GP do México: Penta do Hamilton

"A história foi feita diante do nossos olhos". Alguém deve ter escrito isso por aí. Você aí, já deve ter lido. 

Serei historiadora chata, dessas que fala coisas forçadas, recheada de rancor nas entrelinhas: história escrita, quando já tem a historiografia esboçada no papel, nem que seja à lápis, não é história coisíssima nenhuma. 

Realmente não tenho mais nada a completar. A não ser que, em condições normais, a corrida teria sido bem melhor apreciável. Sem o holofote ou a "babação de ovo" excessiva sob um só. 

No sábado teve a pole de Ricciardo. Por mais que seja simpático, felizão e justo, temo que não produza muito mais na categoria, a não ser com uma boa dose de sorte. Na F1, os caras que são legais, batalham muito para conseguir certas vitórias, e ainda mais, a vencer campeonatos. Alguns param num só e depois, ficam só amassando barro. Não são como outros que apenas usam de uma boa lábia, e tem tudo na mão.
Encaixem aqui o nome que quiserem. Se não está claro, que cada um faça o que acredita ser o caso.

Se ainda não deu para sacar, deixo explícito: não gosto do Hamilton. Não vejo nada de especial nele, acho suas condutas fora da pista indevidas, não engulo qualquer coisa que ele diz e faz dentro dela e especialmente não vejo um pingo de amor pelo esporte como ainda reconheço nos outros. Ele é celebridade e não piloto. Ele não respira automobilismo, ele respira o glamour provocado pelo esporte. Uma grid girl poderia - se ainda existisse - respirar o mesmo glamour. 
E eu não gosto de programa de fofoca, apesar de ser geminiana, então, celebridade para mim é carta fora do baralho. Muita produção e pouco conteúdo. Dispenso.
Eu fico confortável admirando esportistas cuja vida pessoal sei muito pouco. Se eu quisesse saber, o que comem, cor favorita e o que vestem, eu não assistia nenhum esporte. Veria filmes, séries e aqueles programas do canal E!

Não que eu endeuse piloto de F1 como alguns fazem, especialmente por nossas terras, com um certo cara que ainda não foi para a luz, porque não deixam ele ir até ela. Ou não vejo só com olhos femininos a beleza de alguns tipos do paddock. Vale reiterar que sim, sou mulher e claro que algumas cobiças ocorrem, mas elas não são preponderantes na hora de "baixar o facho" e vir aqui escrever um texto. Confessem, vocês achariam um porre se eu ficasse falando sobre isso.  
Como a gente olha, mas sabe que isso não arranca pedaço, passado alguns minutos de contos de fadas a gente volta ao normal. Limpa a lente do óculos e vê a coisa enquanto esporte. Afinal, em tese, é para isso que serve. 

É por essa razão então que, depois com os olhos ou as lentes desembaçadas, a gente tenta pensar com racionalidade. Quando comecei a ser fã do Kimi, eu não iria aceitar por exemplo, com muita facilidade, o jogo de equipe. Quando "adotei" Vettel como segundo favorito, seria complicado aceitar que um Verstappen viesse a disputar com afinco a ponto de acabar com suas corridas. 
Hoje, consigo pensar o porque de jogos de equipe. Embora as vezes seja difícil de engolir, certas medidas precisam ser enfáticas, ou jamais saberá se resolveu ou não. E para elas acontecerem, alguém tem que sair prejudicado. Se ocorre com quem eu torço, paciência. 
E sim, eu acho Verstappen um bom piloto. Ouso dizer que é, de mais de tipos como ele, que a F1 precisa.

No sábado ele merecia a pole, tirada pelo Ricciardo. A questão que eu até prefiro o menino petulante ao sorridente é exatamente essa: ambos respiram automobilismo (ao contrário do penta campeão). Então o que difere um do outro? Se todos preferem o simpático, eu prefiro o petulante. Não fazer gentilezas, ser duro, na atual F1 me parece imprescindível. 
Opinião certo? Quero convencer ninguém aqui. Convencer é colonizar o outro. Já não basta as tentativas de mudar voto, acho que já estamos de saco cheio, literalmente - até as mulheres - desse papo.

As minhas expectativas sobre os pilotos acabam por se confirmar na pista. Ricciardo acabou, por sua justeza, não tendo a visão de que Hamilton avançaria pelo meio. É bom ver largadas limpas? É excelente. Mas não quando você está do lado, ou próximo à um que gosta de vencer e outro que gosta de aparecer... Precisa ser menos inocente. 
Ainda que se esperasse que as Red Bulls se digladiassem, houve paciência ali. Ninguém ficou disposto a estragar a festa da Mercedes, nem a própria. Nem mesmo Verstappen. Se ele fosse o que dizem, tinha fechado Hamilton de novo. Foi calmo e aproveitou a curva a seu favor tomando a ponta. Salvo algo muito errado, estava com a corrida na mão. 
"Esse algo errado", pensei, seria nada mais que a Mercedes fazendo uma estratégia e tomando a sua posição.
Hamilton ainda ficou com o segundo lugar e isso ainda lhe dava o título, já que o "vacilão" da torcida do Flamengo estava em quarto. (Detalhe, Ricciardo decidiu oferecer dificuldade não ao companheiro ou ao Hamilton, mas à Vettel...)

A despedida de Alonso se costura mal. Já são duas corridas e ele não consegue absolutamente nada a se orgulhar, nem mesmo, completar as voltas. Fez bem anunciar a saída. Ele é um destes, que apesar de turrão, foi "jogado para escanteio" porque ele talvez gostasse mais do esporte do que do holofote (apesar do holofote ter perseguido, até quando não mais precisava e parecia ser só por implicância...)

Dali, as trocas de pneus começaram e eu fiquei pipocando entre um jogo da NFL e a corrida. Mesmo que houvesse algo extraordinário, duvidava que fosse para protelar a conquista do gênio. Muito menos que ele chegasse ao ponto de ficar em oitavo, nono e o Vettel se aproximasse de Verstappen. Como é que o carro da Ferrari é o melhor,  se ele não conseguiria ao menos chegar numa Red Bull? Como é que Hamilton conseguia vencer Vettel no braço, se ele praticamente não se encontrava em meio de grid?

Pelos vais e vens dos canais, pude conferir outras paradas, Hamilton tendo certa dificuldade com pneus, (o que eu sempre soube, que nunca foi um bom administrador desses infelizes), erros bizarros do mesmo: Perdeu a terceira colação, depois a quarta, tomou um passão de misericórdia do rival, foi passear na área de escape. Esse foi o pior. É ridículo admitir que para o penta, um erro primário destes ocorra. 
A poucas voltas do fim estava em quinto. Vettel em segundo. Ao menos estavam acabando com a festa da Mercedes que não estava completa. 
Eu cheguei a tuitar que era ridículo que o penta fosse tão genial que não conseguisse um pódio. O que é a pressão não é mesmo? Assim que ela aparece, toda aquela genialidade some. Mas poucos se atentam a isso. 

Mas de quê adiantava? Ainda assim a transmissão "ovulava" (desculpem-me o termo, mas é verdade), e os vencedores, eram sumariamente ignorados. O foco era o cara que, de uma hora para outra saiu abraçando até câmeras. 
Não vi uma gota de lágrima. Aqui eu também não senti a mínima da emoção. Não significou nada para mim. 
Queria ver Verstappen que parecia se incomodar com a atenção voltada à outra coisa que não sua vitória. Mas foi só impressão. Esse de fato, estava ali para vencer corridas, não importava o que estava acontecendo junto com seu momento. 
Para coroar duas questões: uma, que Kimi foi ignorado por Coulthard para falar com o Hamilton. Podia ser o Massa ali, mas que essa ignorada foi bem horrorosa, foi. Era o terceiro lugar, e essa esnobada, mostra o que realmente não vale mais a pena na categoria: essas entrevistas pós corrida. Custava ir depois atrás do magnânimo rei? 
A segunda questão também é um tanto recheada de contra gosto: achei a postura do Vettel besta, ao largar a entrevista com meias respostas e ir cumprimentar Hamilton, que já vinha em sua direção. Mas se for parar para pensar, apesar de trouxa, pelo menos não ficou com jeito de mau perdedor.
Li declarações que ele sente-se acabado, e que não poderá mais vencer um campeonato. Não culpou a Ferrari, como qualquer outro poderia ter feito. Só que não podia mais ser o melhor. 

Será mesmo que o melhor é aquele que fica com todos os louros da conquista? 






Ainda temos duas corridas, uma aqui no Brasil (e mais um ano não vou porque "sou pobre de marré deci", e o PT não me tirou da pindaíba rsrsrsrsrs...), e a outra Abu Dhabi. Assistiremos porque gostamos. Não porque significarão alguma coisa. Na verdade, não significará nada.

Até lá, a gente se fala de novo com outros assuntos. Se tudo correr bem, volto com meu Faixa a Faixa, na semana que vem. 
Abraços afáveis! 

Comentários

diogo felipe disse…
Manu, o Schumacher 5bm fez bobagens em suzuka 2003, chegando em oitavo. Na hora da verdade, a pressão e enorme. O que vale é o título.

"Não que eu endeuse piloto de F1 como alguns fazem, especialmente por nossas terras, com um certo cara que ainda não foi para a luz, porque não deixam ele ir até ela." GENIAL!! 😉
Manu disse…
De fato, Diogo!

Abs!
Não gosto do Hamilton também, acho-o muito estrela, garoto mimado que joga sujo quando não consegue aquilo que o fez ser campeão em três, quatro das cinco vezes: o melhor equipamento.
Aliás, um pouco de minha birra por ele é justamente pela mesma que eu tinha/tenho pelo ídolo maior dele, essa adoração exacerbada por alguém alçado a deus das pistas.
Acho que o Hamilton tem uma carreira oposta ao do Alonso, a quem considero melhor. Enquanto o inglês tem tudo à mão e faz o joguinho de queridinho, Alonso se tornou mal visto por sua personalidade forte e determinação em querer estar sempre com o melhor equipamento, com os melhores profissionais e tendo a atenção exclusiva da equipe, coisa que lhe faltou (sorrateiramente, acho) na McLaren em 2007. Ron Dennis foi canalha com ele e sabemos bem o que aconteceu no final do ano.
Assisti a corrida também meio enojado com a babação de ovo dos narradores e comentaristas, que muitas vezes deixaram a ação na pista de lado para enaltecerem as conquistas do afro Senna.
Gosto do Verstappen.Torço para que ele, Gasly, Leclerc e mais garotos arrojados venham e tragam emoção à categoria, pois está muito chato ver o queridinho ganhar tudo, o alemão perdidinho perder tudo.
Quanto ao Kimi, acho que ele nem ligou em terr sido janelado pelo Coulthard.Capaz até de ter gostado. Espero que ano que vem ele corra por prazer e conquiste preciosos pontos aqui e ali com a Ferrari Série B.Vamos ver...
Manu disse…
Sempre ótimo, Eduardo. Obrigada!

Abs!

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