Tag Cinematográfica: Desafio dos 30 filmes (Dia 1)

Mais uma tag, só que desta vez, de filmes, para responder em 30 dias. Este desafio foi pego na página do Facebook, "Fãs da 7ª Arte". Vi uns colegas fazendo, dei risada das escolhas deles, achei meio ridículo algumas coisas que li, pois fã de cinema tem 3 tipos: os bobos que assistem qualquer coisa, os que só assistem aqueles considerados cult e independentes (e repudiam os tipo "pipoca") e aqueles que se motivam por um ator, um diretor, um roteirista ou um enredo para topar a experiência em assistir (eu!). Nem preciso dizer quais são os mais chatos, né? (risos maquiavélicos)

*Desafio dos 30 filmes: Dia 1 – Um filme que lembre a sua infância

Definitivamente, filmes fizeram parte da minha vida de uma forma bem digamos... bem, desde sempre. A lista dos mais mais da infância, certamente seria longa, mas eu fiz o exercício de escrever a pergunta do dia 1, acima "Um filme que lembre a sua infância" e responder com o primeiro filme que me veio à mente no instante em que a digitei:

Edward Mãos de Tesoura

Filme de 1990, estrelado por Johnny Depp e dirigido por Tim Burton, passou incansavelmente na sessão da tarde durante todo o período em que eu tive uma infância, no começo dos anos 90. E é o filme, que fora as influências externas como de alguns que era do tempo de infância de minhas irmãs, Edward sempre me chamou bem a atenção. 
Eu venho de uma geração em que assistia filmes em cinema e em maior escala, alugados nas locadoras, com fitas VHS. De uma família que teve logo cedo, video cassete e fichas em todas as locadoras da cidade, era normal que tivesse gosto por esse entretenimento. Minha irmã mais velha colecionava revistas sobre cinema - o que acontece até hoje, apesar de ter caído de qualidade das tais. Mas é fato que, em suma, nós - diferente da geração de hoje que vai ao cinema como se fosse uma festa com amigos e é facilmente influenciado por uma crítica (quase sempre equivocada ou manipulada nos meios de comunicação) e/ou o sucesso que o filme fez/faz - procuramos filmes que nos tocassem de alguma forma.
Lá com meus 5 ou 6 anos quando assisti à esse filme em má qualidade e reduzido com propagandas na tv e com um dublagem tosca, vi em Edward e as pessoas que vivem naquela cidade em que ele se encontra inserido, algo chamativo e tocante. Depois de mais velha, percebi certas críticas à sociedade que o roteiro trás para com o "diferente", e passei, já adulta a evitar de ver a parte em que Edward é perseguido pela polícia e praticamente linchado pelos habitantes da cidade, pois era uma parte que me deixava desconfortável quando criança, hoje, sabendo bem o que significa, prefiro parar onde ele é bem querido pelos outros personagens. 

Certa vez, quando li "Frankenstein" de Mary Shelley em uma aula de História Contemporânea, fiz um comentário numa espécie de ficha de leitura que todos deveriam entregar para a professora, e que era uma parte livre de cada leitor da sala, onde podíamos destacar livremente o que quiséssemos sobre o romance. Eis o que fiz em um trecho do comentário livre, abaixo:

[Como comparação, temos que o romance "Frankenstein" ainda serviu como inspiração para o filme Edward Mãos de Tesoura de 1990, dirigido e escrito por Tim Burton o qual inclui o ator Johnny Depp como o emblemático Edward. Edward é criação de um velho inventor, que ao morrer deixa sua obra inacabada, com tesouras no lugar das mãos. Ele é descoberto por uma vizinha, que propõe -se a cuidar dele. A primeira recepção pelas pessoas sobre ele é um convidado exótico que desperta curiosidade. Edward se apaixona pela filha da sua mentora, e por ela (e também pela inocência) é levado a atos escusos. À medida que permanece entre os vizinhos, ele toma um caráter igualmente trágico à criatura do Frankenstein. É muito ingênuo, se tornando uma pessoa de grande visibilidade pelo seu talento em fazer esculturas em árvores com as tesouras, cabelos e etc. 
Se o personagem do romance de Mary Shelley começa como um tipo demoníaco e termina como uma criatura sofrida, Edward começa como uma figura inocente que é, mas pelo apelo das pessoas à sua volta, ele se torna uma criatura causadora de um certo caos - algo que na sociedade civil em que vivemos, é exatamente isso que é transformado "o diferente": sua presença distinta desperta curiosidade e medo, que dependendo de sua personalidade é "o diferente" que deve ser excluído/banido ou mesmo culpado quando alguma coisa sai dos eixos.
Em "Frankenstein", Victor tem toda uma vida familiar organizada e feliz. Ao criar o ser, sua vida física, mental e familiar rui. A vida da Criatura também não se segue bem. Ele é julgado, repudiado, passando a viver longe de tudo e todos. O diferente na história é que a Criatura se esforça para ser aceito, se colocando primeiro a aprender como agir para não ser refutado novamente. No filme, Edward é esse tipo de personagem, sendo sua história, uma forma de ridicularizar a força que as pessoas fazem para serem aceitas por uma sociedade, de estarem dentro dos padrões dados como “normalidade” preestabelecida por ela.]

Esses comentários eram discutidos em sala de aula também. Embora o segundo título do livro da Shelley fosse "O Prometeu Moderno" acabamos que discutíamos mais a áurea divina da criação. O aspecto social, que certamente teria muito pano para manga, foi meio que um tópico adjacente do romance. (Engraçado que quando o aspecto social é o menor interessante, os professores de história trazem como aspecto central... Vai entender!) Como muitas coisas na minha vida acadêmica, comparar Edward com a Criatura de Victor Frankenstein não foi grande coisa, inclusive, foi mais um comentário que fiz sobre os romances que me predispus a discutir e apresentar ideias que entrou no ouvido esquerdo da professora e caiu pelo direito, sem ser absorvido ou estendido na rodada da aula.

De todo, Edward tem uma profundidade incrível, para além da mera história narrativa em imagens sincronizadas em tela, acredito eu.
Mas é. Esse é o filme que me lembra mais explicitamente minha infância, pela razão que já justifiquei : ele pertence à minha primeira escolha muito pessoal.

A lista atentaria à muitos, mais antigos e que também imprimem uma identidade minha em termos de gosto pelo gosto, sem razão lógica - afinal, já diria Kant, que se o gosto por alguma arte é justificável com algo lógico, deixa de ser arte. 
Esses filmes seriam: "Os Goonies", "A Lenda", "Willow na Terra da Fantasia", o famoso "Curtindo a Vida Adoidado", "Conta Comigo" e até "Elvira" (rsrsrsrsrs...) Fora, as animações que aí... Nossa! Estou dizendo que uma lista  poderia levar tempo... :D

Passo à vocês, a escolha do filme da infância!

Abraços afáveis!

Comentários

Ron Groo disse…
Eis um filme que nunca consegui gostar... Assim como Ghost, do outro lado da vida.
Carol Reis disse…
Eu faço parte do grupo dos bobos que assistem a tudo kkkkkk. O primeiro filme que me surgiu a cabeça foi Jumanji, vão até fazer um remake dele (q eu me recuso a assistir)
Manu disse…
Ghost passou ontem na Globo, pela milionésima vez... Ron Groo, ainda acho que sem aquela dublagem brega, o filme melhoraria um pouco. Mas não é mesmo grande coisa.

Carol, eu poderia até dizer que assisto à tudo, mas há certas produções que eu evito: tipo os filmes de adolescentes ou os de terror. Jumanji parece vir mesmo com um remake - inútil, afinal, nem é tão antigo e é legal do jeito que é: para quê um remake! ....

Abraços aos dois!

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