GP da Hungria: "Fazendo a Egípcia"

Enfim, chegamos ao fim da primeira parte da temporada de F1 em 2017. 
Cabe inclusive alguns de ponderamentos, até aqui, bons e satisfatórios, para quem tem a razão à favor e manifestando boa saúde. 

Logo nos treinos, os indícios de que a corrida poderia ser promissora se desenhou.
No treino oficial, a coisa não foi nova: as ferraris fizeram uma dobradinha, seguidos pela Mercedes, algo corriqueiro deste ano de 2017. Estar na segunda fila para mim, não é nada demais. Mas para a Mercedes e especialmente para Hamilton, foi o "start" para as manifestações de recalque.
Em tempo, quando Hamilton alcança a pole position, ou mesmo quando vence corridas, ele não fala em aposentadoria ou em outras ideias para a carreira. Basta estar abaixo do segundo lugar que ele recorre à futuros alternativos. Desta vez, no GP da Hungria - verdade ou não - foi comentado pelos "narradores" de que Hamilton teria vontade, um sonho de correr na Williams. 
O assunto foi abordado sem a intenção de exaltar o piloto que idolatra Senna como muitos de nossa terra, mas sim, em mencionar, talvez pela terceira ou quarta vez (mesmo com umas 10 voltas completadas) a ausência de Felipe Massa na pista.

O "piloto" se sentiu mal na sexta-feira, com uma tontura que chegou a levá-lo ao hospital para exames. Informado como "virose" e mesmo que eu não tenha nenhuma especialização na área da saúde - mas entendo um pouco de humanidades - já dou um diagnóstico mais exato e menos técnico: virose uma ova, isso é idade! A criatura idosa, esteve traumatizada em ambiente inóspito. 
Sacaram? Foi na Hungria que Massa foi atingido pela mola do carro da Brawn em julho de 2009. Fazendo 8 anos, o cérebro estava conformado com a situação de aposentadoria - tanto que suas corridas esse ano tem sido muito mais abaixo do que logo depois do acidente (a desculpa máxima da falta de desempenho e competitividade depois da recuperação, era essa, inclusive). 
O mesmo condicionamento mental de "aposentadoria" levou ele a se sentir propenso a absorver a sensação negativa do lugar que antes, foi cenário de um momento que poderia ter sido fatal, mas que ainda bem não foi. Ele deve agradecer todos os dias por não ter nenhuma sequela. Porém, o psicológico, crianças, as vezes nos trai bastante. E por isso, tonturas e febre foi apenas um aviso de "você deveria estar em casa à muito tempo"... Mas quanto mais velho, mais teimoso.
Massa foi substituído por Paul di Resta, mas, mesmo assim, a transmissão mencionou seu nome, pelo menos, uma vez a cada 5 voltas, para nosso "delírio".

Como disse, a temporada cabe alguns ponderamentos: porque que, para muitos entendedores, Räikkönen por exemplo, é um aposentado, e Massa, não?
Outro ponderamento importante é: porque que, quando Verstappen crescia para cima de alguma Ferrari, especialmente a do Vettel, ele era gênio, se agora, ele tem feito corridas que sempre prejudica alguém de forma irreversível, mas ninguém o julga pelos excessos?
Incidente de corrida em todos os casos. 
Mas no fundo do meu ser, eu pergunto e não tenho resposta: porque Verstappen ainda não pegou Hamilton para cristo? Já perturbou Vettel, Kimi, e até Rosberg no Brasil, ano passado. Na Hungria, tirou o sorriso de Ricciardo com um toque bem desnecessário na largada. Mas à Hamilton ele só deu uma canseirinha logo à frente, assim que deram a relargada após o Safety Car. 

Canseira essa que chego no meu grande questionamento: como Hamilton pode ser considerado um bom piloto, se as corridas que são ruins para ele, ele não faz muita coisa? Especialmente se não tiver o coach de rádio, que estava com problemas desta vez. Vejam bem, Verstappen segurou e em muitos momentos, achei que Hamilton estava titubeando em investir mais. Piloto bom, com carro bom, arrisca. "A pista não é favorável..." Ora! Faça ser favorável! Piloto se desdobra para fazer valer. Vide Verstappen. Ele pode até saber que aquilo lá vai ser passível de punição. E ele exita? Não. Esse é o espírito. 
E lá vou eu defender o Vettel (e deixar uma galera que me acompanha, "p" da vida): Vettel tem esse espírito, ele não pensa duas vezes: ou dá certo, ou dá errado. Para saber qual dos dois, tenta. 

Eu, já na volta 3 mais ou menos, projetei as contas. Com Hamilton em quinto, a diferença de pontos seria 16 em relação à Vettel. Assim que Verstappen foi punido pelo toque em Ricciardo, a coisa amornou: esperamos pelas paradas no afã de projetar umas ideias. Em quarto, Vettel ficaria à 14 pontos. Estava bom para entrar nas férias e deixar Hamilton com muita minhoca na cabeça.
E assim fomos, poucas coisas aconteceram até a volta 30. Na verdade, quase nada. Largada boa de Kimi, que fez uma excelente manobra para deixar Vettel avançar: ponto 1 de que ele é escudeiro e o gosto é amargo, mas o remédio faz efeito. Logo, Bottas mostrou a que veio, avançando e não se preocupando em deixar Hamilton passar e se defendendo de ferozes Red Bulls. Porém, será que Bottas agiria sempre assim?
Alguns toques, farpas entre Force India, Sainz e Alonso...

As paradas se deram a partir da volta 30, e quando todos fizeram suas escolhas, nada mudou a não ser Verstappen, que teve de permanecer 10 segundos nos boxes, pagando por ter atingido o companheiro na largada. 
Sem rádio só muito depois o ajuste da equipe foi feito, Hamilton fez uma mega reunião com seu engenheiro sobre condições de pista e pneus. Já informado do que deveria, veio a frase após questionar a ultrapassagem sob Bottas: "fique tranquilo". Nem meia volta depois, Bottas abriu a curva largamente e Hamilton passou, numa cena bem feia. 
Kimi já dava indícios de querer passar Vettel, informando a equipe que tinha mais condições de vencer. Deixou às claras que qualquer decisão cabia à eles e não à ele. Seu comprometimento era seguir ordens, mas não sem avisos. 
Pouco antes de fazer as paradas, Vettel indicou que o volante estava se voltando muito para a esquerda. Por essa razão, a Ferrari passou a avisar ao alemão que mantivesse ritmo e evitasse as zebras. Para isso, nenhum erro era passável, de forma alguma. 
Informado dos problemas, Kimi foi o "falador" do rádio. A transmissão achava que Kimi deveria passar. A Ferrari visivelmente confiava que Kimi fizesse um grande trabalho, mais rápido que Vettel, sim, mas em maiores condições de travar Hamilton no ritmo de Vettel. 
Kimi entendeu, e resolveu fazer assim. Vettel não abriu a boca: concentrou. 
Ponto 2 e final de que Kimi é o segundo piloto.

Uma coisa é certa: Assim que Kimi disse que as Mercedes estavam chegando, eu pensei que a melhor forma era que ele ficasse onde estava. Passando à frente, Vettel não seguraria nenhuma Mercedes. Talvez nem Verstappen. Diante disso, eu já entregaria o caneco para Hamilton. A segunda metade da temporada seria à moldes 2015. À essa altura, eu confiava mais que Kimi era o homem em pista certo para segurar tudo por Vettel. Infelizmente é assim. Não tem pontos suficientes para botar banca e exigir coisas na equipe. E ele é tudo, menos trouxa. Sabe, mais que nós, que um dia, ele teria de sentar e fazer o que mandam. 
Como fã sei que se ele está incomodado, ele cai fora. Mas ele não está tão desconfortável assim, pois se estivesse, já teria largado tudo. Só na Itália, saberemos se ele se cansou do joguinho, ou se está de acordo com as novas propostas. Se ele estiver, mesmo sendo segundo piloto de novo, quem sou eu para dizer que ele é cego, bobo, burro e tudo o mais?

Bottas, o outro finlandês, deixou Hamilton passar. Mas logo que o inglês chegou em Kimi, tentando induzi-lo ao erro e não sendo capaz nem disso, muito menos de arriscar, Bottas ouviu que em 5 voltas, se Hamilton não conseguisse passar Kimi, ele devolveria a posição.
Ri muito. Acharam que Bottas e quem assistia a corrida, que fossemos trouxas? Isso era muito novidade. A Mercedes iria jogar fora, a chance de estar à 11 pontos, e não 14 de diferença para Vettel? Isso me parecia papo de político.

Pois felizmente, Kimi fez uma corridaça para Vettel. Quando o alemão tomou a bandeirada, Kimi respirou: Hamilton deixou Bottas passar, devolvendo a posição. 
Minha boca e a de muitos, caiu. Não imaginaria que fariam isso. Jogaram mesmo, com a possibilidade de perder 3 pontos para fazer "justiça". Mas uma coisa é bem certa: Bottas não assinou para ser escudeiro. Uma pena que Rosberg tenha tomado tanto na cara. Sorte dele que ele pode fazer eles "pastarem" no fim do ano passado. 
O padeiro da Mercedes tem chances de vencer o campeonato, ao contrário do compatriota da Ferrari. Assim, ser escudeiro cabe só à Kimi. Bottas ainda pode ser a moeda de ouro da Mercedes contra Vettel. A pergunta é: Bottas é segundo? Ainda não. E ainda bem que não. Só espero que esse não tenha sido um docinho para ele achar que tem poder. Cuidado ao Bottas, e que ele não confie muito nessa "benevolência" repentina.

Cruzando em primeiro e com 14 pontos à frente, Vettel dançou como egípcio. A expressão "fazendo a egípcia" é uma forma de dizer que finge que não viu, que não se interessa.
De certa forma, Vettel não se interessa por quem fala mal de suas corridas. Bottas parece não se interessar muito por campeonatos de Hamilton, desde que ele ainda conquiste os seus próprios feitos.
Kimi não interessa em dar detalhes de suas emoções e expectativas futuras para os outros e não vai mudar de atitude.
E a gente? Faz o mesmo, "faz a egípcia" por quem ainda diz que a F1 não está melhor que nos outros anos.

PS: Adendo ótimo - Alonso posando para a foto/meme tomando sol na pista. Sexto lugar, melhor colocação dele na temporada. Dá-lhe Alonso!!

Abraços afáveis!

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