Sobre amizades

Um papo curto de comentários no facebook entre a minha irmã e o leitor Eduardo de Campos sobre cartas despertou em mim a vontade de escrever algo sobre amizades.
Os cometários se desenvolveram a partir de uma publicação da minha irmã de uma frase do eterno Rubem Alves a respeito de cartas românticas: "Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel."
Eu, assim como a minha irmã, tive o costume no começo da minha adolescência - e parte da minha vida adulta - o costume de escrever cartas, mas para pessoas que - antes da primeira folha escrita - eram apenas desconhecidos. 
Tudo começou por uma revista espacializada em J.R.R. Tolkien da qual na seção de cartas havia o endereço (e o interesse de se corresponder com outras pessoas do país que gostassem de Tolkien) de uma amiga de Roraima, a Jouse. Dela, encontrei a Liz, de Tambaú - uma grande pessoa que adoro muito. Da Liz encontrei a Thaís (Ichigo Hime) de Garça, que me apresentou o Artur, que me indicou para a Andreia de Brasília e houveram outros que acabaram se perdendo com as poucas trocas de cartas. Há o Jackson, a Waléria, a Alessandra, a Carolina e o Ferretti também. Os citados são pessoas que mantenho contato ainda hoje pela rede social. São pessoas legais que de certa forma foram sempre pessoas muito delicadas comigo, e que quero o bem acima de tudo. Conheci a Jouse quando ela veio a Uberaba, rapidamente e ela é uma pessoa incrível e doce, como nas cartas. É a única que conheci pessoalmente, mas pretendo fazer isso com os demais logo logo. Andreia e Liz são as que mais converso em espaços tempo mais curto. São umas fofas. 
Ou seja, criei amizades incríveis pelo país em lugares improváveis e apesar da vida adulta ainda não propiciar muito tempo para cartas, volta e meia faço uma. E eu me lembro das pessoas; tudo que penso que eles vão gostar eu dou um jeito de entrar em contato com eles. A rede social pode ter deixado as pessoas mais fúteis ou até mesmo fazendo com que se decepcionem rápido, mas quando há algum tipo de amizade pura e simples você releva o que te incomoda, afinal de contas, todo mundo tem alguma coisa que faz que o outro não se interessa ou acha fútil, desnecessário ou mesmo sem noção.
Eu me dou muito bem por satisfeita em escrever um simples "oi" para algum desdes e receber um "oi" dizendo que está tudo bem. Ganho o dia.

Os amigos virtuais também são boas extensões de amizades, porém virtualmente a gente se decepciona mais fácil. Aqui pelo blog e comentando em outros, garanti amizades que me faz bem e que são realmente agradáveis. Interesses em comum é o primeiro passo para o bom papo, mas se parar nisso, se não tiver respeito e carinho pelo outro, podem acreditar, em pouco tempo você não saberá falar muita coisa sobre a outra pessoa, a não ser pela atualização do status dela no Facebook.

Eu não sou esquentada, mas me algumas coisas me fazem desistir rápido de colegas ou amigos. Sempre, na escola, fui "trocada" por alguma razão. Até a quarta série não conto, pois criança é um ser que faz amizade fácil sem ao menos se dar conta do que há de errado em certas relações - pelo menos no meu tempo, era sem interesse, só queria mesmo era brincar. Depois do quinto ano era comum que eu conversasse com todos da minha sala, mas alguns mais íntimos, como grupos. Eu acabava sempre de fora do círculo íntimo: primeiro porque no grupo 1 eu não gostava de Sandy e Júnior ou Chiquititas. :D Do grupo 2 foi porque eu era do grupo 1. O grupo 3 no colegial, eu era o peixe fora d'água porque não tinha namorado e nem interesse em alguém do grupo do sexo oposto. No grupo 4, eu era a única menina. No grupo 5, eu era a única que tinha passado no vestibular. O grupo da faculdade 1 eu era a diferente pelos gostos, tanto musiciais quanto esportivos. Só no grupo da faculdade 2 que finalmente eu me adequei melhor.
Hoje sou ainda o peixe fora d'água dos que permaneceram dos grupos da época de escola: de uma amizade, fui excluída porque não bebo e não vou à festas que tem essas duplas sertanejas, do segundo amigo, a namorada não gosta de mim nem de nenhuma garota do passado do cara, e de uma terceira, ela casou - e não me convidou - e estou meio chocada. O resto mudou de cidade, afastou legal. A faculdade 1 me afastou das pessoas porque acabei mudando de curso e claro, de horário.
Mas não deixo de querer o bem de todos e me chateia quando fico sabendo que apesar de tudo, ter sido alegre e ter conversado muito, um dado momento é como se eu não conhecesse mais a pessoa, como se eu tivesse perdido o trem da vida dela e não pude trocar de horário ou comprar outro bilhete.

O interesse também enlouquece quem não tem boa cabeça. Ajudo, estudo junto, empresto livros e tudo o mais. A pessoa se casa na igreja a poucas quadras da minha casa e nem sou convidada. Até entendo a minha outra amiga ter casado e não me chamado: ela é evangélica e possivelmente "leu" que eu ficaria desconfortável nesse ambiente que eu não conheceria ninguém além dela e seus pais. E era para eu ser madrinha docom um cara das quais eu não suporto, então achei melhor assim. Se falei duas vezes com o noivo, foi muito. Se fosse o namorado anterior, aí seria diferente, pois conhecia a família e ele mesmo. Na real, tive uma forma de ajuda para o relacionamento dos dois que não deu certo por ciúmes. O cara ficou meio paranoico com uma amigo dela que acabou virando esposo, rsrsrs...
Mas a colega sugadora dos meus livros e meus estudos, foi pra acabar! Soube do casamento com fotos na rede social dias depois. E meus livros vinha buscar tarde da noite não é mesmo?
Daí vem o interesse: e se a amizade não é pura, ela não dura.

E não dura também aquele que apenas "atura".
Percebi ultimamente que algumas pessoas me "aturam". São os virtuais claro. Pessoalmente, não tenho problemas de convivência com ninguém, não da minha parte e que eu tenha percebido. Mas os virtuais... Alguns são super incríveis: comentam coisas, fazem brincadeiras, mandam mensagens inbox quase toda a manhã, é super! Adoro mesmo.
Outros, experimentei e tentei mais do que minha paciência permite. Sou assim, se escrevo e obtenho respostas secas, é a última vez. Da próxima, é a vez da pessoa em fazer o bem. Se vem com "estou mal hoje, não estou bem para conversa", pode até ser sinceridade admirada, mas deixa de ser quando se percebe que é só com você. É aí que eu sempre me sinto peixe exótico no grupo de lambaris. Se alguém começa um "oi" e está tudo ok, empolga e sorri, e eu começo o "oi" e a pessoa só ergue o polegar, pode insistir negando quantas vezes quiser: eu sei que é pessoal. E eu entendo. Dediquei amizade pura e simples e brinco muito, gosto de interagir, gosto de "presentear" e só recebe um "ok" enquanto os outros lambaris continua andando e bando... o que posso fazer? Apenas dizer que entendo, mas não concordar e pronto.
O que me impressiona é que elogio, brinco, ajudo, lembro da pessoa, agradeço quando sou lembrada e nunca penso: "opa, mas eu tenho que tratar bem, porque essa pessoa pode me pagar um sorvete, pode me dar um emprego...". Não. Eu dedico tempo e me importo porque eu respeito e gosto, apenas isso. Não me importa se acordei cedo, se estou com sono ou de TPM (coisa que eu não vejo como justificativa para mandar os outros às favas - até porque raramente mudo de humor por conta disso, acho que meu cérebro tem que funcionar, por isso qualquer ataque deve ter controle), eu devo ser agradável com as pessoas, caso contrário é melhor nem abrir emails, facebook ou twitter nesse dia. Que dirá whatsapp... Agora, ser agradável, mesmo com tudo uma "m" e receber má resposta é um saco.
Por isso digo que alguns me aturam. Uma pena, pois eu queria fazer parte do grupo dos lambaris sem achar que estou sumariamente sendo convidada para sair fora do tanque.
E por mais que pensem que mulher gosta de bajulação, excluam isso: eu detesto bajulação, pois deste padrão para tornar a relação chata ou mesmo invejosa, é um passo.

Pelo menos há quem faça a relação de amizade valer a pena. Pelo menos...


Abraços afáveis, bom fim de semana e até breve!

Comentários

Como comentei na postagem da Michelle, também tinha esse habito e lamento muito por tê-lo deixado pra trás.A chegada das novas tecnologias (SMS, e-mail, redes sociais) ajudaram muito para que eu ficasse preguiçoso.Mas sinto muita falta daquela angústia e ansiedade, me perguntando se receberia resposta àquela carta enviada dias antes...rsrsrs

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