Uma retomada de fim de ano

Olá a todos! 

Espero encontrar todo mundo muito bem!
Acredito que devem ter percebido que o visual do blog mudou. Espero que gostem.
Também perceberam, que, de acordo com o título dessa postagem, estou às voltas de uma retomada. 

Então, vamos por partes para dizer o que estou considerando aqui, a partir de hoje.

O primeiro motivo é bem simples. Ainda que meu tempo esteja muito escasso por conta do doutorado (razão pela qual abandonei minhas colunas de comentários sobre Fórmula 1 por aqui, a cada fim de semana de corrida), sinto falta de um espaço como esse para colocar algumas ideias mirabolantes em texto. 

Não é sempre que posso fazer isso em outros espaços.
Nas redes sociais há um bloqueio: textos enormes são fatalmente mal lidos. Que dirá lidos de verdade. 

Fazer vídeos "it's not my cup of tea". Diante da quantidade de pessoas falando bobagens na web, não acho prudente querer engrossar a fila.
Veja bem, uma minoria trabalha duro para trazer um conteúdo de qualidade, e até eles sofrem com os "trols" sabichões, o que sobrará para mim, numa dessas?
Apenas puro stress e um grande arrependimento de ter me exposto. 

Alguns espaços bons, exigem certos critérios - ou temáticos, ou de conteúdo.
Acadêmicos, o próprio nome já diz.
Os temáticos costumam ter um público cativo, e um nome (ou vários) de quem domina a edição.
Alguns conteúdos escapam das minhas ideias provincianas. Boa parte deles poderia não confiar que tenho uma contribuição à altura. 
E, talvez, realmente não esteja. 

É certo que tenho alguma regalia através do Musique-se do meu amigo Ron Groo. Mas como o nome do espaço diz, ele é voltado para música e também um pouco de cultura pop. Coisas muito específicas da minha rotina certamente não se encaixam no site e isso nem é um problema do espaço.
É meu mesmo.

Assim sendo, esse blog aqui já existia. E então, eis meu segundo motivo para "retomar o espaço": voltar a escrever o que eu quiser e na hora que eu quiser.
O blog estava sendo usado para outros fins. Esteve nos último meses, em pausa funcionando como arquivo, mas já foi usado para todo tipo de divagação minha. 

Há textos que gostaria de não ter publicado.
Houveram coisas que não tinha a menor necessidade de ter divulgado.
Mas sempre foi meu e o que foi disto aqui, era de minha responsabilidade.

No tempo de mais atividade, nunca tive a intenção de ofender ninguém. A "porta" esteve sempre aberta. Quem lia meus textos queria saber o que eu estava pensando e se sentiu a vontade de deixar comentários ou de simplesmente ignorar. Quem achou que isso aqui era plataforma para ataques, precisou ou precisa de tratamento. Aconteceu uma situação dessa, mas logo descobri que o problema não era comigo. Let it be!

Preciso dizer que, a princípio, não retomarei para falar de Fórmula 1. A situação de antes ainda não mudou: tenho pouco tempo para escrever aqui (estou com pouco tempo para contribuir devidamente também no Musique-se, inclusive). Falar bobagem sobre a categoria, tem uma monte por aí.
Além do mais, as corridas não são mais o foco de tudo e sim as fofoquinhas que orbitam pilotos e dirigentes. Também não tenho cacife para fazer estatísticas, falar da história da categoria nem discutir sobre compostos de pneus, combustível renovável ou mecânica. 
Logo, fica para um futuro próximo quando puder entregar um conteúdo menos amador que o que vem sendo explorado ultimamente a respeito.

O terceiro motivo é então, poder usar o espaço para arriscar escrever algumas coisas. 
E nos próximos dias eu vou publicar (ainda não sei em quantas partes) uma resenha (grande demais e por isso será dividido) sobre a série da Amazon "Rings of Power" - "Anéis de Poder". 

Eu preciso "externar" isso antes que eu exploda! Rsrsrs... *drama*

Para quem me conhece da Fórmula 1, mas já tem uma ideia pelo que escrevi no post de março deste ano, me despedindo do blog sem data para voltar é o seguinte: eu estudo, academicamente falando, o autor inglês J.R.R. Tolkien, desde 2010. A história é longa, mas eu li "O Senhor dos Anéis" graças ao lançamento do primeiro filme dirigido pelo Peter Jackson e pude ter uma cópia do livro na pequena e única livraria da cidade, lá em 2002. Eu conheci o autor quase um ano antes e estava louca atrás de qualquer um de seus livros, até que essa publicidade dos filmes, fez isso acontecer mais rápido. 

Logo, fui uma adolescente feliz, apaixonada por esse tipo de literatura e acabando na vida de estudos sobre o assunto. Tenho monografia sobre o fascínio da literatura de fantasia e um mestrado sobre a estética da arte em Tolkien, desvinculada do materialismo histórico. Ambos trabalhos, na área de História - a minha formação. Atualmente (e até 2024) estou fazendo doutorado em estudos literários, procurando avançar na teoria da eucatástrofe - a boa catástrofe tolkieniana.
Sei uns pedacinhos do autor. Não durmo agarrada com os 12 volumes de "Histórias da Terra-média", mas acho que sei algumas coisas sobre ele, embora se procurarem pelo tio Google, não sou nome conhecido no meio.

Comecei a ver a série, sem nenhuma expectativa. Na verdade, eu tinha muito receio quanto ao roteiro. Questões estéticas para mim ficou com a Manu de 15 anos. Não coleciono mais pôsteres de atores favoritos há pelo menos, 10 anos. 
Ao longo de cada episódio lançado, fui cada vez mais ficando bem sozinha no debate.
Houve uma guerra campal na internet, para quem não está informado. Digamos que a audiência se dividiu em facções:

1) Os tolkienistas puristas que não admitem nenhuma mudança no que diz respeito à adaptações;
2) Os tolkienistas que estavam empolgados e que amavam qualquer respirada profunda de qualquer um do cast ou dos showrunners;
3) Críticos de audiovisual que acharam tudo muito decepcionante e cheio de defeitos;
4) Críticos de cultura pop que viram pontos positivos, mas também negativos;
5) Pessoas comuns, leitoras de Tolkien como diletantes, que acharam o roteiro empobrecido em relação ao texto;
6) Pessoas comuns, leitoras de Tolkien como diletantes, que acharam o roteiro fraco, mas ainda assim , que os envolveu de alguma maneira como "uma outra coisa";
7) Pessoas comuns, leitoras de Tolkien como diletantes, que abandonaram no terceiro capítulo, porque achou a série muito novela da Record;
8) Pessoas comuns, que gostam dos filmes do Peter Jackson, mas não leram Tolkien, e continuaram, com a série, preferindo os filmes do Peter Jackson;
9) Pessoas comuns, que não gostam dos filmes do Peter Jackson, nem não leram Tolkien, mas assistiram a série e preferiram House of Dragon;
E por fim: 10) Pessoas comuns, que não gostam dos filmes do Peter Jackson, nem não leram Tolkien, mas assistiram a série e acharam legal, porque tem diversidade. 

Onde eu me encaixo? Eu tenho um pouco de alguns aí, assim como nada de ninguém, se é que isso é possível.

Eu me senti sozinha. Ouvi um pessoal. Encontrei alguns pontos de convergência. Quis trocar ideia, mas me refreei por insegurança, por ser tomada por algo que não era minha intenção dizer...
Mas muita gente me procurou. Alguns porque me consideraram "autoridade em Tolkien". É ridículo, bem sei e cheguei a falar isso para eles. 
Desabafei com alguns, que queriam saber porque eu não estava comentando por aí sobre a série. Contei o motivo. Eles ficaram sem ter o que dizer, mas me consolaram e nem precisavam.
Algumas destas pessoas são amigas, ou conhecidos que, de algum modo, jamais falariam algo que fosse uma verdade cruel que me fizesse simplesmente calar a minha boca sobre a minha opinião e parar de ficar querendo atenção, por exemplo. Insistiram que não era atenção, era só insegurança mesmo. Meio que me animaram pois têm alguma consideração por mim e sou muito grata por isso.

Mas para a que menos tinha intimidade, acabei revelando demais. Disse que  depois de 12 anos estudando Tolkien, parecia que eu não entendia nada sobre o autor. Somente para ela disse isso, e ela "me deu uma aula". Foi por conta do que ela disse, fui atrás de uma pessoa que admiro muito, para perguntar o que ela achou da série. Diante da sua situação cheia de dedos, essa pessoa perguntou o que eu achei. Disse que não tinha gostado tanto assim e queria escrever sobre.

"Escreva!" Ele me disse. "Manda ver!" E se prontificou a ler, inclusive, ajudando a reformular ideias, caso eu quisesse. Agradeci. 

Sentei no computador e comecei a escrever.  Uma semana depois do fim da primeira temporada.
Em pouco mais de duas horas, o texto ficou gigante. Eu achei uma super perda de tempo.  Comecei a reler, e colocava marcações. Apagava porque soava muito passional. Escrevia mais outras. Deletava porque eu praticamente arrumava uma desculpa esfarrapada. 

Reli com o teclado desligado. Fechei o arquivo. 21 páginas. Deixei salvo na área de trabalho. Não enviei para ninguém, nem mesmo para quem se ofereceu ler. Tive medo até de abrir depois do dia 16 de outubro. Hoje faz um mês.  

No feriado do dia 15, falei com um amigo meu , ele insistiu em revisar. Como ele já escreveu livros, pedi que lesse e falasse com sinceridade o que tinha de errado. O conselho maior foi "pare de se colocar na defensiva", pois o texto é cheio de frases "não me entendam mal".
Ainda estou insegura com a decisão. Eu expliquei para ele que publicar seria impossível: algum - se não todos - daqueles grupos que citei, virão me atentar. 

Ele disse que eu preciso ter voz. Insistiu que eu procurasse publicar.
Relutante, decidi seguir o conselho. Até o fim deste mês de novembro eu publicarei o texto aqui (provavelmente em partes) e divulgarei nas redes sociais. 

Eu finalizo com uma brincadeira do internetês adaptado. Sabem o "se flopar, nunca existiu"?
Então, aqui vai ser o seguinte: "Se ofender, nunca existiu".
Se for ignorada, pois nada sou na fila do pão de lembas, estarei no lucro. Se alguém vir com palavras que a gente não usa com a nossa mãe, a gente apaga, rezando para ninguém ter feito print.

Vou apagar sob quais circunstâncias?

Se me ofenderem pessoalmente, seja nas minhas ideias sobre audiovisual, seja para defender a série com truculência como se a mesma não tivesse problemas.
E apago correndo se comentarem, reproduzirem pois aí, ao usarem a expressão "Tolkien revira-se no túmulo". Essa frase já foi dita à mim, por um avaliador de artigo e ele** é a causa da minha sumária insegurança hoje em dia, sobretudo em trabalhos acadêmicos.

Abraços afáveis*! 


*PS 1: saudades de me despedir assim, rsrsrs....

**PS 2: Especial obrigada ao babaca em questão, pois agora sou essa boba que morre de medo de falar qualquer coisa que seja, mesmo um monte de gente incentivando. 

Comentários

Olá, Manu!!!

Só você mesmo para, na atual conjuntura, conseguir me fazer ler um texto imenso como esse. E, creio eu, acabarei lendo também a novela que você publicará aqui em capítulos. Não sou vidrado em Tolkien, na verdade só conheço o que nos foi apresentado nos filmes. Demorei anos para assistir, na verdade. Quando fui assistir, foi num DVD pirata que veio com os três filmes juntos.Mas acabei gostando, exceto aquela enrolação lá com o Smigol e a parte do “…Nenhum homem pode me matar. Mas eu não sou um homem…”, blá-blá-blá, ou algo assim.

Você não deve temer julgamentos, críticas ou ataques de quem quer que seja. Ainda mais hoje, quando as pessoas tentam a todo tempo diminuir, ofender, massacrar as outras. Escreva para si e para aqueles que lerão com real interesse o que você tem pra dizer. Esses, eu incluso, te respeitarão e apoiarão.

Abraços afáveis a você também.