Sobre Kimi Räikkönen
Após ter passado uma tarde de baixíssima umidade ontem aqui na cidade, acabei com um desconforto na garganta e um nariz entupido que só pode ser uma alergia das mais estranhas possíveis. Definitivamente não está muito bom. Hoje já espirrei tantas vezes que acho que já ajudei um pouco a melhorar a umidade do ar.
Mesmo assim preciso escrever alguma coisa e espero alcançar meu real objetivo:
Após muitos rumores sobre uma possível volta à F-1, Kimi Raikkonen declarou que pode ter encerrado sua carreira na principal categoria do automobilismo.
O finlandês teve seu nome relacionado principalmente à Renault para ocupar a vaga do russo Vitaly Petrov. Rumores apontavam que a volta de Kimi à F-1 era cláusula de um contrato da Renault com uma patrocinadora.
"Eu teria a oportunidade de voltar, mas acho que minha carreira na F-1 acabou", disse o piloto.
Raikkonen já havia dito que somente decidiria seu futuro no final da atual temporada, mas com as principais equipes já tendo definido suas duplas de pilotos para o próximo ano, o piloto pode ter antecipado a decisão.
Campeão do Mundial de pilotos de 2007, Kimi Raikkonen foi dispensado da Ferrari no ano passado após a contratação do espanhol Fernando Alonso.
Imagino que todos já saibam o motivo de destaque meu à reportagem. Nem penso em analisar linha a linha do que foi escrito. Apenas vou me comprometer em escrever sobre o contexto geral: a não volta do Kimi à F-1.
Nem diria que foi uma surpresa a remota decisão. Eu já imaginava que seria essa a resposta. Nada que fosse dor de cotovelo do tipo: "ele não pode voltar ao lugar que o renegou". De certa forma essa premissa não estaria nem de longe totalmente falsa, mas há mais coisas nessa vida que podem ser tratadas sem dramatização. E é o que proponho falar.
Não é novidade alguma que sou fã do Kimi, que achei uma palhaçada o que foi feito com o profissional Kimi Räikkönen ano passado, no que desrespeito à Ferrari e sua mania de controlar o mundo a sua volta... Nada do que falei mudou situação e todas as vezes que me posicionei a favor da "justiça" para todos acabou por me deixar cética e com pensamentos do tipo "f*d*-se".
O cara encontrou o rumo na vida e no ano de 2010 deu as costas realmente para o mundo da qual nunca foi um mar de rosas.
Todos que acompanham a F-1 sabem tanto quanto que há muito coisa lá do que supõe nossa vã filosofia do esporte a todo custo, custe o que custar, bonito/competitivo/ético. Os casos recentes demonstram que não é bem assim, talvez nunca fossem. Antes ou agora podem mudar no fator do descaramento: se era descaradamente visível ou não as fadadas falcatruas ou incoveniências. Tais sejam lá qual for o teor de suas gravidades, só servem para publicidade, polêmica: "...mais um capítulo dramático da série na nova temporada..." Se diverte quem pode, comenta que tem vontade e esquece (no bom sentido) quem tem juízo. Alguns martelam assuntos na nossa cabeça, e no fundo mal acompanham a temporada por completo para gastarem míseros comentários e neurônios com textos longos e bonitos.
Eu acompanho o pessoal que gasta seu tempo assistindo as corridas, comentando em forma de textos, colunas ou pequenas paidinhas ou relatando sua opinião em podcasts. Gasta-se tempo com isso, e claro, muitas vezes sabemos o que estamos falando, mesmo que não sejamos especialistas no assunto. Volta e meia escorregamos na casca da banana, mas é a nossa opinião o mundo não desaba por isso. Temos o direito.
Kimi não tem nada de polêmico ao extremo na sua carreira da F-1. Ele mal abria a boca um poderia dizer, outro chamaria a atenção para seus pequenos vexames fora da pista que foram influênciados pelo metanol.
FORA DA PISTA. Lá dentro ele se comprometia a meter o dedo (isso quando ele sentia vontade) no que desrespeitava à ele. E olhe lá. E estava sempre certo. Boca fechada não entra mosquito. Não que ele fosse um cara sem opinião, mas ele não resolvia a vida dos outros e sua opinião não era premissas de um oráculo. Pouco importava se ele dissesse X ou Y.
Mesmo assim foi facilmente substituível.
Ele nunca deu asa para repórteres. Como um mineiro, chegou quieto, foi vice duas vezes e campeão uma como pagamento das anteriores "dívidas". Ficou de saco cheio do trabalho não dar nenhuma emoção. Lutou para manter o emprego mesmo sabendo que seria em vão. Deu as costas e batalhou para aprender no rally, de forma humilde e sem pressa. Em pouco tempo (e para ser mais exata no último fim de semana) foi o mais rápido numa especial do Rally da Alemanha WRC, mesmo sendo um dos mais difíceis. É fato que já aprendeu um pouco considerável, e aprendeu rápido.
É um novo Kimi, mais feliz, porém o mesmo profissional de sempre. Só com mais sorrisos estampados no rosto.
Por isso não me surpreenderia que ele dissesse: "A gente nunca sabe. Mas provavelmente eu nunca voltarei à F-1. Foi algo que fiz por alguns anos, e tive vários momentos ótimos. Ganhei um título, o que sempre foi meu objetivo, mas as coisas mudaram. Estou correndo de rali agora, e há tantas coisas além da F-1 na minha vida agora..."
Se agora há muito mais na vida dele, é prova que se sente bem onde está.
Uns que nunca admitiram agora comentam que sem dar muito pano para manga o cara venceu um mundial mostrando que o que vale mesmo é o talendo, no fim das contas. E ainda levantam a bandeira de que "ele faz muita falta".
Eu pergunto: Agora?
"O porco só tem valor depois de morto"...
Como fã, eu só lamento. Não lamento ele não poder voltar a F-1 porque rally tem feito bem ao Kimi profissional e pessoa e mesmo que eu me esforce muito para acompanhar o WRC só por notícias e pequenos vídeos, eu me dou por satisfeita. Porque a vida é feita de mudanças e ela é curta demais para ficarmos sempre batendo numa mesma tecla que não mais corresponde as coisas boas e que fazem bem.
Spa, meu circuito deveras favorito, ficará sem sal e sem açúcar sem Kimi, obviamente. Eu pago o preço mesmo que deixe feridas abertas.
O que vale ao fim de tudo isso é que definitivamente é ótimo para o ego estar na principal categoria de automobilismo. Para um piloto, imagino, é chegar ao topo na F-1 é querer sempre mais e mais. A gente sabe bem que todos alí querem isso. Se já estão alí, o céu é o limite, então... Certos... Ou talvez não. Vai da cabeça de cada um.
Olhando bem a decisão do Kimi eu só posso dizer que para aqueles que muito o criticaram, (e que me criticaram também...) que pensem um pouco: será que estar na F-1 supre definitivamente qualquer coisa?
Para Kimi não mais. E isso, por fim, é ainda mais louvável.
Abraços afáveis!
Comentários
A verdade é que para nós, fãs do finlandês, A F1 hoje é só a F1, não é mais A F1. É ruim para a gente, somente, mas vida que segue. Temos aprendido e nos divertido bastante no rally também, ainda que seja com pouco, como vc mesma disse em seu texto. O rally não só fez bem ao Iceman, quanto a nós.
bjs, Ludy
Ele se diverte pilotando.
A gente se diverte vendo ele capotar.
Fica longe dos tipos nefastos da F1.
E ainda por cima fica feliz...
Pena que o rallie não passe na tv.
E claro, Groo, o sentido é esse que ele se possa se divertir lá e deixar de lado os tipos que causam problemas na F-1. Certos ou errados, as vezes eles deixam a F-1 sem o brilho que a gente sabe que existiria caso não houvesse tanta grana rolando.
Pena mesmo que rally não passe na tv. Eu provavelmente iria me divertir horrores. xD
Abs!