Chapter 17: GP de Abu Dhabi é o fim

Foram 17 corridas em 2020 e como tem sido nos últimos anos, tivemos uma corriqueira corrida morna em Abu Dhabi para fechar o atípico ano. O que salta aos olhos, por enquanto é que, tudo promulgou para uma facilitada para a Mercedes se consagrar muito mais hegemônica e mesmo que isso não tenha acontecido isso no último GP, plasticamente, não precisava mais.

Em meio à pandemia, cancelaram alguns eventos e acrescentaram circuitos que foram o chamariz para quem estivesse estafado da mesmice de resultados, e pudesse conferir uma ou outra novidade. Não que tenha sido efetivamente interessante, mas em breve, em um momento oportuno, farei um balanço geral dessa temporada para saber os pontos fortes e fracos dessa "rápida" temporada com direito a "bolha" para manter a integridade física e saúde dos participantes. 

Apenas 3 pilotos foram infectados pelo novo coronavírus durante o campeonato. Eu não tenho a estatística geral dos outros infectados, mas se alguém puder me mandar, seria bacana para acrescentarmos aqui, depois. O que eu quero dizer com isso é que, diante da situação, podemos dizer que os números poderiam ser maiores, caso as responsabilidades individuais e coletivas não tivessem sido garantidas, de alguma forma com imposição de regras sanitárias. 

Por falar nisso, Lewis Hamilton foi o último infectado e, em 10 dias de "descanso" e recuperação, estava com os exames em dia. Negativado para a doença, voltou ao paddock rapidamente e retomou o seu carro 44. Ainda que seja apenas pintura, vale dizer que seus fãs estão certos: o carro é dele, sim. Ele manda na parada. E sem ele, a Mercedes age (propositalmente) como um bando de baratas tontas (vide a corrida em Sahkir). 

Em tempo, tivemos uma boa volta do Max Verstappen na última classificação do ano. Com ela, estava assegurada uma coisa: o discurso de superação do Hamilton estava tardado, mas não sem reforçar que, a falha se dava, afinal porque ele não se sentia bem. Isso foi repetido na sexta e no sábado (e seria também, no domingo).

É antagônico que o mesmo cara que no começo do lockdown, questionava o fato de colegas não estarem fazendo a sua parte, ficando em casa e se cuidando para não se infectar e, à duas corridas do fim do campeonato, fosse justamente um dos personagem a cometer o descuido que tanto condenara. O seu retorno foi ainda menos nobre - voltou indisposto e fez questão de dramatizar sobre.

Sim, a doença não é brincadeira. Ele está certo sobre isso e é bom que alerte a todos que o seguem que se cuidem. E o fato de afetar mais umas pessoas fisicamente do que outras ainda é nebuloso até para os cientistas. Isso posto, questiono: não deveriam ter uma política que dissesse que, já que ele não se sentia bem, não precisava se colocar tão rápido ao retorno? Pelo visto, não.

Ninguém se conteve na hora de xingar o latino americano por ter "turistado" na Itália no meio da temporada. Também ressalto que dois dos três infectados não reclamaram de indisposição. Podem até terem sentido adversidades, mas isso, não foi colocado à baila pela mídia. A desculpa de Lewis para resultados aquém do esperado estava dada, assim como o recado à qualquer um que possa vir a ser seu substituto futuramente também foi colocado: ninguém vence com o seu carro, por isso, não daria sopa para o azar mais um fim de semana. Correria o risco de desmistificar a sua genialidade novamente? Jamais. 

Entre irresponsabilidades e arrogâncias, todos se salvaram. Confesso que fiz tweets um tanto agressivos sobre isso e fui sumariamente ignorada. Por um lado, ainda bem que fui. Por outro, mostra o quão sem importância são os meus palpites. Não adianta querer fazer ver em sua totalidade, cada questão. Bacana problematizar qualquer fala ou feito de piloto. Mas quando realmente é necessário debater as coisas, desaparece o bom senso.

Em resumo, o que tuitei não passava de um clamor, mais uma vez, às inconsistências sobre quem é o bom e o mau pela voz da mídia. Hamilton não deixou de falar que não estava bem e quando ficou em terceiro na classificação, reforçou a sua indisposição. Caso vencesse a corrida, ele teria o discurso perfeito de superação das adversidades da saúde. Caso fizesse uma corrida morna/fraca, a desculpa já estava dada - não estava bem e ponto. Com doença não se brinca e com a recuperação completa e o repouso necessário que ele deixou de lado por pura vaidade, sequer foi mencionado e não deveria ser exaltado e sim, criticado.

Essa é a prova de que o endeusamento cega as pessoas. Mas, como disse em outro momento, na mesma rede social - o Twitter - endeusar um piloto é "muito saudável", com toda a carga de sarcasmo que possam incluir entre essas aspas. Mas quando se quer implicar, é sumariamente, nojento e humilhante. Ao, novamente, me revoltar com isso, agradeci aos céus: aqueles que fazem essa exaltação exacerbada, além de cometários baixos sobre talentos e a falta de estava com as horas contadas. Por sorte, ano que vem, se tudo correr bem, a gente está livre desse pessoal. Até o momento, o fato da Rede Globo não transmitir mais a F1 em seus canais, fechado e aberto, tem seu grau de valor. 

Não que estaremos livres de gente incapaz fazendo análises pautadas em achismos (sobretudo, da mídia estrangeira), mas que torço para que alguns eu não precise ser obrigada a ouvir novamente, isso é fato. 

A corrida em Abu Dhabi não seria boa, pois ela nunca é. Nem foi a pior do ano. Foi uma das mais chatas, mas possivelmente não a mais chata. A primeira corrida na Áustria deu uma acelerada nos coraçõeszinhos, mas olha só: foi só fogo de palha! Logo na segunda corrida, no mesmo circuito, só não puxávamos um ronco, por circunstância. Houveram outras corridas péssimas em 2020: Espanha, Bélgica (que horror digitar isso...!), Toscana, Rússia e até Alemanha não foi grane coisa. Nenhuma delas vai estar listada como pior que Abu Dhabi, mas... "Ah, a melhor foi Barein, circuito que usou o anel externo"... Não, não foi não. Teve gente "diferente" no pódio, mas isso foi só resultado, e celebração, não atestado de qualidade. Não me venham com essa, não vão me convencer. 

Abu Dhabi foi arrastada, chata, com algumas esporádicas ultrapassagens. Não foi o resumo da temporada como imaginei que seria - com dobradinha da Mercedes, com Hamilton na frente, Bottas com cara de resiliência e um Verstappen se contentando com o terceiro posto - porém, a ordem está trocada, mas o resultado é o mesmo.

No entanto, a corrida foi o resumo da temporada por uma reação específica: em um dado momento da corrida, Toto Wolff chefe da Mercedes estava olhando para o celular, sem se importar com o que acontecia na pista. Foi assim em 90% das corridas em 2020. A questão é que, a gente se agarrou com tanta força ao entretenimento para não pensarmos nas coisas ruins que estavam (e estão!!) acontecendo por causa desse vírus maldito, que qualquer migalha foi dada como um bolo inteiro.

Eu até tentei, como podem ver lá na minha postagem sobre GP da Áustria em julho, que fiz tudo bonitinho e com cuidado: postagem com gifs comentando pontos da corrida e depois fotinhas comentadas, exalando o meu humor... Passaram-se as corridas (que seguem parecendo que são roteirizadas) e passou o tempo, com as obrigações se fazendo imediatas e eu fui "minando" a empolgação - que já não era grande.

A única reação possível para fechar esse texto meio pobrinho, meio xoxo sobre Abu Dhabi?

"Hmm"
 
Acho que cabe para toda a temporada, mas isso fica para outro dia. Não quero alarmá-los, mas logo, como disse post passado, estarei tirando meu time de campo. Mas más notícias "are coming": 2021 vai ser a mesma coisa, só que dirão que vai estar diferente só para nos fisgar. 
Assim pergunto: cadê a galera que criticou quando disse que a Fórmula Mercedes ia começar em julho?


Espero que todos estejam bem. 
Abraços afáveis rápidos (pois o dever me chama)!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aquaman post

Corrente Musical de A a Z: ZZ Top

Boas festas 2021!