
Antes disso, valia a pena explicar porque falar delas, agora, após a corrida de número 6 da temporada. 
A primeira, faz mais sentido quando falamos sobre carros potentes. Sim, são as voltas rápidas. 

Tivemos 6 corridas e ainda se reforça, fortemente, entre os comentaristas (de sofá ou profissional) que a Red Bull é o melhor carro do grid atual. No entanto, o que temos é mais um domínio do Max Verstappen em si do que qualquer outra coisa.
Isso soa "opinatório" e simplista, mas é uma análise mais próxima do fato. Além disso, só nos dois últimos GPs que houve uma superioridade dos dois carros dos touros vermelhos, mas se esquece (por conveniência ou preguiça) que os dois circuitos de rua passados são um tanto específicos. Algumas coisas que acontecem lá, não costumam se repetir ao longo da temporada. 

Dentro da percepção de que Max estaria pilotando muito bem, precisamos nos atentar que isso, pelo visto, não é o suficiente para o pessoal (da mídia, sobretudo) colocar na mesa. Comenta-se que ele tem cometido muitos erros e que eu, sinceramente, não consideraria assim. Em 6 corridas, possuiu duas sólidas 2 vitórias, 3 segundos lugares, das quais não perdeu o rival de vista e um DNF que não foi responsabilidade sua. De fato, foi só em Mônaco e em Baku que ele mostrou mais velocidade que os carros da Mercedes (Valtteri Bottas correu bem em Mônaco e as prioridades se voltaram ao Lewis Hamilton, com a perda da liderança).
Assim, derrubamos a ideia de que o RBR é o melhor carro, sobretudo nestes termos de excluir o trabalho do piloto por ele mesmo. 

Sérgio Pérez estava, até então, em fase de adaptabilidade e isso é a desculpa/ressalva para as primeiras 5 corridas, pelo menos: o limite de 5 etapas é basicamente o que foi dado para os pilotos que mudaram de equipe. Para os que estrearam na categoria, o tempo de adaptabilidade é (espero!) maior.
Esse último ponto de adaptação não era o caso nem do Valtteri Bottas - entrando no seu quinto ano de Mercedes - e muito menos o de Lewis Hamilton - na equipe desde 2013. 

Mônaco e Baku não são as melhores opções para destacar o assunto de carros mais rápidos. São circuitos atípicos, que propiciam outras questões que um circuito, por exemplo, como o próximo - Paul Ricard, na França - transpareceria que não é bem isso. No máximo o que dá para afirmar, sem medo de errar muito, é que a Red Bull está mais próxima da Mercedes e não, superando-a, como queríamos que fosse. 

Em Mônaco, Bottas estava bem.  Iria par ao pódio, em segundo lugar, até que um problema no pit stop tirou ele da corrida. Lewis foi apenas o sétimo. Max, como sabemos, venceu a etapa em questão e Pérez foi o quarto colocado. 
Em Baku, a Mercedes tentou consertar o mal feito: o foco foi, desde a classificação, que Hamilton largasse na frente e Bottas, custou a ir para o Q3. Na corrida, não havia rendimento nenhum com Bottas, o que dava a entender que a Mercedes simplesmente se esqueceu dele. Lewis iria para o pódio, se não fosse uma bobagem sua. Eles terminaram em 12º e 16º lugares, respectivamente.
Verstappen venceria a corrida se não fosse o estouro de pneu e Pérez, teria feito o segundo lugar, numa perfeita dobradinha. O mexicano venceu a corrida e garantiu à RBR os pontos necessários para avançar no campeonato de construtores.

Em circuitos "normais"(isto é, não sendo os circuitos de rua), Max esteve muito próximo ao ritmo de corrida do de Lewis. Destas, ele só venceu a etapa em Ímola.
Justamente nessa corrida, Bottas sequer terminou por um acidente com George Russell. Portanto, não trabalhou como escudeiro de Lewis que, além disso, errou sozinho e por sorte, contou com a batida do companheiro e futuro colega de equipe (ou substituto?) ainda conseguiu voltar a posição original.
Pérez também não foi suporte de Max: terminou em 11º, e por extensão, fora da zona de pontuação.
No Bahrein, em Portugal e na Espanha, Bottas foi para o pódio ficando sempre em terceiro lugar. Já Pérez, foi, na sequencia: 5º, 4º e 5º. 
Daria para "costurar" o argumento de que a Red Bull tem o melhor carro de 2021? 
Por ora, só se quisesse vender uma análise mal pensada. 

E aí, e as voltas rápidas?  O que elas ajudam a concluir nessa discussão toda? 
Isso aqui:

01- GP do Bahrein, 02- GP de Emilia-Romagna, 03- GP de Portugal, 04- GP da Espanha e GP de Mônaco

Essas são as 5 primeiras e temos aí 2 voltas rápidas para o Bottas - no Bahrein e em Portimão -, 2 para o Hamilton - em Ímola e Mônaco - , portanto 4 voltas rápidas da Mercedes. Inclusive uma delas, em circuito de rua. 

Apenas uma volta rápida, do Max e da Red Bull, na Espanha e a última, em Baku:

06- GP de Azerbaijão

Claro, Max empata com Lewis com a volta rápida de Baku (que acabou não sendo computada, pois o pneu estourou à 3 voltas do fim), mas isso não "comprovaria" que a RBR fez um carro melhor que o da Mercedes, neste ano. Eles ainda são superiores. 

As dificuldades da equipe "flecha negra", por enquanto, me parece muito mais uma baixa em relação ao ano de 2020: a crise pandêmica deve ter afetado os processos de desenvolvimento do carro, como foi com todos. Manter os carros como os do ano passado, também está em jogo.
A suspensão do DED (Sistema de Direção de Eixo Duplo) que permitia os pilotos a mudarem o ângulo das rodas dianteiras com o carro em movimento, era uma "vantagem" no ano passado e que, apesar de manterem todos os carros semelhantes à temporada anterior, não seria mais um sistema permitido no carro da Mercedes em 2021.

É necessário esse olhar para tudo que a temporada está oferecendo antes de tagarelar análises à esmo. E ainda devo estar deixando escapar mais algum ponto aí, crucial, nessa discussão. Todavia, acho que um pouco de calma para essas análises, podem ser mais conscientes e mais próximas da realidade do que vem sendo escrito.

O segundo ponto, que ainda não falei em nenhuma postagem das tabelas, é "cosmética" e eu realmente quis deixar passar. As escolhas de "Driver of the day" é tipo o pódio. 
Muito se comentou na mudança de emissora a transmitir as corridas e até faz parte da chamada da Band, anunciar "Isso a Band mostra". Não sei se é muito necessário ver os caras tomando banho de champanhe, mas é tradição, certo? 
Porque chamo de cosmética? Explico: É uma festa que é bacana, mas a função é muito mais de enfeite e estética do que somente resultado. 

Isso posto, a outra "cosmética" - que é olhar de quem está assistindo, a postura do espectador em relação à corrida - seria a escolha do "piloto do dia". Quem é o cara que se destacou naquela corrida, que encheu os olhos os espectadores, que fez algo extraordinário? 
Nem sempre é isso, é algo super subjetivo, inclusive. Já vi ganhar pilotos que não fizeram nada mais que a obrigação, mas o fandom deles é fortíssimo e por isso, lá estão eles com seus belos (ou não) rostinhos estampados no site da F1. 
Além de tudo, não é maldade perguntar: É importante para o campeonato? 
Não. É apenas legal para o piloto que se sente incentivado, acolhido e se não foi ao pódio, pode se sentir satisfeito. 
 
Fiz um esqueminha assim, colocando fotinhos de quem o pessoal escolheu através do site da F1, que de algum modo, também mede o ibope e a popularidade de cada um dos pilotos do grid. 
Brincando com algo que não tem graça, imaginem se inventassem de fazer uma enquete de "piloto mais bocó da corrida"... Do jeito que está, nem precisa se classificar ou estar presente no grid de largada que, Nikita Mazepin ganharia em disparado todas as vezes. Qualquer dia destes, faço um texto sobre a implicância do pessoal com o piloto russo: até que ponto é justificável todo o "haterismo" sobre ele? 
Não é o momento, óbvio, então vamos lá, os "Drivers of the day" até o momento, foram: 


1 → No Bahrein, Pérez foi escolhido o piloto do dia. Ele largou da 11ª colocação e chegou em 5º na corrida, recebendo 27.7% dos votos. 
Em segundo lugar ficou Max, com 16.8%. O holandês largou na pole e perdeu a posição nas voltas finais da corrida. 
Em terceiro, Lando Norris, que saiu do sétimo lugar e alçou à quarta posição, ficando com 13% dos votos dos fãs. 
Em quarto, a obviedade de votar em quem vence a corrida: Lewis ficou em segundo boa parte da etapa, e no fim, venceu Max e ganhou 7.5% dos votos. 
Por último, o estreante Yuki Tsunoda, com 7% da escolha popular teria merecido a escolha, uma vez que era calouro e largou do 13º lugar para chegar em 9º, marcando 2 pontos. A estréia arrebatadora, com a Alpha Tauri, e sozinho - uma vez que Pierre Gasly largou do quinto, para chegar em 17º - pelo menos foi considerada pelos espectadores.

2 → Lando Norris, foi a escolha de Ímola: com 32.3% dos votos, Norris foi o sétimo no sábado e no domingo, foi ao pódio, com o terceiro lugar, o segundo da carreira. 
Max, que largou do terceiro lugar, venceu a corrida,de forma bem interessante e então, ganhou 15.5% da escolha dos espectadores, como piloto do dia. 
Mesmo errando de forma um tanto besta, Hamilton foi o terceiro nome escolhido através do site da F1. Saindo a pole, o inglês teve a sorte de contar com um Safety Car pouco depois de escapar da pista. Ele teve tempo suficiente dar a ré, voltar à disputa, apenas em nono, quando foi dada a bandeira amarela pelo acidente envolvendo Bottas e Russell. Com essa vantagem, ele voltou ao seu segundo lugar de origem, sendo capaz até de fazer a volta rápida. (A Red Bull tem o melhor carro, né?)
Os dois pilotos da Ferrari, ganharam votos: Charles Leclerc manteve a quarta colocação da largada e ficou com 7.2% da escolha e Carlos Sainz Jr. fez a mesma coisa que Pérez no Bahrein - largou do 11º lugar e chegou em 5º, mas só recebeu 4.9% de votos. Subjetivo, não é? 
Kimi Räikkönen que fez uma excelente corrida e marcou o nono lugar, não chegou à escolha final. Logo depois a FIA também, tomou-lhe os dois pontos conquistados.

3 → Em Portugal, Pérez voltou a compor a escolha de piloto do dia. Mantendo apenas o quarto lugar da classificação para a corrida, ele teve 15.4% dos votos. 
Em segundo, Lewis, o vencedor da corrida, com 12.2%. A pole position foi de Bottas então, a ultrapassagem do inglês sob o companheiro era um conto já manjado. Mesmo assim, quase foi o "driver of the day".
Verstappen que saiu do terceiro lugar para perseguir Hamilton de perto, se livrando de Bottas, ganhou apenas 10.6% dos votos. 
Daniel Ricciardo, apareceu pela primeira vez nessa brincadeira ficando com 10.3% da escolha dos fãs. Ric largou do 16º para o 9º lugar e parece que foi o suficiente para o pessoal achar possível que ele fosse o piloto do dia. 
Por último, o "novato-velho" Fernando Alonso, que foi 13º para 8º e teve 10% dos votos. 

4 → No GP mais chatinho dos 6 já "acontecidos", o piloto do dia foi o piloto vencedor: Hamilton recebeu 22.6% dos votos, tendo largado na ponta e ganhado o apelido de "poleman" o.O
Seguido dele, Max que tanto na classificação, quanto pódio, e quanto na votação, ficou em segundo. Os votos, para ele, computaram 19.7% dos totais.
Em terceiro, Leclerc, que comprou o quarto lugar em Ímola e voltou a fazer o mesmo, na Espanha, com 12.3% dos votos dos espectadores.
A surpresa se deu para o quarto escolhido como piloto do dia: Eu cheguei a ler uma notícia em que dissesse que fãs de Nikita Mazepin teriam votado bastante no piloto russo (que de fato, estava 'dócil' na Espanha), mas o pessoal da F1 teria tentado derrubar. Parece exagero, mas se isso realmente acontece, a gente fica se perguntando então para quê serve o campo de votação no site, se vão derrubar alguma opção que eles não querem que vincule ou propagandeia na categoria... É complexo, não? 
Voltando ao ponto - escolha popular: Mazepin ganhou 7.3% dos votos e o que ele fez? Não rodou nem fez nenhuma manobra duvidosa/perigosa. Ele saiu da última colocação e chegou na última, a duas voltas do líder. 
Ricciardo veio a ter também a preferência dos espectadores, com 6.5% dos votos. Largou de sétimo para sexto colocado, sendo o quinto nome a aparecer como piloto do dia, na Espanha. 

Nas últimas duas corridas, temos o mesmo personagem de "driver of the day": Sebastian Vettel.


Tanto em Mônaco, quanto em Baku, Seb ganhou a escolha do dia. 
5 → No primeiro caso, ele largou da 8ª colocação, o que já foi grandioso pela questão da sua adaptabilidade. Terminando a corrida em quinto, ficando inclusive à frente do Hamilton, ele recebeu 23.6% dos votos. 
Atrás dele, Pérez, com 17.3% que "deveria" ter sido a opção "mais óbvia" - Checo saiu da 9ª para a 4ª colocação - se saiu melhor que Vettel. No entanto, as condições de carro, contaram à favor do tetracampeão como ponto de superação. 
Norris voltou ao pódio e desta vez largou em quinto e chegando em terceiro, ficou com 15% da escolha dos espectadores. 
Seu ex-companheiro de equipe Sainz foi também outro nome que apareceu. Frustrado por ter largado em quarto, Sainz tinha chances de ir para pódio e acabou fazendo uma corrida boa sustentando a segunda colocação desde o momento da "roda presa" no pitstop do Bottas. O espanhol ganhou 12.1% dos votos totais de "driver of the day".
O vencedor da prova, Verstappen foi só considerado com 9% dos votos, e só não largou da pole, porque Charles Leclerc tomou para si, no sábado (e nem largou no domingo).

6 → Já em Baku a disputa seria acirrada: tínhamos pódio do Pérez, do Vettel e do Gasly, mas a escolha popular foi para o segundo colocado.
Vettel recebeu a maior porcentagem de votos até agora, no "piloto do dia". Foram 41.9%!! Quase a metade dos votos totais, o que mostra que de fato, se ele tem muito "hater", também tem muita gente que ama de paixão esse alemão.
Vettel fez uma corrida de recuperação: saiu da 11ª posição, travou ótimas batalhas e contou com uma boa estratégia da Aston Martin. Em duas corridas também, saiu de 0 à 28 pontos. 
Com 18.1% dos votos, Pérez, o vencedor da prova, tinha a sua redenção graças à saída prematura de Verstappen da corrida e o erro vexatório de Hamilton na relargada final. Lugar certo e hora certa também é importante. Pérez saiu da sexta colocação e graças à uma boa estratégia e ritmo bom, ele passou até o Hamilton após o pit stop. 
Mesmo abandonando a prova à 3 voltas do fim, Verstappen recebeu 9.1% dos votos. Largou da terceira colocação, não perdeu Hamilton de vista e após as paradas, pode tomar a ponta, até que o seu pneu traseiro estourou. 
Hamilton, mesmo cometendo outro erro piegas, ganhou 4.9% dos votos - para vermos que nem sempre  algo coeso aparece nessas votações. Consideravam, antes que a corrida terminasse, que ele venceria mais uma prova. Ele errou confundindo botões e terminou a corrida atrás do Mazepin, mas os votos já teriam sido dados (ou foram os fãs ceguetas, mesmo que não sabem votar em outros pilotos). 
Garly, que merecia muito receber mais votos que Hamilton, largou em quarto e chegou em terceiro, mas só teve 3.5% dos votos.

Apareceram nas votações: Em todas as pesquisas, Verstappen foi "nome bingo" surgindo 6 vezes. 
Lewis, apareceu 5, em uma delas, foi o escolhido final. 
O nome de Pérez foi pra votação 4 vezes e foi o piloto do dia, em duas corridas. 
Com 3 menções, sendo uma, a escolha final - Norris. 
Mencionados duas vezes: Leclerc, Sainz, Vettel e Ricciardo. Destes todos, apenas Vettel foi o "driver of the day". 
Apenas uma vez: Alonso, Mazepin, Gasly e Tsunoda. 

Vou ficando por aqui, tendo em mente que terá outra postagem antes do GP da França. 
Comentem o que acham sobre a Red Bull e a Mercedes até o momento e o que acham dessa votação de "Driver of The Day". Farei o meu possível em escrever e responder. Essa semana vai ser puxada, mas prometo que nem que seja uma notinha, estarei por aqui até sexta. 

Abraços afáveis e cuidem-se!

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